THE IMPACT OF THE COVID-19 PANDEMIC ON THE MENTAL HEALTH OF BRAZILIAN YOUTH: CHALLENGES AND PERSPECTIVES
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202504301655
Elisete Rodrigues Santos da Silva
Gessica Barreto de Sousa Monteiro
Higor Alves Nascimento
Natalia da Silva Marques
RESUMO
Este estudo analisa o impacto da pandemia de COVID-19 na saúde mental dos jovens brasileiros, abordando os desafios e as perspectivas que surgiram durante o período de confinamento social. A pandemia impôs um isolamento social sem precedentes, afetando a rotina dos jovens e exacerbando problemas psicológicos como ansiedade, depressão e estresse. O estudo se baseia em uma revisão qualitativa da literatura sobre o comportamento dos jovens durante a pandemia, enfocando fatores como a dependência digital, o papel do suporte familiar e o aumento da violência doméstica. Os resultados indicam que, além do impacto psicológico direto, as mudanças nas interações sociais, a intensificação do uso de plataformas digitais e a fragilidade das redes de apoio afetaram significativamente o bem-estar emocional dos jovens. O estudo também destaca a importância de políticas públicas e estratégias de apoio psicossocial para enfrentar os desafios emocionais dessa população em tempos de crise.
Palavras-chave: Pandemia, COVID-19, Saúde Mental, Jovens, Isolamento Social, Dependência Digital.
ABSTRACT
This study examines the impact of the COVID-19 pandemic on the mental health of Brazilian youth, addressing the challenges and perspectives that emerged during the period of social confinement. The pandemic imposed an unprecedented social isolation, affecting the daily routines of young people and exacerbating psychological issues such as anxiety, depression, and stress. The study is based on a qualitative literature review of youth behavior during the pandemic, focusing on factors such as digital dependence, the role of family support, and the increase in domestic violence. The results indicate that, in addition to the direct psychological impact, changes in social interactions, intensified use of digital platforms, and the fragility of support networks significantly affected the emotional well-being of youth. The study also highlights the importance of public policies and psychosocial support strategies to address the emotional challenges faced by this population in times of crisis.
Keywords: Pandemic, COVID-19, Mental Health, Youth, Social Isolation, Digital Dependence.
1 INTRODUÇÃO
A pandemia de COVID-19, declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em março de 2020, provocou uma crise de saúde pública global que afetou não apenas a saúde física da população, mas também a saúde mental de milhões de pessoas, com impactos particularmente graves entre os jovens. No Brasil, como em muitos outros países, as medidas de distanciamento social, o fechamento de escolas e a interrupção de atividades sociais e educacionais afetaram a vida de adolescentes e jovens adultos, causando um aumento significativo de sintomas de ansiedade, depressão e estresse. A saúde mental da juventude brasileira, já fragilizada por questões sociais e econômicas pré-existentes, foi severamente afetada pelo contexto pandêmico, expondo as vulnerabilidades de uma geração que enfrentava dificuldades em seu desenvolvimento psicossocial. A presente pesquisa visa investigar como a pandemia impactou a saúde mental dos jovens brasileiros e analisar as medidas adotadas para mitigar os efeitos dessa crise psicológica, a fim de contribuir para futuras políticas públicas e estratégias de apoio.
Durante a pandemia, as restrições de movimento e a quarentena forçada alteraram profundamente a rotina dos jovens, interrompendo suas atividades escolares, sociais e culturais. Estudos apontam que o distanciamento social teve um efeito significativo na saúde mental de adolescentes e jovens adultos, principalmente devido à sensação de isolamento, perda de conexões sociais e aumento do estresse (GOVERNO DO ESTADO DE ESPÍRITO SANTO, 2020; TORALES et al., 2020). A literatura científica sobre o impacto do isolamento social durante a pandemia revela que, entre os fatores mais prejudiciais à saúde mental dos jovens, destacam-se o aumento da solidão e a exposição prolongada à internet, especialmente às redes sociais, que por vezes intensificam sentimentos de inadequação, comparações sociais e vulnerabilidade emocional (GAO et al., 2020; KIRÁLY et al., 2020).
Porém, o impacto psicológico da pandemia não pode ser visto de maneira homogênea, uma vez que as condições sociais e econômicas, a disponibilidade de apoio familiar e o acesso a recursos de saúde mental foram determinantes para as experiências individuais dos jovens. A pandemia acentuou as desigualdades sociais e econômicas no Brasil, criando uma lacuna ainda maior no acesso a cuidados de saúde mental, especialmente para jovens de comunidades periféricas, que enfrentam maiores dificuldades de acesso a serviços públicos de saúde e apoio psicológico (CRUZ et al., 2020; PAROLIN; LEE, 2022). Além disso, o fechamento das escolas e a transição para o ensino remoto exacerbaram desafios já existentes, como a falta de infraestrutura adequada para aulas online, além do aumento das desigualdades educacionais (SANTOS, 2020).
Os adolescentes, como grupo etário em fase de construção da identidade e socialização, foram particularmente vulneráveis às mudanças impostas pela pandemia. A interrupção da interação face a face com amigos, a falta de experiências compartilhadas em grupo e a perda de eventos importantes, como formaturas e celebrações, afetaram significativamente o bem-estar emocional dos jovens. Segundo Fegert et al. (2020), a ausência de rotinas estruturadas e a frustração das expectativas de vivências típicas dessa fase da vida tiveram efeitos emocionais profundos, como aumento de sentimentos de desesperança, desânimo e, em casos extremos, ideação suicida. Esse cenário de incerteza e perda também foi amplificado por questões econômicas, já que muitos jovens viram suas famílias enfrentando dificuldades financeiras devido à perda de empregos e à falta de recursos (FILGUEIRAS; STULTS-KOLEHMAINEN, 2020).
Outro fator relevante para a análise do impacto da pandemia sobre a saúde mental dos jovens brasileiros foi o aumento dos comportamentos problemáticos relacionados ao uso de tecnologias e redes sociais. A pandemia gerou um aumento significativo no tempo de exposição à internet, com muitos jovens recorrendo ao ambiente digital como forma de socializar e ocupar o tempo. No entanto, o uso excessivo de redes sociais tem sido associado ao agravamento de transtornos psicológicos como depressão e ansiedade, especialmente devido à comparação social exacerbada, a pressão por um estilo de vida idealizado e o acesso constante a informações alarmantes sobre a pandemia (GAO et al., 2020; KIRÁLY et al., 2020). Além disso, o comportamento de “gaming” (jogos eletrônicos), que cresceu exponencialmente durante o lockdown, também tem sido considerado um fator de risco para o agravamento da saúde mental, com implicações sobre o bem-estar psicológico dos jovens, como observado por Balhara et al. (2020).
