REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202504102241
Lumma Gomes de Figueiredo; Maria Clara Carvalho Maranho Benicá; Bruna Mafra Marzullo; Greice Miranda de Oliveira; Nick Felix Guimarães Botelho; Avner de Godoy Caldeira; Maíla Araújo Pinto; Katiussia Soares Bezerra
RESUMO
INTRODUÇÃO: A esquizofrenia é um transtorno mental grave, com prevalência de 0,5% a 1% da população brasileira, que afeta principalmente jovens adultos, entre 18 e 30 anos. O tratamento no Brasil passou por transformações significativas com a reforma psiquiátrica, que visou a desinstitucionalização dos pacientes e a implementação de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), melhorando o acesso e a qualidade do atendimento. No entanto, desafios persistem, como o estigma, a falta de capacitação profissional e os recursos limitados para o cuidado adequado, o que ainda resulta em altas taxas de hospitalização e dificuldades na reintegração social dos pacientes. A política pública tem buscado, gradualmente, melhorar o cuidado, focando na reabilitação psicossocial e no acompanhamento contínuo para proporcionar uma melhor qualidade de vida aos pacientes. OBJETIVOS: O objetivo do presente trabalho foi realizar o levantamento acerca dos casos de esquizofrenia na Bahia, entre 2019 a 2024. METODOLOGIA: O presente estudo trata-se de um estudo epidemiológico ecológico, descritivo, transversal e retrospectivo. Os dados foram coletados a respeito dos casos novos notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), acerca dos casos de esquizofrenia na Bahia, entre 2019 a 2024, os quais encontram-se disponíveis no banco de dados online do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). A coleta dos dados foi realizada em 2025, sendo selecionados os dados relativos à esquizofrenia na Bahia. Utilizou-se as variáveis: distribuição anual, sexo, raça e valor total de internação (CID F20). RESULTADOS: Entre 2019 e 2024 houveram 10.332 atendimentos por esquizofrenia no estado da Bahia. A distribuição anual desses atendimentos se deu: 1) 2019: 130 (1,2%), 2) 2020: 1.711 (16,5%), 3) 2021: 2.026 (19,6%) 4) 2022: 2.101 (20,3%), 5) 2023: 2.164 (20,9%) e 6) 2024: 2.200 (21,5%). A distribuição por sexo se deu: 1) masculino: 6.233 (60,3%) e 2) feminino: 4.090 (39,7%). A distribuição racial dos atendimentos se deu: i) branca: 226 (2,2%), ii) preta: 430 (4,1%), iii) parda: 7.267 (70,3%), iv) amarela: 492 (4,7%), v) indígena: 2 (0,2%), vi) sem informação: 1.915 (18,5%). O valor total das internações no período e localidade analisados totalizou: R$ 15.480.843,76. CONCLUSÃO: Conclui-se que entre 2019 e 2024 houveram 10.332 atendimentos por esquizofrenia no estado da Bahia. Os três anos com maior número de atendimentos foram: 2024, 2023 e 2022, representando 62,7% da amostra. O sexo masculino e a raça parda foram os mais acometidos, com mais de 50% em ambas variáveis. E por fim, o valor total das internações no período e localidade analisados totalizou: R$15.480.843,76. Assim, os dados indicam a importância do monitoramento e de medidas de saúde mental para a população de tal localidade.
PALAVRAS-CHAVE: “Esquizofrenia”; “Transtorno da Personalidade Esquizotípica” ; “Espectro da Esquizofrenia e Outros Transtornos Psicóticos”.
INTRODUÇÃO:
A esquizofrenia é um transtorno mental crônico caracterizado por episódios de delírios, alucinações, desorganização do pensamento e comportamento, afetando principalmente o funcionamento social e profissional do indivíduo. No Brasil, a prevalência da esquizofrenia varia entre 0,5% a 1% da população, com um início típico em jovens adultos, entre 18 e 30 anos (GONÇALVES, 2018). A doença é considerada uma das mais complexas no campo da saúde mental, exigindo diagnóstico precoce, acompanhamento contínuo e um tratamento multidisciplinar, incluindo medicamentos antipsicóticos e intervenções psicoterapêuticas. Além disso, o tratamento busca proporcionar uma melhora na qualidade de vida do paciente, reduzindo os sintomas psicóticos e promovendo a reintegração social (SILVA et al., 2020).
