SICKLE CELL ANEMIA: ASSISTANCE PROVIDED IN THE PEDIATRICS DEPARTMENT OF A HOSPITAL IN THE BACKLANDS OF PERNAMBUCO
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202505031842
Amanda Danielly Bezerra Pereira; Micherllaynne Alves Ferreira Lins; Juliane Soledade de Oliveira Lima; Giovana Brandão de Oliveira Lima; Pablo Forlan Cordeiro de Siqueira Neto; Suzianne da Silva Brandão Siqueira; Silvia Roberta da Silva Brandão Siqueira; Viviane de Souza Brandão Lima.
RESUMO
A anemia falciforme é uma doença no sangue, genética e hereditária causada por anormalidade de hemoglobina dos glóbulos vermelhos. Objetivou-se com o estudo conhecer a assistência prestada a uma criança com Anemia Falciforme dentro de uma Unidade Hospitalar do sertão de Pernambuco. Trata-se de um estudo exploratório, descritivo, transversal, prospectivo com abordagem quanti-qualitativo. Realizado com sete enfermeiras atuantes na Clínica Pediátrica do HOSPAM. Os entrevistados tiveram faixa etária entre 30 a 49 anos, todas do sexo feminino (100%), 57,12% se autodeclararam como brancas, 71,40% estado civil casada, todos com pós-graduação completa (100%). Quanto ao tempo de experiência profissional, observou-se que a maioria apresentava um período de atuação entre 01 a 5 anos. Definiram e citaram como sintomas da anemia falciforme como doença hereditária de glóbulos vermelhos que leva a anemia e crises de dor; dispneia, fadiga, mal-estar; glóbulos vermelhos com o formato de foice; doença hematológica. Quanto ao tratamento e assistência de enfermagem citaram sintomático, transfusão sanguínea, oxigênoterapia, analgesia, hidratação, vitaminas, curativo quando tem lesão, controle dos SSVV. Acompanhamento multiprofissional foi citado como ação entre os profissionais e os pais ou acompanhantes. Espera-se que esta doença seja mais divulgada e que os profissionais se capacitem mais na terapêutica desta para prestar uma assistência de qualidade.
Palavras-passe: Anemia falciforme, Enfermagem, Tratamento.
ABSTRACT
Sickle cell anemia is a genetic and hereditary blood disease caused by an abnormality of the hemoglobin in red blood cells. The aim of this study was to understand the care provided to a child with sickle cell anemia in a hospital unit in the hinterlands of Pernambuco. This is an exploratory, descriptive, cross-sectional, prospective study with a quantitative-qualitative approach. It was conducted with seven nurses working in the Pediatric Clinic of HOSPAM. The interviewees were between 30 and 49 years old, all were female (100%), 57.12% declared themselves as white, 71.40% were married, and all had completed postgraduate studies (100%). Regarding the length of professional experience, it was observed that the majority had worked for between 1 and 5 years. They defined and cited the following symptoms of sickle cell anemia as a hereditary red blood cell disease that leads to anemia and pain crises; dyspnea, fatigue, malaise; sickleshaped red blood cells; hematologic disease. Regarding treatment and nursing care, they mentioned symptomatic treatment, blood transfusion, oxygen therapy, analgesia, hydration, vitamins, dressings when there is a lesion, and control of SSVV. Multidisciplinary monitoring was mentioned as an action between professionals and parents or caregivers. It is expected that this disease will be more widely publicized and that professionals will become better trained in its treatment to provide quality care.
Keywords: Sickle cell anemia; Nursing team; red blood cells; treatment.
INTRODUÇÃO
Na área hospitalar, o profissional de enfermagem é o colaborador da equipe que permanece mais tempo ao lado do paciente e tem a capacidade de observá-lo holisticamente. Ele avalia os sinais vitais, administra medicamentos, prepara e acompanha na realização de exames. Além disso o profissional da área hospitalar viabiliza a comunicação entre o paciente e familiares faz atualizações com demais profissionais acerca de mudança do quadro de saúde e necessidade de reavaliações, conforto e segurança do atendido nos diversos níveis que a atenção hospitalar requer (SECRETARIA DE SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL, 2021).
Ao entrar na ala pediátrica de um hospital, o profissional sabe que irá lidar com pais preocupados, cheios de dúvidas e vulnerabilidades emocionais, o que requer do profissional a sensibilidade para lidar com a situação e o entendimento da doença. Tratar de uma criança hospitalizada é algo que requer muito cuidado e atenção, o papel do enfermeiro é contribuir para que a sua passagem pelo hospital seja mais confortável, com ações que passe confiança aos pais e ao paciente.