Embora os impactos negativos da pandemia sejam claros, é importante destacar que também surgiram estratégias de apoio psicossocial inovadoras durante este período, com destaque para iniciativas de acolhimento e apoio emocional, tanto no âmbito da saúde pública quanto na esfera da sociedade civil. Diversas comunidades adotaram práticas de ajuda mútua, promovendo redes de apoio psicológico e assistência social para aqueles que mais precisavam (CRUZ et al., 2020; LATGÉ; ARAUJO; JUNIOR, 2020). Essas estratégias revelam a importância da solidariedade comunitária no enfrentamento de crises coletivas, além de evidenciar a necessidade de implementação de políticas públicas que garantam o acesso universal à saúde mental, especialmente para os grupos mais vulneráveis.
O impacto da pandemia também trouxe à tona a urgência de se repensar a forma como os serviços de saúde mental são estruturados e como as intervenções podem ser adaptadas para a realidade do pós-pandemia. A ampliação do uso de consultas online e a implementação de programas de cuidado remoto foram alternativas viáveis para suprir a carência de profissionais e de espaços físicos para o atendimento psicológico (MARTÍNEZ et al., 2018). Nesse contexto, a integração entre tecnologia e cuidado emocional, apesar de suas limitações, representa um avanço importante para o futuro do cuidado com a saúde mental, especialmente no que diz respeito a populações mais distantes dos centros urbanos ou com menos acesso aos serviços tradicionais.
Em relação à saúde mental, é fundamental que as políticas públicas estejam alinhadas às necessidades específicas de cada grupo etário. No caso dos jovens, isso implica a criação de espaços que favoreçam a expressão emocional, o apoio à construção de identidade e a promoção de ambientes saudáveis de socialização. A promoção de atividades físicas e culturais, a criação de grupos de apoio psicológico e a implementação de políticas que integrem a saúde mental ao currículo escolar são passos importantes para garantir o bem-estar emocional dos jovens, principalmente em tempos de crise (CARTER; MCGOLDRICK, 2001; BOHOSLAVSKY, 2007).
Dessa forma, a pandemia de COVID-19, ao revelar as fragilidades estruturais dos serviços de saúde mental e das condições socioeconômicas da juventude brasileira, também oferece uma oportunidade única para repensar as práticas de cuidado psicológico, as políticas públicas e a promoção de uma cultura de bem-estar emocional. Este estudo tem como objetivo analisar de forma crítica os impactos da pandemia na saúde mental dos jovens no Brasil, propondo alternativas para um sistema de apoio psicológico mais eficaz, inclusivo e acessível a todos.
2 REVISÃO TEÓRICA
A pandemia de COVID-19, declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 11 de março de 2020, teve um impacto profundo em diversos aspectos da sociedade global, sendo a saúde mental uma das áreas mais afetadas. Entre os grupos mais vulneráveis, destacam-se os adolescentes e jovens adultos, cujas rotinas e desenvolvimento social foram amplamente alterados pelo isolamento social, pelo fechamento de escolas e universidades e pela exposição constante a informações sobre a crise sanitária. Este cenário desencadeou uma série de efeitos negativos sobre a saúde mental dessa população, ampliando problemas preexistentes e criando novos desafios. Este capítulo visa revisar a literatura existente sobre os impactos psicológicos da pandemia em jovens e as respostas psicossociais adotadas para mitigar esses efeitos.
2.1 O impacto da pandemia na saúde mental dos jovens
A pandemia de COVID-19 teve um impacto profundo na saúde mental dos jovens, alterando suas rotinas, interações sociais e acesso a atividades educacionais. A interrupção de atividades essenciais para o desenvolvimento saudável da juventude, como a socialização com colegas e a participação em eventos importantes, gerou um aumento significativo de transtornos mentais, como ansiedade, depressão e estresse.
O confinamento imposto pelo isolamento social foi uma das principais causas do sofrimento psicológico dos jovens, pois privou-os do contato físico com amigos, familiares e colegas. De acordo com Fegert et al. (2020), o isolamento social foi associado a um aumento significativo de sintomas de solidão, ansiedade e depressão, que afetaram diretamente a saúde emocional dos adolescentes. A impossibilidade de frequentar a escola e a interrupção das atividades extracurriculares causaram uma sensação de perda e frustração, particularmente entre aqueles que estavam em uma fase importante do desenvolvimento acadêmico e social.
A solidão foi um dos maiores desafios enfrentados por jovens durante o período de confinamento. A pesquisa de Loades et al. (2020) destacou que a solidão resultante do distanciamento social levou ao aumento de sintomas psicológicos, principalmente entre adolescentes. Sem a possibilidade de interagir com seus pares, muitos jovens experimentaram uma sensação de desconexão do mundo à sua volta, o que exacerbava problemas preexistentes de saúde mental. A privação de experiências significativas, como encontros sociais e celebrações, foi um fator agravante que impactou o bem-estar psicológico dos jovens.
Além disso, a pandemia aumentou a exposição dos jovens às redes sociais, que se tornaram uma das principais formas de comunicação durante o isolamento social. Embora as redes sociais proporcionassem algum grau de interação social, elas também representaram um risco significativo para a saúde mental, especialmente quando usadas em excesso. Gao et al. (2020) observaram que a exposição constante a informações alarmantes sobre a pandemia e a comparação social exacerbada nas redes sociais contribuíram para o aumento de sentimentos de inadequação e insegurança. O uso excessivo de redes sociais, aliado ao consumo de notícias negativas sobre a crise sanitária, intensificou os sintomas de ansiedade e depressão entre os jovens.
O aumento do uso de jogos online também foi um fenômeno significativo durante o lockdown, especialmente entre os estudantes universitários. O estudo de Balhara et al. (2020) mostrou que, durante a pandemia, muitos jovens passaram a dedicar mais tempo aos jogos eletrônicos como uma forma de lidar com o estresse e o tédio gerados pelo confinamento. No entanto, esse comportamento de “escape” digital levou ao desenvolvimento de comportamentos problemáticos, como o aumento do tempo gasto em frente às telas e a redução das interações sociais presenciais, o que, por sua vez, contribuiu para o agravamento de sintomas de depressão e ansiedade. A dependência de atividades digitais, como o gaming, foi identificada como um fator de risco para o agravamento da saúde mental entre os jovens durante o período de quarentena.
