REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ma10202504120913
Kathleen Lourenne Alves Lobo
Orientador: Thiago Figueiredo de Castro
Coorientadora: Alexandra Gouveia de Oliveira Miranda Moura
RESUMO
O presente trabalho analisa a organização dos serviços nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) para o atendimento de gestantes e puérperas, sob a perspectiva dos princípios da Atenção Primária à Saúde (APS). A pesquisa baseia-se na lei e as diretrizes que regem a organização e o funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS), cuja compreensão de que acessibilidade, integralidade, longitudinalidade e coordenação do cuidado são elementos fundamentais no cuidado durante o período gravídico-puerperal. O estudo revela que apenas 15% das usuárias recebem atendimento adequado considerando parâmetros de qualidade como quantidade de consultas, orientação e avaliações em geral. Em contrapartida, a implantação das ESF apresentou resultados promissores, com indicadores de qualidade ligeiramente melhores, principalmente os relacionados ao número de consultas, o período de ingresso e a adequação do atendimento. A pesquisa levantou cinco fraquezas principais na organização dos serviços: infraestrutura inadequada, com 57% das Unidades avaliadas como total ou parcialmente inadequadas; comunicação e integração deficientes entre os níveis de atenção; subutilização dos sistemas de informação; atenção insuficiente à saúde da mulher no pós-parto; e vigilância inadequada de agravos surgidos no período gravídico, como diabetes gestacional, síndromes hipertensivas e transtornos mentais. Destas fraquezas, surgem as seguintes necessidades: melhoria da infraestrutura e equipamentos; fortalecimento da integração dos níveis de serviços; capacitação contínua dos profissionais; ampliação das atividades de aproximação como grupos e visitas domiciliares; e desenvolvimento de protocolos específicos para o período puerperal.
Palavras-chave: Atenção primária à saúde integralidade em saúde; atributos essenciais da APS; Saúde materno-infantil.
ABSTRACT
The present work analyzes the organization of services in Basic Health Units for the care of pregnant women and new mothers, from the perspective of Primary Health Care principles. The research is based on the law and guidelines that govern the organization and functioning of the Unified Health System, with the understanding that accessibility, comprehensiveness, longitudinality, and coordination of care are fundamental elements in care during the pregnancy-puerperal period. The study reveals that only 15% of users receive adequate care considering quality parameters such as number of consultations, guidance, and general exams. In contrast, the implementation of Family Health Strategies showed promising results, with slightly better quality indicators, especially those related to the number of consultations, the period of entry, and the adequacy of care. The research identified five main weaknesses in the organization of services: inadequate infrastructure, with 57% of units evaluated as totally or partially inadequate; poor communication and integration between levels of care; underutilization/misuse of information systems; insufficient attention to women’s health in the puerperal period; and inadequate surveillance of health problems that arise during pregnancy, such as gestational diabetes, hypertensive syndromes, and mental disorders. From these weaknesses, the following needs emerge: improvement of infrastructure and equipment; strengthening the integration of service levels; continuous training of professionals; expansion of outreach activities such as groups and home visits; and development of specific protocols for the puerperal period.
Keywords: Primary health care; essential attributes of primary health care; maternal and child health.
1 INTRODUÇÃO
A organização dos serviços nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) é essencial para assegurar uma assistência de qualidade às gestantes e puérperas, especialmente no contexto da implementação dos princípios da Atenção Primária à Saúde (APS). A abordagem amparada nos pilares de primeiro contato,, integralidade, longitudinalidade e coordenação do cuidado, fundamenta um atendimento contínuo e de qualidade, crucial durante os períodos gestacional e puerperal. Portanto, a estruturação dos serviços nas UBS deve ser feita de modo a facilitar a colaboração entre os diferentes profissionais de saúde, assegurando um cuidado completo e integrado, que atenda às necessidades da mulher, sua parceria e sua família, desde o início do pré-natal até o pós-parto. (Ministério da Saúde, 2025)
Nos últimos anos, o Sistema Único de Saúde (SUS) tem dado prioridade ao fortalecimento da APS, reconhecendo sua relevância como eixo central no cuidado à saúde materno infantil. O pré-natal e o puerpério são fases críticas para a saúde das mulheres e dos recém-nascidos, e a UBS, ao disponibilizar serviços próximos à comunidade, se torna o principal ponto de atenção para um atendimento qualificado e centrado na pessoa e na família. A estruturação do serviço deve, por conseguinte, focar em garantir o monitoramento constante dessas fases, levando em conta não somente as consultas médicas e de enfermagem, mas também as iniciativas de educação em saúde, prevenção de complicações e apoio emocional para as gestantes e puérperas, de modo multiprofissional.
Entretanto, a criação de uma organização efetiva nas UBS enfrenta desafios consideráveis, como a falta de recursos, a ausência de uma infraestrutura adequada e a alta demanda por serviços. Além disso, a colaboração entre os diferentes profissionais de saúde e a coordenação das ações nos variados níveis de atenção nem sempre é realizada de forma efetiva. Com isso em vista, a pesquisa tem como objetivo examinar como os atributos da APS são implementados nas UBS, identificando as principais dificuldades e soluções para proporcionar uma assistência de saúde materna e infantil acessível, resolutiva e que atenda às necessidades da população.
2 REVISÃO DE LITERATURA
A organização dos serviços nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) desempenha um papel fundamental na promoção da saúde e no atendimento adequado às necessidades da população. A Atenção Primária à Saúde (APS) é a principal porta de entrada para o Sistema Único de Saúde (SUS) e se caracteriza por um modelo integral, contínuo e acessível, que busca atender às diversas demandas de saúde de forma eficaz e resolutiva. Para garantir a qualidade do atendimento, especialmente nas áreas de pré-natal e puerperal, é essencial que os serviços da UBS sejam organizados de acordo com os atributos da APS, que incluem acessibilidade, longitudinalidade, integralidade, coordenação do cuidado e vínculo com os usuários.