A Anemia falciforme é uma doença hereditária (passa dos pais para os filhos) caracterizada pela alteração dos glóbulos vermelhos do sangue, tornando-os semelhantes a uma foice, daí o nome falciforme. Essas células têm sua membrana alterada e rompemse mais facilmente, causando anemia. A hemoglobina, que transporta o oxigênio e dá a cor aos glóbulos vermelhos, é essencial para a saúde de todos os órgãos do corpo (BRASIL, 2007).
Essa condição é mais prevalente entre indivíduos negros. No Brasil, aproximadamente 8% da população negra foi diagnosticada com anemia falciforme, embora a doença também possa ser identificada em pessoas brancas ou pardas. A doença falciforme pode ser detectada ainda nos primeiros dias de vida, por meio do teste do pezinho, que deve ser realizado, preferencialmente, entre o 3º e o 5º dia após o nascimento. Jovens e adultos que ainda não foram diagnosticados podem realizar o exame de sangue chamado eletroforese de hemoglobina (Hb), disponível gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Esse exame também integra a rotina do pré-natal, garantindo o rastreamento da condição em gestantes e seus parceiros (BRASIL, 2007).
Em Pernambuco, entre 2014 e 2018, 322 meninos e meninas foram diagnosticados com a enfermidade. Estima-se que a cada 1,4 mil crianças nascidas vivas, uma tenha a doença falciforme e a cada 23, uma seja identificada como portadora do traço falciforme, quando há transmissão parcial do gene, mas não há o desenvolvimento da enfermidade, sendo a forma mais comum e grave, a anemia falciforme (SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE, 2019).
O tratamento de anemia falciforme visa prevenir as crises causadas pela doença, que podem ser leves ou bem mais rigorosas. O medicamento mais utilizado e eficaz na prevenção das crises é o Hidroxiureia (hidrea), uma vez que ele age aumentando a produção de uma forma de hemoglobina encontrada principalmente em fetos e que diminui a quantidade de glóbulos vermelhos que adquirem forma de foice (PINHEIRO, 2022).
Entende-se também que, a única forma de cura da doença seja o transplante de células-tronco, de um parente ou doador que não possua o traço da doença, porém não é um método muito utilizado, e mesmo que o procedimento seja realizado, os receptores precisam tomar medicamentos que suprimam o sistema imunológico por toda a vida (PINHEIRO, 2022).
Este estudo tem o objetivo de conhecer a assistência prestada a uma criança com anemia falciforme dentro de uma Unidade Hospitalar do sertão de Pernambuco. Justificase este pela intenção de auxiliar os profissionais para entender uma doença tão delicada que vem acometendo muitas crianças, e fazer com que mais pessoas se interessem em estuda-la e desenvolvam mais pesquisas, afim de que sejam descobertos novos métodos de tratamentos no dia-a-dia, na prevenção de crises, para que as crianças com anemia falciforme possam ter uma vida normal como das outras crianças, praticando esportes e outras atividades que são taxadas como “perigosas” para estes, e nos hospitais fazendo que a passagem dessas crianças sejam mais curtas, tendo em vista que a cada crise, mais intensa, a criança fica no mínimo sete dias internada.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo exploratório, descritivo, transversal, prospectivo com abordagem quanti-qualitativo. O estudo foi realizado no Hospital Professor Agamenon Magalhães, no Município de Serra Talhada, localizado no sertão Pernambucano, a uma distância de 415 Km de Recife, faz parte da XI Gerência Regional de Saúde (GERES), tem uma população de 85.774 habitantes conforme Censo Demográfico 2010 (IBGE, 2018).
Foram incluídas as 07 enfermeiras que atuam no setor da clínica pediátrica e excluídas àquelas que estavam de licença médica e gestacional, de atestado médico, de férias e licença prêmio. Foram eliminadas as enfermeiras que não responderem ao questionário por completo.
No presente estudo determinou-se como variáveis a idade, gênero, raça, estado civil, tempo de atuação na área da pediatria, cuidados com a criança portadora de anemia falciforme. Os dados foram coletados através de um questionário, contendo 12 perguntas que abordaram questões a respeito do cuidado a criança com anemia falciforme.
