PATELLAR LUXATION IN GERMAN SPITZ DOGS: A CONGENITAL OR PATHOPHYSIOLOGICAL ANOMALY?
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202505041756
Tatiana Alves Paulino Pinhal1
Daniel de Jesus Barbeta2
Ariovaldo Faguldes3
RESUMO
A luxação patelar em cães é uma condição ortopédica comum onde a patela se desvia da sua posição correta. Essa patologia pode ser causada por fatores genéticos, anatômicos e hereditários, como um sulco femoral raso ou uma má conformação da articulação do joelho. A luxação pode ser medial ou lateral, dependendo do lado para o qual a patela se desloca. Nos cães Spitz Alemão, a luxação patelar é mais frequentemente observada devido à predisposição genética associada à anatomia. Cães afetados podem apresentar dor, claudicação, dificuldade para se movimentar e, se não tratados adequadamente, podem desenvolver osteoartrite. O tratamento varia desde manejo conservador, como fisioterapia e controle de peso, até intervenções cirúrgicas mais complexas como o aprofundamento do sulco femoral ou a transposição do tubérculo tibial para realinhar a patela e estabilizar a articulação do joelho.
Palavras-chave: luxação patelar, ortopedia veterinária, Spitz alemão
ABSTRACT
Patellar luxation in dogs is a common orthopedic condition in which the patella deviates from its correct position. This pathology can be caused by genetic, anatomical and hereditary factors, such as a shallow femoral groove or malformation of the knee joint. The luxation can be medial or lateral, depending on the side to which the patella dislocates. In German Spitz dogs, patellar luxation is most frequently observed due to the genetic predisposition associated with anatomy. Affected dogs may present pain, lameness, difficulty in movement and, if not treated properly, may develop osteoarthritis. Treatment ranges from conservative management, such as physical therapy and weight control, to more complex surgical interventions such as deepening the femoral groove or transposition of the tibial tubercle to realign the patella and stabilize the knee joint.
Keywords: German Spitz, patellar luxation, veterinary orthopedics
INTRODUÇÃO
O Spitz Alemão é uma das raças mais antigas da Europa, conhecida por seu porte compacto, pelagem densa e personalidade ativa e alerta. Originária da região da Pomerânia, essa raça é frequentemente associada a cães de companhia devido ao seu temperamento afetuoso e leal (American Kennel Club, 2022). Contudo, devido ao seu pequeno porte, o Spitz Alemão pode ser predisposto a certas condições ortopédicas, como a luxação patelar, o que exige atenção especial na criação e manejo desses cães.
A luxação patelar é uma das condições ortopédicas mais prevalentes em cães. Trata-se de uma anormalidade ortopédica caracterizada pelo deslocamento da patela para fora de seu local anatômico adequado no sulco troclear, podendo ocorrer medial ou lateralmente. Essa condição é comumente congênita e multifatorial, associada a fatores genéticos, anatômicos e biomecânicos (Fossum, 2013).
Em cães da raça Spitz Alemão, a luxação patelar se apresenta frequentemente como uma consequência de alterações estruturais nos membros posteriores, incluindo desvio do eixo do fêmur ou tíbia e hipoplasia do sulco troclear (DeCamp et al., 2015). A predisposição genética desses animais ressalta a importância de programas de reprodução seletiva que priorizem a saúde articular. A progressão da luxação patelar pode resultar em instabilidade crônica da articulação, dor e alterações secundárias como artrose, comprometendo o bem-estar e a qualidade de vida do animal (Hulse & DeCamp, 2010).
A relevância deste estudo reside na necessidade de ampliar a compreensão sobre os fatores etiológicos, o diagnóstico precoce e as opções terapêuticas disponíveis para cães da raça Spitz Alemão. Além disso, busca-se enfatizar a importância da conscientização de tutores e criadores para a adoção de medidas preventivas e corretivas. O presente trabalho tem como objetivo investigar a ocorrência e manejo da luxação patelar em Spitz Alemão, contribuindo para a literatura acadêmica e práticas clínicas relacionadas.
ANATOMIA E FISIOLOGIA DO JOELHO CANINO
O joelho canino, ou articulação femorotibial, é uma das articulações mais complexas e importantes do corpo do cão. Ele desempenha um papel crucial na locomoção, permitindo movimentos como a flexão e a extensão das patas traseiras. A compreensão da anatomia e fisiologia do joelho é fundamental para o diagnóstico e tratamento de diversas condições ortopédicas, incluindo a luxação patelar.
