REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202504162148
Paulo Roberto Marão de Andrade Carvalho1
Ítalo Gabriel Nascimento Santos2
RESUMO
A busca por uma aparência estética agradável tem se tornado um aspecto cada vez mais valorizado na sociedade contemporânea, impactando diretamente a autoestima e a qualidade de vida das pessoas. Nesse contexto, a odontologia estética desempenha um papel importante ao proporcionar sorrisos mais harmônicos e saudáveis, promovendo transformações que vão além da questão funcional. Estudos indicam que a estética dentária não influencia apenas o bem-estar físico, mas também o aspecto psicológico dos indivíduos, afetando sua confiança, sociabilidade e percepção de autoimagem. Portanto, compreender a relação entre a estética dentária e a autoestima torna-se essencial para uma abordagem odontológica humanizada, voltada para o atendimento integral do paciente. Este trabalho visa explorar como as intervenções estéticas podem contribuir para uma maior satisfação pessoal e melhoria na qualidade de vida, considerando as perspectivas da odontologia estética. Nesse sentido, o objetivo geral do trabalho foi investigar a influência da estética dentária na autoestima e qualidade de vida de pacientes, com foco nos impactos proporcionados pela odontologia estética, na busca por um sorriso perfeito e os objetivos específicos foram: analisar como a percepção da estética dentária influencia a autoestima dos pacientes em diferentes faixas etárias; avaliar o impacto dos procedimentos estéticos odontológicos na percepção de qualidade de vida antes e após o tratamento e identificar os fatores psicológicos e sociais que se relacionam com a busca por melhorias estéticas na área odontológica. O estudo teve como base o método qualitativo descritivo, o instrumento foi a entrevista presencial estruturada, com três munícipes de Porto Velho, sendo um na área central, um na zona sul e um na zona leste, que procuraram realizar esse tipo de procedimento. Os dados foram organizados em categorias baseando-se ao modelo referencial de Bardin, sendo elas: O impacto da estética dentária na autoconfiança ao interagir socialmente; Mudanças na autoestima e comportamentais após realizar procedimentos estéticos dentários; Papel da odontologia estética na qualidade de vida dos indivíduos. Pode-se concluir que a odontologia estética influencia na autoestima e qualidade de vida dos indivíduos, impactando positivamente na vida social das pessoas.
Palavras-Chave: Autoestima. Estética. Odontologia. Dentária. Qualidade de vida.
ABSTRACT
The search for a pleasing aesthetic appearance has become an increasingly valued aspect in contemporary society, directly impacting people’s self-esteem and quality of life. In this context, aesthetic dentistry plays an important role in providing more harmonious and healthy smiles, promoting transformations that go beyond the functional issue. Studies indicate that dental aesthetics influences not only physical well-being, but also the psychological aspect of individuals, affecting their confidence, sociability and perception of self-image. Therefore, understanding the relationship between dental aesthetics and self-esteem becomes essential for a humanized dental approach, focused on comprehensive patient care. This study aims to explore how aesthetic interventions can contribute to greater personal satisfaction and improved quality of life, considering the perspectives of aesthetic dentistry. In this sense, the general objective of the study was to investigate the influence of dental aesthetics on patients’ self-esteem and quality of life, focusing on the impacts provided by aesthetic dentistry in the search for a perfect smile. The specific objectives were to analyze how the perception of dental aesthetics influences the self-esteem of patients in different age groups; to evaluate the impact of aesthetic dental procedures on the perception of quality of life before and after treatment and to identify the psychological and social factors that are related to the search for aesthetic improvements in the dental area. The study was based on the descriptive qualitative method, the instrument was the structured face-to-face interview, with three residents of Porto Velho, one in the central area, one in the south zone and one in the east zone, who sought to perform this type of procedure. The data were organized into categories based on Bardin’s reference model, namely: The impact of dental aesthetics on self-confidence when interacting socially; Changes in self-esteem and behavior after performing aesthetic dental procedures; Role of aesthetic dentistry in the quality of life of individuals. It can be concluded that aesthetic dentistry influences the self-esteem and quality of life of individuals, positively impacting people’s social lives.