Os dados obtidos através do questionário foram tabulados e apresentados em forma de quadros e/ou tabelas, produzidas através do Microsoft Office Excel 2019. A análise estatística foi realizada de forma descritiva por meio de porcentagem, com gráficos e quadros.
Por se tratar de uma pesquisa envolvendo seres humanos, o pesquisador compromete-se a obedecer aos aspectos éticos legais de acordo com as Resoluções Nº510/2016 e Nº 580/2018 do Conselho Nacional de Saúde e Ministério da Saúde (CNS/MS) que dispõe sobre diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa em seres humanos. O projeto foi encaminhado ao comitê de ética em Pesquisa do Centro Universitário FIS – UNIFIS, sendo aprovado na sessão do dia 21 de agosto de 2024, através do parecer de número 7.020.617.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A tabela 1 apresenta o perfil sociodemográfico das enfermeiras da Clinica Pediátrica do HOSPAM. A análise das entrevistas revelou que as participantes apresentaram uma Faixa Etária de 30 a 49 anos. Onde a prevalência foi das faixas etárias de 30 a 34; 35 a 39 e 45 a 49 anos com 28,6% (02) cada, seguida da de 40 a 44 anos com 14,2% (01). Em relação ao Sexo, observou-se que 100% (07) eram do sexo feminino. No que diz respeito à variável Raça, constatou-se que 57,12% (04) se autodeclararam como brancas, seguidas das pardas com 28,6% (04) e das negras com 14,28% (01). No que concerne ao Estado Civil foi constatada uma maior proporção de mulheres casadas com 71,40% (05), seguida das solteiras e união estável com 14,3% (01) cada. No que diz respeito ao Nível de Escolaridade, destaca-se que 100% (07) das enfermeiras possuem pós-graduação. No que se refere ao tempo de experiência profissional, observou-se que a maioria apresentava um período de atuação entre 01 à 05 anos com 42,8% (03), seguida por aquelas com tempo de atuação entre menos de 01 ano e 06 à 10 anos com 28,6% (02) cada.
TABELA 1 – Perfil Sociodemográfico das enfermeiras da Clínica Pediátrica do HOSPAM, Serra Talhada – PE, 2024.

Conforme foi documentado pelo COFEN (2017), que constatou que a maioria dos enfermeiros e enfermeiras (45%) possuem idade entre 26 e 35 anos, seguidas por aquelas faixas etárias de 35 a 50 anos (34,6%) evidenciando assim um fenômeno de rejuvenescimento na área profissional. Tais informações indicam uma predominância de profissionais jovens no campo da enfermagem assim como no HOSPAM.
Na Região das Américas, 56% dos profissionais do setor de saúde são da enfermagem, e mais de 80% são mulheres. A disparidade de gênero na profissão de enfermagem é evidente, no mundo inteiro, as mulheres representam 67% da força de trabalho em saúde (OPAS, 2024). A profissão da enfermagem sempre foi vista como algo para o sexo feminino pois tem a ver com o cuidar.
Em um estudo realizado por Aguiar e Souza (2023) na atenção primaria a saúde no Distrito Federal em 2023, a prevalência das enfermeiras em relação a cor / raça onde 50,2% delas eram pardas, já este estudo teve a prevalência de enfermeiras brancas com 57,12%.
Um estudo realizado em Recife, por Pontes et al., (2022), em qual é em titulada
“Perfil dos enfermeiros da Atenção Primária à Saúde da cidade do Recife”, teve sua prevalência de 60% casados o que corrobora com este estudo onde 71,40% das enfermeiras eram casadas.
Em relação a escolaridade 100% possuíam pós-graduação. Se assemelhando aos 92% da pesquisa de Holanda et al, (2021), onde mostra que a maioria das enfermeiras ficam apenas a pós-graduação.
Com o tempo de atuação, Aguiar e Souza (2023), na atenção primaria a saúde no Distrito Federal, onde mostra um grande índice nos profissionais que atuam a mais de 12 anos, onde índices mostram que as enfermeiras tem uma experiência profissional elevada de 10 anos neste estudo a variação foi de 1 a 10 anos também.
Ao serem questionadas quanto a definirem o que é a Anemia Falciforme as enfermeiras falaram que: Foi utilizado o pseudônimo da Letra E mais um Número ordinal para representar as faladas dessas profissionais.
“Doença hereditária de glóbulos vermelhos que leva a anemia e crises de dor” (ENF1; ENF2; ENF6 e ENF7).
