AS TEORIAS UFOLÓGICAS SOBRE OBRAS DE ARTE ANTIGAS E SUA IDEOLOGIA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202504181145


Prof. Dr. Ernesto de Souza Pachito¹


RESUMO

A Arqueologia Ufológica. Interpretações de manifestações de arte e arquitetura segundo as teorias da presença de alienígenas na Terra. A ideologia desse ramo de pensamento. A estrutura da difusão em massa da Arqueologia Ufológica. Possível propaganda de corrida espacial. Arqueologia Ufológica e fundamento das ciências na pós-modernidade. 

ABSTRACT

Ufologic Archeology. Interpretation of ancient art and architecture works by the way of this branch of thought. The ideology of Ufologic Archeology. Mass culture and ufologic archeology. Possible propaganda of great international superpowers space exploration competition. Ufologic Archeology, postmodernity and the sciences. 

Palavras-chave: PÓS-MODERNIDADE, UFOLOGIA, PSEUDO-CIÊNCIAS, ARQUEOLOGIA, VERDADE

INTRODUÇÃO

Vivemos a era das pseudo-ciências cuja difusão é potencializada pela indústria cultural. Teorias equivocadas e, mesmo, deliberadamente mentirosas, surgiram desde sempre na história da humanidade. No entanto, em nenhuma época houve uma adesão massiva de pessoas nesta ou naquela pseudo-teoria, como nos dias de hoje.

Não que as teorias sobre alienígenas contempladas sejam propriamente falsas, mas, repousam sobre a impossibilidade de se provar sua validade ou não. Este estado de incerteza é típico da contemporaneidade “pós-moderna”, onde há, em maior ou menor grau, a noção de que mesmo as ciências exatas e naturais repousam sobre axiomas, ou seja, proposições auto-evidentes, mas não comprováveis. Isso também enseja a convivência de teorias até mesmo conflitantes, para a decifração do mundo. 

Aqui vai esta tentativa inicial de consideração desse fenômeno midiático, cuja obra seminal, Eram o deuses astronautas? de Erich von Däniken, surgiu nessa data marcante para o Ocidente, o ano de 1968.

1. AS TEORIAS UFOLÓGICAS SOBRE OBRAS DE ARTE ANTIGAS E SUA IDEOLOGIA

Estamos, atualmente, cercados por teorias que atribuem às obras de arte rupestre, aos baixos relevos antigos, às obras de arquitetura e outras, a possibilidade de terem sido feitas por alienígenas em contato com alguma civilização terrestre antiga. As interpretações são literais e, pelo menos na arte bidimensional, fixam-se em realçar as características denotativas e a mimese da linguagem da obra de arte. Assim, formas que poderiam ser interpretadas como metáforas visuais, ou, manifestações do inconsciente coletivo, são vistas como a mimese de capacetes de astronautas, cabeças de seres de outros mundos ou peles escamosas dos supostos seres reptilianos. Nessas interpretações, o símbolo, no sentido que Goethe atribui a esta palavra, dá lugar a correspondências ponto a ponto entre a obra de arte e seus supostos modelos, como dissemos, criaturas extraterrestres, tidas como representações de “astronautas” alienígenas.

Vejamos o que diz Goethe, em seu Maximen und reflectionen, citado por Umberto Eco:

“[…] Verdadeiro simbolismo é aquele em que o elemento particular representa o mais geral, não como sonho ou sombra, mas como revelação viva e instantânea do imperscrutável”. (GOETHE apud ECO, 2000, p. 73).

Mas isso não é o que ocorre com a Arqueologia Ufológica.

Nesta, trata-se de neo-iluminismo, ou, neopositivismo, que usa a razão “linear” para chegar aos objetivos dessa interpretação, voltados a suposições e à possível, para os autores dos textos em questão, presença de alienígenas entre nós em tempos passados, como dissemos, mas não só, pois também para o tempo presente são levantadas hipóteses de aparições e contatos entre extraterrestres e humanos.

Este trabalho é de caráter de análise lógica da literatura alegadamente científica; e de caráter de análise comportamental e política, na medida em que tais conteúdos são recebidos de alguma maneira por uma grande população de leitores e telespectadores, já que há séries não-ficcionais de TV de grande alcance internacional, neste tema.

Simplesmente, a citada maneira de abordagem dos fenômenos de arte já é uma maneira ideológica, como disse, ela nos remete ao Iluminismo e ao positivismo, evitando abordagens psicológicas, como as de Carl Gustav Jung, calcada nos conceitos de inconsciente coletivo e de sincronicidade. Também, nessas “teorizações”, não é utilizada qualquer abordagem dialética, ou de um dualismo de oposições que convergem entre si, salvo as contidas nos conceitos da física quântica e relativista apresentados nas interpretações. Mas estes conceitos da física moderna recaem, nos textos estudados, numa explicação mecanicista e numa leitura denotativa, como já dissemos, das obras de arte e dos fenômenos cósmicos supostamente ligados à origem destas obras. Também não são realizadas abordagens fenomenológicas, num tipo de aproximação que coloque em suspensão a diferença entre sujeito e objeto de estudo. Claro, o público alvo dessas obras não toleraria.

No que segue, abordaremos livros de Erich von Däniken (o pai do gênero), Zecharia Sitchin e David Childress, além de algo da série de TV por assinatura Ancient Aliens (Alienígenas do Passado, em português). 

Esta última série parece focalizar, principalmente, monumentos megalíticos e as construções que possuem, em suas paredes ou muros, os megálitos, pedras gigantes, levantando, inclusive, as hipóteses de levitação, corte a laser e moldagem de blocos com argamassas especiais. Lógico, esta é a manifestação nítida dos fenômenos observados, sendo mais difícil de ser atribuída a humanos normais, dado o óbvio peso dos blocos e as distâncias dos monumentos em relação a pedreiras que seriam a origem de tais blocos.

Por exemplo, muito comum, também, pelo menos na série Alienígenas do Passado, é a comparação de figuras estilizadas com uma cabeça grande, e olhos circulares também grandes no interior dessas cabeças, com supostos alienígenas, mas na história da arte, tal cabeça de grande proporção em relação ao corpo, e mais os olhos exagerados, podem ocorrer devido máscaras, a traços estilísticos expressionistas, ou ainda, traços simbólicos que podem se referir a emoções até mesmo ligadas a algum êxtase em rituais de iniciação.  No entanto, todo simbolismo que não remeta a seres extraterrestres é rejeitado na abordagem de Alienígenas do Passado.

Como somos pragmatista de viés peirceano, não queremos que tais teorias sobre alienígenas deixem de existir, queremos apenas marcar, também, a transição de uma interpretação simbólica e estilística (a da história da arte) para a interpretação denotativa que essas teorias implantam.