Além dos fatores mencionados, o contexto social e econômico também teve um papel importante na saúde mental dos jovens. Durante a pandemia, muitos enfrentaram desafios adicionais relacionados à instabilidade econômica, ao desemprego e à incerteza quanto ao futuro. O estudo de Filgueiras e Stults-Kolehmainen (2020) aponta que, no Brasil, o impacto econômico da pandemia foi sentido de forma mais intensa por jovens de classes sociais mais baixas, que enfrentaram dificuldades adicionais para acessar recursos educacionais e apoio psicológico. O estresse causado pela insegurança financeira e a dificuldade de encontrar trabalho aumentaram o sofrimento psicológico dos jovens, que se viram sem perspectivas de realização profissional e pessoal.
Por outro lado, as respostas psicossociais emergentes durante a pandemia também desempenharam um papel crucial na mitigação dos efeitos negativos da crise. O apoio psicológico remoto e as iniciativas comunitárias de ajuda mútua, como descrito por Cruz et al. (2020), foram fundamentais para oferecer suporte emocional aos jovens, permitindo que eles compartilhassem suas dificuldades e encontrassem maneiras de lidar com os desafios impostos pela pandemia. Esses programas ajudaram a criar redes de apoio, que foram essenciais para reduzir os efeitos negativos do isolamento social e da incerteza, proporcionando aos jovens um espaço de acolhimento e orientação.
Em termos de intervenções públicas, o Ministério da Saúde do Brasil (2017) enfatiza a importância de estratégias de apoio psicológico para adolescentes, incluindo o fortalecimento dos serviços de saúde mental na atenção básica. Essas estratégias, que combinam atenção especializada e apoio social, são fundamentais para garantir o bem-estar emocional dos jovens durante e após a pandemia. A abordagem integrada entre profissionais de saúde, educadores e a comunidade é essencial para lidar com os efeitos psicológicos de uma crise global de tal magnitude.
Portanto, o impacto da pandemia na saúde mental dos jovens é complexo e multifacetado. A combinação de fatores como o isolamento social, o aumento da dependência digital, a insegurança financeira e as interrupções nas atividades escolares contribuiu para o aumento de transtornos mentais entre os jovens. No entanto, também emergiram respostas psicossociais que ajudaram a mitigar os efeitos da crise, destacando a importância de uma abordagem integrada e comunitária no cuidado da saúde mental. A continuidade desses esforços será essencial para lidar com os efeitos de longo prazo da pandemia sobre a saúde emocional dos jovens.
2.2 O papel do isolamento social e da quarentena
A pandemia de COVID-19, iniciada no final de 2019 e oficialmente declarada como pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 11 de março de 2020, impôs ao mundo inteiro uma série de mudanças abruptas na rotina social e individual, com consequências profundas para a saúde mental de diversas faixas etárias, especialmente entre os jovens. As medidas de isolamento social, que visavam conter a propagação do novo coronavírus, trouxeram desafios psicológicos significativos, particularmente devido à interrupção das atividades escolares, sociais e culturais, e ao distanciamento físico de amigos, familiares e colegas.
O impacto do isolamento social foi evidente desde os primeiros meses da pandemia. A necessidade de quarentena e a proibição de encontros sociais presenciais resultaram em um aumento substancial de sentimentos de solidão e isolamento entre os jovens. Loades et al. (2020) apontam que a solidão, consequência direta da ausência de interações sociais e do fechamento de escolas e universidades, levou a um aumento significativo de sintomas como ansiedade e depressão. Esses sentimentos são particularmente intensos durante a adolescência, um período crucial para o desenvolvimento de vínculos sociais e da identidade. A ausência de experiências comuns, como festas, encontros e convivência diária com amigos, gerou um vazio emocional difícil de preencher.
Adicionalmente, a mudança de rotina imposta pela pandemia afetou a saúde mental dos jovens de maneira mais profunda. A transição abrupta do ensino presencial para o ensino remoto trouxe uma série de desafios. A falta de interação direta com professores e colegas, a sobrecarga das atividades acadêmicas e as dificuldades de adaptação ao modelo de ensino à distância resultaram em um aumento do estresse e da ansiedade. Santos (2020) observa que, no Brasil, o acesso desigual à tecnologia agravou essas dificuldades, uma vez que muitos estudantes não tinham infraestrutura adequada para acompanhar as aulas virtuais. Isso gerou um sentimento de frustração e insegurança sobre o futuro acadêmico e profissional, principalmente para aqueles que já estavam em situação de vulnerabilidade social.
Além disso, o isolamento social também aumentou a dependência das redes sociais e da internet como forma de manutenção de laços sociais. No entanto, como apontado por Gao et al. (2020), o uso excessivo de plataformas digitais durante a pandemia teve efeitos adversos sobre a saúde mental dos jovens. A exposição constante a informações alarmistas, propagadas frequentemente pelas redes sociais, aumentou os níveis de ansiedade e insegurança entre os adolescentes. O fenômeno de “comparação social”, em que os jovens se comparam com os outros, exacerbado pela superexposição nas redes sociais, foi identificado como um dos principais fatores que aumentaram o sofrimento emocional. A busca por distração e conexão virtual não conseguiu compensar o vazio emocional causado pela falta de contato físico com os pares, o que levou muitos jovens a desenvolverem distúrbios de humor, como a depressão, ou a recorrerem a comportamentos autodestrutivos.
O aumento do tempo de exposição às telas também resultou em um maior envolvimento com atividades como jogos online, um comportamento observado entre universitários durante o confinamento. Balhara et al. (2020) investigaram o comportamento dos estudantes universitários durante a quarentena e encontraram uma correlação entre o aumento do tempo gasto em jogos eletrônicos e o agravamento dos sintomas de ansiedade e depressão. O jogo passou a funcionar como uma forma de escapismo, mas o uso excessivo resultou em um isolamento ainda maior e em uma maior desconexão da realidade. Além disso, o comportamento problemático associado ao uso excessivo de jogos digitais foi identificado como um fator de risco para a saúde mental dos jovens, que passaram a enfrentar uma série de consequências negativas para o seu bem-estar emocional e social.
Por outro lado, a crise gerada pela pandemia também trouxe à tona a importância das redes de apoio psicossocial e a necessidade de um cuidado mais atento com a saúde mental dos jovens. Cruz et al. (2020) relatam a criação de novas estratégias de apoio psicossocial em comunidades do sul da Bahia, Brasil, como resposta à pandemia. Estas estratégias de apoio, muitas vezes informais e baseadas na ajuda mútua, tiveram um impacto positivo, proporcionando aos jovens um espaço para expressar suas angústias e lidar com os sentimentos de isolamento e insegurança. A importância do apoio psicológico durante a pandemia foi reconhecida por diversos pesquisadores, que destacaram a necessidade de intervenções eficazes e acessíveis para mitigar os impactos do isolamento social.
