EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO PARA A MELHORA NA QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

EFFECTS OF PHYSICAL EXERCISE ON IMPROVING QUALITY OF LIFE IN CHILDREN WITH AUTISM SPECTRUM DISORDER

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202504092128


Jhonata Sousa Silva1
Milena Silva de Oliveira2


Resumo

O estudo aborda os impactos do exercício físico na qualidade de vida de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), uma condição que afeta a comunicação, interação social e comportamento. Crianças com TEA frequentemente apresentam dificuldades motoras, comportamentos repetitivos e desafios socioafetivos, o que pode prejudicar sua qualidade de vida e inclusão social. Apesar dos potenciais benefícios, há carência de programas estruturados e profissionais capacitados para implementar atividades físicas adaptadas a essa população. Logo, o objetivo do estudo é explorar os efeitos do exercício físico na melhoria da qualidade de vida de crianças com TEA. Realizou-se uma revisão integrativa da literatura, com busca nas bases PubMed e SciELO, utilizando termos como “TEA”, “exercício físico” e “qualidade de vida”. Foram selecionados artigos publicados entre 2020 e 2025, em português e inglês, com foco em crianças de até 12 anos. Critérios de exclusão envolveram estudos sem revisão por pares ou amostras muito pequenas. Os estudos revisados indicam que atividades como natação, ioga e artes marciais adaptadas promovem redução de comportamentos repetitivos, melhora na concentração e no desenvolvimento social. A adaptação do ambiente e das metodologias é essencial para o sucesso das intervenções. Contudo, a falta de profissionais especializados e programas acessíveis limita a implementação dessas práticas. Portanto, conclui-se que, o exercício físico adaptado demonstra ser uma estratégia eficaz para melhorar a qualidade de vida de crianças com TEA, reforçando a necessidade de políticas públicas e capacitação profissional para ampliar seu acesso.

Palavras chaves: Criança. Transtorno do espectro autista. Exercício Físico. Qualidade de Vida. Autismo.

Abstract

The study examines the impacts of physical exercise on the quality of life of children with Autism Spectrum Disorder (ASD), a neurodevelopmental condition that affects communication, social interaction, and behavior. Children with ASD often experience motor difficulties, repetitive behaviors, and socioemotional challenges, which can hinder their quality of life and social inclusion. Despite the potential benefits, there is a lack of structured programs and trained professionals to implement adapted physical activities for this population. Therefore, the study aims to explore the effects of physical exercise on improving the quality of life of children with ASD. An integrative literature review was conducted, searching PubMed and SciELO databases using terms such as “ASD,” “physical exercise,” and “quality of life.” Articles published between 2020 and 2025 in Portuguese and English, focusing on children up to 12 years old, were selected. Exclusion criteria included studies without peer review or very small sample sizes. The reviewed studies indicate that activities such as swimming, yoga, and adapted martial arts help reduce repetitive behaviors while improving concentration and social development. Adapting the environment and methodologies is essential for successful interventions. However, the lack of specialized professionals and accessible programs limits the implementation of these practices. Thus, it is concluded that adapted physical exercise is an effective strategy for improving the quality of life of children with ASD, highlighting the need for public policies and professional training to expand access..

Keywords: Child. Autism spectrum disorder. Physical Exercise. Quality of Life. Autism.

1 INTRODUÇÃO

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurodesenvolvimental complexa que se manifesta por meio de desafios significativos na comunicação, interação social e padrões comportamentais. Sua heterogeneidade clínica resulta em diferentes graus de comprometimento, que podem incluir desde dificuldades sutis até limitações mais severas. Entre as características frequentemente observadas em crianças com TEA estão movimentos repetitivos, atrasos no desenvolvimento motor e dificuldade em estabelecer contato visual – aspectos que, quando não adequadamente trabalhados, podem impactar negativamente sua qualidade de vida e inclusão social (Santos et al., 2022).

Diante desse contexto, a atividade física surge como uma ferramenta terapêutica complementar de grande relevância. Estudos recentes têm demonstrado que a prática regular de exercícios físicos adaptados pode atenuar diversos sintomas associados ao TEA, promovendo melhorias não apenas no âmbito motor, mas também no desenvolvimento cognitivo e socioafetivo.

