DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE EM EXCEL PARA DIMENSIONAMENTO AUTOMÁTICO DE VIGAS METÁLICAS

EXCEL SOFTWARE DEVELOPMENT FOR AUTOMATIC DIMENSIONING OF METALLIC BEAMS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202505042110


Gabriela Henrique Boechat1
Orientador: Tauana Batista2


Resumo

Quando comparadas às estruturas de concreto, a utilização de estruturas metálicas apresenta diversas vantagens. A possibilidade de  fabricação de peças com precisão milimétrica, a resistência à choques e à vibração, a rapidez na execução da estrutura, a realização  de obras mais limpas e com menos desperdício de material, são exemplos disso. Este trabalho tem como objetivo o desenvolvimento  de uma ferramenta computacional, chamada SteelA, que auxilie profissionais de engenharia no dimensionamento de vigas  metálicas, automatizando os cálculos e a determinação da escolha do perfil que melhor se encaixe a cada situação de carregamento.  O Microsoft Excel, para isso, sendo utilizado como plataforma de desenvolvimento da rotina computacional que deve apresentar as  características mecânicas e propriedades geométricas de diversos perfis comerciais e funcionar com base em equações e condições  determinadas pela NBR 8800/2008 [1]. 

Abstract

When compared to concrete structures, the use of metallic structures has several advantages. The possibility of manufacturing parts  with millimetric accuracy, resistance to shocks and vibration, quickness in the execution of the structure, cleaner works and less  material waste are examples of this. This work aims to develop a computational tool, named SteelA, to assist engineering  professionals in the dimensioning process of metallic beams, automating calculations and determining the choice of the profile that  fits better in each loading situation. Microsoft Excel is used as a platform for the development of the computational routine that  must present the mechanical and geometric properties of several commercial profiles and work based on equations and conditions  determined by NBR 8800/2008 [1]. 

Palavras-chave: Dimensionamento, Excel, Vigas metálicas.

Keywords: Dimensioning, Excel, Metallic beams.

1. INTRODUÇÃO 

A utilização de estruturas metálicas é muito vantajosa  quando comparada a de estruturas de concreto por,  entre outras coisas, possibilitar uma execução de obras  mais limpas, leves, de rápida execução, precisão  milimétrica e com menos desperdício de material [2]. Todavia, diferentemente de como é feito com as peças  de concreto, o dimensionamento desse tipo de  estruturas não é baseado em encontrar uma geometria  ideal para cada situação, visto que os perfis metálicos  têm suas dimensões padronizadas pelas indústrias  fabricantes. Logo, o dimensionamento fica  condicionado a ser feito por meio de processos  iterativos, onde uma série de perfis são estudados  quanto a sua resistência (que deve se provar maior que  a solicitação de projeto) e são comparados para que  possa ser decidido qual opção de perfil disponível  comercialmente tem resultados mais satisfatórios, de  acordo com a solicitação de projeto analisada [3]. No  entanto, por ser necessária a repetição dos cálculos  para cada perfil em estudo, muito tempo é gasto para  que se possa avaliar um número grande de perfis.  

Nesse cenário, a organização de ferramentas para  automatização dessas análises é extremamente  importante. Muitos programas e softwares para cálculo  estrutural já existem atualmente, porém a maior parte  é disponibilizado por meio de licenças pagas e, quanto maior o nível de detalhamento do software, maior o  valor da licença para usá-lo. Os softwares: Metálicas  3D, EdiLus STEEL, SAP e, Strap, são alguns exemplos [4]. Apesar disso, a realização de rotinas de cálculos  repetitivos pode ser facilmente organizada em formato  de planilhas, esse conceito já é largamente aplicado em  situações mais simples e cotidianas por profissionais  de todas as áreas [5].  