Keywords: Self-esteem. Aesthetics. Dentistry. Dental. Quality of life.
INTRODUÇÃO
O presente artigo propõe a investigar a influência da estética dentária na autoestima e qualidade de vida de moradores do município de Porto Velho, com foco nos impactos proporcionados pela odontologia estética, utilizando como instrumento de pesquisa a entrevista presencial estruturada, para que os dados obtidos contribuam para analisar a relação entre estética dentária, autoestima e qualidade de vida, destacando a relevância da odontologia estética nesse contexto.
A mudança comportamental na adoção de novos hábitos neste cenário, possibilitou uma maior procura por procedimentos estéticos na área odontológica, visto que os resultados, proporcionam harmonia bucal e facial desejada e satisfação com a aparência pessoal, itens esses que que podem exercer um papel importante na construção da autoestima e na forma como os indivíduos se relacionam socialmente.
Dentro desse contexto, a estética dentária vem se destacando, ocupando um lugar de destaque, influenciando diretamente a autopercepção e, por conseguinte, a auto segurança das pessoas ao interagirem socialmente. Sorrisos saudáveis e harmônicos são frequentemente associados a padrões de beleza, autocuidado e bem-estar, refletindo positivamente na vida das pessoas.
Como afirma Schmidseder (2000) o bem-estar é um fator decisivo para a saúde. Por esse motivo sou da opinião de que a odontologia estética é necessária. Assim, entende-se que a odontologia estética, ao proporcionar soluções para a correção de imperfeições dentárias, tem se firmado como uma modalidade essencial para a melhoria não apenas da aparência, mas também da saúde emocional.
Este trabalho propõe investigar a relação entre a estética dentária e a autoestima, destacando como intervenções odontológicas podem impactar a vida dos pacientes, considerando tanto os aspectos funcionais quanto estéticos.
Assim, será utilizada a pesquisa qualitativa de caráter descritivo para responder se pacientes que se submetem a procedimentos de odontologia estética apresentam uma melhora significativa na autoestima e na qualidade de vida, devido à maior satisfação com a aparência dentária e à redução de inseguranças relacionadas ao sorriso. Para isso, será utilizada como método de análise dos dados, a análise de conteúdo, para que possamos analisar com precisão os dados obtidos e disponibilizar um material sensível à reflexão sobre o tema proposto.
REFERENCIAL TEÓRICO
Contextualizando a estética odontológica
O tratamento da doença cárie, durante muitos séculos, foi constituído pela remoção da peça dentária. No século XIX, entramos na “era restauradora”, foram desenvolvidas técnicas mais aperfeiçoadas para o corte da estrutura dentária e materiais restauradores com propriedades físicas e estéticas melhores (Maltz e Carvalho, 2003, p.70).
Neste mesmo cenário, segundo Busato (2004), objetivo principal do tratamento da doença, é promover e manter a saúde. O papel da dentística não está mais restrito ao restabelecimento da forma, função e estética. Seus objetivos principais são prevenir novas lesões, paralisar as já existentes e evitar as recorrentes, isso é promover saúde (Busato, 2004, p. 49).
Além desses avanços restauradores, o aprimoramento da estética bucal também já era uma preocupação das civilizações antigas, como destacam Bottino et al. (2002), evidenciando que, há mil anos antes de Cristo, a busca por melhorar a aparência dental já fazia parte das práticas de várias culturas.
Há inúmeras referências a achados de antigas civilizações, onde se encontram registros da preocupação em substituir dentes perdidos por meio de artifícios, tais como: fios de ouro, dentes humanos, dentes de animais e marfim, dentre outros. {…} Na atualidade, a estética dentária está melhor fundamentada, baseando-se princípios funcionais e biológicos, hoje existe uma preocupação da estética dentária sobre todos os aspectos, principalmente no que diz respeito à cor e ao alinhamento dos dentes, promovendo um perfeito equilíbrio entre o que é possível realizar e o que deverá ser feito sem prejuízo do sistema estomatognático (BOTTINO et al, 2002, p.445).