Em 14 de setembro de 2020, os telejornais anunciaram a descoberta de fosfina na atmosfera de Vênus, o que poderia evidenciar a presença de vida microbiana nesse planeta. O grande orçamento desse programa de televisão (Alienígenas do Passado, em português) talvez possa indicar ajuda governamental a ele. Talvez o governo norteamericano esteja investindo alguma quantia para criar uma mentalidade, nas comunidades que assistem a tal programa, no sentido de justificar programas espaciais caros que envolveriam sondas, viagens e estações espaciais. Pode-se dizer que a audiência desses programas, veiculados principalmente pelo canal por assinatura History Channel, e também pelo Discovery Channel, “respira” vida extraterrestre e, de fato, trata-se, no meu ver, da (re)criação de uma mentalidade que não é nova, mas se encontra intensificada nos dias atuais.

Assim como o militarismo foi historicamente difundido pela máquina midiática norteamericana, criando sentimentos “patrióticos” nos Estados Unidos e em seus países dependentes, as teorias ufológicas podem estar, inclusive, preparando o terreno ideológico para justificar investimentos na proteção da Terra, e dos Estados Unidos, contra supostamente possíveis ataques extraterrestres, e/ou contra asteroides que se ponham em rota de colisão com a Terra. Tudo é possível em se tratando de projeções realizadas por instâncias governamentais de um país hegemônico em termos internacionais.

A presente temática tem, inclusive, implicações militares terráqueas. Veja-se o programa norte-americano de defesa antimíssil da era Reagan apelidado de “Guerra nas Estrelas”, que poderia ser utilizado, certamente com algumas adaptações, para a proteção da Terra contra supostos ataques alienígenas, e/ou para manter a hegemonia dos Estados Unidos.

Essas teorias, também, remetem-nos a uma literatura de ficção científica em quadrinhos, ou, em pocket books, configurando uma estética pós-moderna, ou, uma (pseudo)ciência midiática pós-moderna.

1.1. A ARQUEOLOGIA UFOLÓGICA E O CONTEXTO POLÍTICO GLOBAL

Analisando os textos de Zecharia Sitchin sobre a Suméria, vemos que estes possuem, como metodologia, a comparação de textos dos épicos sumérios da Epopeia de Gilgamesh, do Enuma Elish e do Atra Hasis com textos bíblicos e com pesquisas arqueológicas.

Os textos de arqueologia ufológica semelham ser textos de ficção científica, como dito acima, onde as ciências que norteiam a ficção, ou supostamente dão ensejo às ilações ousadas ou extremas, são a arqueologia e a análise de textos bíblicos e de textos das culturas originárias em questão, etc. Tais textos sugerem-nos a união de ciência histórica com ficção futurista, repetindo.

Todos sabemos que o livro de Umberto Eco, O Nome da rosa (ECO, 2010) é um dos mais expressivos exemplos de literatura pós-modernista. Tal texto une erudição (alta cultura, com suas informações sobre um esboço do nascimento das ciências no fim da Idade Média) e cultura popular, com seu enredo “policial”, uma busca de um frade franciscano pelo(s) responsável(veis) por assassinatos num mosteiro do fim da Idade Média.

Em se tratando do livro Havia gigantes na Terra, de Zecharia Sitchin (SITCHIN, 2018) tal texto cria a ilusão de certeza científica, mesmo com lacunas no processo de prova das teses ali apresentadas. Possivelmente, essas lacunas permitem que se atinja um tipo de leitor que tem o desejo de que a influência dos alienígenas na criação do homem seja algo real, ou algo realmente ocorrido, o que sugere um estudo psicológico desse público.

Como é fácil ver, até mesmo antes de se ler o livro, não é um texto engajado, que buscaria analisar lutas de classes do presente e propor a vitória de uma classe sobre outra, no sentido marxista. No entanto, pode ser um texto iluminista e parece propor não uma fraternidade entre os homens, mas, uma fraternidade universal, coisa que parece estar implícita na maioria dos textos que analisamos até aqui. Ou, denunciar os desmandos tirânicos de entidades alienígenas sobre os terráqueos, à semelhança da imagem de Deus como o Ser irado que inflige os maiores castigos à humanidade, como se pode ver no Velho Testamento.

Muito embora seja um texto de cientificidade duvidosa, o livro Havia gigantes na Terra (doravante H.G.T.) é iluminista também na quantidade de informações que traz, contrariando a noção de Benjamin de “Narrativa”. É um texto de “Informação”, segundo o livro deste último autor “O Narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov” (BENJAMIN, 1987, 197-221).

Indo a possíveis motivações externas para a escrita e difusão deste tipo de texto, podemos perceber que uma nova corrida espacial está em curso. Desta vez, entre Estados Unidos e China. O pouso de um robô americano em Marte, seguido pelo pouso de um outro robô chinês no mesmo planeta (ambos recentes), é um forte indício dessa corrida. Talvez os livros de Sitchin tenham a função de angariar apoiadores, entre os leitores de tais livros, para essa corrida que conta, inclusive, com empresas privadas norte-americanas que buscam, inclusive, a criação de um turismo espacial.

É preciso verificar se os textos de Sitchin não configuram uma forma de ideologia contrarevolucionária, na medida em que colocam algumas supostas relações de dominação como algo que é fruto de um poder extraterrestre, portanto, invencível.

No entanto, na afirmação de Sitchin, suas teses evidenciariam uma possibilidade de conciliação entre ciência e religião, o que poderia ser interessante, não fossem as explanações pretensamente lógicas que Sitchin faz e que, como dito, não constituem um texto pleno de simbolismo e, antes, possuem um caráter informativo e apofântico (declarativo). Por apofântico entendemos:

APOFÂNTICO ([…], in. Apophantic, fr. Apophantique, ai. Apophantisch; it. Apofanticó). Declarativo ou revelativo. Aristóteles chamou de A. o enunciado que pode ser considerado verdadeiro ou falso e considerou que esse tipo de enunciado é o único objeto da lógica: da qual, portanto, são excluídas as orações, as ordens, etc, cujo estudo pertence à retórica ou à poética (De interpr., 4, 17 a 2).

Esse significado permaneceu fixo no uso filosófico (ABBAGNANO, 2007, p. 73)

Muito embora, como veremos, tais textos naveguem numa área em que não se pode chegar a um julgamento sobre sua verdade. As análises de Sitchin e o texto da Bíblia são inconciliáveis. Como se pode acreditar num único Deus criador, no feitio em que a Bíbliao apresenta, se, nos textos de Sitchin, é exposta a criação do homem como obra de engenharia genética operada por mais de uma criatura, no caso, criaturas alienígenas?

A respeito da recepção dessas obras de arqueologia ufológica, imaginemos um leitor trabalhador, após dias tensos de um emprego, insípido ou não, e enclausurado num escritório, ávido por lazer, conhecimento e aventuras; este é um possível leitor dessas mesmas obras, que aliás, são best sellers, na maioria dos casos.