A atenção pré-natal e puerperal é um componente crucial para a saúde das gestantes e puérperas, pois contribui para a prevenção de complicações e para a promoção de um acompanhamento adequado durante a gestação e no pós-parto. A organização dos serviços nas UBS deve assegurar que esses atributos da APS sejam aplicados de maneira efetiva, garantindo que as gestantes recebam atendimento contínuo, de qualidade e conforme as suas necessidades específicas. Para isso, a UBS deve contar com equipes capacitadas, processos de trabalho bem definidos e uma estrutura que favoreça o acesso e o acompanhamento adequado das gestantes.
Este trabalho tem como objetivo analisar como a organização dos serviços nas UBS, com base nos atributos da APS, pode contribuir para a promoção de um atendimento pré-natal e puerperal de qualidade. Através dessa análise, busca-se identificar boas práticas e estratégias que favoreçam a implementação de um modelo de cuidado que priorize a integralidade e a resolutividade, garantindo a saúde das gestantes e puérperas e, consequentemente, a melhoria dos indicadores de saúde materno-infantil no Brasil.
A Atenção Primária à Saúde (APS) é uma abordagem da saúde que visa a promoção do cuidado integral e contínuo, com foco na prevenção de doenças, promoção da saúde e no cuidado comunitário. Ela é considerada a porta de entrada preferencial para o sistema de saúde, buscando reduzir a sobrecarga dos níveis secundários e terciários de cuidado, além de organizar o fluxo de pacientes dentro do sistema de saúde. (Ministério Da Saúde, 2025; Starfield, 2024)
As diretrizes da APS são baseadas em princípios que envolvem a acessibilidade, a continuidade do cuidado, a coordenação do cuidado, a integralidade e a participação comunitária. A APS se orienta por um conjunto de princípios estabelecidos em documentos internacionais, como a Declaração de Alma-Ata (1978), e também por diretrizes específicas do SUS.
À APS cabe, para além da função de resolver 90% dos problemas de saúde mais comuns, o papel de integração vertical entre os níveis de cuidado, que em geral são fragmentados por natureza (Mendes, 2009). Ademais, o autor defende a introdução da APS em 3 planos diferentes:
Esse papel integrativo da atenção primária à saúde manifesta-se em três planos: funcional, organizacional e educacional. A integração funcional implica a superação de uma visão estrita dos pacientes doentes por uma abordagem integrada das necessidades de saúde de populações e indivíduos, de suas famílias e da comunidade. A integração organizacional envolve a atenção primária como coordenadora da atenção à saúde em todos os pontos de atenção, a integração do cuidado por equipes multidisciplinares e a integração intersetorial, especialmente com os serviços de assistência social. A integração educacional visa a desenvolver atitudes, conhecimentos e habilidades nos profissionais de saúde através de educação permanente e a mudar comportamentos nas pessoas através da educação em saúde. (Mendes, p.5, 2009)
As Unidades Básicas de Saúde (UBS) são as unidades responsáveis pela execução da APS no Brasil. Elas oferecem serviços de cuidado integral, desde a promoção da saúde até o tratamento de doenças, e são a principal porta de entrada para o SUS. Elas atuam com equipes de Saúde da Família, que têm um papel central na organização e oferta de cuidados primários. (Ministério Da Saúde, 2022)
Vale destacar a importância de se procurar primeiro a APS, a qual é considerada a porta de entrada para o atendimento, e para o acesso aos outros níveis de atenção à saúde. Porém, obstáculos como taxa de evasão e qualificação precária corroboram para a baixa cobertura às gestantes.
São inúmeras as hipóteses que tentam explicar o motivo pelo qual as pessoas não procuram a APS: pouca resolutividade no serviço, problemas na qualidade da assistência primária, falha na comunicação entre serviço primário e especialidades ou mesmo limitações de recursos humanos (Kuhnt & Vollmer, 2017). Uma forma de minimizar essa evasão seria uma boa organização do serviço de APS, contribuindo de forma positiva na saúde da população e como resultado aumentando sua eficácia, dessa forma haveria uma maior satisfação por parte dos usuários e, consequentemente, uma maior procura pelos serviços.
Embora esforços significativos tenham sido realizados para ampliar a cobertura da assistência às gestantes na APS e reduzir a taxa de evasão, tanto em âmbito nacional quanto internacional, a saúde materno-infantil continua sendo um tema relevante de pesquisa, pois atesta-se a necessidade de superar os modelos atuais de educação e intervenção, considerados dicotômicos (Veiga et al., 2023). A redução da mortalidade materna e infantil permanece lenta, então mantém-se como prioridade nas agendas políticas globais, motivo pelo qual foi novamente destacada entre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: apelo global à ação apoiado pelas Nações Unidas a fim de aprimorar a saúde e bem-estar da população, no Brasil (Onu, 2025).
As ações voltadas para o aumento da qualificação da atenção à saúde da mulher e da criança são prioridades nas políticas públicas e têm contribuído para avanços significativos na redução das mortalidades materna e infantil (Veiga et al., 2023). A análise de intervenções educativas interprofissionais voltadas à qualificação da atenção pré-natal, no contexto da APS, evidenciou a importância de abordagens construtivistas, participativas e interprofissionais. Essas metodologias são fundamentais para ampliar perspectivas teóricas e ressignificar os processos de trabalho em diferentes pontos da rede de saúde.
