OS BENEFÍCIOS DA PRÁTICA DO EXERCÍCIO FÍSICO DURANTE O PERÍODO GESTACIONAL

THE BENEFITS OF PRACTICING PHYSICAL EXERCISE DURING THE GESTATIONAL PERIOD

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202504121331


Ivania Nogueira da Costa1
Milena Silva de Oliveira2


Resumo

A gestação é o período de grandes mudanças biopsicossociais, gestar o feto perpassa por múltiplas esferas e pode afetar na qualidade de vida. O corpo feminino se adapta para garantir as condições mínimas de desenvolvimento do feto, dentre elas o aumento de capacidade dos sistemas cardiovasculares, respiratórios, urinário, entre outros. Contudo, o período é marcado pelas complicações e possíveis doenças oriundas do gestar que podem ser prevenidas ou tratadas. Os exercícios físicos são a principal ferramenta de fortalecimento e prevenção dos quadros patológicos. Neste sentido, apresenta-se a dúvida: quais os benefícios da prática do exercício físico durante o período gestacional? Logo, o objetivo geral é compreender os benefícios da prática do exercício físico durante o período gestacional. Para executar este estudo, utilizou-se o método de revisão integrativa nas plataformas Scielo Br, Periódicos da Capes e BVS no recorte temporal de 2020 a 2025. Na seleção da pesquisa, foram recuperados 54 artigos, mas utilizou-se apenas 5 materiais que se adequaram a proposta temática. Nesse sentido, os resultados apontam que o exercício físico é amplamente recomendado para gestantes devido à melhora na qualidade de vida antes e após o parto, tal como, auxilia na regulação, prevenção e tratamento de determinadas patologias. Portanto, conclui-se que, os exercícios físicos para gestantes trazem benesses a gestante, mas que deve sempre ser acompanhado pelo profissional em Educação Física e o médico responsável para compreender suas demandas e limitações.

Palavras-chave: Exercício Físico. Gestação. Benefícios.

Abstract

Pregnancy is a period of significant biopsychosocial changes. Carrying a fetus involves multiple aspects and can impact quality of life. The female body adapts to ensure the necessary conditions for fetal development, including increased capacity of the cardiovascular, respiratory, and urinary systems, among others. However, this period is also marked by complications and potential pregnancy-related diseases that can be prevented or treated. Physical exercise is the primary tool for strengthening the body and preventing pathological conditions. In this context, the question arises: what are the benefits of physical exercise during pregnancy? Thus, the general objective is to understand the benefits of physical exercise during the gestational period. To conduct this study, an integrative review method was used on the platforms Scielo, Capes Journals, and BVS, covering the period from 2020 to 2025. In the research selection, 54 articles were retrieved, but only five were included as they aligned with the thematic proposal. The results indicate that physical exercise is widely recommended for pregnant women due to its improvement in quality of life before and after childbirth, as well as its role in regulating, preventing, and treating certain pathologies. Therefore, it is concluded that physical exercise brings benefits to pregnant women but should always be supervised by a Physical Education professional and the responsible physician to address individual needs and limitations.

Keywords: Physical Exercise. Gestation. Benefits.

1 INTRODUÇÃO

O período gestacional transforma o corpo feminino em sua essência, desde aspectos físicos quanto mentais. As alterações fisiológicas incluem o aumento de peso e, por consequência, a expansão dos tecidos, sobrecarga na região abdominal, alterações hormonais e novas concepções do que é ser mãe. Todas essas alterações musculoesqueléticas influência na mobilidade e força que, por sua vez, reduz a qualidade de vida do mesmo (Campos et al., 2021).

Mecanicamente, o ganho de massa corporal na região da pelve e abdômen alteram o centro de gravidade da mulher no período gestacional, além de causar desconforto. Os problemas posturais são recorrentes durante a gestação e após o período, devido à disposição compensatória que o corpo realiza, se projetando para a frente. Esses ajustes são possíveis devido à produção de hormônios como a relaxina, que distende a musculatura, o aumento da elasticidade ligamentar e a flexibilidade da coluna. Contudo, essa expansão deixa propenso à hiper lordose (Azevedo; Felício Soares, 2022).