Em referência a saúde bucal, conforme define Narvai (2003), é um conjunto de condições, objetivas (biológicas) e subjetivas (psicológicas), que possibilita aos ser humano exercer funções como mastigação, deglutição e fonação e, também, pela dimensão estética inerente à região anatômica, exercitar a autoestima e relacionar-se socialmente sem inibições ou constrangimentos.
Heymann (2013) ressalta que um dos maiores bens que uma pessoa pode ter, é um sorriso que mostra dentes bonitos e naturais. Significantes mudanças estéticas são visíveis no sorriso do paciente quando todos os dentes anteriores são tratados.
Deste modo, entende-se que a odontologia estética vem se aprimorando cada vez mais e se adequando às tendências modernas no tratamento bucal. Aliado a isso, além de devolver as funções dentárias, devolve ainda, o sorriso perfeito ao indivíduo, resultado na elevação da autoestima e autoconfiança do paciente em suas interações sociais com o meio.
A Odontologia estética e evolução da dentística
Conforme observado na literatura, a odontologia estética vem passando por uma evolução expressiva no decorrer dos anos, transformando tanto as técnicas quanto os materiais utilizados. Essa evolução pode refletir por tratamentos mais eficazes, seguros e esteticamente agradáveis, que atendam às crescentes demandas dos pacientes.
Neste contexto, Mondeli (2004, p.11) afirma que a dentística é a especialidade da Odontologia que estuda e aplica de forma integrada o conjunto de procedimentos semiológicos, operatórios, preventivos, terapêuticos e educativos com o objetivo de preservar e devolver ao dente, sua integridade estrutural e estética.
No que tange especificamente a estética dental, Chain (1998), considera o estudo das condições e dos efeitos da criação artística, tradicionalmente, o estudo racional do belo, quer quanto à possibilidade da sua conceituação, quer quanto à diversidade de emoção e sentimento que ele suscita no homem.
Da mesma forma, Terry (2012) afirma que quando a estética é necessária, a seleção dos materiais restauradores apropriados torna-se um fator importante.
Para Mondelli (2004) a maioria dos pacientes que procuram o cirurgião-dentista é movida pelo desejo de melhorar a aparência do sorriso, isto é, buscar harmonia de forma, e melhorar a posição e cor dos dentes.
Neste sentido, Vieira (2009), afirma que o clareamento dental é um procedimento cada vez mais procurado pelos pacientes. A mídia e os valores atuais da sociedade ocidental transformaram o sorriso branco em sinônimo de saúde e beleza individual.
No entanto, o mesmo autor adverte que ao assegurar que os dentes ficarão tão claros quanto o paciente deseja pode ser uma estratégia arriscada, porque o insucesso do procedimento levaria o paciente e o profissional à frustração.
Quanto às resinas compostas, consideradas pelos especialistas como um dos mais importantes materiais da odontologia estética, Schmidseder (2000), afirma que elas podem reconstituir dentes fraturados, recompor dentes anteriores cariados, fechar diastemas e modificar a cor dos dentes. De acordo com o autor, pela combinação de clareamento, facetas de porcelana e restaurações com resinas pode-se melhorar a aparência visual de uma pessoa.
Para Mondelli (2004), as perspectivas para o futuro das facetas estéticas são muito promissoras, justificando assim a apresentação das técnicas básicas de preparo para as facetas de resina composta (direta) e de porcelana (indireta).
Avanços Tecnológicos na Odontologia Estética
Bottino et al (2002, p.3), afirmam que nas últimas décadas a preocupação com a estética, de modo global, passou a ocupar lugar de grande destaque em nossas vidas.
Na odontologia não poderia ter sido diferente {…} podemos não corroborar com tudo o que a Odontologia cosmética propõe, mas somos obrigados a admitir que, à entrada do terceiro milênio, o conceito estético é fator absolutamente indispensável. Devemos compreender que a função e a estética precisam caminhar juntas, e baseados nisso procurar desenvolver nosso trabalho (Bottino et al, 2002, p. 3).
Para Brunetti (2002) a odontologia nos laboratórios de investigação de novos materiais restauradores e em exaustivos trabalhos clínicos, dá sempre a expectativa que ainda outros produtos e técnicas surgirão na busca de um compromisso maior, que é o do imperativo estético. Assim, observa-se que a odontologia estética tem avançado com inovações modernas, oferecendo aos pacientes procedimentos mais eficientes, personalizados e minimamente invasivos em comparação aos tratamentos convencionais.
