MOTIVATION FOR CHILDREN TO PRACTICE GYMNASTICS
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202504211340
Ayanne Karine Pontes De Lima Sales1
Jeidson Darlan De Sobral2
Melissa Kaylane Barbosa3
Viviane Maria Moraes De Oliveira4
Resumo
O presente estudo teve como objetivo identificar os fatores motivacionais que levam as crianças à prática das modalidades de Ginástica Esportiva (GE). Caracterizou-se por uma pesquisa de abordagem quantitativa de delineamento descritivo. A amostra do estudo consistiu 34 em crianças com idades entre 7 e 12 anos matriculadas em aulas de ginástica esportiva. Foram aplicados dois questionários para coleta de dados, um com perguntas referentes à prática de GE e o Inventário de motivação à prática de atividade física. Os resultados indicaram que dentre as dimensões motivacionais, a média mais elevada correspondeu à dimensão prazer (37,38%), sendo a menos elevada a dimensão estética (24,68%). Constatou-se que, equilibrar e nutrir as motivações intrínsecas e extrínsecas é essencial para promover a participação esportiva contínua e o bem-estar das crianças na prática da GE.
Palavras-chave: Motivação. Ginástica. Criança. Prazer.
1 INTRODUÇÃO
As ginásticas esportivas (GE) envolvem, em sua execução, um conjunto de ações motoras que favorecem o aprimoramento físico, cognitivo, psicológico e social de seus praticantes (SAWASATO; CASTRO, 2010). Assim como outras práticas esportivas, as GE seguem regras estabelecidas por uma federação — neste caso, a Federação Internacional de Ginástica (FIG) — que as divide em dois tipos: ginásticas competitivas (ginástica acrobática – GACRO, ginástica aeróbica esportiva – GAE, ginástica artística – GA, ginástica rítmica – GR e ginástica de trampolim) e ginásticas não competitivas (ginástica para todos – GPT) (ROSA; SANTOS, 2020).
Os benefícios da prática das GE vão além do desenvolvimento físico. As modalidades proporcionam prazer, contribuem para as funções e capacidades cognitivas, melhoram a imagem corporal, elevam a autoestima e estimulam a mente, responsável pelos comandos motores exigidos (SOUZA, 1997). Para crianças, as GE apresentam caráter formativo, promovendo o desenvolvimento de habilidades locomotoras (como correr e saltar), de manipulação (como lançar e pegar) e de equilíbrio (como agachar e girar), além de possibilitar a execução de movimentos com ou sem o uso de materiais auxiliares (POSSAMAI, 2018).
A iniciação esportiva na infância, em qualquer modalidade de GE, proporciona uma vivência ampla de diferentes experiências motoras, promovendo uma formação generalista com impactos positivos no desenvolvimento motor (NISTA-PICCOLO, 2005).
Entretanto, diversos fatores podem comprometer o processo de aprendizagem ou dificultar o acesso das crianças às GE, gerando desinteresse e afetando sua motivação. Destacam-se entre esses fatores a ausência de equipamentos e a falta de instalações adequadas, elementos essenciais à vivência plena dos conteúdos e práticas das ginásticas (SCHIAVON; NISTA-PICCOLO, 2007).
A adesão à atividade física envolve um conjunto de aspectos que podem favorecer ou dificultar sua prática. A continuidade dessa prática depende de pilares motivacionais relacionados às expectativas, anseios e desejos do praticante (OLIVEIRA; LOPES, 2020), além de influências do ambiente familiar e de fatores situacionais, como desafios, influências sociais e disponibilidade de recursos (WEINBERG; GOULD, 2001). Para Samulski (apud ARSEGO, 2012), a motivação é um processo ativo, intencional e orientado a uma meta, resultante da interação entre fatores pessoais e ambientais. Segundo Weinberg e Gould (2001), a motivação pode ser definida como a direção e a intensidade do esforço. Existem dois tipos de motivação: a intrínseca, associada ao interesse, prazer e satisfação com a própria atividade, e a extrínseca, relacionada à obtenção de recompensas externas (BENTO et al., 2017).