Os possíveis sintomas e patologias oriundas do período gestacional podem ser prevenidos e tratados por meio do exercício físico. Em outrora, acreditava-se que gestantes não podiam realizar exercícios físicos, pois poderiam representar riscos ao feto, desde má formação até o aborto espontâneo. Contudo, os avanços da educação física e os estudos na área comprovaram que a prática é indispensável para a qualidade de vida da gestante e que promove diversos benefícios (Jesus; Lemes, 2020).

A cultura popular e os saberes ancestrais recomendam que a gestante mantenha repouso durante todo o período de nove meses. Contudo, os avanços da tecnologia e estudos na área da saúde, comprovam que a inatividade pode gerar um estilo de vida sedentária. Neste sentido, a Educação Física apontar que o exercício físico é amplamente indicado em qualquer período para mulher, variando apenas na modalidade e intensidade, mediante sua demanda e condições particularidades (Rocha et al., 2020).

Para alguns autores (Santos; Barros, 2021; Rocha et al., 2020; Sousa; Oliveira, 2020), a inatividade na gestação é o elemento chave para o surgimento de patologias relacionadas à inatividade e regulação corporal, a exemplo da obesidade. O corpo humano é um sistema autocompensatório, mas que precisa estar em perfeito equilíbrio, pois seu funcionamento é sistêmico e interdependente.

Para o estilo de vida da mulher tem influência na qualidade e bem-estar durante a gravidez, seja físico, social ou psíquico. Destarte, é nesse plano de fundo que surgem as intervenções direcionadas ao tratamento e a prevenção. O exercício físico para gestantes é amplamente difundido em diversas literaturas. Contudo, alguns materiais sugerem atividade física como o adequado e suficiente para as gestantes (Rocha et al., 2020).

Desse modo, o exercício para gestantes é indicado, mas precisa ser acompanhado por o médico e o profissional em Educação Física para conhecer as subjetividades da paciente, desde as limitações até suas potencialidades, tal como, analisar o quadro de desenvolvimento do feto e como o exercício auxilie na preparação até o momento do parto.

Hodiernamente, instituições internacionais como a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que toda gestante realize 150 minutos de exercícios físicos de baixa intensidade por semana (PAHO/OMS, 2020). Já o Ministério da Saúde por meio do Guia de Atividade Física para a População Brasileira recomenda 75 minutos de atividade vigorosa ou 150 minutos de prática moderada voltada para os exercícios cardiorrespiratório (Brasil, 2021).

Portanto, questiona-se: quais os benefícios da prática do exercício físico durante o período gestacional? Logo, o objetivo geral é compreender os benefícios da prática do exercício físico durante o período gestacional.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Alterações fisiológicas da gestação

O período gestacional é um marco na vida da mulher, seja socialmente, culturalmente e biologicamente. O corpo feminino passa por inúmeras adaptações fisiológicas para gestar outro ser em seu ventre, promovendo o desenvolvimento fetal no período de até nove meses. Para tal, os sistemas trabalham em conjunto alterando a produção hormonal, funcionamento metabólico e expandido a região abdominal e pélvica (Jannuzzi, 2023).

Contudo, as mudanças fisiológicas ocorrem em etapas, a primeira alteração que indica inseminação do óvulo é o distúrbio hormonal com a produção estrogênio, relaxina e a progesterona que, por sua vez, expandem os vasos sanguíneos e o relaxamento muscular que afeta todo o sistema cardiovascular com aumento da frequência cardíaca e vasodilatação (Mesquita; Kanno, 2022).

O sistema respiratório sofre adaptações quanto a capacidade e frequência, especialmente, quando o útero passa a aumentar de tamanho que, por sua vez, pressiona o diafragma e, consequentemente, reduzindo a capacidade. Nesse sentido, a frequência respiratória aumenta o seu funcionamento para realizar o ajuste compensatório para oxigenação do bebê e da mãe (Krasota et al., 2021).