Nos dias atuais, quando uma crescente rivalidade entre Estados Unidos e China acontece, vimos anunciada em 27 de maio de 2021 uma investigação levada a cabo pelo recém eleito presidente norte-americano Joe Biden sobre a origem do vírus SarsCov-2, o Coronavírus. Biden e a CIA estão, neste momento, a empreender tal investigação que não descarta a origem chinesa de tal vírus. Recentemente, logo após o pouso em Marte do rover americano Perseverance, a China também pousou em Marte com seu robô Zhurong, ambos pesquisando possíveis indícios de vida em Marte. Ora, este cenário parece-nos ser ideal para que escritores de ficção científica alcancem o tal “leitor de após o expediente” e preparem o terreno para a justificativa de uma nova corrida espacial e os enormes investimentos demandados por ela, mesmo que parte dessa corrida venha a ser empreendida pela iniciativa privada americana, mas, havendo transferência de recursos estatais norte-americanos para as empresas privadas.

Ou seja, outro objetivo pode estar também ligado à suposta popularização de dispendiosas viagens espaciais: o de preparar as pessoas para revelações sobre Objetos Voadores Não-Identificados (OVNI’s ou UFOs, em inglês). No domingo, 23/05/2021, a revista eletrônica de variedades Fantástico, da Rede Globo de Televisão, anunciou que o governo norte-americano está assumindo a realidade de certos fenômenos que podem ter origem alienígena: os agora chamados Fenômenos Aéreos Não-Identificados. Tudo parece acontecer como se uma grande notícia fosse dada de forma bem gradual.

Uma possibilidade para tanto esforço “teórico”, e tanta verba utilizada na série de TV por assinatura Ancient Aliens (Alienígenas do Passado), pode ser a possibilidade de algumas raças alienígenas serem hostis à espécie humana, sendo assim tais eventos midiáticos uma preparação para o fato de que estamos em perigo potencial. Mas, estamos?

Mas, por outro lado, como há, nos canais de TV por assinatura, outros programas de orçamento vultoso, podemos dizer que a mera existência de audiência pode justificar tais investimentos. Se há tal audiência, então a coisa se confirma como cultura de massa. Ou seja, trata-se de uma questão de mentalidade, o que justifica este trabalho.

De qualquer forma, sendo uma manifestação do capitalismo no mínimo americano e/ou inglês, existe uma carga ideológica liberalista em tais manifestações videográficas. Dentro do círculo de práticas liberalistas há uma convergência dessas manifestações com o espírito do capitalismo em geral e, sendo as viagens espaciais no mundo capitalista também manifestações capitalistas, mesmo que meramente para afirmar a superioridade do bloco capitalista sobre o mundo socialista, durante a Guerra Fria; o conteúdo de tais vídeos vai laborar em prol das ondas de avanço tecnológico no rumo das conquistas espaciais.

Uma outra possível motivação para investimentos (governamentais?) na difusão de literatura sobre extraterrestres é a suposta intenção de certos governos em comunicar à população mundial o fato de que alienígenas podem estar entre nós, sendo que, segundo algumas teorias expressas no programa Alienígenas do passado (Ancient Aliens), tais seres poderiam estar atuando de comum acordo com governos de certas potências.

Voltando à relação entre a ciência de Sitchin e a religião, citaremos, parafraseando, a passagem do livro H.G.T., obtida através de leituras de tabuletas de argila sumérias. Ali a serpente do Paraíso é vista como o deus sumério Enki, ele mesmo um alienígena, segundo Sitchin; desta forma, como Enki foi o deus que alertou Noé do dilúvio e deu a este último as instruções para a construção de sua arca, segundo Sitchin, podemos concluir que na visão de Sitchin, a serpente é uma entidade boa, o que destoa totalmente das tradições judaico-cristãs. Vejamos:

Foram necessárias engenharias genéticas adicionais – até algumas cirurgias sob o efeito de anestesia (relatadas em um texto sumério e na Bíblia) – para moldar um correspondente feminino; mas como os híbridos, até os dias de hoje… (como uma mula, o produto “miscigenado” de um cavalo e um burro), eles não podiam procriar. Para fazer “cópias” do Modelo Perfeito do Lulu Amelu [Adão], era exigida a reprodução difícil e longa, feita por jovens “deusas do nascimento”. O próximo passo da engenharia genética – que permitia aos Lulus procriarem – foi empreendido por Enki, a “Serpente” na versão bíblica do Jardim do Éden (SITCHIN, 2018, p.155).

Ainda, na mesma página:

Como diz o conto bíblico, O Adão colocado nos pomares dos deuses, para cultivar e tratá-los, foi advertido por Deus (o termo hebraico é, na verdade, Yahweh Elohim) a não comer da Árvore do Conhecimento, “pois no dia em que comer dali, com certeza você morrerá”. Induzido a um sono profundo, O Adão é operado, e uma correspondente feminina é moldada a partir de sua costela. O Adão e “a mulher” (ela ainda não tem nome!) passeiam nus “e não têm vergonha” (SITCHIN, 2018, p. 155).

E mais:

A Serpente enganadora aborda agora a mulher falando da árvore proibida, e ela confirma o que Elohim disse. Mas “a Serpente disse à mulher: não, você não morrerá”. Então a mulher, vendo que o fruto da Árvore era comestível, “pegou o seu fruto e comeu, também ofereceu ao seu companheiro, e ele comeu”. E, de imediato, eles tomaram consciência de sua sexualidade; percebendo que estavam nus, fizeram aventais com a folha da figueira (SITCHIN, 2018, p. 155).

Também contraria a Bíblia a afirmação segundo a qual Deus, o Yahweh da Bíblia, é uma mistura de Enki e Elil, duas divindades sumérias, a última, irascível. Vejamos que enquanto Enki cria o homem, Enlil tenta destruí-lo:

As pessoas, de fato, multiplicavam-se tanto (o texto relata) [o Atra-Hasis] que “a terra urrava como um touro”. Enlil não estava feliz: o deus estava perturbado com aquela agitação”. Ele tornou seu desagrado célebre: “Enlil ouviu seus urros e disse aos grandes deuses: “O urro da Humanidade tornou-se muito intenso para mim; com a sua agitação, eu sou privado de sono”. Das linhas danificadas que se seguem, apenas as palavras de Enlil, “que haja uma praga”, são legíveis; mas sabemos pela narrativa paralela bíblica que “Yahweh arrependeu-se de ter colocado O Adão na Terra (…) e disse: Eu varrerei O Adão da face da Terra” (Gênesis 6:6-7) (SITCHIN, 2018, p. 157).

Essa mescla parece revelar uma postura de destruição, ou relativização, no mínimo, dos valores das religiões judaica e cristã, como dissemos, mas, com qual objetivo? Muito provavelmente, continuando o movimento histórico de desencantamento do mundo operado pelo Iluminismo e, antes deste, pelos criadores da ciência moderna: Galileu, Descartes, os empiristas e outros.

