VIVÊNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM ENFERMAGEM NO PRONTO SOCORRO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA. 

EXPERIENCE OF THE SUPERVISED INTERNSHIP IN NURSING IN THE EMERGENCY ROOM: AN EXPERIENCE REPORT.

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202504142310


Eduarda Borges Andrade1
Monica Rodrigues da Silva2
Sebastião Elias da Silveira3 


RESUMO

O enfermeiro exerce um papel essencial nos cuidados com os pacientes, sendo imprescindível  oferecer uma assistência altamente qualificada. Para isso, é vital que o profissional conheça  todas as áreas de atuação e esteja preparado para tomar decisões diante dos desafios diários da  profissão. Desta forma evidencia-se a relevância dos estágios durante o processo de  graduação. O presente relato tem como objetivo elucidar a experiência vivida durante a  realização do estágio supervisionado 1, do curso de Graduação em Enfermagem de uma  Universidade Federal do interior de Minas Gerais, que aconteceu no Pronto Socorro de um  Hospital universitário do interior de Minas Gerais. O Estágio Supervisionado vai além da  simples aplicação da teoria estudada, ele estimula o aluno a refletir sobre sua função como  profissional e à humanização em seu trabalho ao lidar com pacientes reais. Nesse contexto, o  estágio não apenas complementa a formação teórica e prática, mas também desenvolve ações  e atitudes que são fundamentais para o profissional após a formação. O estudante aprende a  como agir em situações inesperadas que podem surgir no atendimento cotidiano. A acadêmica  pôde identificar através das suas vivências, as diferenças entre a gerência e assistência dentro  da mesma unidade e o como são necessários os setores trabalharem juntos. A experiência agregou aprendizado, prontidão para o agir, transcendendo o pensamento clínico e  vislumbrando o contexto da práxis futura.  

Palavras-chave: Enfermagem. Prática educativa. Assistência de enfermagem. Gestão. Serviço  hospitalar de emergência.

1. INTRODUÇÃO 

O enfermeiro exerce um papel essencial nos cuidados com os pacientes, sendo crucial  oferecer assistência de alta qualidade. Para isso, é vital que o profissional conheça todas as  áreas de atuação e esteja preparado para tomar decisões diante dos desafios diários da  profissão, reconhecendo assim a relevância dos estágios durante o processo de graduação  (Pascoal, 2021). 

Há uma resolução CONGRAD 2022 nº 46 no capítulo 3 que discorre sobre “Os  Currículos” dos cursos, e no art 9º diz que “o currículo deverá ser constituído pelo conjunto de  diretrizes que estabelecem os princípios, atividades acadêmicas e sua forma de organização,  considerado necessário formação profissional do estudante em determinada área do saber.”  Incluso neste componente curricular está o estágio obrigatório.  

Estágio é à ação educativo escolar de maneira supervisionada, desenvolvido no  ambiente de trabalho, que busca a preparação para trabalho produtivo de estudantes que  estejam regularmente matriculados nos cursos de educação superior ou de educação  profissional. O objetivo principal é aproximar os estudantes da realidade profissional, com  vistas ao aperfeiçoamento técnico, científico e pedagógico de sua formação acadêmica, bem  como provocar a aprendizagem significativa e o senso crítico do campo profissional.  Preparando assim, o estudante para o exercício da profissão e da cidadania (Conselho de  graduação, 2022). 

O estágio curricular supervisionado (ECS) apresenta-se como uma ferramenta de  aproximação entre a academia e os serviços, pois possibilita os conhecimentos, habilidades e  atitudes profissionais apreendidos pelo estudante, que neste momento da formação fortalece  suas competências inseridas nos processos de trabalho das instituições de saúde. O objetivo é  levar o estudante à articular teoria e prática em um processo de formação participativo,  permeado pela interlocução entre o ensinar e o aprender em ambientes extremos, com a  participação ativa de profissionais da área de formação, universidade e comunidade (Esteves  et al. 2018).

O Estágio Supervisionado vai além da simples aplicação da teoria estudada nas  universidades, ele estimula o aluno a refletir sobre sua função como profissional e a  humanização em seu trabalho ao lidar com pacientes reais. Nesse contexto, o estágio não  apenas complementa a formação teórica e prática, mas também desenvolve ações e atitudes  que são fundamentais para o profissional após a formação. O estudante aprende a como agir  em situações inesperadas que podem surgir no atendimento, que muitas vezes não são  abordadas nas aulas teóricas. Além disso, essa experiência prática permite ao estagiário  promover uma transformação social e contribuir para a recuperação e o cuidado dos  indivíduos, além de possibilitar a identificação e especialização em uma área que mais se  alinhe com seus interesses profissionais (Pascoal, 2021). 