Quanto ao sistema digestivo, sofre com a produção hormonal que elevasse a progesterona, levando o trato gastrointestinal a relaxar sua musculatura, ou seja, ocorre a diminuição de motilidade intestinal causando sintomas de azia e constipação. Outro aspecto biomecânico é a pressão oriunda do peso do feto sobre intestino e estômago que afeta o apetite da gestante pelo falso positivo, onde o sistema nervoso entende que o corpo está saciado, quando na verdade, o sintoma pode criar o refluxo gastroesofágico recorrente durante o período gestacional (Jannuzzi, 2023).

O sistema urinário trabalha em ritmo dobrado, pois o aumento de massa exerce pressão na bexiga que, por sua vez, reduz a sua capacidade de armazenamento e as alterações cardiovasculares intensifica a frequência urinária que pode representa maior risco de infecção urinária. Em consonância, os rins trabalham para intensificar a filtragem dos resíduos metabólicos do binômio mãe-feto (Mesquita; Kanno, 2022). O eixo corporal também se altera, a gestante tende a inclinar o dorso para trás, separando os pés inclinando as pontas para fora, visando aumentar a base de sustentação. A coluna vertebral sofre devido aumento dos seios, crescimento da barriga e ganho de peso.

Visualmente, a composição orgânica do corpo feminino sofre alterações, como, a parede abdominal pode levar ao aparecimento de estrias e à separação dos músculos abdominais, conhecida como diástase dos músculos retos abdominais. Essas transformações são naturais e geralmente reversíveis após o parto, embora exijam cuidados especiais para uma recuperação completa (Coutinho; Rêgo, 2023).

2.2 Patologias associadas ao período de gestação

A gestação é desafio para as mulheres, especialmente, devido as alterações e riscos relacionados ao desenvolvimento do feto, tendo patologias especificas ao período como: pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, infecções, anemia, doença de tireoide, diástase, depressão pós parto, entre outros. A diversificação de patologias põe em risco a saúde de mãe e filho (Leão et al., 2020). Contudo, grande parcela das modalidades possui recuperação/reabilitação, tal como, a prevenção.

Durante a gestação, a mãe consome alimentos por dois, visando a nutrição e desenvolvimento do feto. Contudo, é muito comum que esse arranjo seja desajustado, gerando um quadro diabético devido ao aumento de glicose no sangue. Quando não controlada, a diabetes pode causar nascimento prematuro, hipoglicemia neonatal e macrossomia fetal (Carvalho et al., 2020).

Outro ponto de cuidado durante a gravidez é a prevenção das infecções, sejam elas urinárias, fúngica ou congênita. Neste sentido, o exame pré-natal é indispensável no monitoramento dessas condições. A anemia também pode ser identificada com prevalência nas mães, devido o aumento da demanda por ferro (Catônio, 2023).

Há outras preocupações quanto a gravidez, como o distúrbio da tireoide que afeta a produção hormonal essencial que pode complicar o parto e o desenvolvimento do feto por falta de dilatação da região abdominal e pélvica. Já na seara psíquica, ser mãe afeta diretamente com a autoestima da mulher, é comum encontrar quadros de depressão na gestação e no pós parto (Gomes et al., 2021).

2.3 Exercício físico para gestantes

A cultura popular e os saberes ancestrais recomendam que a gestante mantenha repouso durante todo o período de nove meses. Contudo, os avanços da tecnologia e estudos na área da saúde, comprovam que a inatividade pode gerar um estilo de vida sedentária. Neste sentido, a Educação Física apontar que o exercício físico é amplamente indicado em qualquer período para mulher, variando apenas na modalidade e intensidade, mediante sua demanda e condições particularidades (Rocha et al., 2020).