1.2. ROMANTISMO E ARQUEOLOGIA UFOLÓGICA

Na História da Arte, é principalmente na pintura romântica que percebemos incursões temáticas dos pintores rumo a outras terras e outras épocas. Delacroix pinta odaliscas (mulheres de harém, consumindo o que pode ser ópio), cenas de batalhas entre a Turquia e a Grécia, enquanto Ingres também pinta um um banho turco de harém, etc. Turner representa o ímpeto da tempestade envolvendo um barco a vapor, o amanhecer de

Cartago, um navio negreiro atirando sua “carga” ao mar em meio a uma tempestade (muito embora isto tenha sido um fato social concreto), etc. Em suma é a aventura, o ímpeto, a estética do sublime, a guerra nacionalista e o “exótico” que movem os artistas dessa escola.

Podemos levantar a hipótese segundo a qual, na contemporaneidade, os livros de arqueologia ufológica têm um tipo de público com motivação semelhante: válvulas de escape, esses livros garantem os elementos de alívio das tensões atuais para o citadino que, inclusive, procura uma saída para os problemas contemporâneos, mas sem se valer do marxismo, a filosofia da práxis revolucionária, ou seja, leitores pequenos-burgueses. Isto ocorre na esteira da onda de esoterismo no Ocidente, que podemos rastrear até o século XIX, no mínimo, para não falarmos de alquimistas e outros místicos dos séculos XV, XVI, etc, mas nessa época não havia a separação entre práticas místicas e ciência positiva.

No nosso entender, mesmo o marxismo constitui uma filosofia romântica: o clamor pela igualdade de todos, a revolução como método de se alcançar tal liberdade, a descrição da miséria urbana de forma tocante, etc.

Vejamos o que dizem Adorno e Horkheimer sobre a fuga da difícil realidade por via da indústria cultural: “O amusement é o prolongamento do trabalho sob o capitalismo tardio. Ele é procurado pelos que querem se subtrair aos processos de trabalho mecanizado, para que estejam de novo em condições de afrontá-lo” (HORKHEIMER e ADORNO, 2000, p. 185).

Ainda: “É, de fato, fuga, mas não, como pretende, fuga da realidade perversa, mas sim do último grão de resistência que a realidade ainda pode haver deixado” (HORKHEIMER e ADORNO, 2000, p. 192). Assim sendo, ressalta-se o caráter de adequação do homem ao sistema econômico que o amusement proporcionado pela indústria cultural nos fornece.

Cremos que é esta uma das motivações para a procura de textos de arqueologia ufológica e outros produtos da indústria cultural para tal adequação social e política no máximo reformista. É claro que jovens que ainda não trabalham também procuram esses produtos, mas tais jovens respiram a atmosfera geral do que é inserido na mentalidade da sociedade, a pedagogia social da adequação, a competitividade de uma sociedade individualista, etc.

1.3. AS INTERPRETAÇÕES ESOTÉRICAS E UFOLÓGICAS SOBRE OBRAS DE ARTE E ARQUITETURA DA ANTIGUIDADE: UM FENÔMENO CULTURAL

1.3.1 TEORIAS PARA DEPOIS DO EXPEDIENTE: SOBRE O CARÁTER PÓS-MODERNISTA DOS TEXTOS DE “ARQUEOLOGIA UFOLÓGICA”

Os textos sobre aquilo que poderia ser chamado de “Arqueologia Ufológica” só teriam, no nosso ver, um caráter pós-modernista se constituírem um simulacro sem ligação indutiva direta, comprovável, com seus referentes que seriam as obras de arte e arquitetura antigas e textos míticos das civilizações contempladas. Para fazermos tal verificação seria necessária uma abordagem da metodologia de trabalho contida nessas “pesquisas”, conforme abaixo. Mesmo sem falarmos de alienígenas, as obras de arte mantêm uma relação problemática com os textos que as contemplam, valendo quase sempre uma hermenêutica que reflete sobre tais obras.

Nos textos dessa arqueologia fantástica há induções fantasiosas e deduções a partir destas. Repetindo, um exemplo simplificado: se uma figura humana aparece com um adorno de cabeça semelhante a um capacete de astronauta, imediatamente este adorno é visto realmente como um capacete de astronauta. Parece-nos que os autores agem com algo semelhante à Navalha de Ockham: se uma teoria mais simples funciona como explicação de um Objeto (na semiótica de Peirce) de estudo, um referente, então, será usada tal teoria mais simples e “direta”. 

Tal caráter direto das hipóteses sobre os objetos de estudo é tão impressionante que ficamos a perguntar: mas é só isto que está em jogo, apenas o caráter icônico das semelhanças entre a representação e um Objeto referente dado (no caso, visitas extraterrestres)? É claro que o presente trabalho é sobre História da Arte, pelo menos sobre uma dada versão das metodologias e dos resultados desse ramo da história que são ou muito revolucionários, como seus autores alegam, ou simulacros em uma cultura pósmodernista, mais uma vez.

Mais um exemplo metodológico: no campo da arquitetura, se um ou mais blocos de pedra é pesado demais para ser extraído e transportado para o sítio em que se localiza determinada construção, ou se o suposto metal de que as ferramentas são feitas é mole demais para cortar granito ou diorito, por exemplo, logo se atribui a construção de tal obra de arquitetura a alienígenas, o mesmo valendo para monumentos megalíticos com poucas pedras (como dólmens, menires) e cromlechs. Isto é notório em Erich von Däniken.

Tanto Zecharia Sitchin como Chris Hardy e von Däniken operam com uma pesquisa de escritos contendo mitos, lendas, calendários, etc. para embasar suas leituras visuais. É assim que chegaram à tese, impressionante, no caso de Sitchin, segundo a qual alienígenas, vindos de um suposto planeta de suposto nome Nibiru, teriam usado engenharia genética para criar um hominídeo que seria o elo perdido, o primeiro homo sapiens existente na Terra. Para a construção de tal tese, como dissemos, leituras de partida são feitas (de textos sumérios, egípcios, maias e outros).

Interessante seria vermos qual o público alvo dessas publicações, e talvez se possa inferir que sejam pessoas com um encanto romântico por aventura e explorações, realizando tal desejo em horários outros que não suas horas de trabalho. Aliás, a arqueologia parece ter uma tradição relativamente antiga de pesquisadores amadores, remontando, talvez, ao século XVIII, pelo menos, época de Winckelmann, notório historiador da arte e arqueólogo amador.

Estes textos também operam a laicização de diversas tradições religiosas na medida em que atribuem origens práticas a tais tradições. Nada mais linear, no sentido de causalidade linear, do que as relações de causa e consequência implicadas em tais leituras, veja-se o exemplo da própria origem do homem, proposta pelos textos, a partir de engenharia genética feita por alienígenas a partir de genes também alienígenas e de genes de hominídeos primitivos aqui da Terra, como já exposto. Trocam-se as origens míticas e místicas veladas, em textos sagrados, por relações causais, como dito, o que anula o mistério de tais origens, em todas as religiões do globo.