“É uma doença definida como hereditária, que atua no componente do sangue, causando dor, dispneia, fadiga, mal-estar entre outros sintomas” (ENF3).
“São quando os glóbulos vermelhos tem o formato de foice” (ENF4).
“Doença hematológica” (ENF5).
A doença falciforme (DF), grupo de doenças hematológicas caracterizadas pela presença da hemoglobina S (HbS), é um problema de saúde pública, mundialmente e no Brasil. Decorre de uma mutação no gene que produz a hemoglobina A, originando outra, mutante, denominada hemoglobina S, de herança recessiva. Existem outras hemoglobinas mutantes, como C, D, e E. Em par com a S, integram o grupo denominado DF (Miranda et al.; 2024)
Torna-se essencial um cuidado compartilhado e coordenado pelos serviços da Atenção Primária à Saúde (APS), por meio de sistema de referência e contra referência, com estabelecimento de um plano de cuidados, integração entre os pontos da rede de atenção à saúde e integralidade. A Estratégia Saúde da Família (ESF) deve garantir maior oferta e qualidade das ações integrais de saúde. Ela tem se configurado como a principal porta de entrada ao SUS e valoriza a humanização em novas relações da comunidade com a equipe multiprofissional. Deve ser centrada na tríade usuário-família-comunidade e na efetividade da assistência (MIRANDA ET AL.; 2024)
No país, estima-se entre 60 mil e 100 mil pessoas com DF. Como ação programática, o diagnóstico foi instituído em 2001 pelo programa nacional de triagem neonatal. Cabe esclarecer que a adesão e cobertura da triagem neonatal pelos estados variaram significativamente ao longo do tempo. Há uma distribuição heterogênea da DF no país, onde Bahia, Distrito Federal e Piauí são as unidades federadas que apresentam o maior número de casos (CIÊNC. SAÚDE COLETIVA, 2024).
O quadro 1 mostra as falas em relação a terapêutica realizada na Clínica Pediátrica do Hospam para acolhimento de uma criança com anemia falciforme. Foi verificado durante as falas das enfermeiras que o tratamento Sintomático, Transfusão sanguínea e Oxigênoterapia foram os mais citados, seguidos de tratamento a depender da gravidade, analgesia, vitaminas e controle dos sinais vitais (SSVV).
QUADRO 1– Distribuição das falas das enfermeiras quanto a terapêutica prescrita a uma criança com Anemia Falciforme, HOSPAM, 2024.
FALA DAS ENFERMEIRAS | N° das Enfermeiras |
“Sintomático, transfusão sanguínea e Oxigênoterapia” | ENF 1; ENF4; ENF5 |
“Tratamento depende da gravidade, Transfusão sanguínea, Oxigênoterapia, Analgesia;” | ENF2; ENF7 |
“Hidratação, analgesia, vitaminas, curativo quando tem lesão” | ENF3 |
“Acolhimento, punção de acesso, SSVV, medicação” | ENF6 |
Segundo Ferreira et al., (2018), a maioria das medidas terapêuticas na anemia falciforme é de suporte e muda muito pouco a fisiopatologia e o curso da doença. Nas manifestações agudas da doença, são tratados os sintomas. As crises dolorosas são tratadas por hidratação, aquecimento e analgésicos, desde anti-inflamatórios não esteroidais até opioides. A crise torácica aguda e seus sintomas são tratados com inalação de O2, espirometria incentivada e transfusão sanguínea como foram citados pelas enfermeiras do HOSPAM.
Há medicamentos que podem ajudar a controlar a anemia falciforme. Por exemplo, a Hidroxiureia aumenta a produção de uma forma de hemoglobina encontrada principalmente em fetos e que diminui a quantidade de glóbulos vermelhos que adquirem forma de foice. Dessa forma, ela reduz a frequência das crises falciformes e da síndrome torácica aguda. Outros medicamentos que podem ajudar a controlar os sintomas e as complicações da anemia falciforme incluem a L-glutamina, o crizanlizumabe e o voxelotor (MANUAL MSD., 2024).
O tratamento com Hidroxiureia é comprovadamente eficaz em crianças e adultos vivendo com AF. Seus mecanismos não estão totalmente elucidados, entretanto o que se sabe é que a Hidroxiureia induz a produção de hemoglobina fetal HbF, e ajuda a inibir a falcização celular. A sua baixa toxicidade também tem sido um fator de influência para a escolha desse tipo de tratamento (MACHADO et al.; 2018).