Para alguns autores (Santos; Barros, 2021; Rocha et al., 2020; Sousa; Oliveira, 2020), a inatividade na gestação é o elemento chave para o surgimento de patologias relacionadas a inatividade e regulação corporal, a exemplo, a obesidade. O corpo humano é um sistema auto compensatório, mas que precisa estar em perfeito equilíbrio, pois seu funcionamento é sistêmico e interdependente.

Para o estilo de vida da mulher tem influência na qualidade e bem-estar durante a gravidez, seja físico, social ou psíquico. Destarte, é nesse plano de fundo que surgem as intervenções direcionadas ao tratamento e a prevenção. O exercício físico para gestantes é amplamente difundido em diversas literaturas. Contudo, alguns materiais sugerem atividade física como o adequado e suficiente para as gestantes (Rocha et al., 2020).

Logo, é de suma importância definir o exercício e a atividade física. A prática de exercício físico é um conjunto de movimentos e expressões corporais voltados ao tono muscular. Já a atividade física é qualquer movimento que o corpo consiga reproduzir. Portanto, o exercício é planejado, direcionado e executado propositalmente.

Desse modo, o exercício para gestantes é indicado, mas precisa ser acompanhado por o médico e o profissional em Educação Física para conhecer as subjetividades da paciente, desde as limitações até suas potencialidades, tal como, analisar o quadro de desenvolvimento do feto e como o exercício possa auxiliar na preparação até o momento do parto.

Para além disso, o profissional em Educação Física deve analisar as condições as quais a gestante está submetida, levando em considerações as recomendações e contra indicações. Segundo Lucena e Silva (2022) há contraindicações absolutas e relativas para o exercício físico, assim como, sinais de alerta para suspensão do mesmo.

3 METODOLOGIA

O presente estudo trata-se de uma revisão de literatura integrativa, onde a natureza desta pesquisa se delimita como qualitativa, por utilizar se realização de coleta de dados. Segundo Richardson (2008), esta pesquisa caracteriza-se pelo emprego da quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas.

Quanto ao planejamento de caráter bibliográfico, conforme (GIL, 2008), que define que a pesquisa bibliográfica se desenvolve por meio de materiais já elaborados, constituindo principalmente de livros e artigos científicos que se relacionam com o tema por meio dos operadores booleanos AND em conjunto com os termos de busca benefícios, exercício físico e gestante, ou seja, “benefícios AND exercício físico AND gestante”.

Para melhor desenvolvimento da temática, a pesquisa foi realizada na literatura disponível em artigos pertencentes às principais bases de dados científicos, como Scientific Electronic Library Online (SciELO Br), portal de periódicos da CAPES e Biblioteca Virtual de Saúde (BVS).

Os critérios de inclusão consideraram materiais publicados entre 2020 e 2025, incluindo artigos de pesquisa de campo e revisões de literatura, enquanto os critérios de exclusão são de artigos pagos, resumos, trabalho fora do período de publicação e de outras áreas da áreas da saúde.

Para realizar a filtragem do conteúdo, foi aplicado em três filtros, onde: o primeiro filtro se baseou em realizar as buscas pelas palavras-chave “benefícios”, “exercício físico” e “gestação”., filtrando por títulos todos os trabalhos localizados no qual a temática e/ou título se relacionava com o tema proposto no trabalho.

Na segunda filtragem, a análise foi realizada baseada nos materiais escolhidos na primeira etapa, sendo lidos os resumos, introdução e considerações finais para verificar se as obras encontradas e escolhidas na primeira filtragem possuíam o assunto necessário para a elaboração do trabalho.

Na terceira filtragem foram aplicados os critérios de inclusão que permitia: materiais congruentes com a temática e recorte especifico dentro das ciências da saúde que possam contribuir com a tese levantada.