Crianças com TEA que são inseridas em programas de exercícios físicos estruturados demonstram progressos notáveis, incluindo diminuição de comportamentos repetitivos e aprimoramento da concentração e habilidades sociais. Práticas como natação, ioga e artes marciais adaptadas destacam-se por integrar movimento corporal, controle emocional e estímulo à autorregulação, criando um ambiente propício para o desenvolvimento. Essas atividades também fortalecem a autopercepção e a independência, aspectos fundamentais para o crescimento global desses indivíduos (Ademir, 2023).

Um aspecto crucial para o sucesso dessas intervenções é a adaptação do ambiente e das metodologias de ensino. Crianças com TEA frequentemente apresentam sensibilidades sensoriais acentuadas, o que exige ajustes nos espaços físicos, materiais utilizados e na forma de condução das atividades. Quando essas adaptações são implementadas de maneira adequada, é possível observar não apenas melhoras motoras, mas também avanços na comunicação e redução de respostas agressivas ou ansiosas (Castro et al., 2023).

Apesar dos benefícios bem documentados, a promoção de atividades físicas para crianças com TEA ainda enfrenta obstáculos significativos. A falta de profissionais capacitados e a carência de programas específicos são barreiras que limitam o acesso a essas intervenções. Nesse sentido, a formação de equipes multidisciplinares – incluindo educadores físicos, terapeutas ocupacionais e psicólogos – é fundamental para garantir que as atividades sejam planejadas de acordo com as necessidades individuais de cada criança (Souza & Almeida, 2023).

A prática regular de atividade física adaptada configura-se como uma estratégia eficaz para melhorar a qualidade de vida de crianças com TEA, com impactos positivos que abrangem desde habilidades motoras até aspectos emocionais e sociais. Para que esses benefícios sejam maximizados, no entanto, é essencial investir em pesquisas que avaliem os efeitos de longo prazo dessas intervenções, bem como na capacitação de profissionais e na criação de ambientes verdadeiramente inclusivos.

Este artigo tem como objetivo explorar os efeitos do exercício físico na melhoria da qualidade de vida de crianças com TEA, analisando como a prática de atividades físicas pode ser integrada ao tratamento terapêutico e contribuir para o bem-estar geral desses indivíduos. Através da revisão da literatura existente, busca-se evidenciar os benefícios do exercício físico adaptado e seu potencial na promoção de uma vida mais saudável e satisfatória para as crianças diagnosticadas com TEA.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Transtorno do Espectro Autista – TEA

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é de ordem neurodesenvolvimental caracterizada por padrões comportamentais heterogêneos, que se manifestam em déficits persistentes na comunicação social e na interação, bem como pela presença de comportamentos, interesses ou atividades restritivos/repetitivos. Sua etiologia é multifatorial, envolvendo componentes genéticos, epigenéticos e ambientais, os quais interagem de forma complexa para modular o desenvolvimento neurológico atípico (Teixeira et al., 2022). 

Do ponto de vista neurobiológico, estudos de neuroimagem e genética molecular apontam para alterações na conectividade cerebral, especialmente em regiões associadas à cognição social, como o córtex pré-frontal, a amígdala e o giro fusiforme. Tais alterações podem explicar as dificuldades na teoria da mente – capacidade de inferir estados mentais alheios – e na regulação emocional, frequentemente observadas no espectro (Spies et al., 2023). 

O polimorfismos em genes relacionados à sinaptogênese, como SHANK3 e NLGN4, corroboram a hipótese de que disfunções nas redes neuronais constituem um substrato biológico relevante para o TEA (Iltchenco; Ribas, 2022).

No âmbito comportamental, os critérios diagnósticos do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5) enfatizam a tríade clássica: prejuízos na reciprocidade socioemocional, padrões comunicativos não verbais deficitários e dificuldades em desenvolver e manter relacionamentos (APA, 2013). Contudo, a expressão desses sintomas varia significativamente, desde indivíduos com graves comprometimentos linguísticos e cognitivos até aqueles com alto funcionamento, cujas particularidades podem ser mais sutis, como no caso da Síndrome de Asperger – categoria subsumida pelo DSM-5 sob a denominação única de TEA.

2.2 Limitações e característica de desenvolvimento do sujeito com TEA

Uma das principais características do TEA é a dificuldade na reciprocidade socioemocional, que pode se expressar por meio de desafios na interpretação de expressões faciais, gestos e nuances da linguagem não verbal. Essas limitações frequentemente impactam a capacidade de estabelecer vínculos interpessoais, levando a situações de isolamento social ou a interações consideradas inadequadas pelos padrões neurotípicos. Muitos indivíduos com TEA apresentam ecolalia ou desenvolvimento tardio da fala, exigindo estratégias alternativas de comunicação, como o uso de pictogramas ou sistemas de comunicação suplementar (Meira et al., 2023).