Além disso, políticas públicas voltadas para o cuidado da saúde mental, como aquelas implementadas pelo Ministério da Saúde do Brasil (2017), se mostraram fundamentais para garantir o bem-estar psicológico dos jovens durante a pandemia. Essas políticas, que priorizam a atenção básica à saúde mental e a criação de espaços de acolhimento, foram cruciais para enfrentar os efeitos do distanciamento social. A implementação de serviços de saúde mental acessíveis, tanto presencialmente quanto de forma remota, ajudou a fornecer o suporte necessário para os jovens que estavam enfrentando os impactos emocionais do isolamento.
Em termos de longo prazo, o isolamento social pode ter efeitos duradouros sobre a saúde mental dos jovens. A privação de experiências sociais e o impacto no desenvolvimento da identidade durante a pandemia podem ter consequências duradouras, especialmente para aqueles que já estavam em situação de vulnerabilidade. Fegert et al. (2020) alertam para os possíveis efeitos a longo prazo do isolamento social e das restrições impostas pela pandemia, que podem continuar a afetar o desenvolvimento emocional dos jovens, mesmo após o fim das medidas de distanciamento social.
Em síntese, o isolamento social e a quarentena impostos pela pandemia de COVID-19 tiveram um impacto significativo na saúde mental dos jovens, exacerbando problemas preexistentes e criando novos desafios. O distanciamento social, a mudança nas rotinas educacionais, o aumento do uso de redes sociais e o comportamento problemático relacionado ao uso de tecnologia foram fatores que contribuíram para o aumento de sintomas de ansiedade, depressão e estresse. No entanto, as respostas psicossociais emergentes e as políticas públicas de apoio psicológico mostraram-se fundamentais para mitigar esses efeitos, destacando a importância de um cuidado contínuo e eficaz da saúde mental dos jovens em tempos de crise.
2.3 O aumento do uso de tecnologias digitais
O aumento do tempo de exposição às telas durante o confinamento foi uma das mudanças mais evidentes na vida dos jovens durante a pandemia. A tecnologia, que antes era uma ferramenta de socialização e aprendizado, passou a ser, muitas vezes, a única forma de manter contato com o mundo exterior. Porém, esse aumento no uso de redes sociais e plataformas digitais também gerou consequências psicológicas negativas. Estudo de Balhara et al. (2020) revelou que a dependência de jogos online durante o lockdown gerou um comportamento mais sedentário e aumento de ansiedade, especialmente entre universitários.
De acordo com Király et al. (2020), o uso excessivo de tecnologias digitais durante a pandemia pode ser um mecanismo de enfrentamento para o estresse emocional, mas, ao mesmo tempo, pode contribuir para o agravamento de problemas de saúde mental. A falta de interações presenciais e a intensificação da exposição a conteúdos negativos nas redes sociais, como fake news sobre a pandemia, resultaram em um aumento da sensação de impotência e insegurança entre os jovens. O comportamento problemático de uso excessivo da internet, ou “internet addiction”, foi amplificado durante a pandemia, afetando principalmente aqueles com dificuldades de lidar com as emoções e o estresse relacionados ao confinamento (Gao et al., 2020).
2.4 A importância do suporte familiar
A família desempenha um papel fundamental no desenvolvimento psicológico e emocional dos jovens, especialmente em momentos de crise, como o vivido durante a pandemia de COVID-19. Durante esse período, em que o isolamento social e a quarentena afetaram profundamente as rotinas de todos, o suporte familiar se mostrou essencial para mitigar os impactos negativos sobre a saúde mental dos jovens. A convivência familiar, ao proporcionar um ambiente de acolhimento, apoio emocional e segurança, tornou-se um fator crucial na adaptação dos adolescentes às adversidades geradas pela crise sanitária.
O ciclo de vida familiar, como abordado por Carter e McGoldrick (2001), indica que a dinâmica familiar é essencial para o desenvolvimento emocional saudável, especialmente durante a adolescência, que é uma fase caracterizada por intensas transformações psicológicas e sociais. Quando a família consegue oferecer um suporte adequado, os jovens se tornam mais resilientes diante das dificuldades, incluindo o estresse, a ansiedade e as frustrações impostas pelo contexto da pandemia. A presença de vínculos familiares fortes ajuda a desenvolver uma rede de segurança emocional, essencial para enfrentar os desafios psicológicos.
Durante a pandemia, muitos jovens se viram privados das interações sociais com amigos e colegas, tornando a família a principal fonte de apoio. A convivência diária em casa, apesar dos desafios do confinamento, também trouxe à tona a importância do suporte emocional oferecido pelos pais e responsáveis. Em muitos casos, os jovens passaram a recorrer mais intensamente aos membros da família para lidar com sentimentos de solidão, insegurança e incerteza em relação ao futuro. De acordo com o estudo de Prime et al. (2020), a presença de uma rede de apoio familiar sólida contribui significativamente para a redução de sintomas de ansiedade e depressão em tempos de crise. As interações familiares, em que há diálogo aberto e compreensão, atuam como um amortecedor contra os efeitos adversos do isolamento social.
No entanto, a pandemia também trouxe à tona os desafios enfrentados por famílias em situação de vulnerabilidade social, onde a falta de recursos materiais, financeiros e psicológicos tornou o apoio familiar mais difícil. Em contextos de estresse elevado, como o vivido durante a pandemia, as famílias enfrentaram tensões adicionais, como o desemprego, a sobrecarga de trabalho e as dificuldades no manejo do ensino remoto. A pesquisa de Cruz et al. (2020) aponta que, em algumas regiões do Brasil, a ausência de uma rede de apoio e o aumento das tensões domésticas afetaram negativamente a saúde mental dos jovens. Em muitos casos, as famílias não estavam preparadas para lidar com o estresse emocional causado pela crise sanitária, o que contribuiu para o agravamento de problemas psicológicos entre os adolescentes.
A violência doméstica, que já era uma realidade para muitas crianças e adolescentes, também se intensificou durante o período de quarentena, como mostrado por Marques et al. (2020). A convivência forçada em casa, sem os espaços de fuga e apoio externo, como a escola ou atividades sociais, acabou expondo muitos jovens a situações de abuso físico e psicológico. Esse fator agravante destacou a importância de se garantir que as intervenções familiares não apenas ofereçam suporte emocional, mas também atendam a aspectos de proteção e prevenção contra a violência doméstica.