“Um fato notório que caracteriza, não só os  estudantes de engenharia como a imensa massa de  profissionais das áreas técnicas, é a habilidade  intrínseca destes na organização e manipulação de  dados. É muito comum a organização dos dados se  dar em forma de planilha como, por exemplo, as de  custos, as orçamentárias, as de cálculo, as  matriciais, as numéricas etc.” (ZAMBONI,  CYMROT; et al. [6]) 

Tendo em vista que os profissionais e alunos de  engenharia, em sua maioria, são familiarizados com a  utilização de planilhas, a aplicação dos cálculos de  dimensionamento neste formato deve se tornar de fácil  compreensão e manipulação para essa classe de  usuários. O presente estudo se torna interessante para  esse grupo de profissionais, pois se detém na criação  de uma ferramenta computacional em forma de  planilha que automatize a rotina de cálculos de  dimensionamento de vigas metálicas com base nas  determinações da NBR 8800/2008 [1], aplicados a  perfis I laminados, utilizando o catálogo de bitolas  disponibilizado pela Gerdau [7], que auxilie na escolha  dos perfis mais satisfatórios para cada situação e que  seja de fácil acesso e manipulação. 

Quanto à plataforma utilizada para criação da  ferramenta, foi escolhido o Microsoft Office Excel,  pelo fato deste se integrar à linguagem VBA (Visual  Basic for Applications), e ser a ferramenta mais  utilizada para organização e gerenciamento de  planilhas.  

O objetivo geral deste trabalho é oferecer uma  ferramenta didática, amplamente acessível e de fácil  utilização para auxiliar profissionais e alunos de  engenharia no dimensionamento de vigas metálicas. 

Dentre os objetivos específicos deste projeto, se  encontram, além do desenvolvimento da ferramenta  computacional, a validação de seu funcionamento por  meio de sua aplicação em exemplos teóricos.

2. REFERENCIAL TEÓRICO 

2.1 Estados limites 

Seguindo as orientações normativas, o  dimensionamento de perfis metálicos deve considerar  as verificações de estado limite último – que é referente  a segurança da estrutura submetida às ações  desfavoráveis previstas por toda sua vida útil ou ações  excepcionais que possam ocasionar o colapso, como  por exemplo, a plastificação ou ruptura de um  elemento estrutural e flambagem em regime elástico  ou não – e de serviço (ou utilização) – referente ao  desempenho de utilização da estrutura, evitando  ocorrências que apesar de não levarem a estrutura à  colapso, podem causar desconforto como deformações e vibrações excessivas [8]. 

“O método dos estados limites utilizado para o  dimensionamento de uma estrutura exige que  nenhum estado limite aplicável seja excedido  quando a estrutura for submetida a todas as  combinações apropriadas de ações. Se um ou mais  estados limites forem excedidos, a estrutura não  atende mais aos objetivos para os quais foi  projetada.” (NBR 8800/2008 [1]) 

2.1.1 Combinações 

As combinações que devem ser analisadas para a verificação de estado limite último são definidas com base nos seguintes tipos: normal, de construção, especial e excepcional. Para as combinações normal, de construção e especial, a força solicitante de projeto (Fd) é obtida a partir de uma soma de três parcelas, na qual a primeira é dada pelo produto do somatório das ações permanentes (Gi) e o coeficiente de segurança parcial (ygi), a segunda parcela é o produto da ação variável principal (Q1) e o coeficiente de segurança parcial (yqi) e, a terceira parcela é dada pelo produto do somatório das ações variáveis simultâneas (Qj) e o fator de combinação (Ψ0j). No caso da combinação de ações excepcionais, o procedimento é semelhante, se diferenciando apenas na segunda parcela da soma que, nesse caso, será dado pelo valor das ações excepcionais (E).