Essa relevância da estética dental ressalta a necessidade de os profissionais da área estarem constantemente atualizados. Nesta ótica, de acordo com Vieira (2003), o profissional da Odontologia deve estar atento às novas técnicas e procedimentos que vão ao encontro dos anseios de seus pacientes por dentes mais claros e vistosos.
Neste sentido, é importante frisar que o profissional deve atender às necessidades dos pacientes, promovendo assim um cuidado que vai além da funcionalidade, abrangendo também a satisfação pessoal e o bem-estar emocional.
Segundo Busato (2004) a odontologia é uma imensa fábrica de novos conceitos, novos materiais, novas tecnologias, o ontem se torna distante de hoje e inalcançável para amanhã. Para o autor, o profissional deve estar atento a essas constantes evoluções, “o mundo científico é perigosamente volúvel. Nada é definitivo, e a investigação tem mostrado essa realidade da ciência que cuida dos dentes” (Busato, 2004, p. 49).
Em se tratando de procedimentos modernos, envolvendo o uso de novas tecnologias nos tratamentos, Polido (2010, p.1) enaltece as duas modalidades de sistemas que se encontram disponíveis no mercado: os sistemas CAD/CAM e os sistemas de moldagem digital tridimensional (3D) dedicados. Segundo o autor, o escaneamento confocal digital paralelo captura todos os elementos e materiais presentes na boca sem a necessidade de uso de produtos que recubram os dentes, e sua precisão permite capturar preparos em nível supra e subgengivais (POLIDO, 2010, p.1).
Essas inovações contribuem diretamente para a melhoria da autoestima e qualidade de vida, alinhando-se com as demandas contemporâneas por estética e saúde oral.
Relação entre Odontologia Estética Dental e Psicologia
Entendendo que a condição dos dentes e do sorriso impacta diretamente a saúde emocional do indivíduo, entende-se também que há uma profunda conexão entre odontologia estética dental e psicologia. Segundo Heymann (2013), quando os dentes são pigmentados, malformados, desalinhados ou ausentes, as pessoas, frequentemente, se esforçam para evitar sorrir, tentando “esconder” seus dentes. Após a observação de Heymann (2013), é possível inferir que a aparência dentária exerce um impacto significativo no comportamento social e emocional dos indivíduos.
Esse comportamento de evitar sorrir pode ser uma forma encontrada para o indivíduo de minimizar a exposição de características que possam ser percebidas como esteticamente indesejáveis. Essa atitude, pode ainda, influenciar negativamente a autoestima e a qualidade de vida, uma vez que o sorriso pode ser uma das formas mais importantes de expressão e interação social.
A autoestima é definida por Stahl (2020) como a expressão de uma crença interna que determina nosso estilo de vida e nossa satisfação com a vida. Entendendo que a autoestima está atrelada à autoimagem, pode-se observar que quando um indivíduo percebe uma melhora significativa na sua aparência, especialmente em relação ao sorriso, há uma tendência de aumento na autoconfiança, o que, por consequência, reflete positivamente nas interações sociais e na qualidade de vida.
Portanto, a estética na odontologia não se trata apenas de aparência, mas de uma abordagem humanizada e atenta aos detalhes, capaz de promover o bem-estar e a felicidade dos pacientes.
A restauração de um sorriso é um dos procedimentos mais apreciados e gratificantes que um dentista pode prestar. Os efeitos psicológicos positivos proporcionados pela melhora no sorriso de um paciente favorecem o aumento da autoimagem e autoestima. As melhorias proporcionadas pela odontologia estética conversadora são particularmente gratificantes para o dentista e representam uma nova dimensão no tratamento dental para o paciente (Heymann, 2013, p. 296).
Neste contexto, é importante destacar que a odontologia estética, ao promover a harmonia do sorriso, ajuda a restaurar a autoconfiança e o bem-estar psicológico, refletindo em uma melhora na qualidade de vida e nas interações sociais do paciente. Assim, as duas áreas se complementam, considerando tanto a saúde física quanto o equilíbrio emocional dos indivíduos.