Zanetti et al. (2008) ressaltam que o engajamento em determinada modalidade esportiva depende, fundamentalmente, de um desejo pessoal, o qual pode estar relacionado ao prazer pela prática, às oportunidades de desenvolvimento, ao envolvimento individual, ao investimento pessoal e às pressões sociais. Esses fatores, sejam individuais ou coletivos, orientam a escolha esportiva e sofrem influência de aspectos internos (motivação intrínseca) e externos (pais, amigos, professores, mídia, entre outros). De acordo com Dumith et al. (2008), para que o professor possa planejar intervenções eficazes no campo da atividade física, é fundamental compreender os fatores que motivam o praticante a iniciar e a manter-se ativo.
Diante desse contexto, o presente estudo tem como objetivo identificar os fatores motivacionais que levam crianças à prática das ginásticas esportivas, bem como verificar os aspectos que contribuem para sua permanência nas modalidades. A relevância da pesquisa reside na possibilidade de propor estratégias mais eficazes de adesão e continuidade das crianças nas GE, além de contribuir para suprir a lacuna existente de estudos voltados à motivação na prática dessas atividades pelo público infantil.
2 METODOLOGIA
O presente estudo caracteriza-se como uma pesquisa de abordagem quantitativa, com delineamento descritivo, cujo objetivo foi investigar os fatores motivacionais que levam crianças à prática das ginásticas esportivas (GE) como atividade física e/ou de lazer.
A amostra foi composta por conveniência, totalizando 34 crianças, com idades entre 7 e 12 anos, regularmente matriculadas em aulas de qualquer uma das modalidades de GE em escolas localizadas no município de Caruaru – PE.
Os critérios de inclusão foram: crianças que praticavam alguma modalidade de ginástica esportiva, com idade entre 7 e 12 anos, e que apresentaram autorização dos responsáveis legais. Foram excluídos os participantes que não apresentaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) devidamente assinado pelos responsáveis, não assinaram o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE) ou não concluíram o questionário.
O instrumento utilizado foi o “Inventário de motivação à prática de atividade física” desenvolvido por Balbitoni (2006), que tem como objetivo avaliar seis das possíveis dimensões que podem ser associadas à motivação para a prática de atividades físicas de maneira regular. Possuindo 120 itens agrupados seis a seis, podendo se observar uma sequência: primeiro bloco de seis apresenta questões relativas à dimensão motivacional, controle de estresse (CE), o segundo se trata de Saúde (Sa) a terceira Sociabilidade (So), a quarta Competitividade (Co), a quinta relata sobre Estética (Es) e por último a sexta aborda aspectos sobre Prazer (Pr).
Esse modelo foi repetido no segundo bloco, que possui seis questões, até completar vinte blocos, e o bloco 21 é composto por seis questões repetidas. Seu objetivo é verificar um grau de concordância acordada entre a primeira e a segunda resposta ao mesmo item. As respostas do inventário foram dadas conforme a escala bidirecional de tipo Likert (SOELY, et al.2001).
Além disso, foi aplicado um questionário contendo perguntas acerca da prática da ginástica esportiva, como tempo de prática e quantidade de dias na semana. Os questionários foram aplicados entre os meses de junho a agosto de 2023. Após a coleta, foram repassadas as informações dos questionários impressos para um formulário digital com auxílio do programa Excel, e arquivamento dessas informações em pasta compartilhada entre os pesquisadores via Google Drive, permanecendo arquivadas por um período de 5 anos.
Após coletados, os dados foram digitados, tabulados, auditados e analisados com auxílio do programa IBM® SPSS® Statistics, versão 25.
Os dados foram analisados descritivamente e inferencialmente. A análise descritiva foi através de distribuições absolutas, percentuais para variáveis categóricas e as medidas estatísticas: média, desvio padrão (média ± DP), mediana e os percentis 25 e 75 (mediana (P25; P75) para as variáveis numéricas e a análise inferencial através dos testes estatísticos.
Para a comparação entre categorias em relação às variáveis numéricas, foram utilizados os testes: t-Student com variâncias iguais ou o de Mann-Whitney no caso de duas categorias e F (ANOVA) ou Kruskal-Wallis no caso de mais de duas categorias.
A escolha dos testes t-Student e F (ANOVA) ocorreram nas situações que as variáveis numéricas em análise apresentaram distribuição normal em cada categoria e, os testes de Mann-Whitney e de Kruskal-Wallis no caso da rejeição da normalidade. A verificação da normalidade foi realizada pelo teste de Shapiro-Wilk e a igualdade de variâncias pelo teste F de Levene.
A margem de erro utilizada nas decisões dos testes estatísticos foi de 5%. Os dados foram digitados na planilha EXCEL e programa estatístico utilizado para obtenção dos cálculos estatísticos foi o IMB SPSS na versão 25.