Resta apenas, para a religião que prega a ação de Deus, a proposição lógica, em Tomás de Aquino, por exemplo, da conceituação de Deus como causa incausada, pois se os alienígenas promoveram o surgimento do homo sapiens sapiens, quem criou os alienígenas? E assim podemos regredir ad infinitum.

Percebe-se que é um método que possui um arrasamento da interpretação mística nos moldes de um tipo de positivismo, em sentido lato, pelo menos, ou, um cientificismo. O produto das especulações, o texto, não nos leva a uma situação de maravilhamento e de reverência a mistérios, embora ainda se possa respeitar o mistério da criação originária, posto, como foi dito, ainda não se saber qual a origem primeira dos próprios extraterrestres. A ideia de milagre também se ofusca, como no caso das aparições de Fátima, em Portugal, em 1917, conforme exposto por Däniken em seu livro Os Deuses eram astronautas (DÄNIKEN, 2018, p. 65-106).

Outro exemplo de fruto do “método” usado por Erich von Daniken, com seu aspecto analógico-icônico (aqui icônico no sentido de Peirce), é que se na mitologia de uma comunidade antiga aparece a figura de um pássaro com cauda de fogo, essa figura vai ser interpretada como uma nave espacial com motores em cuja “descarga” há um jato incandescente.

1.3.2. NO ENTANTO, IRONICAMENTE, HÁ EVIDÊNCIAS DE QUE TAL ARQUEOLOGIA PODE ESTAR CORRETA?

Existem algumas evidências de que tal ufologia comparativa possa estar correta, como interpretação dos fatos de linguagem. Registros visuais de crânios alongados fogem de estilemas (elementos de estilo, grosso modo) mais comuns, com um desvio que nos surpreende pela sua existência em culturas diversas, distantes umas das outras e essa atribuição vem de autores de linha mais próxima daquela de Erich Von Däniken, mais visual, icônica como dissemos.

Os indivíduos que os possuíram tais crânios (ou os possuem?) são alienígenas, que poderiam estar “vivos” até hoje, segundo as ilações do programa de TV, e visto que não sabemos a duração da vida em outros mundos ou dimensões, se ela existir?

O estilema do crânio alongado, presente pelo menos nos adornos de cabeça de Akhenaton, de sua esposa Nefertite e em representações de Tutankhamon, faraós e rainha no Novo Império no Egito antigo, são por demais incomuns (ou seja, são estilemas tão originais) que sua ocorrência em outros povos nos parece mesmo ser devida a algum agente, ou fator, externo unificador: a anatomia dos supostos alienígenas. Note-se que os crânios de Paracas têm órbitas oculares enormes e não têm a sutura sagital. Como podem culturas tão diversas terem a mesma representação de coroas, ou mesmo de crânios, alongados de tal forma? As migrações podem explicar isso? Além do aspecto de multiverso de  supostos viajantes interdimensionais como donos dos crânios alongados, conforme dito acima, há casos em que foram encontrados crânios de pessoas reais, deste mundo, alongados da mesma forma. Vejamos as figuras com exemplos:

Fig. 1 – O crânio alongado de Tutankhamon (Novo Império egípcio – 1580 a.C. – 525 a.C.)
Fonte: https://ensinarhistoria.com.br/tutancamon-a-tumba-do-antigo-egito-que-ainda-fascina-omundo/ acesso em 03/04/2023
Fig. 2 – crânios de Paracas, Peru (700 a.C.–200 d.C). 
Fonte: https://ensinarhistoria.com.br/paracas-polemica-dos-cranios-alongados/ acesso em 03/04/2023
Na Fig. 3 – Crânios alongados gradativamente desde tenra infância (povo Mangbetu, Congo, África, até pelo menos1950)
Fonte: https://vivimetaliun.wordpress.com/2016/01/18/o-cranio-alongado-do-povo-mangbetu/  

No fundo, o que os “teóricos dos antigos astronautas” fazem é estudar estilemas nas imagens que, segundo eles, poderiam ser ligadas à presença de alienígenas na Terra e à sua provável influência sobre culturas originárias.

Mas há também um estudo funcional de certas formas, como, de certa forma, a obsessão por plataformas de lançamento. Sem que possamos dizer que isso ocorre com todos os achados arqueológicos nesse sentido, podemos dizer que, onde há uma laje de pedra elevada que se atinge por degraus ou por outras plataformas maiores sob tal laje, isso é interpretado como uma plataforma de lançamento de naves espaciais, como foi dito. Isso nos parece um salto lógico de mais difícil aceitação. Mas tais construções são feitas de pedra. Por que uma cultura alienígena avançada não construiria uma plataforma de lançamento feita com um material mais moderno, como aço ou outra liga? É o que perguntamos.

1.4. MAIS UM VEZ, O PÓS-MODERNISMO                

Em relação ao livro O Rei que se recusava a morrer (SITCHIN, 2014), uma obra de ficção de Zecharia Sitchin, torna-se fácil num certo sentido, cremos, transportar as ideias da Epopeia de Gilgamesh para um texto de prosa ficcional, já que ambos são fabulações. Um texto ficcional contemporâneo e um texto mítico guardam uma relação com o real de certa forma similar, pela estrutura “poética”, mesmo em forma de prosa. A expressão “poética”, aqui, tomada no sentido aristotélico de engendramento de um corpo textual, um grande signo, grosso modo, que se mantém tendo como referente a substância de sentido aberto do símbolo, no sentido que Goethe atribuiu a tal expressão, como já dissemos.

Como o pós-modernismo se caracteriza como ausência de fundamento de verdade na ciência e proliferação do simulacro em relação a qualquer essência a que corresponderiam fatos e/ou coisas “verdadeiras” em ciência, podemos caracterizar a ciência de Sitchin como um grande simulacro pós-modernista, e seu texto ficcional-didático (pois labora em prol da divulgação científica de sua pesquisa) torna-se apoio de sua ciência, com efeito, inclusive, mercadológico.

No entanto, a teoria de Zecharia Sitchin é estabelecida pelo autor como expressão da verdade. Suas explicações sobre a origem da Terra e dos homens não é posta como hipótese. Isto não acontece com Erick von Daniken, pelo menos no seu Eram os deuses astronautas? Onde ele afirma que o próprio conceito de verdade religiosa (a crença em escrituras ou teólogos como fonte da verdade) é algo questionável. Mas Däniken não fala em verdade científica (DÄNIKEN, 2010, p. 71).

Mas, na lógica do texto, von Däniken é impecável. No entanto, um belo edifício lógico pode ser construído sobre terreno pantanoso. E toda escritura lógica é assim, geralmente assenta-se sobre axiomas. A consciência disso é a consciência pós-moderna.