Odontologia Estética e Percepção Social
No contexto social, observa-se que a odontologia estética desempenha um papel fundamental na forma como as pessoas são percebidas socialmente. Um sorriso harmonioso e bem cuidado está associado a aspectos como saúde, juventude e sucesso, influenciando a autoestima e as relações interpessoais.
Segundo Mondelli (2004) a odontologia estética, portanto, vai além da reabilitação bucal, ela é uma ferramenta poderosa para transformar vidas, promovendo uma mudança positiva na maneira como os indivíduos se percebem e como se relacionam com o mundo ao seu redor.
A percepção social do sorriso pode afetar diretamente a autoimagem, além de tornar a estética dentária um fator decisivo na autoconfiança e na interação social.
Neste prisma, Heymann (2013) afirma que a correção destes tipos de problemas dentais proporciona drástica mudanças na aparência, o que melhora a autoconfiança e a autoestima e melhora o convívio social. Com base nessa afirmação do autor, compreende-se que a correção dos problemas dentários não se limita apenas ao aspecto funcional, mas estende-se profundamente ao campo emocional e social.
Um elemento importante na contextualização foi o nível de saúde indivíduo, de um grupo ou de uma sociedade. Assim, segundo Neto e Neves (2003) saúde não significa apenas a ausência de doença, mas bem-estar somático, psíquico, social e harmonioso no meio em que é vivido.
As necessidades estéticas da sociedade atual têm induzido profissionais a realizarem procedimentos restauradores que alcancem padrões de perfeita reprodução dentária com o objetivo de manter cada vez mais a naturalidade, Souza (2019). De acordo com a autora, na odontologia brasileira nos deparamos cada vez mais com a exigência do sorriso perfeito. Chain (1998), ressalta que a estética dental tem sido a ciência de copiar o belo natural ou harmonizar o nosso trabalho com a natureza, tornando-o uma arte imperceptível.
Entende-se que o sucesso desses procedimentos estéticos e seus impactos na vida dos indivíduos, acabam resultando num maior interesse e procura por tratamentos estéticos odontológicos, impulsionado pela busca por uma melhor aceitação social e um padrão estético alinhado às expectativas culturais atuais.
Qualidade de Vida aliada à Saúde Bucal
A qualidade de vida relacionada à saúde bucal é um conceito que abrange não apenas o bem-estar físico, mas também os aspectos emocionais, sociais e psicológicos associados à condição oral.
Nos últimos anos a odontologia adotou um modelo médico no processo de decisão para tratamento da doença dentária. Esse processo também educa e envolve o paciente nas decisões de tratamento, o que resulta na aceitação de estratégias preventivas e restauradoras de tratamento, bem como numa melhor aceitação e saúde bucal (Terry, 2012).
Desta forma, entende-se que a adoção de um modelo médico na odontologia, conforme destacado por Terry (2012), não apenas promove uma maior participação do paciente nas decisões de tratamento, mas também reforça a importância de estratégias preventivas e restauradoras para a saúde bucal. Esse enfoque colaborativo se alinha com os princípios da Dentística, que, segundo Mondelli (2004), integra procedimentos variados com o propósito de preservar e restaurar a integridade estrutural e estética dos dentes.
Entende-se que grande parte dos pacientes procuram o dentista quando observam alteração na cor dos dentes, como manchas escurecidas. Para Vieria (2009), esses manchamentos são mais desagradáveis esteticamente, e o tratamento também é mais complexo.
A alteração cromática dos dentes despolpados se dá por diversas etiologias, que vão desde quadros pulpares patológicos até causas iatrogênicas. Isto constitui um dos maiores problemas estéticos que, se não tratados, poderão trazer diversos prejuízos psicossociais ao indivíduo […] o clareamento dental tem sido a primeira opção para restabelecer a cor dos dentes manchados, pois mantém suas características anatômicas (Vieira, 2009, p.10).