A articulação do joelho é composta por três principais componentes: o fêmur, a tíbia e a patela (Figura 1). O fêmur, que é o osso da coxa, articula-se com a tíbia, o osso da perna, formando a articulação femorotibial. A patela, ou rótula, é um osso sesamoide que se encontra na frente da articulação e desempenha um papel vital na proteção e no funcionamento da articulação do joelho (Weh et al., 2009).

A superfície articular do fêmur possui um formato que permite a adequada mobilidade da patela, que se desloca dentro de um sulco na extremidade distal do fêmur durante o movimento. Além disso, os ligamentos, como o ligamento cruzado cranial e o ligamento colateral medial, são essenciais para a estabilidade do joelho, evitando movimentos excessivos que possam levar a lesões (Shahar, 2020).
A fisiologia do joelho é caracterizada por sua capacidade de suportar peso e permitir a mobilidade. Os músculos que envolvem a articulação, como o quadríceps e os isquiotibiais, são responsáveis pela extensão e flexão do joelho, respectivamente. O tendão do quadríceps se insere na patela, transmitindo a força do músculo para a articulação e facilitando o movimento (Dyce, 2017).
A cartilagem articular cobre as superfícies dos ossos que compõem o joelho, proporcionando um amortecimento essencial e reduzindo o atrito durante os movimentos. Além disso, o líquido sinovial, produzido pela membrana sinovial, lubrifica a articulação e nutre a cartilagem, garantindo o funcionamento adequado do joelho (Matsumoto et al., 2017).
LUXAÇÃO PATELAR EM CÃES
A luxação patelar é uma condição ortopédica comum em cães, caracterizada pelo deslocamento da patela de sua posição normal na articulação do joelho. Essa condição pode levar a dor, claudicação e, em casos severos, à degeneração articular. A prevalência da luxação patelar varia entre diferentes raças caninas, sendo particularmente mais alta em algumas raças pequenas e toy, mas também sendo observada em raças médias e grandes.
Estudos têm demonstrado que a predisposição genética desempenha um papel crucial na ocorrência de luxação patelar. Raças como Chihuahua, Poodle, Yorkshire Terrier e Boston Terrier apresentam altas taxas de incidência dessa condição. Em contraste, raças maiores, como o Labrador Retriever e o Pastor Alemão, têm uma prevalência significativamente menor (Alam et. al., 2007 e O’Neill et. al. 2016).
A classificação da luxação patelar é geralmente feita em quatro graus, onde os graus mais severos podem requerer intervenção cirúrgica. Cerca de 60% dos cães com luxação patelar são diagnosticados com a condição em graus 1 ou 2, que muitas vezes podem ser gerenciados conservadoramente (Pérez et. al., 2014). No entanto, as raças predispostas frequentemente apresentam uma maior porcentagem de casos em graus 3 e 4, que necessitam de cirurgia (Figura 2).
No grau I, a luxação patelar é leve e intermitente. A patela pode ser deslocada, mas retorna espontaneamente à sua posição normal. Os cães frequentemente não apresentam sinais clínicos evidentes, embora possam mostrar uma leve claudicação durante atividades intensas (Kowaleski et. al., 2017). Segundo Andrade et al. (2022), muitos cães neste estágio podem levar uma vida normal sem necessidade de intervenção cirúrgica, mas é importante monitorar a condição.
No grau II, a luxação torna-se mais frequente. A patela pode ser deslocada manualmente e, embora tenha uma tendência a voltar para o lugar, o cão pode apresentar sinais de dor e claudicação. Andrade et al. (2022) destacam que, nesta fase, o tratamento conservador, como fisioterapia e controle de peso, pode ser eficaz, mas muitos cães podem acabar necessitando de cirurgia para estabilizar a patela e prevenir futuros episódios de luxação.
A luxação grau III é mais severa, onde a patela permanece deslocada e não retorna à sua posição normal. Os cães frequentemente mostram sinais de dor significativa e dificuldade em se movimentar. Neste estágio, o tratamento cirúrgico é geralmente recomendado, pois a condição pode levar a complicações como a osteoartrite e degeneração articular a longo prazo. A cirurgia pode incluir a reconstrução do sulco femoral e a realocação da patela (Campbell et. al., 2010).
No grau IV, a luxação é grave e irreversível. A patela permanece deslocada em qualquer posição, e os cães frequentemente têm dificuldade significativa em andar ou correr. Esse estágio é associado a dor crônica e limitações severas na qualidade de vida. A cirurgia é necessária não apenas para aliviar a dor, mas também para tentar restaurar a função articular (Pérez et. al., 2014). Os resultados podem variar, mas muitos cães conseguem melhorar significativamente após a intervenção cirúrgica.