No processo de verificação de estado limite de serviço, as combinações a serem analisadas são definidas como: quase-permanente, frequente e rara. Para a combinação quase-permanente, a força solicitante de projeto (Fd) é obtida a partir de uma soma de três parcelas, onde, a primeira é dada pelo somatório das ações permanentes (Gi), a segunda parcela é o produto da ação variável principal (Q1) e o fator de combinação (Ψ2) e, a terceira parcela é dada pelo produto do somatório das ações variáveis simultâneas (Qj) e o fator de combinação (Ψ2j). Para a combinação de ações frequentes, o procedimento se difere apenas no fator de combinação utilizado na segunda parcela da soma (Ψ1). Já no caso da combinação de ações raras, a segunda parcela da soma é o próprio valor da ação variável principal (Q1) e, a terceira, o produto do somatório das ações variáveis simultâneas (Qj) e o fator de combinação (Ψ1j). A NBR 8800/2008 [1], no item 4.7.6, define os coeficientes de segurança e fatores de combinação utilizados nestas verificações (Anexos 1 e 2).

2.1.2 Deslocamento máximo  

Na análise de estado limite de serviço também deve ser  considerada a recomendação da norma vigente para  deslocamentos máximos (8máx). Essa consideração dependerá do tipo de elemento estrutural e das ações a  que está submetido. A norma NBR 8800/2008 [1], em  sua tabela C.1, apresenta os valores e formulações para  essa verificação (Anexo 3). 

2.2 Classificação da esbeltez 

Em relação à esbeltez, de acordo com a influência da flambagem local sobre os respectivos momentos fletores resistentes, as seções das vigas podem ser classificadas de três formas: compacta, onde o índice de esbeltez (λb) é menor ou igual ao parâmetro de esbeltez limite para seções compactas (λp), neste caso, a peça atinge o momento de plastificação total; semicompacta, onde o índice de esbeltez (λb) é maior que o parâmetro de esbeltez limite para seções compactas (λp) e menor ou igual ao parâmetro de esbeltez limite para seções semicompactas (λr), neste caso, a flambagem local ocorre após o desenvolvimento de plastificação parcial; ou esbelta, onde o índice de esbeltez (λb) é maior que o parâmetro de esbeltez limite para seções semicompactas (λr), neste caso, a flambagem local impede que seja atingido o momento de início de plastificação.

Para seções I e H com dois eixos de simetria não  sujeitas a momento de torção, fletidas no plano da  alma, os parâmetros de esbeltez (λp, λb, λr) são  obtidos por meio de formulações prescritas por norma,  como indicado na Tabela 1. 

Tabela 1 – Valores limites da relação largura-espessura de  seção I, com dois eixos de simetria, fletidas no plano da  alma – Boechat (2020) [8]

2.3 Momento fletor, nominal e resistente 

Relacionando os valores da força de projeto (Fd) e comprimento do vão (L) através de um processo de multiplicação, pode-se obter o valor do momento fletor de projeto (Md) que, para atender a verificação de estado limite último, deverá, necessariamente, ser menor que o valor do momento resistente (Mdr).

Tabela 2 – Momento nominal – Pfeil (2009)

Com base na classificação de esbeltez, é possível determinar o momento nominal (Mn) referente à seção da viga (Tabela 2). Já o momento resistente (Mdr) é obtido através da razão entre o valor do momento nominal (Mn) e o coeficiente de ponderação das resistências (ya1). Esse coeficiente varia de acordo com o tipo de combinação que será analisada, como mostra a Tabela 3.

Tabela 3 – Valores dos coeficientes de ponderação das  resistências – NBR 8800 (2008)

2.4 Deslocamento esperado (flecha) 

Conhecendo o valor do esforço solicitante, a geometria  do perfil metálico e suas condições de apoio, é possível  prever o deslocamento que ocorrerá no vão da peça. A  Tabela 4 apresenta as formulações para a obtenção do  deslocamento esperado (8). Obrigatoriamente, este  valor deve respeitar o limite dado pela verificação de  estado limite de serviço, ou seja, deve ser menor ou  igual ao deslocamento máximo (8máx). Caso contrário,  o perfil não pode ser considerado satisfatório para  atender à solicitação do projeto. 