Fluxograma 1: PRISMA dos resultados

Fonte: autoria própria, 2025

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na primeira etapa da pesquisa, foram encontrados 3 artigos na plataforma Scielo, 26 na Periódicos da Capes e 25 na BVS que se estavam relacionados com a combinação de palavras chaves “benefícios”, “exercício físico” e “gestação”. Após a aplicação dos critérios de busca e seleção dos artigos, foram encontrados 5 estudos (1 artigo coletado Scielo, 3 artigos coletados da Periódicos da Capes e 1 artigo coletado da BVS), que se enquadravam no recorte temático, tipo, metodologia e período de publicação. O Quadro 2 apresenta a esquematização desses materiais na seguinte ordem: autor/ano, título, objetivos e resultados.

Quadro 2: Artigos selecionados nas plataformas Scielo, Periódicos da Capes e BVS

Fonte: autoria própria, 2025

Chiarello e Dias (2020) trazem o estudo sobre as interações do exercício físico com a percepção de qualidade de vida das gestantes e também no pós-parto. Os resultados descrevem que 25 das 26 entrevistadas consideram que o exercício influenciou positivamente na gestão. Contudo, o estudo tem a limitação quanto à modalidade e intensidade do plano de exercício adotado.

Para complementar, o estudo de Caixeta et al. (2021) analisa a autopercepção das gestantes sobre a prática de exercícios físicos durante a gravidez, classificando as participantes por modalidades de exercício físico que, em sua maioria, praticam caminhada e atividades que privilegiam a melhoria do sistema cardiovascular e respiratório. Quanto os resultados da pesquisa, as participantes compreendem a importância do exercício físico, mas apenas metade delas tem assiduidade durante a gestação.

Para Baltieri et al. (2023), o principal desafio para a prática de exercícios físicos é a desinformação associada ao senso comum de que qualquer esforço possa trazer malefícios à mãe e ao feto. Além disso, o estudo destaca que a atividade física promove a qualidade, ao mesmo tempo que melhora a incontinência urinária. A baixa adesão e a inconstância são associadas às alterações corporais que dificultam a movimentação, além da sobrecarga de peso.

Borges et al. (2020) corrobora que o exercício físico auxilia no desfecho materno fetal, fortalecendo a musculatura, controle de peso e redução de possíveis sintomas, a exemplo disso, a diátese abdominal que pode ser reduzida. Entretanto, os autores pontuam que os exercícios devem ser planejados para as especificidades da mãe-filho, visando a intensidade e duração.

Por fim, Sá et al. (2022) traz outra perspectiva sobre a prática de exercícios físicos e a continuidade não dependem apenas da gestante, há outras determinantes que contribuem na adesão das mesmas. Partindo do pressuposto e com base no recorte temático, é possível destacar os prós e contras do exercício físico.

Os aspectos positivos são: benefícios do exercício físico para gestantes, melhora do condicionamento cardiovascular, controle do ganho de peso durante a gestação, redução do risco de desenvolver diabetes gestacional, melhora da postura e redução de dores nas costas, melhora da circulação sanguínea, melhora do sono e redução do estresse, fortalecimento muscular, especialmente do assoalho pélvico, preparação física para o parto, aumento da energia e da sensação de bem-estar, redução do risco de complicações durante o parto e facilita a recuperação pós-parto (Baltieri et al., 2023; Borges et al., 2020; Caixeta et al., 2021; Chiarello; Dias, 2020; Sá et al., 2022).

Contudo, a gestante deve evitar modalidades de alta intensidade, atividades de contato, atividades com risco de quedas, exercícios de força. As gestantes devem: realizar pré-natal para compreender sua gestação; evitar ambientes quentes; dar preferência para atividades em ambientes abertos no horário de antes das 10h e depois das 16h; e manter hidratação (Chiarello; Dias, 2020).

Entre os benefícios comprovados estão a melhora do condicionamento cardiovascular, controle do ganho de peso, redução do risco de diabetes gestacional, fortalecimento do assoalho pélvico e preparação para o parto. Os exercícios ajudam a aliviar dores lombares, melhorar o sono e reduzir o estresse. Por outro lado, é fundamental evitar atividades de alto impacto, ambientes muito quentes e exercícios que ofereçam risco de quedas. A hidratação e o acompanhamento pré-natal são essenciais para garantir a segurança (Azevedo; Soares, 2022).