Em um estudo focado na prevalência de luxação patelar, Andrade et al. (2022) relataram que a luxação patelar é observada em até 30% dos casos em certas raças pequenas. O Chihuahua, por exemplo, mostrou uma taxa de 22% a 25% de casos de luxação patelar, sendo frequentemente considerado um dos mais afetados. Já em raças como o Poodle, a taxa chega a 30%, o que reforça a necessidade de vigilância e triagem em criadores e tutores.
As raças médias, como o Beagle e o Bulldog Francês, também apresentam uma incidência significativa, embora inferior à das raças toy. Enquanto a prevalência de luxação patelar em Beagles varia entre 10% a 15%, a condição é menos comum em Bulldogs Franceses, com cerca de 5% a 8% dos casos diagnosticados (Andrade et. al., 2022).
O diagnóstico precoce e o tratamento da luxação patelar são cruciais para evitar complicações a longo prazo. Muitos cães com luxação patelar leve podem levar uma vida normal sem intervenção cirúrgica, mas requerem monitoramento regular. O manejo conservador inclui a fisioterapia e a supervisão do peso.
Nos casos mais graves, a cirurgia é indicada para corrigir a posição da patela e estabilizar a articulação do joelho. Estudos como o de Di Dona et al. (2018) demonstram que intervenções cirúrgicas têm uma taxa de sucesso elevada, resultando em melhorias significativas na qualidade de vida dos animais.
A principal causa da luxação patelar em cães, incluindo o Spitz Alemão, é a predisposição genética. Estudos indicam que certas raças, especialmente as de pequeno porte, têm uma maior incidência de anomalias congênitas que afetam a articulação do joelho. A conformação do esqueleto, como um sulco femoral raso e a posição da patela, pode predispor os cães a essa condição (Hayes et. al. 1994).
Além disso, fatores ambientais e mecânicos, como trauma ou atividade física excessiva, também podem contribuir para a luxação. A falta de musculatura adequada em torno da articulação do joelho pode levar a um suporte insuficiente para a patela, aumentando a chance de deslocamento (Di Dona et al., 2018).
A patogênese da luxação patelar envolve a interação de várias estruturas ao redor da articulação do joelho. Normalmente, a patela se desliza dentro de um sulco na extremidade distal do fêmur durante o movimento. No entanto, em cães com luxação patelar, fatores como o ângulo de inserção do tendão do quadríceps, a profundidade do sulco femoral e a congruência articular estão alterados.
Quando a patela se desloca, seja para o lado medial ou lateral, ocorre uma alteração nas forças que agem sobre a articulação do joelho. Isso pode resultar em dor, inflamação e eventual degeneração das estruturas articulares, levando a condições secundárias, como a osteoartrite (Hayes et. al. 1994). Com o tempo, a falta de tratamento adequado pode causar um ciclo de dor e limitação funcional, afetando a qualidade de vida do cão.
ANOMALIA CONGÊNITA E FISIOPATOLÓGICA
A luxação patelar é uma condição ortopédica comum em cães, especialmente em raças pequenas como o Spitz Alemão. Essa condição pode ser classificada em dois tipos principais: anomalias congênitas e fisiopatológicas, cada uma apresentando características distintas que influenciam seu diagnóstico e tratamento.
As anomalias congênitas referem-se a defeitos estruturais presentes desde o nascimento. No caso da luxação patelar, isso inclui malformações que afetam a anatomia do joelho, como um sulco femoral raso, que impede a patela de se manter na posição correta durante o movimento (O’Neill et. al., 2016). Além disso, alterações na posição da patela e deformidades nos ossos adjacentes, como a tíbia e o fêmur, podem contribuir para a predisposição à luxação.
Essas anomalias são frequentemente hereditárias, o que significa que cães da mesma linhagem podem apresentar uma maior prevalência de luxação patelar. Estudos indicam que raças como o Spitz Alemão são particularmente suscetíveis a essas condições, resultando em um maior número de casos diagnosticados na população (Di Dona et al., 2018). O reconhecimento precoce dessas anomalias é essencial para intervenções preventivas e manejo adequado.