Uma das formas da APS conseguir atender as necessidades é conhecer o contexto social onde o binômio mãe e filho estão inseridos através de visitas domiciliares: estratégia que permite uma maior aproximação entre os profissionais e a família, facilitando conhecer e promover intervenções sobre os determinantes sociais do processo saúde-doença. Ainda, visa atender as diferentes necessidades de saúde, além das voltadas especificamente para o conjunto mãe/filho: habitação, higiene, saneamento, etc (Kebian, 2014).
Segundo Dixit (2013), este instrumento complementar de investigação deve ocorrer tanto antes do parto, quanto após, em especial, na primeira semana após a alta do recém-nascido. Caso bem sucedido, há uma tendência maior de que as mães tragam os recém-nascidos de volta às instituições de saúde para serviços como vacinação e acompanhamento nutricional. Por outro lado, caso não haja o retorno ou as boas práticas no cuidado à criança não estejam sendo realizadas, isso pode ser entendido como um erro, em nível institucional, nos cuidados do mesmo, pondo em cheque a qualidade e eficácia de investimento no sistema de saúde (Claire, 2019).
“A assistência pré-natal abrange um conjunto de medidas prospectivas que visam contribuir para desfechos favoráveis no parto, nascimento e pós-parto. Essas medidas multidimensionais e interprofissionais incluem intervenções que vão da promoção, educação e detecção ao tratamento precoce de agravos” (Veiga, p. 2, 2023).
Um pré-natal qualificado, pautado nas recomendações do Ministério da Saúde (MS), reduzem as chances de intercorrências perinatais, como baixo peso e prematuridade, além de reduzir as chances de complicações obstétricas, como eclâmpsia, diabetes gestacional e mortes maternas (Marques et al., 2021). A qualidade da atenção pré-natal está associada, entre outros fatores, à comunicação entre os profissionais, à participação ativa na tomada de decisões e no fomento de abordagens interprofissionais que conduzem a um cuidado integral (Veiga, 2023).
As medidas que visam aprimorar a eficácia da assistência às gestantes, no período pré-natal, limitam-se a: número de consultas pré-natais, grupos de gestantes, programas de prevenção de doenças, inclusão do acompanhante ou pessoa próxima desde o pré-natal ao parto e nascimento, orientações nutricionais e medicamentosas, ampliação e fortalecimento da atuação dos enfermeiros obstétricos, entre outras.
Apesar dos avanços observados da implementação das medidas supracitadas, investigações destacam lacunas importantes, em âmbito nacional, no que tange à assistência pré-natal na APS: qualificação deficitária dos profissionais de saúde, dificuldades organizacionais, limitando o acesso e cobertura, além da gestão do cuidado pré-natal (Veiga, 2023).
De acordo com Marques et al. (2021), embora a cobertura de pré-natal entre gestantes atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) seja elevada, uma pesquisa nacional realizada em 2011/2012, que avaliou a adequação do pré-natal com base nas recomendações do Ministério da Saúde, revelou que apenas 21,6% das mulheres tiveram acompanhamento pré-natal considerado adequado. Esse dado destaca que, além do número elevado de consultas, é essencial avaliar a qualidade do atendimento prestado.
Ainda segundo os mesmos autores, uma pesquisa que analisou a qualidade do atendimento pré-natal na atenção básica de saúde no Brasil mostrou que somente 60% das gestantes atendidas pelo SUS receberam todas as orientações recomendadas pelo Ministério da Saúde durante o acompanhamento pré-natal e das orientações prestadas, 39,7% apresentaram inadequação, conforme instruções preconizadas pelo MS.
Diante deste cenário, são necessárias novas abordagens de intervenção, a partir de uma visão ampliada do que ocorre em outras realidades. Quanto a avaliação de questões referentes às condutas humanizadas adotadas no pré-parto, parto e pós-parto imediato, a Rede Cegonha é uma estratégia do Ministério da Saúde para a implementação de uma rede de cuidados às mulheres, por meio do direito ao planejamento reprodutivo, à atenção humanizada e destaca em seus princípios a garantia das boas práticas e segurança ao parto e nascimento. Além disso, estabelece a garantia de acompanhante durante o acolhimento e o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato (Ebserh, 2021).
Ademais, medidas em nível governamental propiciaram avanços relacionados à institucionalização de protocolos, fluxogramas, manuais, o que resultou no aumento do número de consultas pré-natais, na busca ativa de gestantes, no fortalecimento do vínculo profissional-usuária, entre outros progressos. Essas iniciativas são importantes e necessárias, mas não suficientes para reduzir as taxas de morbimortalidade materna e infantil (Ministério Da Saúde, 2005).
O pós-parto, também conhecido como puerpério, é definido como uma fase ativa do ciclo gravídico-puerperal, marcada por diversos fenômenos hormonais, psíquicos e metabólicos. Esses fenômenos incluem tanto ações involutivas quanto processos relacionados à síntese e ao anabolismo. (Silva et al., 2008)
De acordo com as Nações Unidas (2022), as primeiras seis semanas após o nascimento do bebê são cruciais para a sua saúde e da sua mãe. É neste período que há a maior necessidade de cuidado intensivo e observação, de preferência, por uma equipe multiprofissional e rede de apoio ao conjunto mãe/recém-nascido.
O vínculo entre mãe e filho, além de ser favorável para a construção de sentimentos maternos, também é essencial para estimular o desenvolvimento infantil, pois incita o recém-nascido a desenvolver estímulos essenciais, como os relacionados ao aleitamento. Assim como o período pré-natal e o momento do parto, o pós-parto é um período que necessita de atenção, pois boa parte das situações de morbidade e mortalidade materna e neonatal acontece na primeira semana após o parto.