2. METODOLOGIA  

Trata-se de um relato de experiência embasado na vivência prática durante o estágio  curricular supervisionado obrigatório, realizado na unidade do Pronto Socorro (PS) de um  Hospital Universitário do interior de Minas Gerais, sendo feito rodízio nos setores:  enfermaria, sala de trauma e sala de emergência. O estágio supervisionado deu-se início dia  20/05/2024 e encerrou dia 20/09/2024. Completando a carga horária total de 480h. Realizados  todos os dias da semana, de segunda à sexta feira das 06:30 às 12:30, com supervisão das  enfermeiras responsáveis do setor no dia do plantão e com orientação e auxílio dos docentes  responsáveis pela disciplina de estágio supervisionado. E foi optado pela estagiária utilizar os  feriados para completar a carga horária, fazendo plantões de 12h.  

O presente relato de experiência a partir da vivência da estagiária isenta a  obrigatoriedade do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) obtido junto ao  Comitê de Ética em Pesquisa, pois não oferece riscos aos envolvidos e nem fere a privacidade  e confidencialidade dos pacientes e envolvidos, sendo respeitada a Resolução 466/2012 do  Conselho Nacional de Saúde. (Conselho Nacional de Saúde, 2012). 

3. DISCUSSÃO  

A enfermaria foi o setor na qual foi realizada a maior parte do estágio, sendo feito por  3 meses, em seguida 2 semanas na sala de trauma e logo 2 semanas na sala de emergências.  Passado por estes três setores da unidade Pronto socorro (PS), a acadêmica pôde identificar  através da vivência, diferenças no quesito gerência e assistência dentro da mesma unidade  (PS) e a necessidade de os setores trabalharem juntos.

O enfermeiro que trabalha no setor do pronto socorro precisa possuir conhecimentos  científicos, práticos e técnicos para tomar decisões ágeis e adequadas às circunstâncias,  garantindo segurança à equipe e, sobretudo, reduzindo os riscos que podem afetar a vida dos  pacientes. Devido às particularidades da unidade de pronto atendimento, a colaboração entre a  equipe e os setores interligados é essencial. Assim, é fundamental que o enfermeiro mantenha  uma postura ética e proativa, visando ser um modelo para os demais integrantes da equipe  (Paiz, 2021). 

No início da vivência como enfermeira, foi necessário fazer um plano de atividade a  ser desenvolvido todas as semanas durante a permanência no pronto socorro. Após ser  validado pelos docentes, passou a ser integrado na rotina acadêmica a fim de realizar as  atividades propostas neste plano. 

No primeiro momento, ao chegar na enfermaria, na época chamado popularmente de  “quartão”, houve uma boa recepção por parte dos colaboradores daquele setor ao saber que  teria uma estagiária com eles. Então, foi apresentado à estrutura dos quartos, que são  divididos por feminino e masculino com 9 leitos cada, com apenas 1 enfermeiro responsável  por todos os leitos e 2 a 3 técnicos para cada quarto. 

O fluxo para a entrada dos pacientes no quartão é controlado pela fluxista do hospital,  as vagas são destinadas a pacientes advindos das seguintes salas: de trauma, emergência,  amarela, posto de atendimento médico 1 e 2 (PAM 1 e 2), posto de atendimento médico de  observação (PAM OBS), unidade de dor torácica (UDT) e a sala acidente vascular cerebral  (AVC). As prioridades de leitos são para as primeiras citadas, e o fluxo de saída geralmente  são: centro cirúrgico (CC), clínica médica (CM), cirúrgica 1 e 2, à alta hospitalar, e/ou o  óbito. Logo, o objetivo da enfermaria é estabilizar o paciente para o próximo nível de  cuidado, seja à alta hospitalar para tratar seu problema de forma ambulatorial ou prepará-lo  para o processo cirúrgico.  

Durante o período de estágio, foi prestada assistência de enfermagem de forma  integral, com oportunidades para aplicar as técnicas adquiridas durante a graduação, bem  como a observação do trabalho em equipe, educação em saúde e treinamentos. Além dos  momentos de discussões e estudos de casos realizados 1 vez por semana pelo enfermeiro  chefe responsável pela unidade PS, onde ele reunia os estagiários para fazer roda de estudo,  com revisão de literatura abordando os tópicos mais utilizados no pronto socorro, temas novos  para os estudantes e explicação de técnicas de cunho do enfermeiro.  