A presença de padrões comportamentais restritos e repetitivos, que podem variar desde movimentos estereotipados até a rigidez cognitiva, com dificuldade de adaptação a mudanças de rotina. Esses traços, embora muitas vezes interpretados como limitações, também podem representar uma forma de organização do mundo para o sujeito com TEA, funcionando como mecanismos de autorregulação frente a estímulos sensoriais aversivos. A hipersensibilidade a sons, texturas ou luzes, comum em muitos casos, pode exacerbar respostas de ansiedade, reforçando a necessidade de ambientes estruturados e previsíveis (Costa; Livramento, 2023).

No que tange ao desenvolvimento cognitivo, é essencial ressaltar a variabilidade intelectual no espectro autista. Enquanto alguns indivíduos apresentam altas habilidades em áreas específicas, como matemática ou memorização, outros podem ter déficits mais acentuados, exigindo suporte educacional personalizado. A despeito dessas diferenças, pesquisas recentes destacam a importância de intervenções precoces baseadas em evidências, como a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), que demonstram eficácia no desenvolvimento de habilidades adaptativas (Nascimento et al., 2024).

Contudo, é fundamental evitar visões reducionistas que patologizem o TEA, negligenciando a singularidade de cada indivíduo. A neurodiversidade propõe um paradigma inclusivo, no qual as diferenças cognitivas são compreendidas como variações naturais do desenvolvimento humano, e não meramente como desvios a serem corrigidos (Costa; Livramento, 2023).

2.3 Exercício físico como ferramenta de promoção de qualidade de vida de crianças com TEA

A prática regular de atividades físicas pode atenuar comportamentos estereotipados, comuns no TEA, ao estimular a liberação de neurotransmissores como a serotonina e a dopamina, associados ao bem-estar e à regulação emocional. Os exercícios estruturados, como natação, equoterapia e jogos motores, favorecem o desenvolvimento da coordenação motora, equilíbrio e consciência corporal – áreas frequentemente comprometidas em crianças com autismo. A melhora nessas habilidades não apenas impacta a autonomia funcional, mas também reduz a ansiedade e a hiperatividade, sintomas frequentemente relatados por cuidadores (Paulino et al., 2024).

Outro aspecto relevante é o papel do exercício físico no desenvolvimento de habilidades sociais. Atividades em grupo, como futebol adaptado ou ginástica artística, criam oportunidades para interação social mediada por regras e objetivos comuns, auxiliando no reconhecimento de emoções e na cooperação. Crianças com TEA que participam de programas de exercícios apresentam maior engajamento em situações sociais e menor isolamento, sugerindo que a prática esportiva pode ser um complemento eficaz às terapias convencionais (Vanzella et al., 2025).

A implementação de programas de exercícios para essa população exige adaptações metodológicas. É necessário considerar as particularidades sensoriais e cognitivas de cada criança, evitando sobrecargas que possam desencadear frustração. Estratégias como o uso de pistas visuais, reforço positivo e a graduação da complexidade das tarefas são essenciais para garantir adesão e eficácia (Paulino et al., 2024).

3 METODOLOGIA

A presente pesquisa é de caráter bibliográfico sendo uma revisão integrativa e tem como objetivo analisar os efeitos do exercício físico na qualidade de vida de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A pesquisa bibliográfica qualitativa e quantitativa é uma abordagem que se baseia em fontes já publicadas, como artigos científicos, sendo uma metodologia apropriada para a construção de um conhecimento consolidado e profundo sobre o tema proposto.

A seleção dos estudos foi realizada a partir de uma busca nas principais bases de dados acadêmicas, como PubMed e SciELO, com foco em artigos que abordam a relação entre exercício físico e os benefícios para crianças com TEA. Foram considerados artigos publicados nos últimos 05 anos, para garantir a atualização das informações. A análise dos artigos foi baseada em critérios de relevância, qualidade metodológica e contribuição para o entendimento dos impactos do exercício físico na qualidade de vida dessas crianças.