Já na obra de Peirce notamos uma descontinuidade assintótica entre o Representâmen do Signo e seu Objeto. Podemos, grosso modo, definir o Representâmen como a parte material do signo (mesmo se desmaterializado em forma de palavra, por exemplo) que aparece para o intérprete. O próprio conceito de força em Newton tem algo de axiomático: no fundo, percebemos a força pelos seus efeitos e daí Newton propôs o “vetor”.

Esta discussão está presente em exposição de Gianni Vattimo sobre obras de Heidegger e no próprio pensamento de Vattimo em O Fim da modernidade: niilismo e hermenêutica na cultura pós-moderna (VATTIMO, 1996).

Na caracterização de Sitchin dos deuses sumérios, e na própria mitologia suméria citada por ele, o bem e o mal parecem ser faces da mesma moeda. Os deuses, ou astronautas, sumérios ou seres do fantástico planeta Nibiru, possuem qualidades e defeitos, têm em si o bem e o mal, repetindo, opostos complementares. São deuses antropomórficos.

A chave da metodologia dos analistas do programa Alienígenas do Passado é a comparação intercultural de representações de símbolos presentes nas peças materiais analisadas. E os paralelos encontrados não são vistos como resultado de inconsciente coletivo (Jung), conforme já dito.

A crítica à história operada pelos autores de Arqueologia Ufológica não coloca para o público uma atitude crítica em relação à história que leve a uma emancipação deste público em termos sociais, políticos e econômicos nos termos da crítica de Umberto Eco (em seu Apocalípticos e integrados).  Trata-se de midcult, cultura de massa mediana que simplifica e difunde códigos semióticos da alta cultura, as técnicas e resultados desse tipo de Arqueologia, para as classes de humilde inserção social do mercado da cultura de massa (ECO, 2015, p. 85).

Como foi dito, em outra parte deste texto, acerca do caráter positivista ou apofântico das interpretações da arqueologia ufológica, tais leituras promovem a diluição dos significados simbólicos, ou mesmo da estrutura sintática – esta última nos levando certas articulações de sentido -, das obras de arte e arquitetura lidas. Ocorre aí um arrasamento da dimensão simbólica, que passaria a ser puramente referencial, de acordo com Umberto Eco (ECO, 2015, p. 85). Isso nos leva à estética kitsch.

1.5. MAIS SOBRE A IDEOLOGIA DA ARQUEOLOGIA UFOLÓGICA

A ideologia dos Alienígenas do Passado é a mesma ideologia do sonho americano, da aplicação de métodos positivistas à compreensão do passado. Neste sentido, tudo ocorre como se a sociedade americana estivesse no século XVIII ou XIX, épocas de aventuras exploratórias e de um segundo colonialismo, visto o primeiro, o da Idade Moderna, ter ocorrido com as navegações portuguesas e espanholas, além de outras nações nos séculos do absolutismo. É a ideologia do americano “médio”, conforme se constata nos conteúdos de canais de “história” de TV por assinatura norte-americanos, entre eles o próprio History Channel.

Abraham Moles, em seu Rumos de uma cultura tecnológica (MOLES, 1973, p. 58), falanos de uma função educativa de adultos exercida por um micromeio de intelectuais que alimentam os mass media com determinados conteúdos a serem difundidos num tecido social. Assim, surge-nos a hipótese  segundo  a qual os conteúdos da Arqueologia Ufológica estão sendo disseminados na cultura de massa com o fito de preparar as pessoas para a suposta realidade dos avistamentos de OVNI’s, para a necessidade humana de colonização de outros corpos celestes, ou coisas do gênero. O que não deixa de ser um sistema de hegemonia cultural e ideológica. Ou, para o estabelecimento dos Estados Unidos como poder máximo não só na pesquisa espacial, mas também em toda tecnologia, mais uma vez dizemos.

Perguntamos: qual é a estrutura do sistema comunicativo das obras de Arquelogia Ufológica, segundo a classificação de Abraham Moles, importante teórico da informação, comunicação e estética? Cremos que seja de tipo predominantemente sociodinâmico (MOLES, 1973, p. 60-61), grosso modo, uma distribuição de conteúdos por um micromeio, os autores e editores das obras, a certa camada do público, sendo este último estruturado de acordo com faixas mais ou menos estanques em termos culturais e/ou econômicos. Este tipo de ação midiática, neste caso, implica uma ação aceleradora da sociedade, já que tenta promover o porvir dos fatos culturais, ou seja, uma suposta evolução na consideração de seres alienígenas. Um salto conceitual. Mas outras categorias de ação midiática também estão presentes.

A categoria demagógica de ação dos mass media também está presente. Esta categoria caracteriza-se pela disseminação para todas as camadas da população de mensagens com o mesmo nível cultural, um nível fácil que procura ir ao encontro da compreensão do público. Tal categoria está presente nas mensagens do programa Alienígenas do Passado, e da litetatura correspondente, na ação de vender a todos os membros da coletividade atingida pelos mass midia a validade de se manterem os investimentos em viagens espaciais, mesmo que privados (com algum repasse de verbas estatais), frisando. Vende também as marcas das empresas que empreendem nesse ramo, aeroespacial (MOLES, 1973, p. 58).

Outra categoria de Moles presente no esquema conunicativo dos Alienígenas do Passado é a dogmática (MOLES, 1973, p. 58-59). Segundo Moles, esta categoria caracteriza-se pela disseminação das mesmas mensagens, no tecido social, em todas as suas camadas, mas, levando um, ou mais, conteúdo(s) doutrinário(s), seja, neste caso, a doutrina das visitas à Terra, no passado, de seres que seriam, de acordo com tal doutrina, a verdadeira identidade dos deuses, anjos, etc, contrariando doutrinas religiosas existentes, muito embora a existência de Deus não seja questionada no programa de televisão em questão e na literatura correlata, visto que se os seres alienígenas criaram o homem na Terra a partir de manipulação genética (tese de Zecharia Sitchin) (SITCHIN, 2018, 326-341), podemos perguntar sobre quem criou tais alienígenas, e assim ad infinitum, até que chegamos a Deus, em tese.

A categoria culturalista de Moles caracteriza-se pela disseminação de mensagens culturalmente relevantes, de um nível cultural mais refinado, nos padrões ocidentais, digamos, para todas as camadas da população. Muito provavelmente, este é o modo das rádios e TV’s  de “cultura”, modelo cuja existência se constata no Brasil, com força maior ou menor, de acordo com o período histórico (MOLES, 1973, p. 59-60).

Uma outra categoria de Moles para as políticas culturais é a categoria piramidal onde as mensagens são distribuídas pelas camadas culturais da sociedade de acordo com o teor dessas mensagens (MOLES, 1973, p. 59).

A internet e o grande número de canais de TV a cabo e abertos seriam meios em que se implanta a cultura mosaica na sociedade. Por cultura mosaica entendemos a estrutura cultural onde:

[…] os modos de comunicação de massa (imprensa, rádio e televisão sobretudo) constituem o elo entre esta sociedade intelectual e a massa do campo social. Todas as expressões recebidas no campo social são heteróclitas, dissociadas, frequentemente contraditórias; elas é que irão fixar-se ao acaso no cérebro dos indivíduos, servindo-lhes como tela de referência de cultura (MOLES, 1973, p. 51).