O quadro 2 apresenta as falas das enfermeiras quanto aos cuidados prestados as crianças com Anemia Falciforme na Clínica Pediátrica do HOSPAM. Acompanhamento multiprofissional, cuidados de higiene; SSVV; medicação de horário; exames solicitados, geralmente sintomático, transfusão sanguínea foram os mais citados.
QUADRO 2: Distribuição das falas das enfermeiras quanto aos cuidados prestados na Clínica Pediátrica do HOSPAM, 2014.
CUIDADOS | N° das Enfermeiras |
“Acompanhamento multiprofissional” | ENF1; ENF2; ENF5 |
“Geralmente sintomático, o que inclui analgesia e transfusão sanguínea” | ENF3; |
“Cuidados de higiene; SSVV; Medicação de horário; Exames solicitados” | ENF4; ENF7 |
“Realizado triagem; SSVV; Avaliação pela especialista; Exames; Transfusão sanguínea; Medicação” | ENF6 |
A assistência de enfermagem se inicia no primeiro contato com os pais, no momento da orientação genética, quando estes se deparam com o fato de que o filho tem uma doença genética e vai precisar de cuidados específicos e o forte sentimento de culpa se instala no casal (DE JESUS ET AL.; 2020).
É importante destacar o trabalho da equipe de enfermagem, principalmente do enfermeiro, o qual estará realizando o acolhimento buscando promoção, prevenção, recuperação e reabilitação desse paciente e desenvolvendo uma assistência de enfermagem individualizada e qualificada por meio da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) de forma ética, com a aplicação dos saberes técnicos e científicos (LAURINE ET AL.;2017).
Com base no pressuposto de cuidado direto aos portadores de anemia falciforme, a prioridade do enfermeiro é reduzir a dor por meio de uma avaliação abrangente. Isso ressalta a importância de o enfermeiro ter conhecimento da fisiologia da dor e implementar práticas educativas com os pacientes. Além disso, é crucial identificar e prevenir crises dolorosas, reduzindo possíveis complicações e promovendo ações de autocuidado (FERREIRA ET AL. 2018).
O quadro 3 discute a relação dos profissionais com os pais da Clínica Pediátrica do HOSPAM. É de extrema importância essa comunicação, esse relação, pois ali estão os genitores ou acompanhantes preocupados com seus filhos.
QUADRO 3: Relação dos profissionais da Clínica Pediátrica do HOSPAM com os pais ou acompanhantes das crianças.
RELAÇÃO | N° das Enfermeiras |
“Caso necessário a equipe multiprofissional dá suporte” | ENF1; ENF5 |
“Caso necessário suporte psicológico e orientações sobre a doença” | ENF2; ENF6 |
“Segue uma relação de acolhimento e compreensão visto a cronicidade da doença e as dores frequentes” | ENF3 |
“Empatia da equipe de enfermagem, comunicação efetiva, orientação…” | ENF4; ENF7 |
Segundo Azevêdo et al.; (2017) as relações que as enfermeiras estabelecem com as famílias de crianças hospitalizadas estão voltadas para a transmissão de informações básicas sobre os cuidados no ambiente hospitalar. No primeiro contato, o propósito é coletar dados sobre o estado geral da criança, as enfermeiras reconhecem a importância da presença das mães e as angústias que são apresentadas, mas não existe uma preparação destas profissionais para um acolhimento especializado, e nem a inclusão da família no processo de cuidado da criança.
No artigo “A família da criança com doença falciforme e a equipe enfermagem: revisão crítica” (CARMEN ET AL.;2009) os autores dizem que, a enfermagem se responsabiliza, por meio do cuidado, pelo conforto, acolhimento e bem-estar dos pacientes, seja prestando o cuidado, seja coordenando outros setores para a prestação da assistência ou promovendo a autonomia dos pacientes pela educação em saúde.
O quadro 4 apresenta as falas dos enfermeiros quanto a importância desse cuidado por este profissional. A equipe de enfermagem desempenha um papel muito importante durante o tratamento de crianças com Anemia Falciforme.
QUADRO 4: Importância da equipe de Enfermagem no acompanhamento das crianças com anemia falciforme internadas na Clínica Pediátrica, HOSPAM, 2024.