A estrutura de saúde mental no Brasil tem evoluído nos últimos anos, especialmente após a reforma psiquiátrica, que visou a desinstitucionalização e a criação de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) para o atendimento de pessoas com transtornos mentais, como a esquizofrenia. Essa mudança visou garantir um tratamento mais humanizado e acessível à população, evitando o isolamento em hospitais psiquiátricos (MARTINS, 2019). A implementação dos CAPS tem se mostrado uma estratégia eficaz no acompanhamento dos pacientes com esquizofrenia, pois além de oferecer cuidados em ambulatório, também proporciona atividades de reabilitação psicossocial, aumentando as chances de reintegração do paciente à sociedade e ao mercado de trabalho (OLIVEIRA, 2021). Contudo, o país ainda enfrenta desafios significativos, como a escassez de recursos e a falta de capacitação adequada de profissionais para lidar com os casos mais complexos.
Estudos apontam que a esquizofrenia tem impactos significativos na vida dos pacientes, não só pela gravidade dos sintomas, mas também pelas barreiras sociais e econômicas enfrentadas, como estigma e dificuldades no acesso ao tratamento. A taxa de reincidência dos sintomas é alta, o que resulta em hospitalizações frequentes, especialmente em indivíduos com formas mais graves da doença (LIMA et al., 2017). No entanto, a adesão ao tratamento, aliada à redução do estigma em torno das doenças mentais e a melhoria das políticas públicas, têm contribuído para a redução das taxas de hospitalização e aumento da qualidade de vida dos pacientes. De acordo com o Ministério da Saúde, a integração da saúde mental nas políticas públicas tem sido um passo importante na melhoria do atendimento a esses pacientes e na promoção da saúde mental no país (BRASIL, 2018).
OBJETIVOS:
O objetivo do presente trabalho foi realizar o levantamento acerca dos casos de esquizofrenia na Bahia, entre 2019 a 2024.
METODOLOGIA:
O presente estudo trata-se de um estudo epidemiológico ecológico, descritivo, transversal e retrospectivo. Os dados foram coletados a respeito dos casos novos notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), acerca dos casos de esquizofrenia na Bahia, entre 2019 a 2024, os quais encontram-se disponíveis no banco de dados online do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS).
A coleta dos dados foi realizada em 2025, sendo selecionados os dados relativos à esquizofrenia na Bahia. Utilizou-se as variáveis: distribuição anual, sexo, raça e valor total de internação (CID F20).
Em conformidade com a Resolução no 4661/2012, como o estudo trata-se de uma análise realizada por meio de banco de dados secundários de domínio público, este não foi encaminhado para apreciação de um Comitê de Ética em Pesquisa.
RESULTADOS:
Entre 2019 e 2024 houveram 10.332 atendimentos por esquizofrenia no estado da Bahia.
A distribuição anual desses atendimentos se deu: 1) 2019: 130 (1,2%), 2) 2020: 1.711 (16,5%), 3) 2021: 2.026 (19,6%) 4) 2022: 2.101 (20,3%), 5) 2023: 2.164 (20,9%) e 6) 2024: 2.200 (21,5%) (Gráfico 1). Sendo os três anos com maior número de atendimentos: 2024, 2023 e 2022, representando 62,7% da amostra.
Gráfico 1. Distribuição anual dos atendimentos devido à esquizofrenia na Bahia, entre 2019 a 2024.

A distribuição por sexo se deu: 1) masculino: 6.233 (60,3%) e 2) feminino: 4.090 (39,7%) (Gráfico 2). Sendo o sexo masculino mais prevalente.
Gráfico 2. Distribuição por sexo dos atendimentos devido à esquizofrenia na Bahia, entre 2019 a 2024.

A distribuição racial dos atendimentos se deu: i) branca: 226 (2,2%), ii) preta: 430 (4,1%), iii) parda: 7.267 (70,3%), iv) amarela: 492 (4,7%), v) indígena: 2 (0,2%), vi) sem informação: 1.915 (18,5%) (Gráfico 3). Sendo a raça parda a mais acometida.
