REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202504071342
Andreia Barra Eulaio¹; Adriane Rodrigues Pinto²; Francivanne Teles Rodrigues¹; Jedielma Rodrigues Pompeu¹; Sara Teles Pacheco¹.
RESUMO
A presente construção se tece na área da educação inclusiva, mais especificamente relacionada as propostas de recursos metodológicos para a Educação Infantil, tendo como problemática central: Quais os recursos metodológicos mais adequados para contribuir para o ensino aprendizado do aluno autista? A partir disso, o objetivo geral se constrói, pretendendo analisar quais recursos metodologias mais adequados para contribuir para o ensino aprendizado dos alunos nas salas regulares. Com seus objetivos específicos: Compreender as principais características dos autistas, conhecer alguns métodos utilizados para o desenvolvimento do aluno e analisar a importância deste tema, como fonte de conhecimento para se trabalhar a inclusão nas escolas. Dentro de uma perspectiva teórico-metodológico utilizaremos a pesquisa de cunho qualitativo, do tipo estudo de caso, tendo com principais autores como: Perrenoud (1997), Kerches (2022), Orru (2007), Cavaco (2014), Carvalho (2004), entre outros assim como os principais documentos nacionais que norteiam as práticas na educação especial/inclusiva em nosso país. Com isso, foi possível compreender que há uma necessidade latente de: formação continuada para os professores; incentivo para que as adaptações curriculares possam de fato acontecer, fazendo uso de métodos individualizados; utilização de métodos avaliativos, que também respeitem as individualidades dos estudantes; participação frequente na escola e uma boa relação entre escola e família.
Palavras Chaves: Autismo; metodologia; adaptação; inclusão.
Introdução
Diante das diversidades existentes dentro e fora do ambiente educacional é importante destacar que os alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), podem encontrar grandes dificuldades para ser incluído adequadamente, devido a complexidade de suas características, e a falta de conhecimento, de muitos profissionais da educação, além dos obstáculos do trabalho em equipe da saúde, escola, família e terapias, tornam essas barreiras ainda maiores
Sendo assim o tema: Educação inclusiva: Proposta de recursos metodológicos para alunos da educação infantil, surgiu pelo fato de destacar educação das escolas como parte importante do tema à ser abordado, embora não seja a única responsável pela inclusão, mais abre os caminhos para novos saberes.
Com isto, está pesquisa se iniciou a partir das experiências de uma mãe atípica Andreia Eulaio ( integrante desta equipe) e as dificuldades de seu filho, no ambiente escolar, com a problemática: quais os recursos metodológicos mais adequados para contribuir para o ensino aprendizado do aluno autista? Envolvendo uma luta pessoal, que tornou- se coletiva em busca de meios inclusivos e eficazes, para se trabalhar em um ambiente educacional.
Nesse contexto, a pesquisa propõe como objetivo geral: analisar quais recursos metodologias mais adequados para contribuir para o ensino aprendizado dos alunos nas salas regulares. Com seus objetivos específicos: Compreender as principais características dos autistas, conhecer alguns métodos utilizados para o desenvolvimento do aluno e analisar a importância deste tema, como fonte de conhecimento para se trabalhar a inclusão nas escolas.
Desse modo como já citado devido a toda a dificuldade que envolve o tema abordado tanto por meio de compreender o aluno atípico quanto pelas barreiras de incluí-los houve a necessidade de buscar várias fontes de conhecimento.
Por meio da pesquisa qualitativa que[…] fornece análise mais detalhada sobre as investigações […] MARCONE & E LAKATOS, 2008, p.269) trás profundidade sobre o tema, para que o leitor compreenda o contexto específico e as características do transtorno do espectro autista.
Ressaltando também os relatos de experiências, [..] “saberes práticos” […] (TARDIFE 2010,p.49), mostrando a realidade de mãe e filho atípicos, e suas dificuldades diante do convívio das diferenças.