IMPORTÂNCIA | N° das Enfermeiras |
“Exercício físico; Controle dos SSVV; Administração de medicamentos; Punção; Oxigênio se necessário” | ENF1; ENF5; ENF6 |
“Observar o paciente como todo; SSVV; Medicação; Suporte ventilatório” | ENF2; ENF4 |
“Proporcionar o cuidado com excelência e humanismo, educação em saúde sobre a doença” | ENF3; ENF7 |
O artigo “intervenções fortalecedoras da família para o manejo da criança com anemia falciforme, 2024” diz que, o enfermeiro, assim como os demais profissionais de saúde são considerados essenciais para o acompanhamento da criança com anemia falciforme e da família, pois estabelecem estratégias para que ocorra uma participação ativa no autocuidado, podem oferecer orientações terapêuticas que estimulam a manutenção do tratamento, bem como propor ações educativas que possam influenciar na promoção à saúde. Desse modo, devem ter como meta principal a melhoria da qualidade de vida das crianças, reduzindo as complicações agudas e crônicas proporcionadas ao seu meio físico, emocional e social.
As intervenções de enfermagem são qualquer tratamento baseado no julgamento e no conhecimento clínico realizado por um enfermeiro para melhorar os resultados do paciente/cliente e estão relacionadas aos diagnósticos de enfermagem do NANDA e aos resultados da classificação de resultados do NOC (SOARES ET AL.; 2012).
No cuidado ao paciente com anemia falciforme, o enfermeiro é peça fundamental nesse processo de cuidar, pois estabelece estratégias de participação ativa no autocuidado, orientações terapêuticas que estimulem a continuidade do tratamento, bem como as ações educativas que influenciam na promoção à saúde, tendo como principal meta a melhoria da qualidade de vida dos portadores, reduzindo assim a incidência de complicações agudas e crônicas, que repercutem diretamente no seu meio de convivência tanto físicas como social. É imprescindível que, o enfermeiro conheça a pessoa com anemia falciforme e sua trajetória de vida, a fim de obter maior interação com ele e sua família, devido à cronicidade produzida pela doença e sua alta demanda de cuidados que são adicionados ao cotidiano desses portadores (LAURINE ET AL. 2017).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A anemia falciforme é uma doença hereditária, caracterizada pela alteração dos glóbulos vermelhos no sangue, sem cura que vem acometendo várias crianças.
A vida de uma criança com a doença é desde o nascimento uma grande batalha devido as crises causadas por ela, o tratamento é ao longo da vida.
O conhecimento sobre as medidas tomadas diante de um quadro de crise da Anemia Falciforme é essencial para uma equipe multiprofissional, em especial os enfermeiros que possuem um contato maior com os pacientes, para que sejam feitas com êxito e rapidez tudo para controlar as dores e prevenir possíveis complicações.
O enfermeiro tem um papel importante no dia a dia hospitalar, ele é o profissional com quem temos mais contato desde a hora de entrada a alta, na pediatria não é diferente, ele é o responsável por acolher, fazer a ponte entre o profissional e os responsáveis, administrar medicações e passar todas as evoluções do dia.
Foi visto que ainda existe muitas dúvidas diante a conduta de cuidados ao paciente com Anemia Falciforme, que o hospital possui uma equipe multiprofissional para qualquer ocorrência, no entanto, ainda questiona-se muito qual a verdadeira conduta a ser seguida.
É de estrema importância a educação em saúde dentro da unidade hospitalar e está sempre atualizado sobre as condutas tomadas em cada tipo de situação, é dever de uma equipe está sempre preparado para toda e qualquer ocorrência.
Sabendo que a única forma de tratamento é a prevenção das crises, os profissionais devem sempre orientar os pais sobre medidas que podem ser tomadas, como por exemplo, a solicitação da medicação de tratamento, Hidrea, que é ofertado pelo (SUS). É de suma importância manter a criança sempre hidratada e manter os exames sempre atualizados.
Espera-se que este seja utilizado como fonte de pesquisa por profissionais da saúde, acadêmicos de saúde na ampliação de conhecimento sobre a anemia falciforme.
REFERÊNCIAS
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CARMEN ET AL. A família da criança com doença falciforme e a equipe enfermagem: revisão crítica, 2009;
COFEN – Perfil da enfermagem no Brasil: relatório final: Brasil / coordenado por
MARIA HELENA MACHADO . ― Rio de Janeiro: NERHUS – DAPS – ENSP/Fiocruz, 2017;
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LAURINE ET AL. o cuidar do enfermeiro ao paciente com anemia falciforme, 2017; LEAL ET AL. Atenção à pessoa com anemia falciforme no contexto da Estratégia Saúde da Família: a ótica dos profissionais, 2024;
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