Diante disso, é notório que a odontologia estética desempenha um papel fundamental ao proporcionar procedimentos que não apenas melhoram a saúde bucal, mas a confiança e o bem-estar emocional dos pacientes.
Desta forma, Chain e Baratieri (1998) destacam que grandes são os indicativos de que a estética dental é importante no contexto geral do paciente, constituindo parte fundamental do quadro que cada indivíduo tem de sua própria aparência.
Portanto, podemos entender que a aparência dental influencia a autoestima, a autoconfiança e a autopercepção do indivíduo. Isto é, quando alguém está insatisfeito com a estética de seus dentes, pode gerar sentimento de insegurança, ansiedade social e até isolamento.
Ansiedade e Medo no tratamento Odontológico
Ansiedade e medo são visíveis em alguns pacientes que procuram tratamento odontológico. São sentimentos que podem ser desencadeados por experiências negativas anteriores, medo da dor ou do desconhecido. Esses fatores emocionais podem interferir significativamente a adesão ao tratamento e na qualidade de vida do indivíduo, o que pode tornar a ida ao dentista um desafio. Sobretudo, ressalta-se que o medo pode configurar ainda pela possível rejeição social.
Como bem explica Bottino (2002), os pacientes procuram tratamento dentário por várias razões, entre elas a aceitação social, o medo, a aceitação intelectual, o orgulho pessoal e os posteriores benefícios biológicos.
Sendo assim, entende-se que a avaliação negativa das pessoas pode desencadear o medo da exclusão social e de situações desconfortáveis gerando ansiedade, sobretudo, há outros fatores que contribuem para o aumento da procura por tratamento estético odontológico.
Devemos incluir a esses pontos os fatores Dor e estética, fatores esses de concordância em geral, pois apesar das amplas campanhas de produção de saúde bucal, o que principalmente leva os participantes a buscar tratamento, sem sombra de dúvidas, são esses dois fatores (Bottino, 2002, p. 445).
No contexto da instrução sobre saúde bucal, Carvalho e Maltz (2003), ressaltam que proporciona meios para que o indivíduo ou grupo desenvolva destreza manual para realizar satisfatoriamente os procedimentos de autocuidado bucal.
Assim, entende-se que compreender as causas e efeitos da ansiedade e do medo no ambiente odontológico é fundamental para o desenvolvimento de abordagens que minimizem o desconforto e promovam um atendimento mais humanizado e eficaz.
Autoestima e Aparência Pessoal com Foco na Estética Odontológica
Sobre a autoestima e autoimagem, Mosquera et al. (2006), afirmam que são elementos constitutivos da construção identitária. Para os autores, os principais aspectos têm sido os componentes da estrutura e compreensão de si mesmo e da forma como as pessoas têm interagido, sendo com umas com as outras, vindo de uma base nas diferentes ideias que há sobre si mesmas.
Como aponta Stahl (2020) a autoestima é a expressão de uma crença interna que determina nosso estilo de vida e nossa satisfação com a vida. Enquanto Assis et al (2004) define que a autoestima tem sido referida na literatura como autoavaliação de uma pessoa, trazendo uma determinação do valor próprio e um importante indicador de saúde mental.
Em se tratando de valorização da aparência, Bezerra e Toledo (2003) asseguram que os dentes são importantes para o consumo de uma dieta balanceada e preparam os alimentos para o processo digestivo. Deve-se lembrar também que a sociedade moderna valoriza a aparência física para que o indivíduo seja nela integrado.
Enquanto Bottino (2002) ressalta que a necessidade da estética na odontologia está diretamente relacionada ao senso estético do homem. É um fator diretamente influenciado pela cultura e autoimagem.
A autoimagem e o autocuidado, estão intimamente ligadas na promoção e manutenção da saúde. Assim, Buischi e Axelsson (2003) asseguram que a promoção do autocuidado é uma das estratégias mais importantes na atenção primária à saúde e nas atividades que visam a mudança de comportamentos individuais.
Neste sentindo, Quintas (2002) afirma que o tratamento estético além de relacionar a patologia e a função, também aborda atitudes relacionadas à aparência, personalidade, conceito do paciente em relação a si próprio e a posição que ocupa no meio social, suas relações com a família, amigos, colegas de trabalho e amizades casuais.