Por outro lado, quando a família consegue implementar estratégias de acolhimento, escuta ativa e apoio emocional, o ambiente familiar se torna um pilar de resiliência. O suporte familiar, além de fornecer segurança emocional, também pode servir como base para o fortalecimento da autoestima e da capacidade de adaptação dos jovens às adversidades. Durante a pandemia, muitos pais e responsáveis se adaptaram rapidamente para garantir que seus filhos tivessem acesso a recursos tecnológicos para o ensino remoto, além de se preocupar com o bem-estar psicológico dos adolescentes, criando rotinas que incluíam atividades recreativas e momentos de diálogo.
A importância do apoio familiar na saúde mental dos jovens é também reconhecida em políticas públicas de saúde, como aquelas descritas pelo Ministério da Saúde do Brasil (2017). O documento enfatiza que o apoio familiar deve ser um componente essencial na promoção da saúde mental de adolescentes, destacando a necessidade de estratégias que integrem a família no processo de cuidado psicológico. O apoio familiar é visto como um meio de fortalecer a resiliência dos jovens e ajudar a prevenir o surgimento de transtornos mentais durante a adolescência.
O conceito de resiliência familiar, conforme abordado por Bowen e Walker (2015), também se destaca nesse contexto. Eles afirmam que as famílias que conseguem estabelecer uma comunicação aberta e efetiva, especialmente durante crises, possuem maior capacidade de se adaptar às adversidades. A capacidade de se ajustar, mesmo diante do estresse imposto pela pandemia, é essencial para a proteção da saúde mental dos jovens. O suporte emocional contínuo, combinado com uma abordagem proativa na resolução de problemas familiares, oferece aos jovens a confiança necessária para lidar com as dificuldades, permitindo um retorno mais rápido à normalidade.
Em suma, o suporte familiar foi, sem dúvida, um dos fatores mais importantes para o bem-estar dos jovens durante a pandemia de COVID-19. A presença de um ambiente familiar acolhedor, onde as necessidades emocionais são atendidas e os jovens se sentem protegidos, é fundamental para que possam enfrentar os desafios impostos pela crise de forma mais resiliente. Portanto, é essencial que as políticas públicas de saúde mental continuem a considerar a família como um ator central no processo de cuidado dos adolescentes, especialmente em tempos de crise.
3 METODOLOGIA
O presente estudo adotou uma abordagem qualitativa para investigar os impactos da pandemia de COVID-19 na saúde mental dos jovens, com foco no suporte familiar e nas intervenções psicossociais. O objetivo foi compreender as experiências vivenciadas pelos adolescentes e jovens adultos durante o período de confinamento, a partir de fontes bibliográficas especializadas, como livros, artigos científicos e relatórios institucionais. Esse método qualitativo foi escolhido devido à sua capacidade de oferecer uma análise profunda e detalhada das experiências e das percepções individuais e coletivas sobre o impacto psicológico da pandemia, além de permitir uma interpretação mais rica dos fenômenos observados.
A pesquisa baseou-se em uma revisão de literatura focada em estudos de caso e teorias que abordam o impacto psicológico da pandemia, com ênfase na saúde mental dos jovens. A pesquisa foi realizada a partir de livros especializados, artigos científicos publicados em periódicos indexados e estudos de caso que discutem as implicações do isolamento social e da quarentena no desenvolvimento emocional dos adolescentes e jovens adultos. A análise foi conduzida a partir de uma seleção criteriosa de fontes relevantes, com o intuito de reunir informações sobre os efeitos do distanciamento social, a utilização de novas estratégias de apoio psicossocial e a importância do suporte familiar no enfrentamento do estresse causado pela pandemia.
Para a coleta de dados, foram selecionados artigos que discutem especificamente as consequências do confinamento para a saúde mental dos jovens, como o estudo de Fegert et al. (2020), que explora os desafios psicológicos enfrentados pelas crianças e adolescentes durante o período de crise, e o trabalho de Loades et al. (2020), que analisa o impacto do isolamento social sobre a saúde mental de crianças e adolescentes no contexto da pandemia. Além disso, foram consultados estudos de caso que relatam como diferentes comunidades e famílias lidaram com os desafios do confinamento, com foco em iniciativas de apoio psicossocial, como o estudo de Cruz et al. (2020), que descreve as estratégias de ajuda mútua adotadas no sul da Bahia durante a pandemia.
A revisão de literatura também incluiu livros especializados sobre psicologia do desenvolvimento, saúde mental e a dinâmica familiar, com o intuito de contextualizar as práticas psicoterapêuticas e as estratégias familiares utilizadas no enfrentamento do impacto emocional da pandemia. As obras de Carter e McGoldrick (2001) sobre o ciclo de vida familiar e de Bohoslavsky (2007) sobre orientação vocacional foram particularmente úteis para entender as transformações psicológicas que os jovens vivenciam durante a adolescência e a importância da família no desenvolvimento emocional saudável.
Após a coleta e análise das fontes bibliográficas, foi realizada uma análise crítica e interpretativa, com o objetivo de identificar as principais tendências e conclusões dos estudos revisados. A análise foi realizada a partir de categorias temáticas, com foco nos efeitos psicológicos da pandemia, a adaptação ao novo contexto social e educacional, e as estratégias de apoio psicossocial e familiar. A partir dessa abordagem, foram identificadas as principais variáveis que influenciaram o bem-estar psicológico dos jovens durante a pandemia, como a qualidade do suporte familiar, o acesso a recursos de saúde mental, e a utilização de plataformas digitais para manter o contato social.
A análise qualitativa permitiu a construção de um panorama abrangente sobre os impactos emocionais da pandemia sobre os jovens, destacando as complexas interações entre fatores individuais, familiares e sociais. As descobertas desse estudo fornecerão uma compreensão mais profunda de como os jovens lidaram com a crise sanitária e os desafios relacionados ao isolamento social, além de oferecer recomendações para políticas públicas e práticas psicossociais que possam apoiar melhor a saúde mental dessa população em tempos de crise.
Em suma, a metodologia adotada neste estudo buscou integrar a revisão bibliográfica com a análise crítica dos estudos de caso disponíveis, com o objetivo de oferecer uma visão holística sobre o impacto da pandemia na saúde mental dos jovens, destacando o papel essencial da família e das intervenções psicossociais. A natureza qualitativa da pesquisa permitiu uma compreensão rica e detalhada dos fenômenos observados, proporcionando subsídios importantes para a formulação de estratégias de cuidado psicológico e apoio emocional para os jovens, em especial durante períodos de crise.