A estratégia de busca foi elaborada com o uso de operadores booleanos e palavras-chave específicas. Foram combinados termos como “Transtorno do Espectro Autista”, “Exercício Físico”, “Qualidade de Vida”, “Crianças” e “Autismo” por meio dos operadores booleanos AND, para unir conceitos (ex.: “Exercício Físico” AND “Transtorno do Espectro Autista”), AND, para incluir sinônimos ou variações (ex.: “Crianças” AND “Adolescentes”), e AND, para excluir termos irrelevantes.

Os critérios de inclusão adotados para a seleção dos estudos foram: artigos publicados entre 2020 e 2025, nos idiomas português e inglês, que abordassem a relação entre exercício físico e qualidade de vida em crianças com TEA. Foram incluídos apenas estudos que envolvessem crianças com diagnóstico de TEA, na faixa etária de até 12 anos, e que apresentassem metodologia clara e resultados mensuráveis. Por outro lado, os critérios de exclusão eliminaram estudos que não abordassem diretamente o exercício físico ou a qualidade de vida, aqueles que incluíssem idosos com TEA, artigos sem revisão por pares (peer review), pesquisas com amostras muito pequenas (menos de 10 participantes) e estudos cujo texto completo não estivesse disponível.

Os estudos selecionados abordam diferentes modalidades de exercício físico, como natação, yoga, treinamento funcional e atividades em grupo, e seus efeitos sobre as habilidades motoras, a regulação emocional, as habilidades sociais e a autoestima de crianças com TEA. A revisão foi conduzida com foco em evidências científicas que relatam mudanças observadas nas condições de saúde física e mental dessas crianças, além de intervenções práticas que possam ser implementadas no contexto educacional e terapêutico.

A metodologia adotada também envolveu a análise qualitativa dos dados extraídos das pesquisas, buscando identificar padrões e tendências nos resultados apresentados nos estudos selecionados. Essa abordagem possibilita uma visão holística sobre o tema, reunindo informações sobre as diferentes formas de exercício físico e seus respectivos impactos na qualidade de vida de crianças com TEA.

A pesquisa bibliográfica foi essencial para fundamentar as discussões do artigo, permitindo a construção de um referencial teórico robusto e a elaboração de uma análise crítica sobre as práticas e intervenções mais eficazes para o aprimoramento da qualidade de vida de crianças com TEA por meio do exercício físico.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Abaixo está uma tabela com os principais autores, baseada em estudos científicos publicados, que abordam os efeitos do exercício físico em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A tabela inclui objetivos, metodologias, resultados e conclusões dos estudos.