O papel da dentística é ressaltado por Busato, et al (2004).
Na odontologia a dentística desempenha um papel de recuperar estruturas perdidas, que seja por cárie ou por acidentes; recuperar a cor modificada por tratamentos ou materiais, pode reanatomizar dentes mal posicionados; deixar espaços interdentários; complementar tratamentos ortodônticos, refazer sorrisos imperfeitos, produzindo saúde e gerando autoestima (Busato et al, 2004, p.3).
Assim sendo, conclui-se que a saúde bucal influencia diretamente a autoestima, a interação social e até mesmo o desempenho profissional dos indivíduos, consistindo na necessidade de adquirir novos hábitos para a manutenção, não somente da estética bucal, mas das funções principais que estão relacionadas à mastigação, deglutição e dicção.
MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa adota uma abordagem qualitativa, caracterizada como descritiva. Conforme Minayo (2007, p. 21), a pesquisa qualitativa responde a questões específicas e se foca em um nível de realidade que não pode ser quantificado, especialmente nas ciências sociais. Já a pesquisa descritiva, segundo Gil (2008), o objetivo descreve principalmente as características de uma população ou fenômeno, estabelecendo relações diversas.
Para atingir o objetivo deste trabalho, foi realizada uma pesquisa de campo, definida como a coleta de informações no local onde o fenômeno ocorreu (Marconi e Lakatos, 2002, p. 71). A pesquisa foi conduzida por meio de entrevistas estruturadas, realizadas presencialmente com seis pessoas moradoras do município de Porto Velho, sendo dois da área central, dois da zona leste e dois na zona sul, que estão ou estiveram em situação de tratamento estético odontológico.
O Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) foi assinado em duas vias, servindo como suporte a pesquisa e respaldo aos participantes, tendo como critérios de inclusão, apenas moradores de Porto Velho que estão ou estiveram em tratamento estético odontológico; indivíduos que completaram ou estão em fase final de um tratamento estético odontológico nos últimos 12 meses; participantes com 18 anos ou mais, para garantir que as respostas estejam baseadas em experiências de adultos. E critérios de exclusão recusar em assinar o TCLE; pessoas que não residem em Porto Velho, para manter a homogeneidade do grupo em relação ao contexto geográfico; apresentar condições de saúde mental graves que possam afetar expressivamente a percepção de autoestima e qualidade de vida, comprometendo a análise dos dados.
Com a origem do projeto, foi realizado o presente artigo, o qual foi submetido à avaliação e aprovado pelo Comitê de Ética em seres humanos da Faculdade São Lucas.
Foi realizada a análise dos dados por meio também de uma análise de conteúdo. De acordo com Bardin (2011), esse método tem como objetivo obter conhecimento por meio de um conjunto de técnicas de análise. A análise do material coletado segue um processo severo, dividido em três fases: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados.
RESULTADOS
Os dados coletados nas entrevistas foram apresentados neste tópico. Participaram três pessoas do sexo feminino, com idades de 25, 38 e 60 anos, todas moradoras do município de Porto Velho-RO. Das 15 (quinze) perguntas realizadas do questionário, foram expostas somente as mais relevantes para o tema abordado e suas categorias. Foram construídos gráficos e tabelas para melhor visualização dos resultados abaixo:








DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A organização deu-se através de três categorias abaixo elencadas, conforme foi trazido a discussão dos resultados obtidos entre os gráficos e tabelas.
Na primeira categoria, sendo o impacto da estética dentária na autoconfiança ao interagir socialmente, analisou os resultados que, de acordo com as respostas das tabelas, as três participantes da pesquisa responderam positivamente, isto é, melhorando assim, a saúde mental, a produtividade profissional e relacionamento tanto familiar quanto social. O emocional tem sido o maior impacto das participantes, pois começaram a se valorizar, trazendo confiança, autoconfiança e por fim, diminuindo uma tensão que existia na vida de cada uma.