Todos os procedimentos que regem este trabalho estavam orientados pela normativa 466 de 12 de dezembro de 2012 (Ministério da Saúde), sendo o projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos da Faculdade (ASCES-UNITA) (CAAE-80759417.3.0000.5203/CEP-ASCES: 2.492.751).
3 RESULTADOS
Na Tabela 1 se apresentam os resultados relativos ao perfil demográfico. Desta tabela se destaca que: a maioria (73,5%) tinha de 7 a 9 anos e os 26,5% restante tinha entre 10 e 12 anos; o maior percentual (47,1%) correspondeu aos pesquisados tinha menos de 6 meses de prática, seguida dos que tinham de 6 meses a um ano com 35,3% e os 17,6% demais tinha mais de um ano de tempo de prática; a maioria (88,2%) praticava até duas horas por semana e os 11,8% restante praticava 3 horas ou mais; um pouco mais da metade (52,9%) teve maior motivação extrínseca para a busca pela prática das GE.
Tabela 1 – Características da amostra no grupo total (n = 34)


Na Tabela 2 se apresenta as estatísticas das dimensões motivacionais, onde é possível enfatizar que a média mais elevada correspondeu à dimensão prazer (37,38%), a menos elevada correspondeu a estética (24,68%) e controle do estresse (25,26%) e nas outras três dimensões as médias variaram de 33,06% a 33,94%. A variabilidade expressa pelos valores dos desvios padrão das dimensões foi reduzida nas dimensões: controle do estresse, saúde, sociabilidade, competividade e prazer desde que a referida medida foi inferior a 1/3 das médias correspondentes e foi não elevada na dimensão estética (1/3 < DP < 1/2 da média correspondente).
Tabela 2 – Estatística das dimensões motivacionais do grupo total (n = 34)


Nas Tabelas 3 a 6 se apresenta as estatísticas dos domínios segundo cada uma das variáveis: faixa etária, tempo de prática, frequência da prática e motivação da prática.
Na Tabela 4 é ressaltado que embora a maior diferença nos valores das médias tenha ocorrido na dimensão controle do estresse, com maior valor na faixa 10 a 12 anos, quando comparada a faixa etária entre 7 e 9 anos (29,44% x 23,76%), a maior diferença entre as medianas ocorreu na dimensão da competitividade, com valor mais elevado na faixa etária entre 7 e 9 anos (37,00% x 28,00%). Entretanto, a única diferença significativa (p < 0,05) para o nível de significância fixado (5%) entre as duas faixas etárias ocorreu na dimensão prazer, com média e mediana mais elevadas na faixa etária de 7 a 9 anos (médias de 37,88% e 36,00% e medianas iguais a 39,00% a 37,00%). Além disso, a escolha de relatar médias e medianas faz parte da abordagem completa para descrever a distribuição dos dados, especialmente considerando diferentes faixas etárias utilizadas nesse estudo.
Tabela 3 – Estatísticas das dimensões do inventário de motivação à prática de atividade física segundo a faixa etária


Na Tabela 4 não foram registradas diferenças significativas entre os tempos de prática para nenhuma das variáveis analisadas (p > 0,05).
Tabela 4 – Estatísticas das dimensões do inventário de motivação à prática de atividade física segundo o tempo da prática.


Não foram registradas diferenças significativas entre as frequências da prática para nenhuma das variáveis analisadas (p > 0,05), conforme resultados apresentados na Tabela 5.
Tabela 5 – Estatísticas das dimensões do inventário de motivação à prática de atividade física segundo a frequência da prática

4 DISCUSSÃO
O presente estudo teve como objetivo identificar os fatores motivacionais que levam as crianças à prática das GE e verificar os fatores relacionados à permanência de crianças nas GE. É importante considerar que a motivação pode variar em cada fase (faixa etária), estudos demonstram que adolescentes são motivados a praticarem atividade física por aspectos motivacionais intrínsecos, predominantemente pela dimensão do prazer, seguido de status e realizações pessoais na prática da atividade esportiva e/ou física. Entretanto, na fase adulta os fatores se modificam, e aspectos como condicionamento físico, emagrecimento e estética se tornam mais relevantes, ou seja, fatores ligados à imagem corporal (NASCIMENTO et al, 2019; BALBINOTTI et al, 2011). Embora fatores externos desempenhem um papel significativo no engajamento esportivo infantil, é crucial equilibrar a motivação extrínseca com a intrínseca, que se baseia no interesse e na satisfação pessoal (DECI; RYAN, 1985). Promover um ambiente que valorize a participação, o aprendizado e o desenvolvimento pessoal podem ajudar a sustentar a motivação extrínseca a longo prazo.