Números recentes indicam que há uma estimativa de 303.000 mortes maternas por ano, resultantes de complicações relacionadas a gravidez, parto ou período pós-parto. Essas complicações podem ser indicativas, em parte, da má qualidade da atenção pré-natal e puerperal (Muller, 2014).
Portanto, tão importante quanto proporcionar uma gestação de qualidade, é propiciar, no pós-parto, a continuidade dessa assistência. Para tal, ressalta-se a importância da equipe multiprofissional da APS para atender as necessidades de saúde da mãe e filho neste período, bem como planejar a organização da rede regional de atenção à saúde para garantir o acesso e o acolhimento de todas as mulheres durante as diversas fases do ciclo gravídico-puerperal, a partir da integração entre as diversas unidades de atenção à saúde (São Paulo, 2021).
Dentre as intercorrências mais comuns, notadas durante as visitas domiciliares de puérperas, destacaram-se as seguintes: amamentação inadequada, intercorrências mamárias, vacinação do recém-nascido, cuidados no coto umbilical, banhos, sangramento transvaginal e infecção puerperal (Oliveira, 2012). Por esses e outros motivos, o retorno da mulher e do recém-nascido ao serviço de saúde deve acontecer logo na primeira semana após o parto e ser continuado, de acordo com a necessidade e recomendação médica.
A qualidade da assistência ao parto e pós-parto é um dos indicadores mais importantes na avaliação do sistema de saúde, especialmente na Atenção Primária à Saúde (APS), que é a principal porta de entrada para o atendimento das gestantes e puérperas no Brasil. A percepção das usuárias sobre o atendimento recebido durante o parto e pós-parto reflete diretamente a eficiência e a eficácia dos serviços oferecidos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Quando a assistência é realizada de maneira humanizada, com respeito às escolhas das mulheres, e com acesso contínuo a cuidados médicos adequados, a satisfação das usuárias tende a ser mais positiva. A qualidade do cuidado no pós-parto também é essencial para a recuperação da mulher e para a promoção da saúde materno-infantil.
Um indicador significativo, por exemplo, é a percepção das usuárias que podem revelar tanto aspectos positivos quanto negativos da assistência prestada, permitindo identificar pontos fortes e áreas que necessitam de melhorias. A experiência da mulher com o cuidado durante o parto e pós-parto na APS deve ser pautada pela integralidade do atendimento, pela comunicação eficaz com os profissionais de saúde, e pelo acolhimento das necessidades emocionais e físicas das pacientes. Dessa forma, analisar a qualidade da assistência ao parto e pós-parto sob a ótica das usuárias é uma ferramenta valiosa para o aprimoramento das práticas na APS, buscando sempre a melhoria na experiência e nos resultados para as mulheres atendidas.
3 OBJETIVOS
Objetivo geral
Analisar de que forma a organização dos serviços nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) deve ocorrer para a promoção de assistência pré-natal e puerperal de qualidade, fundamentando-se nos atributos essenciais da Atenção Primária à Saúde (APS).
Objetivos específicos
- Identificar os atributos essenciais da APS que impactam a organização dos serviços na UBS no contexto da assistência pré-natal e puerperal.
- Examinar as práticas organizacionais nas UBS que favorecem o cuidado integral e de qualidade durante o pré-natal e o período puerperal, com foco nas estratégias de coordenação do cuidado e continuidade da assistência.
- Propor recomendações baseadas nos atributos essenciais da APS para aprimorar a organização dos serviços de saúde na UBS, visando melhorar os cuidados pré-natal e puerperal.
4 MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA
Neste trabalho, foi utilizado o método de pesquisa qualitativo, de caráter exploratório, por meio de revisão integrativa da literatura, um método que permite a síntese do conhecimento disponível sobre um tema, abrangendo diferentes tipos de estudos. A revisão foi conduzida seguindo as etapas recomendadas por Mendes, Silveira e Galvão (2008), garantindo rigor metodológico, tendo como cerne de interesse a seguinte pergunta norteadora: “Como deve ocorrer a organização dos serviços na Unidade Básica de Saúde para promover assistência pré-natal e puerperal de qualidade, baseado nos atributos essenciais da Atenção Primária à Saúde?”
Tipo de Pesquisa
Sobre a revisão integrativa, é um método de pesquisa que sintetiza e analisa criticamente estudos publicados sobre um determinado tema, permitindo uma visão abrangente e fundamentada sobre a área investigada (Souza; Silva; Carvalho, 2010). Neste, é prevista a inclusão simultânea de pesquisas experimentais e não-experimentais, proporcionando o entendimento a partir de ambos os pontos de vista. O caráter exploratório demonstra o objetivo de buscar maior familiaridade com o tema proposto, analisando informações advindas da literatura a fim de elaborar hipóteses ou intuições. Por fim, por ter abordagem qualitativa, visa-se o estudo de aspectos subjetivos: contexto, impacto social, local, tempo, etc.
Segundo Souza, Silva e Carvalho (2010), nesse tipo de revisão são previstos 6 passos que definem a metodologia de pesquisa:
- Elaboração da pergunta norteadora: 1ª e mais importante fase da revisão integrativa, pois define quais informações serão incluídas na base do texto.
- Busca ou amostragem na literatura: busca em bases de dados ampla e diversificada, como bases eletrônicas, manuais, documentos normativos e referências não publicadas.
- Coleta de dados: extração dos dados relevantes para o objetivo do texto.
- Análise crítica dos estudos incluídos: análise dos dados e conclusões obtidas dos estudos colhidos, atribuindo maior relevância aos estudos experimentais e/ou meta-análises de estudos voltados ao tema e menor para evidências baseadas em relatos de caso ou opiniões de envolvidos direta ou indiretamente.