Tabela 4 – Deslocamento esperado de acordo com a  situação de apoio – Boechat (2020) [10]

3. METODOLOGIA

Este projeto se detém na criação de um programa computacional em forma de planilha que realiza a  rotina de cálculos de dimensionamento de vigas metálicas de perfil I laminado com dois eixos de  simetria não sujeitas a momento de torção e fletidas no  plano da alma, biapoiadas com carregamento  distribuído uniforme. Utilizando como plataforma de desenvolvimento o Microsoft Excel pelo fato deste se  integrar à linguagem VBA (Visual Basic for  Applications) que permite a organização de dados e  fórmulas e, a automatização de rotinas repetitivas [9].  O desenvolvimento da ferramenta foi feito respeitando as determinações dos itens 4.5.2.2, 4.5.2.9, 4.6, 4.7.5, 4.7.6, 4.7.7, 4.8.2, 4.8.3, 4.10.3, 5.1.2.1.1, 5.4.1 e 11.3  da NBR 8800/2008 [1] e utilizando, como banco de  dados, 62 opções de perfis comerciais presentes no catálogo de bitolas da Gerdau [7]. 

A interface e layout do programa foram organizados de  maneira a facilitar o entendimento e visualização dos  processos de cálculo e ser de fácil manipulação. Onde  o usuário deve apresentar como dados de entrada: as seleções de tipo de utilização da peça e tipo de aço,  além de informar o comprimento do vão (em metros) e  os valores das forças solicitantes de projeto (em quilonewton por metro). Com base nesses dados, o  programa irá apresentar como dados de saída uma lista  das opções de perfis que atendem a solicitação  informada e uma sugestão de qual destes perfis seria  mais vantajoso para a situação, seguindo o critério de  priorizar a opção que apresente menor peso. 

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 

A elaboração do programa SteelA, foi realizada  tomando como base as referências bibliográficas  citadas no capítulo 3 (metodologia). 

A interface do software é dividida em três telas,  chamadas respectivamente de: “Projeto”,  “Calculadora” e “Dados”. A navegação entre elas é  feita a partir de um menu de botões que se encontra no  canto inferior esquerdo da interface, conforme ilustra a  Figura 1.  

Figura 1 – Menu de navegação entre telas. 

4.1 Tela “Projeto” 

A tela inicial (chamada “Projeto”) apresenta um  quadro para a inserção dos dados de entrada  necessários (Figuras 2 e 3). As informações que o  usuário deve preencher são: o comprimento do vão (L); a força solicitante de projeto para verificação de estado  limite último (Fd ELU); a força solicitante de projeto para verificação de estado limite de serviço (Fd ELS) e; as seleções de tipo de utilização e de aço.

Figura 2 – Visão geral da tela “Projeto” 
Figura 3 – Quadro de entradas necessárias 

Na parte inferior do quadro de entradas está o botão “calcular”. Este botão, ao ser acionado, dará início ao  funcionamento da rotina de cálculos que, por sua vez, após alguns segundos, na mesma tela, irá gerar uma  lista com o nome de todos os perfis que atendem a  situação de projeto informada (dentre as 62 opções cadastradas) e seus respectivos pesos, destacando, com  preenchimento branco e contorno pontilhado, os dois  menores valores presentes na lista (Figura 4). Além  disso, também será criado o quadro “Perfis Sugeridos”  no canto direito da tela com o nome dos dois perfis  destacados na lista de aceitáveis, classificando como  primeira sugestão o perfil considerado mais leve (Figura 5).  

Abaixo do quadro de entradas se encontra o botão  “limpar” (Figura 3), que permite ao usuário uma forma  rápida de apagar os resultados gerados previamente. 

Figura 4 – Exemplo de lista de aceitáveis
Figura 5 – Exemplo de quadro de sugestões 

4.2 Tela “Calculadora” 

A segunda tela, chamada “Calculadora”, oferece uma  visão mais didática do processo de cálculo. Enquanto  na tela inicial são apresentados apenas os resultados  aceitáveis, nesta é possível visualizar os detalhes da  verificação de cada perfil (sendo apresentada a análise de apenas um perfil por vez). A figura 6 mostra o  aspecto geral desta tela. 