Ainda:

[…] não há mais nem ponto de orientação nem rede para ordenar nem estrada real; só probabilidades, elementos mais frequentes do que outros, fragmentos de conhecimentos, resultados sem base e ideias gerais sem aplicação, palavras-chave e pontos altos na paisagem cultural. Esta a civilização em que vivemos (MOLES, 1973, p. 51).

As modalidades de disseminação da cultura, de Moles, citadas acima são, no fundo, tentativas de se dar alguma unidade ao mobiliário cultural do expectador, do membro da sociedade, nos sentidos ideológicos já citados.

Por mobiliário cultural na mente de um indivíduo entendemos o conjunto de “ítens” culturais, todo o “aparato” informacional à disposição desse indivíduo enquanto background cultural (MOLES, 1974, p. 22).

Podemos estudar o sistema comunicativo possível das obras de Arqueologia Ufológica e perceber qual é a estrutura da mesma. Mas, qual a utilidade de se estudar esta árvore de distribuição de mensagens? O ideal é que tenhamos acesso ao feedback que o público consumidor envia aos indivíduos criadores. Poderíamos estruturar uma pesquisa de campo para analisar tal ponto, porém, melhor seria obtermos dos criadores o que eles recebem de seu público e qual a resposta que eles (os criadores) dão a partir dessas informações.

Mas podemos procurar, também, estabelecer a estrutura típica dos grupos sociais do público que recebe tais mensagens: o grupo de fãs que pode ser separado a partir das comunidades ufológicas de estudantes, por exemplo, e aí identificar características pósmodernas como um (neo)romantismo escapista e outras.

Há, sem dúvida, uma “função” sensacionalista da Arqueologia Ufológica e, também, poder-se-ia talvez constatar uma atividade de aculturação exercida pela arqueologia ufológica sobre o meio cultural dos países sob o império americano.

Podemos ver os textos de Arqueologia Ufológica como um objeto, no sentido de Abraham Moles (MOLES, 2019), ou conjunto estruturado de objetos, kitsch, conforme já dito, que se insere desta forma específica nas camadas sociais de certo ambiente populacional. Podendo tal estrutura receber um recorte que isole uma de suas partes do restante do tecido informacional/social.

Um público-alvo possível das mensagens de Arqueologia Ufológica, intuímos, é o de esotéricos pacifistas, dentro do qual o subgrupo “maçons” parece estar inserido. A editora

Madras, que publica no Brail as obras de Zecharia Sitchin é maçônica; Dizemos “parece” porque, em tese, podem haver maçons não pacifistas.

Abraham Moles levanta a “possibilidade”, ou talvez o fato, de potências externas influenciarem um país menos desenvolvido através de ações culturais, ou aculturadoras, distribuídas na cultura de massa de tal país menos desenvolvido. Para nós, isso é fato.

Com tanta pretensão de cientificidade das teorias da Arqueologia Ufológica, e com o caráter apofântico de sua metodologia (descrições) podemos dizer também que não se trata de teoria pós-moderna, e sim, teoria que se propõe como portadora de verdade científica, pondo-se na arena das disputas com outras visões dos fenômenos observados. Mas, tal arena, entre teorias antagônicas, pela convivência simultânea entre tais teorias pode configurar uma situação pós-moderna.

Em termos da dualidade quantificação versus qualificação, podemos quantificar a dispersão social das mensagens e qualificar o efeito produzido por estas em cada observador (em tese), ou num dado grupo deles.

Após as leituras dos argumentos de von Däniken, podemos afirmar que suas teorias são bem verossímeis. Mas o verossímil não é o verdadeiro e poderíamos estar diante de uma nova revolução copernicana, no que tange à compreensão do homem no mundo e ao seu conceito de tecnologia e cosmologia. É o que Daniken diz em De Volta às estrelas (DÄNIKEN, 1971, p. 15-24). Sua hipótese sobre a criação da mulher, neste mesmo livro, e sobre as esculturas das Vênus paleolíticas é até compreensível: a primeira mulher teria sido criada através da manipulação genética da medula óssea de um “Adão” gerando o fato de as esculturas das Vênus paleolíticas surgirem de repente em alguns lugares do mundo. No entanto, ao contrário do que diz Däniken, nós sabemos sua finalidade, qual seja, a de amuleto propiciatório da fertilidade (DÄNIKEN, 1971, p. 39-40).

Interessante é perguntarmos qual o tipo de público que “consome” este tipo de informação. Adolescentes e jovens curiosos e envolvidos num objetivo, talvez algumas vezes inconsciente, de descoberta do mundo? Estudantes de cursos técnicos ou superiores em tecnologia, escolhidos a dedo em processos de seleçao? Esotéricos dos mais variados feitios? Uma outra afirmação que podemos fazer é que os textos da arqueologia ufológica são produzidos apenas para venda e lucro, aproveitando-se da tendência mundial que deve ser estudada.

Para darmos um exemplo do pensamento “pragmático” (não confundamos com o pragmatismo de William James e Charles S. Peirce) dos Alienígenas do Passado, o livro Arte pré-histórica e primitiva, da coleção O Mundo da arte, da Enciclopédia Barsa, nos fala dos crânios montados sobre representações escultóricas do corpo humano (na Birmânia Superior, entre os Nagas, com surgimento na China Meridional, em Bornéu e Nova Guiné) (LOMMEL, [s.d.]., p. 122 – 124) e podemos relacionar tais figuras aos crânios cobertos de gesso enterrados próximos à Jericó neolítica (https://pt.khanacademy.org/humanities/prehistoric-art/neolithicart/neolithicsites/a/jericho acesso em 23/05/2023). Mas isso indica que alienígenas estavam, ou estão, presentes em ambos os sítios, e que tais crânios são de seres alienígenas? Ao que tudo indica, pelo menos para o programa de televisão, a resposta para esta pergunta é afirmativa. Mas, há outras questões que põem em dúvida o argumento alienígena, no mundo da Arqueologia. Vejamos.

No livro As Pistas de Nazca, a autora, Simone Waisbard, também coloca as viagens da Índia e Polinésia até o Peru como formas de expansão de ítens culturais e artísticos, o que, em tese, anula a hipótese de surgimento nessas duas regiões de manifestações de arte e arquitetura com alguma similaridade, devido à ação alienígena.

Em As Pistas de Nazca, Simone Waisbard afirma também que as linhas de Nazca no Peru poderiam ter sido orientadas por alguém voando sobre o solo em uma pipa (papagaio) (WAISBARD, 1980, p. 81-91). Esta última suposição cai por terra quando perguntamos: como o navegante deste papagaio passava as informações direcionais para os membros da tribo em terra fazerem os desenhos gigantescos em Nazca. Através de gestos?

