EVOLUTION OF THE PREVALENCE OF ALTERED MAMMOGRAMS CLASSIFIED AS BI RADS 4 AND 5, FROM 2014 TO 2023 IN BRAZIL
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202504172118
Ana Carolina Souza Deitos1
Taciana Rymsza2
RESUMO
O impacto do câncer de mama na vida de uma mulher vai além de sua saúde física abrangendo a vida como um todo, sendo o tipo de câncer mais prevalente em mulheres, é também o com maior taxa de mortalidade por câncer entre as mulheres no Brasil (1,2). Sendo assim, é um assunto de grande relevância para a população, o qual precisa ser estudado e aprofundado para que melhorias no controle e rastreamento possam ser implementadas e consequentemente pessoas possam ser diagnosticadas e tratadas com maior eficácia. Dessa forma, para que as pesquisas e dados a respeito do rastreamento do câncer de mama sejam operacionalizados foram desenvolvidos índices relativos ao controle desta doença, sendo que um destes se refere a prevalência de mamografias alteradas, às quais podem ser analisadas no âmbito das mamografias de rastreamento. A presente pesquisa verificou a tendência de evolução da prevalência de mamografias com evidências de alterações mamárias classificadas como BI-RADS 4 e 5, ao longo dos anos de 2014 a 2023, tomando como base de dados o levantamento no DATASUS – Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde, no Sistema de Informação do Câncer – SISCAN, do Ministério da Saúde do Brasil.
PALAVRAS-CHAVE: Saúde da mulher; Câncer de mama; Mamografia; Prevalência.
ABSTRACT
The impact of breast cancer on a woman’s life goes beyond her physical health covering life as a whole, being the most prevalent type of cancer in women, it is also the one with the highest also the one with the highest cancer mortality rate among women in Brazil (1,2). Therefore, it is a subject of great relevance to the population, which needs to be studied and deepened so that improvements in control and screening can be implemented and consequently people can be diagnosed and treated with greater. Thus, so that the research and data on breast cancer screening are operationalized were developed indexes related to the control of this disease, being control of this disease, one of which refers to the prevalence of altered mammograms, which can be analyzed in the scope of screening mammograms screening. This research verified the trend of evolution of the prevalence of mammograms with evidence of classified breast alterations classified as BI-RADS 4 and 5, over the years 2014 to 2023, taking as a database the survey in DATASUS – Department of Informatics of the Unified Health System in the Cancer Information System – SISCAN, the Ministry of Health of Brazil.
KEYWORDS: Women’s health; Breast cancer; Mammography; Prevalence.
INTRODUÇÃO
O câncer de mama é o tipo de câncer mais prevalente em mulheres e é o tipo de câncer com maior taxa de mortalidade por câncer entre as mulheres no Brasil (1,2). Esse fato leva a inferir que a necessidade de realização de exames preventivos é fundamental para a detecção precoce dessa patologia, impactando, inclusive, o risco de morte associado à essa patologia. É nesse contexto que se insere o exame de mamografia.
Em razão da importância dos exames preventivos, o Instituto Nacional do Câncer – INCA destaca que:
As recomendações para a detecção precoce do câncer de mama incluem o diagnóstico precoce, que consiste em investigação oportuna das lesões mamárias suspeitas, e o rastreamento, que é a realização de exames periódicos em mulheres sem sinais e sintomas da doença. As diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer de mama (INCA, 2015) preconizam a oferta de mamografia para mulheres de 50 a 69 anos, a cada dois anos. As mulheres devem ser orientadas sobre riscos e benefícios do rastreamento mamográfico para que exerçam o seu direito de fazer ou não o exame de rotina. (2).
Em estudo sobre a importância do diagnóstico precoce, os pesquisadores relatam que:
[…] pode-se observar que o programa de rastreamento a partir da mamografia é de grande importância e eficácia para o diagnóstico precoce do câncer de mama, juntamente com um maior conhecimento da população feminina sobre o assunto (principalmente as que se encontram no grupo de risco), já que estudos mostraram que as mulheres mais atentas aos sintomas característicos da doença recorriam com maior frequência aos médicos para se obter o diagnóstico precoce, aumentando suas chances de sobrevida e qualidade de vida. (3).
Esses elementos evidenciam a importância da mamografia como um dos processos de rastreamento e diagnóstico para o controle do câncer de mama, devendo ser instrumento para o acompanhamento periódico e correto para prevenção e tratamento precoce do câncer de mama.
Em relação ao exame mamográfico uma das análises mais importantes é a determinação da classificação do BI – RADS (Breast Imaging Reporting and Data System3) sistema padronizado de laudos desenvolvido pela ACR (American College of Radiology4), em 1993, que classifica a mamografia indicando a presença ou não de alterações mamárias e a categoria do nódulo quando presente (4).
Traduzida do ACR BI-RADS ATLAS de mamografias, a classificação se dá da seguinte forma:
Tabela 1: Categorias BI-RADS e Condutas Recomendadas (5)