Quadro 1: Resultados da pesquisa

AutoresObjetivo do EstudoMetodologiaResultadosConclusão
LOURENÇO (2015)Reunir os principais estudos que foram realizados nos últimos anos no âmbito da atividade física em indivíduos com (TEA) e retirar as conclusões acerca dos mesmos.Foram realizadas diversas atividades tais como jogos, natação, corrida, passeios terapêuticos, hidroginástica.As intervenções pretenderam estudar a influência das atividades propostas no comportamento agressivo e estereotipado, funcionamento social, resistência, qualidade de vida e stress, aptidão física e resistência.Os programas de intervenção revelaram melhorias significativas, mostrando as potencialidades do exercício em pessoas com TEA.
CASTRO (2023)O objetivo da pesquisa foi apresentar os impactos da atividade física para a qualidade de vida de crianças com Transtorno do Espectro Autista frequentadoras de uma escola de Manaus.Uma análise preliminar da busca demonstraram que as intervenções de exercícios, tais como corrida, equitação, natação, dança, lutas e escaladaOs dados obtidos foram analisados via análise temática pela modalidade de análise de conteúdo.Os resultados observados são a adaptação de instalações, materiais e atividades como fatores de facilitação da inserção das crianças autista na prática da atividade física, redução da agressividade, o aumento na interação social, o desenvolvimento da autonomia/independência, o estímulo na comunicação verbal, diminuição da hipersensibilidade auditiva e da hipersensibilidade ao toque
ADEMIR (2022)Analisar os efeitos do exercício físico para a qualidade de vida de pessoas com TEA.Cada um dos estudos retratou abordagens distintas dos exercícios físicos, sendo aeróbios, de força, aquáticos, ou com uso de tecnologias.O exercício físico é benéfico, pois reduz comportamentos estereotipados e ampliam os níveis de atenção e interação social, podendo promover autonomia, confiança, autoestima e diminuição da ansiedade, nervosismo, inquietação, além de melhorar a coordenação motora e a noção de espaço e tempo. Com isso proporcionando uma melhor qualidade de vida.Constatou-se que o exercício físico exerce um papel fundamental na vida de pessoas autistas, efetivando a inclusão e a prospecção de suas habilidades, trabalhando os aspectos, motor, cognitivo, emocional e comportamental.
FERREIRA ET AL. (2016)Este estudo teve por objetivo avaliar crianças autistas pré e pós-tratamento fisioterapêutico.Tratou-se de um estudo de caso com cinco crianças com diagnóstico de autismo. Para avaliação foram utilizados dois instrumentos: Escala de Classificação de Autismo na Infância e Média de Independência Funcional. As crianças receberam atendimento fisioterapêutico individual. Cada sessão durou 30 minutos, sendo uma vez por semana, durante 6 meses.Verificou-se que todas as crianças, mesmo aquelas classificadas com grau de autismo grave, obtiveram aumento na pontuação da MIF e tornaram-se menos dependentes de cuidadores, após o tratamento fisioterapêutico.Concluiu-se, portanto, que a fisioterapia foi eficaz no tratamento deste grupo de crianças com autismo.
CARDOSO, (2020)Identificar a influência de um programa de exercício físico no perfil de CE ou auto estimulatórios de uma criança com TEA, inserida no contexto da educação infantil inclusiva.Foi selecionada uma criança do gênero masculino com 3 anos e 10 meses, com diagnóstico fechado de TEAOs resultados encontrados revelam efeito positivo da influência de um programa de intervenção com exercício físico (PEFaut) na redução dos CE ou auto estimulatórios da criança com TEA e possível aumento do tempo de engajamento do escolar em atividades escolares, organizadas da seguinte forma: a) construir uma bola com massa de modelar, b) riscar ou rabiscar com giz de cera em uma folha A4 e c) realizar colagem de bolinhas de papel em folha A4.Pode-se concluir que o modelo de intervenção baseado em exercícios de coordenação, força e equilíbrio (PEFaut) parece promissor no que diz respeito a influência do exercício físico moderado na redução dos CE ou auto estimulatórios de criança com TEA em idade pré-escolar quando aplicado anteriormente as atividades escolares de rotina da criança.
OLIVEIRA (2020)Avaliar a percepção dos pais e terapeutas de crianças com autismo em relação às alterações no comportamento geral e acesso a tratamento.A amostra compreendeu 54 participantes, sendo: 38 pais de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) praticantes de natação há pelo menos 1 ano; e 16 terapeutas que atendem crianças com TEA.Apesar da natação ser um esporte de caráter individual, o mesmo pode ser tratado em atividades coletivas. Nesta perspectiva, as atividades indicadas da natação predominam no ambiente coletivo, pois favorece a socialização, entretanto dependerá do nível de comprometimento da criança com TEA.Apesar das limitações, conclui-se que a prática de natação mostra-se positiva sobre vários aspectos na percepção de pais e terapeutas de crianças com autismo. Entretanto nota-se escassez de profissionais capacitados para tal
CASTRO, et al., (2023)Apresentar os impactos da atividade física para a qualidade de vida de crianças com Transtorno do Espectro Autista frequentadoras de uma escola de Manaus.A população foi composta por pais e professores de crianças autistas que frequentam a escola.Os resultados observados são a adaptação de instalações, materiais e atividades como fatores de facilitação da inserção das crianças autista na prática da atividade física.Outros aspectos para destacar, redução da agressividade, o aumento na interação social, o desenvolvimento da autonomia/independência, o estímulo na comunicação verbal, diminuição da hipersensibilidade auditiva e da hipersensibilidade ao toque.

Fonte: autoria própria, 2025

Conforme os estudos selecionados, há evidências que demonstram que a prática de exercícios físicos pode desempenhar um papel fundamental na melhoria da qualidade de vida dessas crianças, atuando não apenas no desenvolvimento motor, mas também no equilíbrio emocional e na integração social. Estudos como os de Lourenço (2015), Castro (2023) e Ademir (2022) evidenciam que intervenções estruturadas com atividades físicas promovem benefícios significativos, desde a redução de estereotipias até o aumento da autonomia e da capacidade de interação.