4 RESULTADOS
O estudo qualitativo, baseado na análise de livros e artigos sobre os impactos da pandemia de COVID-19 na saúde mental dos jovens, revelou uma série de aspectos críticos relacionados ao efeito do isolamento social, ao aumento da dependência digital e à importância do suporte familiar. A partir das informações coletadas nas fontes bibliográficas selecionadas, foram identificados vários padrões de comportamento e consequências psicológicas que afetaram a juventude durante o confinamento imposto pela crise sanitária. A seguir, são apresentados os principais resultados obtidos a partir da análise da literatura.
4.1 Aumento dos transtornos mentais durante o isolamento social
A pandemia de COVID-19 e as medidas de isolamento social associadas causaram um aumento notável nos transtornos mentais entre os jovens, particularmente devido ao distanciamento das interações sociais e à interrupção de rotinas essenciais. As evidências bibliográficas coletadas demonstram uma acentuada elevação nos índices de ansiedade, depressão e estresse entre adolescentes e jovens adultos durante o período de confinamento, refletindo as profundas mudanças nas suas vidas diárias e nas interações sociais.
A literatura aponta que a solidão foi um dos principais fatores psicológicos resultantes do isolamento social. Segundo Loades et al. (2020), a falta de contato físico com amigos, familiares e colegas gerou um ambiente emocionalmente desafiador para muitos jovens. A solidão, um fator já reconhecido como prejudicial à saúde mental na adolescência, foi intensificada pela impossibilidade de participar de atividades sociais ou escolares presenciais. Este isolamento social prolongado resultou em uma sensação de desconexão e frustração, particularmente entre os adolescentes, que estão em uma fase crítica do desenvolvimento emocional e social. O estudo de Fegert et al. (2020) também destaca que, além da solidão, a ansiedade relacionada à incerteza sobre o futuro foi um fator adicional que contribuiu para o aumento dos transtornos mentais.
O impacto da pandemia foi ainda mais intenso entre os jovens que já enfrentavam dificuldades emocionais pré-existentes. O distanciamento social, ao interromper o contato com redes de apoio, como amigos, escolas e profissionais de saúde, dificultou o enfrentamento desses desafios. A pesquisa de Filgueiras e Stults-Kolehmainen (2020) revelou que a falta de suporte social afetou diretamente a capacidade dos jovens de lidar com as dificuldades emocionais, exacerbando sentimentos de desamparo e insegurança.
Além disso, o aumento do uso de redes sociais e outras plataformas digitais, inicialmente uma forma de manter o contato social, também contribuiu para o agravamento dos transtornos mentais. Gao et al. (2020) observaram que o uso excessivo das redes sociais, especialmente para obter informações sobre a pandemia, teve um efeito negativo sobre a saúde mental dos jovens. O consumo contínuo de notícias negativas e alarmistas sobre o coronavírus gerou um ambiente de medo e ansiedade, exacerbando os sintomas de estresse. A comparação constante com a vida de outras pessoas nas redes sociais também contribuiu para o aumento de sentimentos de inadequação e insegurança. Esse fenômeno de “comparação social” foi identificado como um dos principais fatores que aumentaram a prevalência de transtornos como a depressão e a ansiedade, como descrito por Király et al. (2020).
A interrupção das atividades diárias e a mudança de rotina também afetaram diretamente a saúde mental dos jovens. De acordo com a pesquisa de Stanton et al. (2020), mudanças nos padrões de sono, aumento do sedentarismo e o consumo excessivo de substâncias como álcool e tabaco foram observados como mecanismos de enfrentamento diante do estresse gerado pela pandemia. A falta de atividades físicas e de interações sociais contribuiu para o agravamento do quadro de ansiedade e estresse entre os jovens, como mostrou o estudo de Zhang et al. (2020), que observou o efeito mitigador do exercício físico na redução dos sintomas de depressão e ansiedade.
A violência doméstica também foi um fator agravante que impactou a saúde mental de muitos jovens durante o período de quarentena. A pesquisa de Marques et al. (2020) aponta que o confinamento e o aumento do estresse familiar resultaram em um aumento nos casos de abuso físico e psicológico dentro do ambiente doméstico. Essa situação exacerbada pela pandemia teve sérias consequências para o bem-estar emocional dos jovens, que se viram não apenas isolados socialmente, mas também expostos a ambientes domésticos instáveis e prejudiciais à sua saúde mental.
Portanto, o isolamento social, a interrupção de rotinas e o aumento da exposição a mídias digitais contribuem significativamente para o aumento dos transtornos mentais entre os jovens. A solidão, a ansiedade, a depressão e o estresse são as manifestações mais evidentes desse impacto psicológico, e a literatura revisada aponta para a necessidade urgente de intervenções adequadas que promovam o apoio psicológico, o bem-estar social e a saúde mental dos jovens em tempos de crise.
4.2 Dependência digital e seus efeitos psicológicos
Durante o período de confinamento imposto pela pandemia de COVID-19, o aumento no uso de plataformas digitais, como redes sociais, jogos online e outras formas de entretenimento virtual, teve um impacto profundo na saúde mental dos jovens. O estudo qualitativo realizado revelou que, embora a tecnologia tenha sido uma ferramenta vital para manter o contato social e a continuidade da educação, ela também trouxe consequências psicológicas significativas. A dependência digital, exacerbada pela pandemia, resultou em uma série de efeitos adversos, afetando o equilíbrio emocional, a qualidade do sono, a saúde física e o bem-estar psicológico dos jovens.
A literatura revisada aponta que o uso excessivo de redes sociais e plataformas digitais teve um papel central na intensificação de quadros de ansiedade e depressão entre os jovens durante a pandemia. Gao et al. (2020) demonstram que, durante o confinamento, muitos jovens passaram a consumir uma quantidade excessiva de informações, principalmente sobre a COVID-19, o que gerou um aumento nos níveis de estresse e de sensação de vulnerabilidade. O consumo constante de notícias alarmantes, aliado ao medo da doença e à incerteza quanto ao futuro, contribuiu para a piora do quadro emocional de muitos jovens. Além disso, a constante exposição a padrões de vida aparentemente perfeitos nas redes sociais, como destaca Király et al. (2020), fez com que muitos jovens se sentissem inadequados ou insatisfeitos com suas próprias vidas, exacerbando sentimentos de depressão e insegurança.
Um dos principais fatores identificados foi a “comparação social” nas redes sociais. Em um ambiente altamente mediado digitalmente, os jovens passaram a medir seu valor e felicidade com base nas imagens e vidas compartilhadas por outros. Este fenômeno, documentado por Gao et al. (2020), pode desencadear uma série de distúrbios emocionais, como ansiedade social, depressão e baixa autoestima. A pesquisa revelou que o comportamento de se comparar com os outros, frequentemente exacerbado por filtros e imagens idealizadas nas redes sociais, gerou um aumento no sofrimento psicológico de muitos jovens, que passaram a se sentir pressionados a atender a padrões de beleza, sucesso e felicidade muitas vezes inatingíveis.