A classificação dos achados dos exames de imagem da mama, tanto da mamografia, quanto da ultrassonografia e da ressonância magnética, em categorias BI-RADS, representa uma forma de padronização dos laudos e um parâmetro que mostra o grau de risco desses achados evidenciarem a existência de um câncer de mama, podendo mostrar a necessidade de maiores investigações.
Na tabela 1 acima, podemos verificar que a partir da categoria BI-RADS 4, já existe a necessidade do resultado da mamografia demandar uma investigação mais aprofundada, tanto clínica, quanto de exames laboratoriais e de imagem.
Tendo presente essas considerações, nosso objetivo nessa pesquisa, é a análise da evolução da taxa de prevalência de mamografias com evidências de alterações mamárias classificadas como BI-RADS categorias 4 e 5, ao longo dos anos de 2014 a 2023 no Brasil.
MATERIAIS E MÉTODOS
Para obtenção dos dados utilizou-se o sistema Tabnet, do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), por meio do Sistema de informação do Câncer – SISCAN, do Ministério da Saúde do Brasil. A coleta de dados ocorreu em junho de 2024, acerca da evolução da prevalência de mamografias com evidências de alterações mamárias, assim consideradas aquelas classificadas como BI-RADS 4 e 5, ao longo dos anos de 2014 a 2023, constituindo uma série histórica de 10 anos. As seguintes variáveis foram analisadas: número de mamografias, em todas as categorias BI-RADS, número de mamografias com evidências de alterações mamárias classificadas como BI-RADS categorias 4 e 5 nos anos de 2014 a 2023, além de total de mamografias realizadas nesse período, ambas distribuídas conforme a faixa etária.
Trata-se de um estudo observacional longitudinal retrospectivo através de uma série de dados populacionais pré-existentes obtidos pelo DATASUS, cuja metodologia empregada considera os dados sob a perspectiva estatística, analisando os valores obtidos e desenvolvendo-se o cálculo da prevalência das mamografias alteradas a partir da equação constante da Ficha técnica de indicadores relativos às ações de controle do câncer de mama normatizadas pelo INCA (6):

Na esfera da epidemiologia, o estudo se fundamenta na abordagem descritiva que utiliza dados pré-existentes para analisar a evolução do parâmetro na população. Para a avaliação, os dados obtidos foram tabulados em planilhas eletrônicas utilizando o software Microsoft Excel® 2016 e analisados por meio de estatística descritiva. Ressalta-se que, em conformidade com a Resolução nº 510, de 2016, do Conselho Nacional de Saúde – CNS (7), devido a natureza dos dados obtidos, de domínio público, não houve necessidade de submissão do projeto a um Comitê de Ética.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Utilizando-se do sistema Tabnet, DATASUS, SISCAN, Ministério da Saúde (8), foram geradas tabelas, de cada um dos anos de 2014 a 2023, contendo informações sobre as mamografias realizadas por categoria BI-RADS e por faixa etária. Essas tabelas foram compiladas e as informações estão descritas na tabela 1 a seguir.
Tabela 2 – Mamografias realizadas por ano, faixa etária e categoria BI-RADS, BRASIL – 2014- 2023


Tabela 2 – Mamografias realizadas por ano, faixa etária e categoria BI-RADS, BRASIL – 2014-2023

A partir dos dados da tabela acima, elaboramos a tabela 3, onde são apresentados, em cada um dos anos de 2014 a 2023, os percentuais de mamografias alteradas, considerando para tanto aquelas que tiveram resultados enquadrados nas categorias BI-RADS 4 e 5, por faixa etária.
Tabela 3 – Mamografias alteradas (assim consideradas aquelas com BI-RADS 4 e 5), por faixa etária – BRASIL – 2014-2023




Os dados da tabela 3, permitiram a elaboração da tabela 4, onde pode-se, então, apresentar a taxa percentual de evolução de mamografias alteradas, em cada ano e em cada uma das faixas etárias elencadas e no total das faixas etárias.
Tabela 4 – Evolução da taxa percentual de mamografias alteradas por faixa etária, em relação ao número total de mamografias realizadas nessa faixa etária e em todas as faixas etárias em relação ao total geral, BRASIL – 2014-2023