- Discussão dos resultados: nesta etapa, comparam-se os dados obtidos a um referencial, que neste caso são os documentos normativos que norteiam a existência e operacionalidade da APS.
- Apresentação da revisão integrativa: apresentação clara e concisa dos achados, permitindo ao leitor o entendimento completo do objetivo de estudo.
Bases de Dados
Para a construção desta pesquisa, foram considerados dados obtidos de diversas fontes, incluindo sites, blogs, portais governamentais, artigos e revistas, considerando publicações entre 2015 e 2025, principalmente das seguintes fontes:
- SciELO
- PubMed
- Biblioteca Virtual em Saúde (BVS)
- Periódicos UFES
- Portais Governamentais (Secretarias de Estado, Ministério da Saúde, etc.)
- MV Sistemas Blog
- Portais da ONU/ONU Brasil
Os descritores utilizados foram selecionados conforme os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS/MeSH) e combinados por meio de operadores booleanos (AND, OR), conforme exemplo abaixo:
(“Estratégia Saúde da Família” OR “Family Health Strategy”) AND (“Atenção Primária à Saúde” OR “Primary Health Care”) AND (“Cuidado Pré-Natal” OR “Prenatal Care”) AND (“Planejamento de Assistência ao Paciente” OR “Coordenação do Cuidado”) AND (“Acesso à Atenção Primária” OR “Health Services Accessibility”) AND (“Integralidade em Saúde” OR “Comprehensive Health Care”) AND (“Continuidade da Assistência ao Paciente” OR “Continuity of Patient Care”) AND (“Qualidade da Assistência à Saúde” OR “Quality of Health Care”) AND (“Avaliação da Assistência à Saúde” OR “Health Care Evaluation”)
Critérios de Inclusão
- Artigos publicados em português, inglês e espanhol
- Publicações dos últimos 20 anos (2005-2025)
- Estudos que abordam a organização dos serviços de saúde na UBS
- Pesquisas relacionadas à assistência pré-natal e puerperal
- Pesquisas relacionadas à qualidade da assistência prestada pela Atenção Primária, separadamente e com relação aos outros níveis.
- Documentos oficiais do Ministério da Saúde
- Trabalhos, entrevistas ou blogs que discutem os atributos da APS e como são aplicados
Critérios de Exclusão
- Estudos que não abordam a temática relevante para a pesquisa
- Artigos com informações duplicadas nas bases de dados
- Análises ou discussões oferecidas por não especialistas na área da saúde
- Publicações com mais de 20 anos
- Trabalhos não disponíveis publicamente
Análise dos Dados
A análise dos achados foi feita de forma descritiva e interpretativa, permitindo a síntese das principais estratégias para a organização dos serviços de APS na assistência pré-natal e puerperal.
Síntese dos Resultados
A síntese dos dados foi realizada de maneira narrativa, destacando como os atributos essenciais da APS influenciam a qualidade da assistência pré-natal e puerperal nas UBS. Foram identificadas boas práticas, desafios e recomendações para aprimorar a organização dos serviços.
5 RESULTADOS
Com base nos critérios de inclusão estabelecidos, a utilização dos descritores nas bases de dados supracitadas e a metodologia escolhida culminou no seguinte fluxograma prisma de seleção de referências.

6 DISCUSSÃO
Segundo o Ministério da Saúde (MS), as Unidades Básicas de Saúde (UBS) são a porta de entrada para o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, nas quais são oferecidos serviços de atenção primária, que abrangem: prevenção, diagnóstico e tratamento de diversas condições de saúde. Elas desempenham um papel fundamental na promoção da saúde e na prevenção de doenças, atuando diretamente nas comunidades e atendendo a população em geral.
A lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, que rege a organização e funcionamento do SUS, estabelece princípios da APS a serem seguidos, que estão diretamente ligados à operacionalização das UBS. Dentre os princípios, o estudo se norteará em 4, tidos como essenciais por Aguiar e Martins (2012); Oliveira e Pereira (2013): acesso/atenção ao primeiro contato, longitudinalidade, integralidade e coordenação do cuidado. Como aspectos qualificadores, o autor ressalta a centralização na família, competência cultural e orientação comunitária.
A Política Nacional de Atenção Básica, Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017, regida pelo MS, de acordo com os princípios criados, estabelece que é preciso reconhecer as necessidades da população adscrita 一 que se encontra no território da ABS. Ao reconhecê-las, vínculos de cuidado e responsabilização entre os profissionais de saúde e pacientes tendem a ser criados e a longitudinalidade (continuidade) do tratamento é facilitada e a resolutividade mais provável.
Uma revisão integrativa realizada por Schimith (2011) identificou cinco aspectos essenciais nessas relações, no Brasil: a confiança mútua, os sentimentos e significados no cuidado, a importância da comunicação, a organização das práticas de saúde e a perspectiva (des)colonialista. O autor destaca, ainda, que pesquisas na Argentina e Cuba comprovaram a relação entre qualidade da assistência e o desfecho dos tratamentos, seja adesão ou abandono.
Outro fator que contribui, ou não, para o retorno às UBS é o atendimento às mães: o acolhimento com escuta qualificada, exames completos e específicos para puérperas e a atenção aos detalhes e queixas são essenciais para o tratamento adequado ou encaminhamento, caso necessário.
Quanto à completude dos atendimentos mencionados, Tomasi et al. (2017) analisou o censo coletado de todas as UBS registradas no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, o qual coletou dados tanto dos usuários quanto dos profissionais de saúde. De acordo com o resultado, apenas 15% das entrevistadas receberam uma atenção de qualidade, o que põe em cheque o atendimento oferecido.