Além disso, o estudo de Balhara et al. (2020) sobre o comportamento de estudantes universitários durante a pandemia revelou que o aumento do tempo dedicado a jogos online também contribuiu para a piora da saúde mental dos jovens. Embora os jogos possam oferecer uma fuga temporária das dificuldades do cotidiano, a dependência desses jogos aumentou a sensação de desconexão com a realidade. Muitos jovens passaram a substituir interações sociais presenciais por interações virtuais, o que gerou um isolamento social ainda mais acentuado. Esse isolamento, somado à falta de atividades físicas e ao aumento do sedentarismo, levou ao agravamento de sintomas de ansiedade e depressão. Em alguns casos, os jovens passaram a apresentar sinais de dependência tecnológica, com dificuldade em controlar o tempo dedicado às telas, o que resultou em uma diminuição da qualidade de vida e do bem-estar psicológico.
Por outro lado, alguns jovens buscaram as redes sociais como uma forma de apoio e conexão social. No entanto, como demonstrado por Király et al. (2020), mesmo essas interações podem ser prejudiciais quando são excessivas, já que as redes sociais não oferecem a mesma qualidade de conexão que os encontros presenciais. A falta de contato físico, de apoio emocional genuíno e de interações face a face intensificou a sensação de solidão entre muitos jovens, que passaram a depender das plataformas digitais para suprir uma necessidade emocional profunda, mas sem conseguir preencher esse vazio de maneira saudável.
O impacto da dependência digital sobre a saúde mental dos jovens também foi relacionado à qualidade do sono. De acordo com o estudo de Zhang et al. (2020), o uso excessivo de dispositivos eletrônicos antes de dormir está diretamente associado à piora da qualidade do sono e ao aumento da insônia, um fator que agrava ainda mais os sintomas de ansiedade e depressão. A luz azul emitida pelos dispositivos, que interfere nos ciclos naturais de sono, somada ao estresse causado pelo uso constante das redes sociais, resultou em uma alteração nos padrões de sono, prejudicando o descanso necessário para o equilíbrio psicológico e físico.
Portanto, os efeitos psicológicos da dependência digital durante a pandemia de COVID-19 são complexos e multifacetados. A exposição constante às redes sociais e a imersão em jogos online e outras formas de entretenimento digital tiveram um impacto significativo no bem-estar emocional dos jovens. A solidão, a comparação social, a ansiedade provocada pela superexposição a notícias alarmantes e o impacto na qualidade do sono foram alguns dos efeitos mais notáveis da dependência digital. Esses fatores evidenciam a necessidade de estratégias de mediação do uso das tecnologias e de intervenções de apoio psicológico que ajudem os jovens a encontrar um equilíbrio saudável no uso de plataformas digitais, promovendo o bem-estar mental e emocional durante e após a pandemia.
4.3 A violência doméstica e seus efeitos psicológicos
A pandemia de COVID-19, ao impor medidas de isolamento social e restrições de circulação, teve um impacto significativo em diversas áreas da vida cotidiana, sendo a violência doméstica um dos efeitos colaterais mais preocupantes para a saúde mental dos jovens. Durante o confinamento, muitas crianças e adolescentes se viram presos em ambientes domésticos instáveis, onde estavam expostos a situações de abuso físico, emocional e psicológico. Esse aumento nos casos de violência doméstica teve sérias repercussões no bem-estar mental dos jovens, comprometendo seu desenvolvimento psicológico e social.
Estudos realizados durante a pandemia, como o de Marques et al. (2020), destacam que a violência contra mulheres, crianças e adolescentes aumentou substancialmente durante o período de quarentena. O estresse causado pela insegurança financeira, o fechamento de escolas e a convivência forçada no ambiente doméstico contribuiu para um cenário de maior violência intrafamiliar. Muitas crianças e adolescentes, já vulneráveis emocionalmente, se viram ainda mais isolados e sem recursos para buscar apoio externo. A violência, especialmente dentro do contexto familiar, resultou em um aumento de sintomas de ansiedade, depressão e transtornos de estresse pós-traumático, como evidenciado por Fegert et al. (2020).
A violência doméstica pode afetar a saúde mental dos jovens de várias maneiras. Primeiramente, a exposição a abusos físicos e psicológicos gera uma sensação de desamparo e insegurança, que pode se manifestar em quadros de depressão e ansiedade. Além disso, a violência dentro de casa pode levar à perda de confiança nos adultos e nos sistemas de apoio, prejudicando ainda mais o desenvolvimento emocional. Bowen e Walker (2015) destacam que a exposição à violência nas relações interpessoais, incluindo aquelas dentro do contexto familiar, pode criar um ciclo vicioso de comportamentos agressivos, baixa autoestima e dificuldades emocionais.
Outro aspecto importante identificado foi a interrupção das redes de apoio externas, que tradicionalmente ajudam a proteger as vítimas de abuso. Antes da pandemia, muitos jovens tinham a possibilidade de buscar refúgio em escolas, atividades extracurriculares e outros espaços comunitários. Com o fechamento das escolas e a limitação das interações sociais, os jovens foram forçados a enfrentar a violência em casa, sem os mesmos recursos de apoio disponíveis. O estudo de Cruz et al. (2020) sobre as estratégias de apoio psicossocial no sul da Bahia indica que, em muitos casos, as redes de suporte, como escolas e serviços de saúde mental, foram limitadas, tornando ainda mais difícil a busca por ajuda.
O impacto psicológico da violência doméstica é particularmente intenso durante a adolescência, uma fase do desenvolvimento em que a identidade e a autoestima estão sendo formadas. Carter e McGoldrick (2001) explicam que, durante esse período, os jovens são especialmente sensíveis às interações familiares, que desempenham um papel fundamental no desenvolvimento de uma base emocional saudável. Quando esses jovens são expostos à violência doméstica, podem internalizar padrões de abuso como sendo normais, o que pode perpetuar o ciclo de violência na vida adulta.
Além disso, a falta de um ambiente seguro e acolhedor pode afetar as habilidades sociais e de resolução de conflitos dos adolescentes, criando dificuldades para eles interagirem com outras pessoas e estabelecendo relações saudáveis fora do núcleo familiar. Esse isolamento social, combinado com o trauma causado pela violência, tem um impacto duradouro na capacidade dos jovens de formar vínculos de confiança e de buscar ajuda quando necessário.