Analisando os dados da tabela 4, é possível constatar que, na faixa etária de 0 a 49 anos, a taxa percentual de mamografias alteradas evoluiu de 0,6419% em 2014 para 1,0189% em 2023; na faixa etária de 50 a 69 anos evoluiu de 0,7381% em 2014 para 1,0014% em 2023 e na faixa etária acima de 70 anos evoluiu de 1,4415% para 2,3807% em 2023. Essa evolução se deu de forma consistente ao longo dos anos de 2014 a 2023 e se reflete também na evolução do percentual total de mamografias alteradas, considerando todas as faixas etárias, em relação ao total de mamografias realizadas, que evoluiu de 0,7439% em 2014, para 1,0873% em 2023.
Essa constatação pode ser melhor visualizada no gráfico a seguir:
Gráfico 1 – Taxa percentual de evolução de mamografias alteradas por faixa etária, em relação ao número total de mamografias realizadas nessa faixa etária e em todas as faixas etárias em relação ao total geral, BRASIL – 2014-2023

Houve, portanto, uma evolução significativa na taxa percentual de mamografias alteradas em todas as faixas etárias elencadas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os dados apresentados revelam que está ocorrendo uma evolução crescente no percentual de mamografias alteradas em relação às mamografias realizadas, em todas as faixas etárias observadas, fato que é confirmado quando observa-se também o percentual de evolução das mamografias alteradas em relação ao total de mamografias realizadas. Essa constatação indica um aumento na demanda por serviços de investigação dos achados encontrados, tanto clínicos, quanto de exames laboratoriais e de imagem, o que implica na necessidade de políticas públicas e de investimentos que possibilitem a oferta adequada desses serviços.
Leva, também, a necessidade de aprofundar pesquisas para verificar se essa evolução crescente no percentual de mamografias alteradas tem se traduzido em aumento no número de casos de câncer de mama diagnosticados.
Outra indagação que necessita ser investigada é sobre as causas que têm levado a essa evolução crescente no percentual de mamografias alteradas em relação às mamografias realizadas.
3BI – RADS (Breast Imaging Reporting and Data System): Sistema de Laudos e Registro de Dados de Imagens da Mama
4ACR (American College of Radiology): Escola Americana de Radiologia
REFERÊNCIAS
1. INCA- INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. ABC do câncer: abordagens básicas para o controle do câncer / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva; organização Mario Jorge Sobreira da Silva. – 5. ed. rev. atual. ampl. – Rio de Janeiro: Inca, 2019a.
2. INCA – INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. A situação do câncer de mama no Brasil: síntese de dados dos sistemas de informação. / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. – Rio de Janeiro: INCA, 2019b.
3. BERNARDES, Nicole Blanco; SÁ, Ana Cristina Fonseca de; FACIOLI, Larissa de Souza; FERREIRA, Maria Luzia;3 SÁ, Odila Rigolim de; COSTA, Raissa de Moura. Fatores Associados a não Adesão ao Tratamento da Câncer de Mama X Diagnóstico. Id on Line Rev. Mult. Psic., 2019, vol.13, n.44, p. 877-885. ISSN: 1981-1179. Edição eletrônica em http://idonline.emnuvens.com.br/id. Disponível em: https://idonline.emnuvens.com.br/id/article/view/1636/2454. Acesso em: 31 de março de 2023.
4. EBERL, Margaret M., FOX, Chester H., EDGE, Stephen B., CARTER, Cathleen A. & MAHONEY, Martin C.. BI-RADS Classification for Management of Abnormal Mammograms. The Journal of the American Board of Family Medicine. March- April 2006, Vol.19 Issue 2 Pg. 161-164. Acesso em: “BI-RADS Classification for Management of Abnormal Mammograms | American Board of Family Medicine (jabfm.org)”. Acesso em: 30/10/2023. DOI: https://doi.org/10.3122/jabfm.19.2.161.
5. AMERICAN COLLEGE OF RADIOLOGY. MAMMOGRAPHY – Reporting System. ACR BI-RADS ATLAS – Breast Imaging Reporting and Data System. 5th edition, pg. 121- 140, 2013. Acesso em: “Mammography-Reporting (acr.org)”. Acesso em:30/10/2023.
6. INCA – INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. Coordenação Geral de Prevenção e Vigilância Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização de Rede. Ficha técnica de indicadores relativos às ações de controle do câncer de mama. Rio de Janeiro: Inca, 2014. Disponivel em: Ficha técnica Indicadores Mama 14 (inca.gov.br). Acesso em: 26/03/2023.
7. CNS – CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE. Ministério da Saúde. Resolução n. 510/2016. Disponível em: https://conselho.saude.gov.br/images/comissoes/conep/documentos/NORMAS RESOLUCOES/Resoluo_n_510_-_2016_-_Cincias_Humanas_e_Sociais.pdf
8. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Sistema de Informação do Câncer – SISCAN. (2014-2023). Brasília, DF: Ministério da Saúde do Brasil, 2024. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/dhdat.exe?siscan/mamografia_atendbr.def. Acesso em junho de 2024.
1Acadêmica do curso de Medicina do Centro Universitário FAG – Cascavel-PR. Autora correspondente. E-mail: asdeitos@gmail.com
2Professora do Centro Universitário FAG – Cascavel – PR. E-mail: acianarymza@fag.edu.br