Com isto juntamente a meios de pesquisa biográfica que segundo MARCONE & LAKATOS (2007, p.185) “abrange toda a bibliografia já tornada publica” foram fontes de extrema importância, para Compreensão mais detalhada sobre o assunto, e as barreiras na inclusão.
A partir de todo o conteúdo estudado, a equipe também pode adquirir conhecimentos pelas experiências adquiridas nas dalas de aula, através da pesquisa de campo […] “diante de investigação do desconhecido” […] (PIANA, 2009, p.3), observando, por meio de estágios, as dificuldades dos alunos com o transtorno, tendo melhor Compreensão da relevância deste tema.
Por tanto, por todo empenho e dedicação além das experiências adquiridas, acredita- se que estas pesquisas possam ser de extrema importância, pois abordam também a realidade e a importância de mudanças no contexto escolar, além de se compreender a necessidade de se obter conhecimento para se incluir adequadamente os alunos em sua diversidade.
1- ENTENDENDO O COMPORTAMENTO DO ALUNO AUTISTA
O Autismo, diante da complexidade de um nome que gera tantas dúvidas, e ao mesmo tempo a curiosidade, acredita-se também que pode despertar propósitos de vida na busca pela inclusão. Sobre tudo, quando as experiências diárias demonstram que há possibilidade de desenvolvimento. Deste modo Andreia Eulaio ressalta;
“Meu filho tem conhecimentos sim, ele está aprendendo aos poucos e as pessoas estão sempre se surpreendendo com ele, tem demostrado que aprendeu, tipo letras, falas, demostra também afeto. Portanto não se pode considerar que um autista nunca vai aprender”.
Sendo assim, o ambiente escolar deve estar voltado para a adaptação, respeitando e acolhendo a diversidade, utilizando-se de recursos que possam tornar esse ambiente realmente inclusivo, e acima de tudo respeitando as características individuais de cada aluno, pois;
“Todo autista é diferente, é muito mais do que uma linha reta que vai de leve a severo. Mesmo sendo autista, podemos evoluir e chegar a ter algum ou total nível de autonomia e independência” […] (Joana revista autismo 2020. p,16)
Desse modo, deve-se levar em consideração tanto o conhecimento dos familiares, quanto a visão do próprio autista, quando se há maior possibilidade de comunicação, com isto ampliando-se a compreensão sobre o que é estar em um transtorno e seus obstáculos
É importante se levar em consideração diversas formas de conhecimento para se buscar meios mais eficazes de adaptações no ambiente das salas de aula, assim comenta, a mãe de Laura, na revista autismo 2020, p.22 “qualquer adaptação para crianças com autismo não é um privilégio e sim um direito”. Nesse sentido, as escolas devem estar preparadas para receber e incluir um aluno com deficiência.
No entanto, cabe ressaltar que o autismo pode envolver diversas características que estão envolvidas dentro do espectro, que não se limitam apenas no conhecimento básico, mais sim em ampliar cada vez mais a compreensão sobre o aluno, unindo-se teoria e prática, com isso, compreende- se que a definição de transtorno parte de o significado do verbo de origem transtornar” que se refere a ordem regular ou natural das coisas” CLINICA ESTANCIA BELA VISTA 2019, refere-se a desordem das funções do cérebro, afirmando a necessidade de conhecimentos mais aprofundados
Porém a definição de espectro teria se originado do latim espectrum “visão, fantasma ou aparência, de acordo com Drauzio Varela, o espectro também se relaciona aos níveis do mais leve ao mais grave, ou como é conhecido atualmente: um, dois e três níveis de suporte
“Segundo o DSM-5, o Transtorno do Espectro Autista pode ser dividido em 3 níveis” compreendendo –se que apesar de características que os definem, cada autista se torna único de acordo com seu próprio desenvolvimento. Com tudo, entre tantos meios para se definir o TEA transtorno do espectro autista, pode-se destacar que também significa “dentro de si”, sendo assim Coutinho 2018.p,5 afirma,
A etimologia da palavra autismo, vem do grego autos, que significa si mesmo, que traduz uma condição do ser humano. Assim, o autismo é um estado onde o indivíduo vive para si mesmo, ou seja, uma condição onde o mesmo está imerso em si próprio”
Desse modo, suas características podem ser consideras complexas, interferindo na interação em ambientes educacionais, pois entre vários pontos a serem observados, acredita- se que a dificuldade na socialização se destaca, e torna-se uma das grandes barreiras de inclusão nas escolas. Porém (Cavaco 2014,p.42) ressalta;
Diversas crianças diagnosticadas com Autismo podem não apresentar todos os sintomas característicos da deficiência até hoje identificados. Assim, muitas crianças podem evitar completamente o contato visual, enquanto outras podem apresentar dificuldades menos acentuadas e não tão perceptíveis outras mais calmas e isoladas, outras hiperativas desenvolvendo diversas estereotipias”
Dessa forma, entre diversas características existentes em algumas pessoas do espectro, muitas delas se relacionam as funções do cérebro, que dificulta a interação e compreensão. Portanto, a comunicação pode ser afetada, por haver várias formas de se comunicar, tanto por meio verbal quanto não verbal.