O exercício físico para gestante pode ser organizado nos períodos de 1º, 2º e 3º trimestre. No primeiro trimestre, a gestante apresenta sintomas de enjoos, tonturas e cansaço. A recomendação é reduzir o ritmo para as gestantes que praticavam e, a partir da 10 semana, evitar alongamentos extensos, devido ao aumento da relaxina e à possibilidade de lesão. O benefício do exercício nesse período é a redução do cansaço, melhoria no sono e tono muscular (Borges et al., 2020; Caixeta et al., 2021).

No segundo semestre, é o período de maior disposição da gestante, os enjoos e náuseas reduzem, a pressão arterial se estabiliza e é o momento que os exercícios podem aumentar a intensidade. Os benefícios desse período é a prevenção da obesidade e diabetes (para aquelas que não possuem a doença), auxilia na disposição do feto e melhora a incontinência urinária (Baltieri et al., 2023; Chiarello; Dias, 2020).

No terceiro semestre, a gestante deve reduzir a intensidade, pois o feto está no momento de desenvolvimento que pressiona a aorta, veia cava e a região pélvica. Nesse sentido, os exercícios devem ser moderados e leves, como pequenas caminhadas. O principal benefício do exercício nesta última etapa é a facilitação para o parto, desde o posicionamento do feto até a melhoria no sistema urinário (Borges et al., 2020; Sá et al., 2022).

A prática de exercícios deve ser adaptada conforme o trimestre gestacional. No primeiro trimestre, é comum a ocorrência de enjoos e fadiga, recomendando-se reduzir a intensidade e evitar alongamentos excessivos. No segundo trimestre, há maior disposição, permitindo um aumento moderado na intensidade dos exercícios. Já no terceiro trimestre, a prioridade deve ser atividades leves, como caminhadas, devido ao crescimento fetal e à pressão sobre a região pélvica (Campos, 2021).

Isto posto, o profissional em Educação Física atua nos cuidados e acompanhamento da gestante, montando o programa de exercícios, corrigindo a execução e adaptando mediante as demandas particulares da gestante (Chiarello; Dias, 2020; Borges et al., 2020).

O profissional de educação física desempenha um papel crucial nesse processo, elaborando programas personalizados e ajustando as atividades conforme as necessidades de cada gestante. A desinformação ainda é um obstáculo, destacando a importância de mais divulgação científica e acesso a orientações adequadas. Em síntese, a prática de exercícios físicos durante a gestação, quando bem orientada, traz inúmeros benefícios, mas exige cuidados específicos para garantir a segurança e o bem-estar da mãe e do bebê (Krasota, 2021).

5 CONCLUSÃO

O estudo permitiu compreender que a prática de exercícios físicos durante a gestação traz benefícios significativos, tanto físicos quanto emocionais, contribuindo para uma gravidez mais saudável e um parto mais seguro. Evidências apontam melhorias no condicionamento cardiovascular, controle de peso, redução de dores lombares, fortalecimento do assoalho pélvico e diminuição do risco de complicações como diabetes gestacional.

A atividade física promove bem-estar psicológico, auxiliando no manejo do estresse e na qualidade do sono. No entanto, a adesão ainda é um desafio, influenciada por fatores como desinformação, alterações corporais e falta de acompanhamento especializado.

Diante disso, reforça-se a importância de um planejamento individualizado, com orientação de profissionais de Educação Física e acompanhamento médico, considerando as particularidades de cada trimestre gestacional. A conscientização sobre os benefícios e a segurança dos exercícios, quando bem direcionados, pode aumentar a adesão e reduzir mitos associados à prática.

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1 Discente do curso de Bacharelado em Educação Física do Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranhão – IESMA/Unisulma. E-mail: ivanianogueira24@gmail.com
2 Docente do curso de Bacharelado em Educação Física do Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranhão – IESMA/Unisulma. E-mail: de.oliveira.millena@gmail.com