Inicialmente começou o treinamento para as atividades administrativas do enfermeiro  naquele setor. Após ser repassado à estagiária toda à rotina administrativa do setor na qual o enfermeiro é responsável, começava a corrida nos leitos. Atividade essa com caráter  assistencial, onde a supervisora foi mostrando as necessidades que deveriam ser observadas  durante essas visitas ao paciente para então realizar uma intervenção e posteriormente fazer a  anotação de enfermagem.  

A prática da enfermagem é fundamentada em três ações principais: promoção de  saúde, assistência ao paciente e gestão. O gerenciamento envolve a estruturação do ambiente  terapêutico, a alocação e supervisão das atividades da equipe de enfermagem, visando garantir  as condições adequadas para a prestação de cuidados nas unidades (Paiz, 2021). 

Depois do primeiro contato, do treinamento feito na primeira semana, as atividades  desenvolvidas eram seguidas conforme a rotina daquele setor. Os leitos da enfermaria  recebem pacientes de cuidados mínimos, cuidado intermediário, cuidado de alta decência.  Entretanto há algumas restrições para determinados cuidados com paciente dentro da  enfermeira, por exemplo paciente com drogas vasoativas, entubados, com feridas  contaminadas/infectadas, isolado por algum tipo de infecção, pacientes em cuidados semi intensivo, não poderiam ficar nos leitos da enfermaria. Contudo, já ocorreu de receberem  pacientes como dos exemplos citados. 

Visto que esses perfis de complexidade não eram esperados para o setor de  enfermaria, já que o local não tem estrutura para atender pacientes de cuidados de alta  complexidade, como foram encontrados algumas vezes, seus recursos são apenas de cuidados  mínimos e intermediários. Este cenário revela problemas na alocação dos pacientes na  instituição, pois se trata de um hospital de ensino de nível terciário e de referência para outros  municípios, que têm um constante aumento da complexidade dos usuários (Brito, 2012). 

A autora Nascimento (2022) justifica esse fato devido ao aumento da demanda por  serviços de saúde nos últimos anos, aliado a mudanças no comportamento da população, bem  como o número crescente de acidentes, tem causado uma sobrecarga nas atividades da  Unidades de Urgência e Emergência, além de prolongar a internação dos pacientes no Pronto Socorro. Esses fatores têm alterado o perfil dos pacientes dessa área, tornando-a uma das mais  problemáticas do Sistema de Saúde. A longa permanência dos pacientes no PS, devido à falta  de leitos em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), Sala de emergência, sala de trauma, faz  com que as enfermarias recebam paciente com perfil de atendimento de outra unidade,  comprometendo a função inicial do pronto atendimento, que deveria ser destinada à admissão  e estabilização do paciente para encaminhamento posterior. 

A rotina diária do setor baseou-se em receber o plantão no início das atividades  diárias, em seguida realizar os pedidos dos materiais de trabalho e dos equipamentos de proteção individual (EPI’s) do setor. Enquanto o material estava sendo preparado, era feito a  checagem e atualização das escalas de Morse, Braden e Fugulin de cada paciente. Também  observava se havia pendências de exames no Aplicativo de Gestão para Hospitais Universitários (AGHU) e no Sistema de Informação Hospitalar (SIH), para então começar a  visita/corrida nos leitos. Sempre que necessário admitia pacientes novos, acompanhava para  realização de exames, tais como radiografia, tomografia, ecocardiograma, eletrocardiograma,  entre outros. Diariamente eram realizadas às anotações e evoluções de enfermagem;  

É importante ressaltar que a anotação e evolução é uma ferramenta essencial e valiosa  na assistência de enfermagem e em sua continuidade, tornando-se imprescindível para a  implementação do processo de enfermagem. A documentação dos cuidados serve como um  método para monitorar e avaliar a assistência prestada. Ademais, é fundamental reconhecer a  importância das anotações como uma fonte de pesquisa, um recurso educativo e um  documento com valor legal (Silva, 2023; Fernandes, 1981). 