A violência doméstica também se torna um obstáculo significativo para o desenvolvimento acadêmico e social dos jovens. A pesquisa de Filgueiras e Stults-Kolehmainen (2020) indica que, em muitos casos, a experiência de abuso dentro de casa levou ao declínio do desempenho escolar e ao aumento do absenteísmo. A ansiedade e o medo causados pela violência doméstica interferem diretamente na capacidade de concentração e no rendimento acadêmico dos jovens, agravando ainda mais seu quadro psicológico.
Em suma, a violência doméstica durante a pandemia teve efeitos devastadores na saúde mental dos jovens, exacerbando condições preexistentes e criando novos desafios para seu bem-estar emocional. A exposição à violência, o isolamento social e a interrupção das redes de apoio externas contribuíram para o aumento de transtornos como depressão, ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático. A literatura revisada indica que é fundamental a implementação de políticas públicas e ações de apoio psicológico focadas em prevenir e combater a violência doméstica, oferecendo aos jovens os recursos necessários para superar esses traumas e garantir um desenvolvimento emocional saudável.
4.4 Conclusão dos resultados
Os resultados obtidos a partir da revisão da literatura e análise dos estudos de caso mostram que a pandemia de COVID-19 teve um impacto profundo na saúde mental dos jovens. O aumento dos transtornos mentais, a dependência digital e o aumento da violência doméstica foram fatores chave que influenciaram o bem-estar psicológico dessa população. Esses achados ressaltam a necessidade de estratégias eficazes de apoio psicossocial e políticas públicas que garantam o acesso ao cuidado emocional e à proteção social para os jovens, principalmente em tempos de crise. A revisão bibliográfica indica que o cuidado contínuo com a saúde mental dos jovens é fundamental para garantir seu desenvolvimento saudável, tanto no presente quanto no futuro pós-pandemia.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo teve como objetivo investigar os impactos psicológicos da pandemia de COVID-19 na saúde mental dos jovens, com ênfase nos transtornos emocionais causados pelo isolamento social, nas consequências do aumento da dependência digital, na importância do suporte familiar e nos efeitos da violência doméstica durante o confinamento. A partir da revisão de literatura especializada, foi possível analisar as dinâmicas que caracterizaram esse período crítico, revelando como as restrições impostas pela pandemia afetaram profundamente o desenvolvimento psicológico e social dessa faixa etária.
Uma das conclusões mais importantes deste estudo foi o aumento significativo nos transtornos mentais entre os jovens durante o isolamento social. A solidão, o distanciamento das atividades sociais, o fechamento das escolas e a interrupção das interações cotidianas com amigos e familiares foram fatores determinantes para o agravamento de quadros de ansiedade, depressão e estresse. Além disso, a exposição constante a informações alarmistas sobre a pandemia e o aumento do uso de redes sociais contribuíram para intensificar os sintomas de insegurança e medo, evidenciando o impacto da mídia digital no estado emocional dos jovens.
Outro achado relevante foi a observação de que o suporte familiar desempenhou um papel central no bem-estar psicológico dos jovens durante o confinamento. Famílias que mantiveram uma comunicação aberta e um ambiente acolhedor foram fundamentais para a proteção da saúde mental dos adolescentes, auxiliando-os a lidar com a pressão emocional gerada pela pandemia. Contudo, a literatura também mostrou que, em muitas famílias, o aumento do estresse e das dificuldades econômicas resultaram em um agravamento da violência doméstica, o que afetou negativamente o desenvolvimento emocional dos jovens, gerando um ciclo vicioso de trauma e sofrimento.
Ademais, a violência doméstica foi identificada como uma questão crítica durante a pandemia, tendo aumentado significativamente durante o confinamento. O fato de os jovens estarem isolados em casa, muitas vezes sem recursos para buscar apoio externo, agravou ainda mais as situações de abuso, o que gerou consequências devastadoras para sua saúde mental. Esse fator, somado ao estresse causado pela crise sanitária, tornou o ambiente familiar ainda mais desafiador para muitos adolescentes, dificultando sua adaptação à nova realidade imposta pela pandemia.
Este estudo também destaca a importância das estratégias de apoio psicossocial desenvolvidas em diversas comunidades, que buscaram criar redes de apoio alternativas para minimizar os impactos negativos da pandemia na saúde mental dos jovens. A pesquisa de Cruz et al. (2020) sobre as experiências no sul da Bahia, por exemplo, mostrou que iniciativas baseadas em ajuda mútua e apoio comunitário foram eficazes na criação de um ambiente mais seguro e acolhedor, proporcionando aos jovens o suporte emocional necessário para enfrentar as dificuldades do isolamento social.
As implicações deste estudo são vastas e apontam para a necessidade de políticas públicas mais robustas que integrem a saúde mental dos jovens no contexto de situações de crise, como a pandemia de COVID-19. É fundamental que os sistemas de saúde e educação se adaptem para oferecer suporte psicológico contínuo aos adolescentes, especialmente em momentos de isolamento social e distanciamento. As estratégias de cuidado devem envolver não apenas os jovens, mas também as famílias, visando fortalecer as redes de apoio familiar e comunitária.
Além disso, este estudo indica que, a longo prazo, os efeitos psicológicos da pandemia podem perdurar, com consequências duradouras no desenvolvimento emocional dos jovens. Portanto, é essencial que as intervenções voltadas para a saúde mental dos adolescentes durante e após a pandemia sejam contínuas, abrangentes e adaptadas às necessidades específicas dessa faixa etária. A adoção de abordagens integradas, que envolvem a família, a comunidade e os profissionais de saúde, será crucial para promover a recuperação emocional dos jovens e ajudá-los a superar as adversidades geradas pela crise.
Por fim, embora este estudo tenha focado nos impactos imediatos da pandemia de COVID-19 na saúde mental dos jovens, é importante que mais pesquisas sejam realizadas para acompanhar os efeitos a longo prazo dessa crise sobre a saúde mental da população infantojuvenil. O monitoramento contínuo dos jovens em contextos pós-pandemia ajudará a identificar necessidades emergentes e a desenvolver intervenções eficazes para garantir o bem-estar psicológico das gerações futuras.
Em síntese, as conclusões deste estudo reforçam a importância de um cuidado integral e contínuo da saúde mental dos jovens, destacando a necessidade de um esforço coletivo, que envolva as famílias, os profissionais de saúde, as escolas e a sociedade como um todo, para enfrentar os desafios psicológicos impostos pela pandemia e por futuras crises que possam surgir. A saúde mental dos jovens deve ser considerada uma prioridade em políticas públicas de saúde e educação, para garantir que as gerações mais jovens possam se recuperar adequadamente das adversidades e se desenvolver de maneira saudável e resiliente.
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