Os dados de projeto são preenchidos automaticamente na tabela calculadora de acordo com as informações  inseridas no quadro de entradas da tela inicial, como  ilustra a Figura 7.

Figura 6 – Visão geral da tela “Calculadora”
Figura 7 – Exemplo de preenchimento de dados 

A única interação a ser feita nesta tela é a seleção do  perfil que se deseja visualizar a verificação. Essa  seleção é feita através de uma lista suspensa presente  no topo da coluna “Dados do Perfil” (Figura 8). Sendo  feita a seleção, serão automaticamente preenchidos na  tabela todas as informações presentes no catálogo do fabricante relacionadas ao perfil escolhido (Figura 9),  que servirão de base para a realização das verificações  programadas. 

Além disso, através da barra de rolagem, é possível  encontrar, abaixo da tabela calculadora, uma seção de  gráficos (também preenchidos de acordo com a seleção do perfil) que permite ao usuário uma visão mais clara e didática das informações de projeto, onde são apresentados: o esquema gráfico da seção transversal do perfil metálico em estudo, com suas medidas expressas em milímetros e; uma representação do carregamento distribuído e diagrama de momento fletor relativos aos esforços da análise de estado limite último, expressos respectivamente, em quilonewton  por metro e quilonewton-metro (Figura 10). 

Figura 8 – Lista suspensa para seleção de perfil 
Figura 9 – Exemplo de preenchimento de dados do  perfil selecionado
Figura 10 – Exemplo de gráficos com dados de projeto 

A exposição dos cálculos e verificações é organizado em duas colunas. Na primeira, como ilustrado na Figura 11, são obtidos os parâmetros de esbeltez (λpb, λr), a classificação da esbeltez e o momento nominal (Mn), relativos à mesa e à alma do perfil. Na segunda coluna (Figura 12), são encontrados os valores de momento fletor de projeto (Md) e momento resistente de projeto (Mdr), os quais são comparados para determinar se o perfil atende à verificação de estado limite último. Se o momento resistente de projeto (Mdr) for maior que o momento fletor de projeto (Md), será exibida a mensagem “OK”, caso contrário, será exibida a mensagem “ERRO”. Também são obtidos os valores de deslocamento esperado (8) e deslocamento máximo (8máx) para a verificação de estado limite de serviço. Caso o deslocamento máximo (8máx) seja maior que o deslocamento esperado (8), será exibida a mensagem “OK”. Se o oposto ocorrer, a mensagem “ERRO” será exibida. Por fim, caso as duas verificações sejam satisfeitas, é exibida no fim da coluna a mensagem “O PERFIL É ACEITÁVEL!”. Porém, se alguma condição não for satisfeita, será exibido “O PERFIL NÃO É ACEITÁVEL!”.

Figura 11 – Exemplo de cálculos para classificação de  esbeltez 
Figura 12 – Exemplo de cálculos para verificação de  viabilidade do perfil

4.3 Tela “Dados” 

A terceira, e última tela, é chamada “Dados”. Nela é  possível conferir as informações de cada um dos 62 perfis cadastrados que fazem parte das opções  disponíveis no catálogo da Gerdau (fabricante utilizado como base para a rotina de cálculos) [7].

Figura 13 – Visão geral da tela “Dados” 

4.4 Estudo comparativo 

Para validação do programa foi elaborado um estudo  comparativo didático de um mesmo caso  dimensionado pelo SteelA e manualmente. Para isso, adotou-se os seguintes valores de entrada: 7,5 metros  para o comprimento do vão; 30,6 KN/m como a força  solicitante para verificação de estado limite último;  14,7 KN/m como a força solicitante para verificação  de estado limite de serviço; tipo de aço MR250 e; viga  de piso em geral como tipo de utilização. Utilizando  essas informações de projeto, foi feita a verificação de  cada perfil cadastrado e, então, comparou-se os  resultados obtidos manualmente àqueles calculados pelo programa SteelA na análise de cada perfil. A  Tabela 5 exemplifica o comparativo de resultados,  apresentando os que foram gerados na verificação do  perfil W360x44,6. 