Durante as atividades da enfermaria houve muitas oportunidades de realizar  procedimentos assistenciais da enfermagem, como punção de jugular, punção venosa  periférica, punção arterial, preparação e administração de medicamentos e soroterapia,  instalação de dietas enterais, curativos, contenção de paciente no leito, sondagem vesical de  alívio, sondagem vesical de demora, sondagem enteral, sondagem gástrica, fleet enema,  preparação de corpo pós-morte;  

Além de aprender, foi possível aplicar à educação permanente com a equipe da  enfermaria, onde foi ensinado uma nova técnica de fixação da Sonda Nasoenteral (SNE) e  sonda nasogástrica (SNG). Técnica esta aprendida na sala de emergência, e que mostrou  melhor adesão à pele e menos perda do dispositivo. A perda da SNE e cateteres eram  frequentes, resultando a expulsão deliberada destes dispositivos pelo próprio paciente e  durante os cuidados realizados pela equipe de enfermagem. 

A promoção de treinamentos contínuos para as equipes de saúde é fundamental,  especialmente para aquelas que atuam em situações de urgência e emergência. Esse tipo de  ação permite uma análise crítica das condições de trabalho, das demandas de saúde e da  aplicação de processos educativos. Ao identificar as principais dificuldades e necessidades da  área, é viável planejar e realizar estudos que envolvam toda a equipe de enfermagem, o que  contribui para a resolução de problemas, a melhoria das condições de trabalho e,  consequentemente, a qualidade do atendimento prestado (Paiz, 2021). 

Foram observadas algumas técnicas na qual eram realizadas nos pacientes da  enfermaria que divergiam da literatura. A mais recorrente foi a sondagem vesical, na qual não seguiam à técnica de forma asséptica como ensinada pela Potter (2013). Ao questionar do  porquê não seguir à técnica de forma adequada, a justificativa era por não ter o material  disponível no momento da execução; pela demora da farmácia em liberar o kit quando era  feito o pedido; quando realizadas sondagens de alívio, justificavam por ser um procedimento  rápido.  

Considerando as justificativas é perceptível que há uma escassez na teoria,  possivelmente pelo tempo de formação e consequentemente a desatualização da literatura,  sendo assim é fundamental que a gestão de Enfermagem da unidade do Pronto-Socorro  implemente estratégias para reduzir essa prática para evitar a incidência e os riscos de  infecções provenientes do manuseio inadequado. Vieira (2009) afirma que isso pode ser feito  por meio do aprimoramento técnico e científico da equipe, com o objetivo de alcançar um  equilíbrio entre a segurança do paciente e a relação custo-benefício. Também com a  supervisão direta da gestão, após a educação permanente. Além de incentivar o hábito de  pedir o kit de sondagem com frequência para que fique disponível no setor de forma rápida e  acessível para a equipe.  

Visto isso, as atividades de gestão são essenciais na prática da Enfermagem,  especialmente para os enfermeiros, tendo um impacto direto na qualidade da assistência  prestada aos pacientes. De acordo com o artigo 11 da Lei nº 7498 de 25 de junho de 1986, que  regulamenta o exercício da Enfermagem, é responsabilidade do enfermeiro “organizar e  dirigir os serviços de enfermagem e suas atividades técnicas e auxiliares nas instituições que  prestam esses serviços” (Nascimento, 2022). 

Além das atividades do cotidiano do quartão, o estágio proporcionou a oportunidade  do Estudo de Caso, onde foi possível acompanhar um paciente de perto e fazer o processo da  Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), coletar dados e estudar seu caso para  então apresentar aos professores do estágio, agregando em conhecimento e prática integral.  

À passagem nos outros setores, sala de emergência e sala do trauma, foi breve, porém  enriquecedora. Pois o nível de cuidado desses pacientes é diferente da enfermaria. Logo, a  conduta como enfermeira precisa ser diferente, pois é necessária uma ação rápida para agir  frente ao problema do paciente mais grave, forçando então à mudança do raciocínio clínico.  Ambos os setores são salas com multiprofissionais em tempo integral, com médicos,  residentes e o fisioterapeuta que reveza entre os dois setores, sendo possível ver o trabalho em  equipe de forma integral e contínua.  

O diferencial desses setores foi à oportunidade de conhecer e aprender melhor sobre a  atuação dos outros profissionais, como o fisioterapeuta na qual explicava de forma paciente e detalhada sobre o funcionamento do respirador; dos enfermeiros que falavam minuciosamente  sobre as bombas de medicação e as drogas vasoativas, sobre o carrinho de parada e como ele  funciona, explicavam sobre a interação das medicações; e a equipe médica explicando o  raciocínio clínico do caso do paciente. Além desses ensinamentos foi possível aplicar técnicas  na qual não eram feitas na enfermaria como à medição da pressão arterial invasiva (PAI),  punção guiada por ultrassom, bem como à experiência em participar ativamente de uma  parada cardiorrespiratória (PCR). 