A variedade de atividades esportivas oferecidas às crianças, desempenha um papel significativo em sua motivação intrínseca (FREDRICKS; ECCLES, 2006). Crianças têm preferências individuais e podem encontrar prazer em diferentes modalidades esportivas. Oferecer uma gama diversificada de opções esportivas permite que cada criança encontre algo que genuinamente a motive. Segundo Bento et. al. (2017) alguns aspectos que envolvem a motivação de crianças para atividades físicas constituem padrões que são decorrentes das necessidades psicológicas e do ambiente o qual estão inseridas, e que seus aspectos motivacionais mais relevantes foram referentes às interações sociais, amizades e manutenção física por estética e saúde.
Nesse estudo a dimensão prazer apresentou diferença significativa, com média e mediana mais elevadas na faixa etária entre 7 e 9 anos. Apontando que as crianças mais jovens se sentem mais motivadas a praticarem GE buscando prazer. A análise de modo geral demonstra que 37,38% do público analisado busca o sentimento de prazer gerado pela prática do esporte, sendo apontado como principal motivador entre as crianças analisadas. Esses dados apresentam maior relevância em crianças do primeiro grupo de faixa etária dos 7 a 9 anos, totalizando um percentual de 39% comparado ao segundo grupo com 37% em relação ao valor intrínseco, nesse caso, provindo de uma expressão livre, não restrita e de experimentação na busca de conhecer e explorar os diferentes exercícios. O esporte se apresenta como um modo de linguagem corporal sem amarras e padrões, buscando diversão, isto é prazer (LOPES NUNOMURA, 2007). Um estudo realizado por Pacheco (2009) com 61 praticantes de escolinhas de Futebol e Futsal (36 praticantes de futebol e 25 de futsal) com idades entre 13 e 17 anos, mostrou que a dimensão Prazer foi a mais expressiva em relação a motivação para a prática. Sendo assim, podemos concluir que a relação Motivação x Prazer está ligada à prática de uma variedade de modalidades esportivas, sendo um ponto importante na iniciação e permanência nessas práticas.
No estudo de Batista e Castro (2019) sobre a motivação para prática de ginástica artística, os autores observaram que os fatores extrínsecos exercem maior influência nas crianças ginastas, as crianças relataram que ingressaram na modalidade motivadas pelas amigas que faziam os movimentos da ginástica artística na escola ou por serem convidadas para a prática esportiva. Assim, como no presente estudo, a prevalência de motivos extrínsecos teve maior relevância (52,9%), enquanto os motivos intrínsecos foram menos expressivos (47,1%), com isso demonstra que a influência de pessoas, conquista de prêmios e desafios da modalidade são, em grande parte, as motivações para a busca pela prática da GE.
Os valores, padrões e dimensões mudam de acordo com a alteração da idade, ainda que exista uma mínima modificação, o pensamento em relação ao esporte já segue uma linha de conscientização corporal que busca saúde através do esporte em cerca de 35% da leitura geral do grupo. Os jovens de 10 a 12 anos atribuem sua motivação a fins relacionados à saúde, 27% controle de estresse, dessa forma motivos relacionados a diferentes formas de saúde.
No estudo de Souza e Oliveira Filho (2013), comparando meninas e meninos, não existem grandes diferenças entre as faixas etárias pesquisadas. No entanto, ao comparar as faixas etárias nota-se que os meninos de 11 a 14 anos importam-se mais com as questões de rendimento. Em relação a fatores motivacionais, nota-se que alguns têm um peso muito grande atribuído pelos alunos. Em relação à motivação intrínseca e extrínseca na faixa etária de 7 a 10 anos e de 11 a 14 anos, não houve diferença significativa entre eles, o mesmo ocorrendo de modo geral para meninas e meninos. Em alguns aspectos foram verificadas pequenas diferenças, como no caso das crianças entre 7 e 10 anos, ao darem menos importância a questões do rendimento demonstrando que esse não é um fator motivador tanto quanto é para os alunos de 11 a 14 anos, sendo estes fatos mais importantes ressaltado para as meninas de 11 a 14 anos e nos meninos de 7 a 10 anos.