Heymann (2013) em seus estudos, ressaltou que o grande bem que uma pessoa pode ter é seu emocional definitivamente restaurado, e que ter um sorriso bonito, dentes bonitos e naturais é o maior significativo na vida dela. As mudanças estéticas feitas harmoniosamente trazem um sorriso visivelmente feliz, isto é, dentes tratados. Conforme Bottino (2002) o tratamento dentário tem sido a grande procura dos pacientes, uma vez que eles tem o medo da não aceitação social, por ser a porta de entrada, o cartão de visita para qualquer coisa que seja, havendo o medo, a aceitação intelectual, orgulho pessoal e até mesmo benefícios biológicos, sendo de certa forma uma avaliação negativa e desencadeando ansiedade, trazendo outros fatores para a contribuição do aumento da procura por tratamento estético odontológico.
Na segunda categoria, que dispõe sobre as mudanças na autoestima e comportamentais após realizar procedimentos estéticos dentários, é visto que nos gráficos de 1 a 5 descrevem justamente as mudanças na autoestima e comportamento após realizar os procedimentos estéticos. As três entrevistadas destacaram que estão satisfeitas com a aparência dos seus dentes após procedimento odontológico na estética. Cada uma fez procedimentos como implante, clareamento dental e restauração estética. E cada uma delas perceberam que houve uma grande melhora na sua autoestima, trazendo assim, uma qualidade de vida a todas, acreditando assim que, na estética dental pode sim influenciar na vida social das pessoas.
Estudos de Stahl (2020) a autoestima expressa uma satisfação na vida, trazendo um estilo de vida. Na opinião de Assis et al. (2004) traz uma avaliação da própria pessoa que está com sua autoestima elevada, considerando atribuir a saúde mental, devido a satisfação que ela tem tido por conta da estética dental.
Buischi e Axelsson (2003) traz estudos da autoimagem e o autocuidado, sendo uma das estratégias importantíssimas para o cuidado primário da saúde dental, pois está diretamente ligada às mudanças individuais do comportamento. Quintas (2002) relata em seus estudos que o tratamento dental estético traz atitudes relacionadas à aparência, personalidade da pessoa, conceituando o paciente em relação a si próprio, e trazendo ainda uma ocupação no meio social, família, amigos, colegas de trabalho e amizades que já tenha ou possa a ter devido a satisfação interior que a pessoa terá.
Na terceira categoria, sendo o papel da odontologia estética na qualidade de vida dos indivíduos, descreve que, de acordo com os resultados das três participantes, foram averiguados que o papel da odontologia estética traz sim, a qualidade de vida, pois elevou-se a autoestima, oferecendo diversos benefícios físicos, trazendo a importância de cuidar da saúde bucal, que é fundamental para sociedade, e ainda, benefícios para a estética odontológica.
O papel da odontologia é trazer qualidade de vida e saúde bucal para o paciente, havendo o bem-estar físico, emocional, social e psicológico. Terry (2012) descreve que a odontologia tem adotado a saúde estética como tratamento para resultados significativos na vida da pessoa, resultando na aceitação de estratégias preventivas e restauradoras para o tratamento, sendo a melhor opção para aceitação e saúde bucal. Ainda não tem sido apenas o tratamento, mas principalmente os princípios que a Dentística traz.
Mondelli (2004) impõe sua opinião conforme os procedimentos odontológicos estéticos possam trazer, sendo o propósito para a preservação e restauração quanto a integridade estrutural e estético para os dentes dos pacientes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com os resultados sobre o tema abordado, verificou-se que neste estudo corroboram que a odontologia estética além de impactar no reestabelecimento da estética e função das pacientes, tem atuado também na recuperação da autoestima, emocional e qualidade de vida do paciente.
Assim, é muito importante preparar o profissional para que esteja apto a atender a necessidade de qualquer paciente que procure a odontologia estética.
Pode-se concluir que a odontologia estética influencia na autoestima e qualidade de vida dos indivíduos, impactando positivamente na vida social das pessoas.
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1Professor Orientador Paulo Roberto Marão de Andrade Carvalho pela Faculdade São Lucas, Porto Velho, Rondônia, Brasil.
2Graduando em Odontologia pela Faculdade São Lucas – Porto Velho-Rondônia, Brasil. italogabriel_2829@hotmail.com;