Foi possível observar que os setores de emergências conseguem trabalhar em equipe  de forma mais unida, onde cada um sabe sua função e seu lugar, porém todos se ajudam  durante a assistência. Há uma comunicação mais efetiva e clara entre eles, o treinamento e  nível de conhecimento da equipe é atualizado, visto que os cuidados na emergência inovam a  todo momento.  

A enfermaria foi o local onde à autonomia e tomada de decisão foram mais evidentes,  incluindo as atividades de cunho administrativos, com um forte vínculo criado com a equipe  no geral, as preceptoras confiavam o setor nas mãos da estagiária. Já nos setores de  emergências, foi absorvida a relevância de estar sempre estudando e adquirindo novos  conhecimentos sobre principalmente as emergências e patologias que chegam no setor, à  importância de pensar e agir rápido, à necessidade do trabalho em equipe para um melhor  resultado frente ao paciente e distribuição na carga de trabalho para à equipe. Na sala de  emergência, foram atribuídas funções tanto de gestão quanto de assistência. Já na sala de  trauma foram feitas mais atividades assistenciais, onde as tarefas eram diretamente  relacionadas ao cuidado do paciente. Foi pouco falado sobre as atribuições gerenciais do  enfermeiro do setor. Aparentemente esse contraste foi devido ao ambiente da sala de  emergência ter pacientes mais estáveis.  

De modo geral, o que tornou a experiência do estágio mais valiosa foi o fato de  realizar o rodízio entre os setores, pois foi possível aplicar os diferentes níveis de cuidado e  realizar procedimentos de enfermagem na qual em apenas um setor (como na enfermaria) não  seria possível realizar, enriquecendo assim o conteúdo acadêmico. Outrossim, foi possível  identificar os pontos fortes e as falhas de cada setor, tanto como unidade de cuidado como em  campo de estágio para o aprendizado. Cada local teve sua particularidade, com grau de  complexidade do cuidado diferentes, com diferença entre a afinidade e confiança dos  preceptores para com a aluna. Em síntese, essa dinâmica foi fundamental para a formação do  raciocínio clínico e entendimento do fluxo ideal na unidade do pronto socorro, contribuindo  para o crescimento profissional e pessoal. 

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Durante a vivência do estágio, após passar por três setores, a estudante pôde perceber  a necessidade das unidades do PS se comunicarem entre si. Visto que à sala vermelha (sala de  trauma), tem a precisão de transferir os pacientes para que possam receber outros, ora mais  graves dos que saem da sala, e o local com fluxo direto e rápido é a enfermaria. Devido a esse  rodízio realizado entre as unidades, foi possível o entendimento que situações de emergência  acontecendo em outra sala reflete diretamente na sobrecarga da enfermaria. 

O período vivido na enfermaria, foi muito prazeroso pois as enfermeiras responsáveis  depositaram muita confiança e deram à discente total autonomia para que pudesse conduzir o  setor, tal como futura enfermeira, com grandes responsabilidades. Essa experiência imersiva  dentro do Pronto-Socorro trouxe uma ampla visão de que a enfermagem vai além do cuidar no  modo assistencial. Mas também é gerir o setor e a sua equipe de forma resoluta, treiná-los para  que sejam ofertadas a melhor assistência aos pacientes, comunicar com os setores  relacionados, resolver pendências de forma rápida e efetiva para desobstruir o fluxo de  alocação dos internados. Além de tudo, ouvir as necessidades dos pacientes, de forma  humanizada, dando a eles a oportunidade de serem praticantes ativos no seu processo de  cuidado, junto de seu acompanhante. Pode-se afirmar que o objetivo do estágio em favorecer  a formação profissional e pessoal foi atingido.  

REFERÊNCIAS 

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1Discente do Curso Superior de Enfermagem do Instituto FAMED da Universidade Federal de Uberlândia. e-mail: eduarda.andrade@ufu.com.br ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8632-0897 

2Docente do Curso Superior de Enfermagem do Instituto FAMED da Universidade Federal de Uberlândia.  Doutora em Atenção à saúde (PPGAT/UFTM). e-mail: mrsilva@ufu.com.br ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1661-6312 

3Enfermeiro Técnico Administrativo em Educação da Universidade Federal de Uberlândia. Doutor em Ciências (USP). e-mail: famed@ufu.com.br ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8779-8171