Parte do cuidado, quando não todo, é realizado pela equipe de enfermagem nas UBS, logo, tem contribuição significativa nos parâmetros de qualidade. Duarte et al. (2006), ao tratar sobre este papel, argumentou que parte importante do ato de cuidar se dá na atenção ao conteúdo emocional e no vínculo de acolhimento, e não apenas no procedimento prescritivo. Assim, o profissional deve “olhar” para além do histórico clínico para assegurar um atendimento de qualidade.
No Programa Saúde da Família, uma das estratégias utilizadas para o fortalecimento desse vínculo é atividades em grupo, cujo objetivo é a orientação e a inserção da grávida no ambiente da UBS, junto a outras. Dentre os tópicos abordados nos encontros, os considerados essenciais são a importância do pré-natal, sexualidade, higiene, dieta e alterações corporais e emocionais.
Segundo depoimentos, os encontros fomentam o entendimento aprofundado das mudanças ocorridas, ou que venham a ocorrer, e enfrentam o medo e a insegurança no início do período gravídico. Ademais, proporcionam maior sensação de acolhimento, quando comparados a centros hospitalares comuns, onde a relação de proximidade é dificultada. (Ribeiro, 2019 & Costa, 2009)
Outra estratégia de melhoria é a expansão da quantidade de postos, em especial, os que possuem Equipe Saúde da Família (ESF): segundo Anversa (2012), a assistência a qualidade apresentada por ambos os modelos, UBS e ESF, foi insatisfatória, em 2009 na região sul do país, porém a ESF apresentou melhores resultados nos seguintes aspectos: média de consultas, ingresso precoce e adequação do atendimento.
Em um estudo mais recente, publicado em 2022, realizado com 4.250 mulheres, no Maranhão, aferiu-se um resultado semelhante: as atendidas pelas ESF realizaram mais consultas com a equipe de enfermagem, de 4 a 6, receberam mais orientações sobre toxoplasmose e amamentação e alegaram maior adequação do atendimento, (Cavalcante et al., 2022). Percebe-se, portanto, que a expansão da cobertura das Equipes de Saúde da Família, que hoje gira em torno de 68%, é uma alternativa de melhora dos indicadores de qualidade.
Além da relação profissional-paciente, é imprescindível a articulação e implementação de processos que possibilitem a coordenação entre UBS, centrais de regulação, serviços especializados e níveis de atenção superiores, com fluxos e protocolos padronizados. Assim, há integração entre os níveis de atenção à saúde e o processo ocorre de forma harmônica.
Porém, o cenário observado é distante do ideal: Macedo (2014) realizou um estudo de caso no qual o objetivo central era evidenciar a compreensão das equipes quanto à integralidade, dentre outros fatores. Em 4 dos 5 grupos focais, as dificuldades de integração das ações das UBS com outros níveis de atenção foram evidenciadas de forma fervorosa, junto a sentimentos de descrença e impotência, atribuídas a políticas sociais seletivas e à delegação de serviços de média e alta complexidade ao setor privado. Disto, decorre a fragmentação do cuidado, interferindo diretamente na capacidade de resolução das demandas, atrasos de diagnóstico, redundâncias e ineficiência no uso de recursos. (Mv, 2023)
A falta de interação pessoal entre generalista (UBS) e especialista (níveis de atenção acima) corrobora para o maior isolamento entre atenção básica e especializada. Um dos fatores limitantes para a questão é a insuficiente oferta frente à demanda de atenção especializada, agravada pela baixa integração entre os entes estaduais. (SILVA et al., 2023)
Outro fator se encontra na subutilização de alguns dos sistemas de informação utilizados para integrar os níveis de atenção: SISAB (Sistema de Informação em Saúde para Atenção Básica), e-SUS AB e PEC (Prontuário Eletrônico do Cidadão). Bender (2024) retrata que, no período entre 2014 e 2018, o uso de Tecnologias da Informação aumentou significativamente, com maiores taxas nas regiões Norte e Nordeste.
No entanto, Silva (2007), na época, já abordava a subutilização dos sistemas de informação e a falta de capacitação técnica dos profissionais na sua operacionalização, fatos reforçados pelo Conselho Nacional de Saúde, no Relatório Final da 16º Conferência Nacional de Saúde, em 2019, no qual retrata ainda a falta de interoperabilidade entre os sistemas, de padronização de protocolos e a sobrecarga dos profissionais das UBS.
Ainda no tocante à integralidade, as especialistas Fátima Penso, médica obstetra da Maternidade Leila Diniz SMS/RJ e Valkiria de Lima Braga, enfermeira especialista em enfermagem obstétrica e saúde da família SES/RS em um encontro em 2020, um dos grandes desafios encontrados na APS é a dificuldade de comunicação entre os serviços e a resolutividade dos mesmos. Como solução, é apontada a importância de uma cultura organizacional entre entes cujos objetivos são mútuos, como por exemplo, a Atenção Primária representada pelas UBS e a Atenção Secundária pela maternidade. Embora em níveis e funções distintas, ambas possuem o mesmo objetivo: oferecer uma assistência completa e segura à mãe e filho.
Haja vista as taxas de mortalidade no ciclo gravídico-puerperal, as especialistas enfatizam ainda que as melhorias a serem implementadas para reduzi-las tratam, principalmente, sobre os quesitos comunicação e integralidade: ações compartilhadas entre unidades da RAS, uso de instrumentos, aplicativos ou plataformas de integração já criados (e.g caderneta de gestante e guia de referência à gestante). Como consequência, seria possível criar ou reestruturar políticas assistenciais de transferência do cuidado.