Gráfico 3. Distribuição racial dos atendimentos devido à esquizofrenia na Bahia, entre 2019 a 2024.

O valor total das internações no período e localidade analisados totalizou: R$15.480.843,76 (Fonte: Datasus).
DISCUSSÃO:
Entre 2019 e 2024, o estado da Bahia registrou um total de 10.332 atendimentos por esquizofrenia, com um aumento significativo de atendimentos a partir de 2020, com um pico em 2024, representando 21,5% dos casos no período (Fonte: Datasus). Esse aumento pode ser interpretado como um reflexo da ampliação do acesso aos serviços de saúde mental no estado, especialmente após a implementação de políticas de saúde mental mais robustas, como a criação de CAPS e unidades de internação especializada (BRASIL, 2018). A literatura sugere que esse aumento de atendimentos pode também estar relacionado a um maior reconhecimento da esquizofrenia e outras doenças mentais pela sociedade e pelos profissionais de saúde, resultando em uma maior busca por serviços de tratamento e acompanhamento (MARTINS, 2019).
A distribuição por sexo, com prevalência de 60,3% de atendimentos em homens, é consistente com estudos anteriores que indicam uma maior incidência de esquizofrenia em indivíduos do sexo masculino, particularmente em jovens adultos (GONÇALVES, 2018). Quanto à distribuição racial, a prevalência de pacientes pardos (70,3%) é reflexo das desigualdades sociais e do acesso diferenciado ao tratamento médico, como evidenciado por estudos que apontam maiores taxas de doenças mentais em populações mais vulneráveis (COSTA et al., 2020).
O valor total de internações, de R$15.480.843,76, também destaca a carga econômica da esquizofrenia no estado, enfatizando a necessidade de investimento contínuo em prevenção e tratamento (OLIVEIRA, 2021). A literatura aponta que um atendimento mais precoce e o uso de estratégias de reabilitação psicossocial são fundamentais para a redução de internações prolongadas e para o melhor prognóstico dos pacientes com esquizofrenia (SILVA et al., 2020).
CONCLUSÃO:
Conclui-se que entre 2019 e 2024 houveram 10.332 atendimentos por esquizofrenia no estado da Bahia. Os três anos com maior número de atendimentos foram: 2024, 2023 e 2022, representando 62,7% da amostra. O sexo masculino e a raça parda foram os mais acometidos, com mais de 50% em ambas variáveis. E por fim, o valor total das internações no período e localidade analisados totalizou: R$15.480.843,76. Assim, os dados indicam a importância do monitoramento e de medidas de saúde mental para a população de tal localidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Saúde Mental: reformas e avanços. Brasília, 2018.
COSTA, A. S. et al. Desigualdade racial e saúde mental: O impacto da esquizofrenia em populações vulneráveis. Revista Brasileira de Saúde Pública, v. 36, p. 23-30, 2020. DOI: 10.1590/S0034-8910.2020033600283.
GONÇALVES, M. L. Epidemiologia dos transtornos psicóticos no Brasil. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 40, n. 2, p. 122-129, 2018. DOI: 10.1590/0034-8910-2017-0224.
LIMA, D. L. et al. O impacto da esquizofrenia na vida social e econômica dos pacientes: uma revisão crítica. Revista Brasileira de Saúde Mental, v. 31, n. 1, p. 44-52, 2017. DOI: 10.1590/0102-311X00150718.
MARTINS, F. S. A reforma psiquiátrica e a desinstitucionalização no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 35, p. e00012319, 2019. DOI: 10.1590/0102-311X00012319.
OLIVEIRA, L. A. A implementação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) no Brasil: avanços e desafios. Revista de Saúde Pública, v. 45, n. 6, p. 15-23, 2021. DOI: 10.1590/S0034-8910202100050217.
SILVA, E. R. et al. Tratamento da esquizofrenia: desafios e perspectivas no Brasil. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v. 42, n. 4, p. 326-331, 2020. DOI: 10.1590/0101-75532020200325.