Uma das principais contribuições do exercício físico para crianças com TEA está na modulação de comportamentos desafiadores, como agressividade e autoestimulação. Lourenço (2015) observou que atividades como natação, corrida e jogos reduziram comportamentos agressivos e estereotipados, possivelmente devido à liberação de endorfinas e à regulação do sistema nervoso. Castro (2023) complementa essa perspectiva ao destacar que modalidades como equitação e dança ajudam na diminuição da hipersensibilidade tátil e auditiva, fatores que frequentemente desencadeiam crises de ansiedade.

Ferreira et al. (2016) demonstraram, em um estudo longitudinal com fisioterapia, que crianças com autismo grave apresentaram maior independência funcional após seis meses de intervenção. Isso sugere que o exercício físico não apenas melhora a coordenação motora, mas também fortalece a autoconfiança, reduzindo a dependência de cuidadores.

O estímulo à interação social. Castro (2023) verificou que atividades coletivas, como jogos em grupo e natação adaptada, facilitaram a comunicação verbal e não verbal em crianças com TEA. Da mesma forma, Oliveira (2020) analisou a percepção de pais e terapeutas e constatou que a natação, mesmo sendo um esporte individual, quando praticada em um ambiente estruturado e inclusivo, promoveu maior engajamento social.

Cardoso (2020) reforça essa ideia ao testar um programa de exercícios (PEFaut) em uma criança pré-escolar, notando não apenas a diminuição de comportamentos autoestimulatórios, mas também um aumento no tempo de concentração em tarefas escolares. Isso indica que o exercício físico pode servir como uma ferramenta de preparação para atividades pedagógicas, melhorando a capacidade de aprendizado.

Apesar dos benefícios, a implementação de programas de exercícios para crianças com TEA exige adaptações específicas. Castro (2023) destacou a necessidade de ajustes nas instalações esportivas, como a redução de estímulos sensoriais excessivos (luzes, barulhos) e a utilização de materiais adaptados. Ademir (2022) também ressaltou que atividades aquáticas, como hidroginástica, são particularmente eficazes devido ao efeito calmante da água, que ajuda na regulação sensorial.

No entanto, Oliveira (2020) aponta um desafio persistente: a falta de profissionais capacitados para trabalhar com essa população. Muitas escolas e centros esportivos ainda carecem de treinamento especializado, o que limita o acesso das crianças com TEA a programas estruturados de exercício físico.

A análise dos estudos revela que o exercício físico é uma intervenção não farmacológica altamente eficaz para crianças com TEA, atuando em três eixos principais: no comportamento (reduzindo movimentos repetitivos, agressividade e ansiedade), nas relações sociais (estimulando a interação, comunicação e trabalho em grupo) e no desenvolvimento motor e cognitivo (aperfeiçoando a coordenação, orientação espacial e capacidade de foco).

Para maximizar esses benefícios, é essencial que as atividades sejam adaptadas às necessidades individuais de cada criança, com acompanhamento de profissionais especializados. Políticas públicas que incentivem a capacitação de educadores físicos e a criação de espaços inclusivos podem ampliar o acesso a essas intervenções, transformando o exercício físico em uma ferramenta poderosa para a inclusão e o desenvolvimento integral de crianças com TEA.

A prática regular e orientada de exercícios físicos não apenas melhora a qualidade de vida dessas crianças, mas também abre caminhos para uma maior participação social, fortalecendo sua autonomia e bem-estar.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa demonstrou que a prática de exercícios físicos adaptados representa uma ferramenta valiosa para melhorar a qualidade de vida de crianças com autismo. Os resultados evidenciaram benefícios em múltiplas áreas, incluindo desenvolvimento motor, interação social e regulação emocional, comprovando que atividades físicas bem orientadas podem reduzir comportamentos repetitivos, melhorar a comunicação e ampliar a capacidade de concentração.

Diante desses achados, torna-se essencial que familiares, educadores e profissionais de saúde incluam o exercício físico como parte integrante do cuidado dessas crianças. A implementação de programas estruturados, adaptados às necessidades individuais, pode promover um desenvolvimento mais equilibrado e abrir caminhos para uma vida mais ativa e inclusiva. O estudo reforça, portanto, a importância de políticas e práticas que facilitem o acesso a essas intervenções, transformando a atividade física em um aliado fundamental no apoio às crianças com TEA.

REFERÊNCIAS

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1 Docente do Curso de Bacharelado em educação física do Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranhão – IESMA/Unisulma. E-mail: jhonatasousasilva101@gmail.com
2 Docente do curso de Bacharelado em educação física do Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranhão – IESMA/Unisulma. E-mail: de.oliveira.millena@gmail.com