No que tange ao ambiente físico, a Política Nacional de Atenção Básica dita que é fundamental garantir não apenas uma infraestrutura adequada e um local propício, mas também a disponibilidade de equipamentos apropriados, recursos humanos qualificados e materiais e insumos suficientes para que o acesso ao atendimento, atributo essencial da APS, seja conferido.
No Brasil, segundo Guimarães (2018), as dimensões “acesso”, “qualidade do cuidado pré-natal” e “ações gerenciais para a garantia ao acesso” foram avaliadas como inadequadas, em nível nacional, tendo como destaques negativos as regiões Norte e Centro-oeste. A dimensão “disponibilidade de infraestrutura” teve 57% das Unidades de Saúde da Família avaliadas como total ou parcialmente inadequadas. Outro estudo, realizado por Moreira (2017), no qual foram aferidas as dimensões “Autoavaliação da Melhoria do Acesso” e “Qualidade da Atenção Básica”, do tal de 75 equipes avaliadas, 48% situam-se em um padrão insatisfatório, no Estado do Mato Grosso.
Silva et al. (2023), em sua revisão integrativa, identificaram várias carências, entre as quais destacaram a falta de prestação de uma ampla categoria de serviços curativos e preventivos, rotineiros e de urgência nas unidades da ESF ou no domicílio.
Tendo em vista essa deficiência, o Ministério da Saúde, em consonância com o proposto nas diretrizes da Política Nacional de Atenção Básica, possui projetos em andamento, como os Laboratórios de Inovação na Atenção Primária, que propõe a reorientação do modelo assistencial e novos projetos arquitetônicos e de engenharia para UBS de porte I, com propostas de melhorias ambientais, focadas no quesito sustentabilidade, e aprimoramento tecnológico. Estas iniciativas buscam transformar o panorama da infraestrutura das unidades de saúde no Brasil, oferecendo soluções que integram design, funcionalidade e responsabilidade ambiental.
Os Laboratórios de Inovação funcionam como incubadoras de ideias e práticas que possam ser replicadas em escala nacional, considerando as peculiaridades regionais e as necessidades específicas de cada território. Além das questões estruturais, estes projetos contemplam a reorganização dos fluxos de trabalho e dos processos assistenciais, visando otimizar recursos e melhorar a experiência do usuário. A implementação de tecnologias digitais, como prontuários eletrônicos integrados e sistemas de agendamento online, também figura entre as propostas, buscando diminuir barreiras de acesso e facilitar a comunicação entre os diferentes níveis de atenção. Estudos preliminares indicam que unidades redesenhadas segundo estes novos parâmetros apresentam melhores indicadores de satisfação tanto dos profissionais quanto dos usuários, além de demonstrarem maior eficiência energética e menor impacto ambiental.
Nos atendimentos do período puerperal, também encontraram-se pontos críticos: há um foco demasiado no recém-nato, em detrimento de atenção na saúde da mulher. Assim, questões como a importância do aleitamento, distúrbios emocionais, imunização, contracepção, entre outros, são pouco, ou nada, abordados. Portanto, os profissionais de saúde devem se atentar ao par, durante todo o período de tratamento, visto que as mulheres estão suscetíveis a transtornos puerperais e riscos à saúde. (Camacho, 2006) Ainda no puerpério, é fundamental que a equipe de saúde tenha atenção redobrada a agravos ocorridos no período gravídico, como diabetes gestacional, parto prematuro, hipertensão, pré-eclâmpsia, entre outros. Estudos indicam que, no SUS, a prevalência de diabetes mellitus gestacional é de 7,6% e a de síndromes hipertensivas da gravidez de 18,4%, (Bolognani, 2011 & Gomes, 2015). Normalmente, tais quadros, e outros passíveis de ocorrer, se resolvem após o parto e a mulher não é informada ou orientada a manter o acompanhamento adequado.
Além desses, há a prevalência de transtornos mentais durante a gestação: de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 20% das mulheres podem enfrentar transtornos mentais durante a gestação e no período pós-parto (Lavender, 2013); outro estudo realizado no Brasil identificou uma prevalência de 12,94% de transtornos mentais em gestantes, sendo a depressão a patologia mais frequente. (Schirmer, 2013)
Portanto, o papel da equipe multifuncional é fundamental para estabelecer uma rede de cuidado eficaz, que integre o acompanhamento contínuo e a realização dos exames necessários para a detecção e prevenção de agravos durante o puerpério, sejam eles os já identificados ou outros potenciais riscos à saúde. Uma das estratégias mais citadas para promover a volta do binômio à UBS é a visita domiciliar, que deve ser realizada entre o 3º e o 10º dia após o parto, nos casos de gestação sem complicações, e antes desse período em situações de risco. Além de permitir o acompanhamento do estado geral de saúde da mãe e do recém-nascido, a visita domiciliar também desempenha um papel importante no incentivo à realização de exames essenciais, como o Teste do Pezinho, entre outros.
Ademais, através da visita domiciliar, é possível identificar possíveis casos de violência doméstica: em um levantamento feito por Drezett (2024), foi constatado que a prevalência de violência física durante a gestão atingiu 34,6% das mulheres em 2015, em São Paulo. Ainda, muitas mulheres relatam casos de violência psicológica durante a gestão, (Gürkan et al., 2020).
A violência sexual também possui prevalência relevante: o Rio de Janeiro apresenta indíces que variam entre 2,1% e 9,9% das mulheres, enquanto São Paulo mostra indíces entre 3,1% e 5,0%. O cenário internacional é igualmente alarmante: países como China, Ruanda, Reino Unido e Irã apresentam taxas acima de 9%, (Drezett, 2024). O autor traz, ainda, que complicações obstétricas acometem 35% das mulheres que sofreram violência na gravidez, o que inclui maior risco de aborto, óbito fetal, parto prematuro e maior taxa de subpeso ao nascer.