No que se refere a motivos relacionados à sociabilidade, o grupo demonstra que mesmo não estando em primeiro no valor percentual, trata-se de um fator contribuinte para sua permanência pois 35% do primeiro grupo e 38% do segundo grupo evidencia o esporte a sua relação de amizade. Diversos fatores podem contribuir para esse tópico, tais como, apoio externo, motivação de amigos e professores, satisfação, alegria, são fatores comuns para participação prática e permanência voluntário do esporte (BENTO et al. 2017).
O sentimento de competitividade está presente em evidências bem distintas quando comparado aos grupos por idade, com 37% do primeiro grupo, contra 28% no segundo grupo, demonstrando que a motivação inicial no fator de competição, maior para crianças de menor idade. Em contrapartida ao dar continuidade a prática esportiva e com o passar dos meses, esse número obteve uma queda em relação ao primeiro grupo que baixou para 36% e um aumento considerável para o segundo chegando a 38%, um salto de 10% em relação ao fator inicial. Ressaltando a visão de Balbinotti et al., (2011) Nascimento et al. (2019) que os motivos para prática esportiva podem variar por idade e continuidade no esporte.
Apesar de não se sobressair em relação aos demais, o fator estético fica categorizado em último tópico, porém se faz presente nos dois grupos analisados. Inicialmente 27% das crianças de 7 a 9 anos apontaram como motivador inicial contra 23% das crianças de 10 a 12 anos, porém no decorrer de um ano de prática o número do segundo grupo alcançou 30% do fator de permanência e 23% no primeiro grupo apresentando uma queda.
Em relação a permanência na modalidade esportiva, a motivação é uma parte importante durante o processo, desde a iniciação até o desenvolvimento da criança em alguma modalidade esportiva. Em revisão literária feita por Bernardes et.al, a competência técnica foi o principal motivo para a prática de esporte apontada pelos jovens atletas de ambos os sexos. O contexto escolar está relacionado com os resultados vistos nos artigos, notando que os atletas estão envolvidos em competições tanto do âmbito escolar quanto de clubes esportivos, e o aprimoramento da técnica está relacionado com “ser o melhor no esporte para alcançar o sucesso”. No presente estudo, a competência Competitividade é um fator levado em consideração como motivação para algumas crianças, visto que para o almejo do sucesso, em ser o melhor no esporte, a aprimoração da técnica é uma parte importante e consequentemente a competição é inevitável entre os atletas.
Apesar da análise comparativa, os diversos motivos que movem os jovens a iniciar o esporte ou a permanência no mesmo, de acordo com os números do material analisado, não apresentam diferenças significativas entre os dois grupos. O estudo aborda uma ampla gama de fatores motivacionais relacionados à prática da GE em crianças, levando em consideração faixas etárias diferentes, tempo de prática e frequência semanal. Em contrapartida, a falta de mais espaços para a coleta de dados prejudicou a pesquisa porque limitou a capacidade de obter informações detalhadas e específicas de um número maior de praticantes de GE, o que poderia enriquecer a compreensão dos fatores motivacionais das crianças na modalidade.
5 CONCLUSÃO
Constatou-se que, para crianças em idades mais precoces, o prazer é o principal motivador, ao passo que para aquelas de faixas etárias mais avançadas o que tende a ser considerado são os fatores como aptidão física e dimensões estéticas. A motivação intrínseca, pautada no interesse e na satisfação pessoal, desempenha um papel fundamental nesse contexto. Além da motivação intrínseca, a motivação extrínseca, impulsionada por recompensas externas e reconhecimento social, desempenha um papel relevante na prática da GE. Embora recompensas externas possam atrair crianças, a motivação intrínseca, baseada no prazer pessoal, é mais sustentável a longo prazo. Equilibrar e nutrir ambas as motivações, é essencial para promover a participação esportiva contínua e o bem-estar das crianças.
REFERÊNCIAS
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1 Egressa do curso de Educação Física ASCES UNITA Campus Caruaru-PE
2 Egressa do curso de Educação Física ASCES UNITA Campus Caruaru-PE
3 Egressa do curso de Educação Física ASCES UNITA Campus Caruaru-PE
4 Docente do curso de Educação Física ASCES UNITA Campus Caruaru-PE, Mestre em Saúde da Criança e do Adolescente (PPGSCA – UFPE). e-mail: vivianeoliveira@asces.edu.br