Por outro lado, a luxação patelar fisiopatológica refere-se a situações em que a luxação ocorre devido a fatores adquiridos ao longo da vida do animal, como traumas, lesões ou desequilíbrios musculares. Embora o cão possa ter uma anatomia normal ao nascer, fatores como um aumento do peso corporal, falta de exercício ou atividade física intensa podem contribuir para o deslocamento da patela.
Além disso, condições inflamatórias e degenerativas que afetam a articulação do joelho, como artrite, podem resultar em alterações que favorecem a luxação da patela, mesmo em cães que inicialmente não apresentavam anomalias estruturais (Campbell et. al, 2010). O manejo eficaz da luxação fisiopatológica frequentemente envolve uma combinação de intervenções conservadoras, como fisioterapia e controle de peso, e, em casos mais severos, cirurgia.
A distinção entre anomalias congênitas e fisiopatológicas na luxação patelar em cães Spitz Alemão é fundamental para o diagnóstico e tratamento. Enquanto as anomalias congênitas estão relacionadas a fatores hereditários e estruturais, as condições fisiopatológicas geralmente resultam de fatores adquiridos e podem ser influenciadas por hábitos de vida e cuidados. O entendimento dessas diferenças permite um manejo mais eficaz e a promoção da saúde articular nos cães afetados.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
O primeiro passo no diagnóstico da luxação patelar é a avaliação clínica, que inclui a anamnese e o exame físico do animal. Durante a anamnese, o veterinário deve buscar informações sobre a história do animal, incluindo sinais de dor, claudicação, episódios de “salto” da patela e limitações nas atividades diárias. Os tutores frequentemente relatam que o cão apresenta dificuldade em subir escadas ou em atividades físicas, como correr ou brincar.
No exame físico, o veterinário deve palpitar a articulação do joelho, observando qualquer anormalidade na mobilidade da patela. O teste de luxação patelar é realizado com o animal em decúbito lateral, onde o profissional aplica pressão sobre a patela para verificar sua capacidade de deslocamento. É comum classificar a luxação em graus, variando de I (intermitente) a IV (irreversível), conforme descrito por Di Dona et al. (2018).
Embora a avaliação clínica forneça informações valiosas, os exames de imagem são cruciais para um diagnóstico definitivo. As radiografias são frequentemente utilizadas para visualizar a estrutura óssea e a posição da patela (Figura 3). As imagens radiográficas podem ajudar a identificar anomalias anatômicas, como um sulco femoral raso ou alterações na conformação dos ossos (Apelt et al., 2005).

Em alguns casos, a ultrassonografia pode ser indicada para avaliar as estruturas moles ao redor da articulação, proporcionando informações adicionais sobre a integridade dos ligamentos e dos tecidos periarticulares (Aper et al., 2005). A ressonância magnética, embora menos comum na prática veterinária, pode ser utilizada em casos complexos para uma avaliação mais detalhada das estruturas articulares.
O diagnóstico da luxação patelar em cães é um processo abrangente que combina avaliação clínica e exames de imagem. A identificação precoce e precisa da condição é essencial para o planejamento de um tratamento adequado, que pode variar de intervenções conservadoras a procedimentos cirúrgicos, dependendo da gravidade da luxação. Um diagnóstico eficaz não apenas melhora a qualidade de vida do animal, mas também minimiza o risco de complicações a longo prazo, como a osteoartrite.
O tratamento para a luxação patelar varia conforme a gravidade da luxação e a idade do animal. O manejo pode ser dividido em abordagens conservadoras e cirúrgicas, dependendo do grau da luxação e da presença de sintomas.
O tratamento conservador é frequentemente indicado para cães com luxação patelar de grau I e alguns casos de grau II, onde a luxação é intermitente e os sinais clínicos são leves. Essa abordagem pode incluir:
Controle de Peso: A redução do peso corporal é essencial para minimizar a carga sobre a articulação do joelho. Cães obesos ou com sobrepeso podem se beneficiar significativamente de uma dieta equilibrada e programas de exercícios controlados (Pérez et al., 2014).
Fisioterapia: A fisioterapia pode ajudar a fortalecer a musculatura ao redor da articulação, melhorando a estabilidade e reduzindo a dor. Exercícios específicos, como hidroterapia e massagem, podem ser implementados para promover a reabilitação (Pérez et al., 2014).
Uso de Suportes: Em alguns casos, o uso de órteses ou suportes pode auxiliar na estabilização da patela durante a atividade, proporcionando alívio da dor e melhor mobilidade (Wangdee et al., 2013).