Outro agravante no período gravídico-puerperal que pode ser contido pelas visitas é o consumo de álcool e tabagismo. De acordo com um estudo conduzido por pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer e da Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health, em 2013, 4,7% das mulheres grávidas no Brasil eram fumantes. Esse número aumentou para 8,5% em 2019, representando aproximadamente 120 mil gestantes fumantes. Metade dessas mulheres são jovens (18 a 24 anos), de baixa renda e com pouca escolaridade.
Hirsch, Januskevicius e Sgorla (2023) mostraram ainda que a equipe de Agentes Comunitários (AC) têm a capacidade de prevenir o acesso tardio da grávida à APS, mitigando quadros, como o do estudo, de toxoplasmose diagnosticado e tratado apenas após a 17ª semana, quando as consequências já eram evidentes. O exemplo trazido por Zamora (2016) reforça a importância da atuação da equipe de ACs na garantia do acesso e longitudinalidade do tratamento: anteriormente ao mapeamento das gestantes e puérperas da região de estudo, a equipe acompanha 23% das gestantes e 37% das puérperas e, após a intervenção, os percentis subiram para 73% e 100%.
Olhando para esse cenário, nota-se que uma postura vigilante da equipe de Atenção Primária nas visitas domiciliares e consultas é capaz de mitigar casos de risco à saúde, recorrendo à rede intersetorial da Administração Pública, quando necessário, para evitar danos biopsicossociais. Essa abordagem preventiva é primordial para identificar precocemente situações de vulnerabilidade, como violência doméstica e transtornos mentais, por exemplo, permitindo intervenções antes que os agravos se intensifiquem e se tornem irreversíveis.
A capacitação contínua das equipes e o trabalho articulado com setores como assistência social, educação e segurança pública são capazes de ampliar a efetividade das ações, promovendo proteção e cuidado de fato assertivo, especialmente no que diz respeito a contextos de vulnerabilidade socioeconômica. Diante dos atributos essenciais preconizados pela APS, estas equipes têm a responsabilidade de garantir que o acesso e a longitudinalidade sejam, de fato, observadas.
7 CONCLUSÃO
A análise realizada neste estudo revelou que a organização dos serviços voltados para a promoção de uma assistência pré-natal e puerperal de qualidade, nas UBS, enfrenta desafios consideráveis, cujas soluções requerem ações estratégicas e estruturadas, pois envolvem diversos níveis da Administração Pública. Da pesquisa realizada, conclui-se que há pontos críticos que demandam intervenção para que o atendimento seja adequado ao público.
Constatou-se que apenas 15% das usuárias recebem um atendimento adequado, considerando todos os parâmetros de qualidade: número de consultas, orientação durante o pré-natal e qualidade do acompanhamento puerperal. Em contrapartida, a implantação das ESF apresentou resultados promissores, com indicadores de qualidade ligeiramente melhores, principalmente os relacionados ao número de consultas, o período de ingresso e a adequação do atendimento. Logo, a expansão da cobertura das ESF, atualmente em 68%, pode ser uma estratégia efetiva para qualificar a assistência.
Dentre os pontos fracos identificados na organização do serviços nas UBS, destacam-se:
- Infraestrutura inadequada: em 2018, 57% das Unidades de Saúde da Família foram avaliadas como total ou parcialmente inadequadas do ponto de vista estrutural, e igualmente inadequadas segundo outros domínios de pesquisa, mostrando com clareza a necessidade de investimento em infraestrutura e equipamentos, principalmente em regiões com baixo IDH, onde foram encontrados os menores percentuais de adequação.
- Comunicação e integração deficientes: a inexistência ou despadronização na articulação entre os diferentes níveis de atenção à saúde gera fragmentação do cuidado, reduzindo sua resolubilidade, longitudinalidade e integralidade do tratamento.
- Subutilização dos sistemas de informação: Observa-se uma baixa, ou ineficiente, utilização dos Sistemas de Informação e uma insuficiente capacitação técnica dos profissionais para sua operacionalização. Se faz necessária a padronização de protocolos, atendimentos e melhoria na disponibilidade e uso de Sistemas de Informação.
- Atenção insuficiente à saúde da mulher no pós-parto: O cuidado com a mulher durante o período puerperal é desviado, havendo um foco excessivo no recém-nascido e orientação insuficiente quanto aos passos seguintes, tornando necessária a adoção de estratégias que fortaleçam o vínculo entre profissional-paciente e melhorar a qualidade do atendimento no período pré-natal, de forma a estimular a volta no puerperal.
- Vigilância e acompanhamento inadequados de agravos no período pré-natal: é vital que o monitoramento, no período puerperal, de condições surgidas no período gravídico seja realizado, visto que a ocorrência de agravos como a diabetes gestacional (7,6%), síndromes hipertensivas (18,4%) e transtornos mentais (20%) é comum.
Por fim, destaca-se a importância da vigilância ativa da equipe de saúde sobre os aspectos citados e outras situações de risco, como vícios em substâncias, transtornos mentais, violência doméstica ou situações de vulnerabilidade extrema, que podem comprometer significativamente a saúde materno-infantil. Para isso, a articulação com outros níveis de saúde e a rede intersetorial da administração pública é um fator crucial para o enfrentamento destas questões.
Em estudos complementares, cabe a avaliação do impacto das intervenções propostas de novas estratégias para a melhoria da assistência pré-natal e puerperal no contexto da APS e aplicada nas UBS.
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