O cálculo realizado manualmente validou os resultados  apresentados pelo programa, de modo que os valores  encontrados em ambos os métodos foram muito  próximos. 

Tabela 5 – Comparação dos resultados obtidos pelo SteelA e manualmente para o perfil W360x44,6 – Boechat (2020)

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Em conclusão, o programa SteelA se mostrou  confiável, visto que os resultados gerados por ele foram muito próximos aos obtidos manualmente. A utilização do programa, portanto, é viável e proporciona a enorme vantagem de tornar o processo  de cálculo mais rápido e prático. Possibilitando ao  usuário uma análise dinâmica e satisfatória em uma plataforma de fácil acesso e interação. 

O presente trabalho foi desenvolvido visando apenas a  verificação dos critérios relativos ao deslocamento  máximo e momento fletor. Sugere-se que seja adicionada a verificação referente aos esforços  cortantes, para que o programa SteelA possa satisfazer  o item 5.4.1 da NBR 8800/2008 [1] de forma plena. Também se sugere que seja feita a ampliação do banco  de dados, para que possam ser analisadas opções de  diferentes fabricantes e, revisão anual do mesmo, visto  que os catálogos de perfis comerciais são regularmente  atualizados. Portanto, é necessário a manutenção do  banco de dados para que a utilização do programa se  mantenha viável.

6. REFERÊNCIAS  

[1] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS  TÉCNICAS. Projeto de estruturas de aço e de  estruturas mistas de aço e concreto de edifícios. – NBR 8800, Rio de Janeiro, 2008. 

[2] PINHEIRO, A. C. F. B. Estruturas metálicas:  cálculos, detalhes, exercícios e projetos. 2.ed. São Paulo: E. Blücher, 2005.  

[3] GUANABARA, M. K. Dimensionamento de  Estruturas Metálicas: Rotina Computacional  para seleção de perfis metálicos, Porto Alegre,  2010, Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 

[4] MOURA, V. 12 softwares de dimensionamento  e desenho de estruturas metálicas. Disponível  em:<https://www.aecweb.com.br/revista/ma terias/12-softwares-de-dimensionamento-e desenho-de-estruturas-metalicas/17440>  Acesso em: 22 mai 2020 

[5] RODRIGUES, L. F. P. Desenvolvimento de um toolkit em Excel para o dimensionamento de Pilares mistos segundo o Eurocódigo 4. 2008. Dissertação – Universidade do Porto. 

[6] ZAMBONI, L. C.; CYMROT, R.; PAMBOUKIAN, S. V. D.; HU, O. R. T.;  BARROS, E. A. R. Planilhas Excel e uso da  linguagem VBA em aplicações para as  engenharias. In: Congresso Brasileiro de  Educação em Engenharia, XXXIX, Blumenau,  SC, 2011.  

[7] GERDAU S/A. Perfis Estruturais Gerdau – Tabela de Bitolas. Disponível em:  <https://www2.gerdau.com.br/produtos/perfil estrutral> Acesso em 22 mai. 2020. 

[8] PFEIL, W.; PFEIL, M. Estruturas de aço:  dimensionamento prático de acordo com a  NBR 880:2008. 8.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009. 

[9] MICROSOFT. Introdução ao VBA no Office. Disponível em: <https://docs.microsoft.com/ptbr/office/vba/library-reference/concepts/getting-started-with-vba in-office> Acesso em: 16 jun 2020 

[10] Resistência dos Materiais I – Caderno de Consultas. Disponível em: <https://www.ufjf.br/mac002/files/2014/08 /CadernodeConsultas.pdf> Acesso em: 29 jun 2020


1Graduando do Curso de Engenharia Civil da Universidade Veiga de Almeida (gabrielarboechat@gmail.com)
2Mestre em Engenharia Civil (tauanaobatista@gmail.com)