Quando a luxação patelar é persistente e causa dor significativa ou limitações funcionais, a intervenção cirúrgica é frequentemente recomendada. As opções cirúrgicas incluem:
Reparo do Sulco Femoral: Em casos onde o sulco femoral é raso, pode ser realizada uma cirurgia para aprofundá-lo, permitindo que a patela se posicione corretamente durante o movimento. Essa técnica é frequentemente utilizada em casos de luxação medial (Marsolais et al., 2002).
Deslocamento do Tendão do Quadríceps: Esta técnica envolve a realocação do tendão do quadríceps para corrigir o alinhamento da patela e evitar futuros episódios de luxação. É especialmente útil em cães com deformidades severas (DeCamp et al., 2015).
Intervenções Combinadas: Em casos mais complexos, podem ser necessárias várias técnicas cirúrgicas em conjunto para corrigir deformidades estruturais e estabilizar a articulação. Isso pode incluir a realização de osteotomias para alterar a angulação dos ossos (Gaitonde et al., 2021).
O tratamento da luxação patelar canina deve ser individualizado, considerando a gravidade da condição, a idade e a saúde geral do animal. O manejo conservador pode ser eficaz em estágios iniciais, enquanto intervenções cirúrgicas são muitas vezes necessárias em casos mais severos. A escolha do tratamento adequado pode melhorar significativamente a qualidade de vida do cão, promovendo maior mobilidade e alívio da dor.
MAPEAMENTO GENÉTICO
O mapeamento genético envolve a identificação de variantes genéticas associadas a características específicas ou doenças. Nos últimos anos, avanços na genética canina permitiram identificar marcadores associados a doenças ortopédicas em diversas raças, incluindo o Spitz Alemão. Estudos como os realizados por Sutter et al. (2007) e Cargill et al. (2019) têm se concentrado em identificar locais associados a condições ortopédicas.
Luxação Patelar: A luxação patelar é uma das condições ortopédicas mais frequentes na raça. Estudos indicam que fatores genéticos podem contribuir para a sua ocorrência. O entendimento das variantes genéticas que predispõem o Spitz Alemão a essa condição pode levar a práticas de reprodução mais conscientes (Andrade et. al., 2022).
Displasia da Anca: Embora menos comum, a displasia da anca também pode afetar cães dessa raça. O mapeamento genético pode ajudar a identificar cães que possuem uma predisposição para esta condição, permitindo um melhor manejo reprodutivo e, possivelmente, a redução da incidência (McGowan et al., 2007).
Estudos têm demonstrado que a genética desempenha um papel significativo no desenvolvimento de problemas ortopédicos em cães. A identificação de marcadores genéticos associados a condições como a luxação patelar pode ajudar a entender melhor as bases hereditárias dessas doenças. Por exemplo, a pesquisa de Cargill et al. (2019) sugere que polimorfismos em genes específicos estão correlacionados com a predisposição a luxações.
O mapeamento genético do Spitz Alemão e a correlação com problemas ortopédicos são áreas promissoras de pesquisa que podem levar a melhorias significativas na saúde da raça. Com a continuidade dos estudos, é possível que a compreensão das bases genéticas dessas condições ajude a minimizar sua incidência e a promover uma vida mais saudável para os cães da raça.
CONCLUSÃO
A luxação patelar é uma condição comum em cães de raças pequenas, incluindo o Spitz Alemão, e suas implicações clínicas são bem documentadas. No entanto, ainda existem diversas áreas de pesquisa que podem ser exploradas para melhorar o entendimento, diagnóstico e manejo dessa condição.
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1Professor Ms. Danilo Maciel Duarte do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio ( CEUNSP)o, Departamento de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais. Salto – SP. Brasil. E-mail: danilo.duarte@ceunsp.edu.br
Autora de correspondência. Instituição Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio ( CEUNSP), (Departamento de Clínica e Cirurgia), cidade Salto, estado (SP) e país (Brasil).
https://orcid.org/0009-0006-4578-2255
2Professora Marilia Rossi Padula. do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio ( CEUNSP)o, departamento de Clínica e Cirurgia de animais pequenos e silvestre. Salto – SP. Brasil E-mail: marilia@ceunsp.edu.br. Autor de correspondência. Instituição Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio ( CEUNSP), (Departamento de Clínica e Cirurgia), cidade Salto, estado (SP) e país (Brasil).
https://orcid.org/0009-0002-6115-9894
3https://orcid.org/0009-0007-1371-7237
Autores de correspondência. Instituição Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio ( CEUNSP), (Departamento de Clínica e Cirurgia), cidade Salto, estado (SP) e país (Brasil)