Simone Waisbard deixa em aberto, como lenda ou realidade a possibilidade (para Waisbard) de um pássaro, chamado pilco, realmente carregar no bico uma erva que amolece pedras e que teria possibilitado aos incas a modelagem de rochas nas altas terras andinas (WAISBARD, 1980, p. 174-176). Waisbard afirma ainda que os imensos geoglifos de Nazca podiam ter sido tentativas de comunicação dos nazcas com os deuses no céu. Mas, e se tais deuses forem alienígenas?

Waisbard, no mesmo livro, alega que, da mesma forma em que o laboratório espacial Skylab não pode fotografar os traçados de Nazca a partir do espaço exterior, uma nave alienígena não poderia. Mas e se essa suposta nave se aproximasse da Terra e planasse sobre esta numa altura mediana? (WAISBARD, 1980, p. 219-221).

Em outra explicação para o fenômeno Nazca, Simone Waisbard cita o estudioso Rossel Castro, que afirma poderem os desenhos de discos encontrados em Nazca ser efeitos, marcas, de treinamento de cavalos ao redor de um mastro central (WAISBARD, 1980, p. 223-224).

No livro A Civilização dos megálitos, o autor, Marc Orens, oferece-nos uma explicação para o erguimento de dólmens com pedras muito pesadas. Para ele, não há necessidade de levitação, nem da ação de seres extraterrestres, ou de seres superiores vindos da Atlântida, ou do “império de Mu”. Para Orens, a maioria dos dólmes foi construída sem dificuldade, pois é composta de blocos modestos, que não ultrapassam os 50 cm de espessura, com as outras dimensões tendo uma média de 3 por 2 metros. Tal trabalho não exigiria esforços extremos, estando ao alcance de uma pequena tribo. Segundo o autor, a vontade e a importância da homenagem ao herói morto seriam os motores psicológicos destes homens para conseguirem tais façanhas e, ainda, se os egípcios do segundo milênio transportavam massas de 500 e até 1000 toneladas, é de se supor que os homens do neolítico também pudessem fazê-lo com massas de 50 a 100 toneladas. O autor traça um esquema de corte de pedras, arraste por trenós ou troncos rolantes e elevação das pedras por rampas que poderia ter sido usado pelos homens neolíticos. No entanto, o autor nada fala sobre a o transporte e a colocação de pedras de mais de 100 toneladas, como a mesa do dólmen de Bournand (110 t), o menir de Kerloas (mais de 150 t), uma laje da aléia coberta de Antiquera (mais de 320 t) ou o grande menir de Locquemariaquer (382 t) (ORENS, 1978, p. 205-215).

As teorias das migrações em todo o mundo podem enfraquecer o conceito de alienígenas descendo do espaço e trazendo desenvolvimentos, como as técnicas de produção de obras de arte e de arquitetura, para os terráqueos. Mas, fica a pergunta: como tudo começou na Terra, na humanidade?

É interessante constatarmos como os arqueólogos-ufólogos, até pelo aspecto controverso de suas teorias, posicionam-se contra a arqueologia “acadêmica” levantando libelos contra a mesma. Isso está presente logo à primeira vista na leitura dessas obras e sintetizase bem na obra de Pedro Guirao O Enigma de Teotihuacan (GUIRAO, 1984, p. 123-140).

Isso constitui uma espécie de negacionismo em relação a parte da ciência “convencional”, que pode levar tanto ao riso como à fé cega os leitores/público de tais teorias.

Qual a razão desse grande desprezo? Existe uma revolta contra a academia? Um ressentimento ou inveja dos postos ocupados por acadêmicos nas instituições de ensino e, ampliando, no domínio dos canais de transmissão de conhecimentos? O ataque à tese evolucionista de Darwin constitui-se, na obra de Pedro Guirao, em afirmar a possibilidade do homem ter vindo do espaço sideral, ou ter sido criado por seres alienígenas, tendo o homem involuído para a condição de símio várias vezes e várias vezes evoluído (ou recriado?) para a condição de homo sapiens. A involução dar-se-ia por cataclismas ou talvez por uma degeneração dos costumes (GUIRAO, 1984, p. 135-139).

Voltamos à questão, essas teorias podem ser incluídas simplesmente naquilo que hoje chamamos de fake news? Não há uma tendência geral a se desconfiar da ciência oficial, mostrando um carater pós-moderno onde a convivência de diversas opiniões é possível?

Por enquanto, fica a pergunta.

2 CONCLUSÃO

Praticamente já expusemos nossa conclusão no decorrer do texto, qual seja, a forte probabilidade dos autores tratados aqui agirem como divulgadores e “advogados” dos programas espaciais e bélicos das nações dominantes do planeta, coisa que é fortemente sugerida no livro Eram os deuses astronautas?, o primeiro de Erich von Däniken. Este livro foi publicado em 1968 no auge da corrida espacial e um ano antes da chegada do homem à lua, em 1969. Os livros parecem ser peças ideológicas, em sentido marxista (discurso para a manutenção da hegemonia das classes dominantes). Propagam a tecnologia e a dominação das grandes potências, contemplando o espaço sideral como fronteira a ser explorada, provavelmente explorando a ideia de fazê-lo antes que seres alienígenas venham exercer um domínio sobre nós, do planeta Terra.

Hoje a onda alenígena é um fenômeno notório, atingindo um enorme número de pessoas a julgar pela quantidade de publicações nas mídias.

Do ponto de vista religioso, este campo “teórico” descredencia a Bíblia, e outras escrituras de diversas religiões como relato mítico, mas não afirma a inexistência de Deus, visto que vale a ressalva: se os alienígenas criaram o ser humano por manipulação genética, quem criou os alienígenas? Outros alienígenas o fizeram? E assim ad infinitum, com o big bang como criador de tudo, inclusive da consciência? Ou há um Deus criador dos alienígenas por sua vez criadores de outros seres, repetindo? Este Deus manifestar-se-ia na Terra encarnado em um homem-Deus, como Jesus Cristo, ou Krishna? De qualquer forma, relatos míticos, como o da Bìblia, saem atingidos, numa espécie de neo-iluminismo, ou tardopositivismo. Ambos sem um fundamento sólido em que basear seu reducionismo.

Afinal, isso é pós-modernismo (pós-utopia) ou a velha utopia liberalista? As duas coisas podem coexistir.

Quanto ao emaranhado de migrações exposto no capítulo 2, caso esteja correta a listagem, tendemos a crer que este sim é o verdadeiro motivo do aparecimento de obras de arte e monumentos com linguagem similar em diversos locais do globo. Apenas o corte, transporte e colocação de pedras gigantescas, os chamados monólitos, ficariam sem resposta em nossa tese migratória.

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¹Prof. De Estética, Filosofia da  Arte e História da Arte
UFES – Universidade Federal do ES