Com isto, as estereotipias, que para muitos podem ser consideradas incomuns ou estranhas, são comportamentos repetitivos, e essas repetições, tanto ao balançar as mãos, pronunciar as mesmas palavra ou ter preferência ao mesmo objeto, pode tornar o mundo autista muito mais desafiador para quem não conhece suas principais características.
De acordo com Cavaco (2014);
As desconexões existentes no cérebro do autista leva a que a elaboração das suas respostas e o modo como quer passar uma mensagem não consiga realiza-se do mesmo modo do que todos os que se dizem normais consegue faze-lo, dentro de um padrão geral definido socialmente para a comunicação e manifestação verbal e expressiva, da percepção, do que o mundo exterior lhes transmite, ou permite chegar. Podemos então entender que não existe ausência de comunicação (eles se comunicam de diversas formas, até pelos seus silêncios) […] (CAVACO, 2014, p. 44).
Sendo assim, o silencio pode ter significados, e tanto de forma verbal quanto não verbal, o comportamento de uma pessoa atípica, ou seja, de um aluno com padrões considerado fora da “normalidade” pode estar relacionado as formas de se comunicar, reforçando a importância em se buscar meios de interação para melhor compreensão. Sobretudo quando suas caraterísticas vêm acompanhadas de comorbidades, e este aluno necessite de mais atenção.
[…] A comorbidade é um termo médico que descreve outras condições que podem se manifestar junto ao TEA […]. Conhecer as comorbidades mais comuns no autismo e suas principais características é essencial para garantir a intervenção necessária e o tratamento adequado melhorando a qualidade de vida do autista e o prognóstico do quadro (KERCHES, 2022, p.119).
As alterações no sono são uma entre várias comorbidades que podem afetar o desempenho de uma pessoa no espectro. Nesses casos pode se compreender a imensa barreira que um aluno pode encontrar, diante das dificuldades que podem surgir, juntamente ao autismo.
[…]principais comorbidades que podem afetar o sono de um autista, incluem: ansiedade, enurese (incapacidade de conter a urina), pesadelos ou terrores noturnos, dificuldades de comunicação social, questões ambientais relativas ao quarto ou à casa, estresse, questões sensoriais incompreendidas (como contato com tecidos, …4 de nov. de 2022
Nesse sentido, além de várias caraterísticas e comodidades que podem fazer parte da vida atípica, também podem estar incluídos os transtornos de processamento sensorial, onde suas habilidades podem ser afetadas. Com isto, seria necessário observar o quanto o aluno pode ser sensível ou necessitar de mais estímulos no ambiente educacional;
[…] TRANSTONO DO PROCESSAENTO SENSORIAL, que configura um desordenamento das habilidades sensoriais. As consequências dessa desorganização são a hipersensibilidade ou hiporsensibilidade apresentada pela criança[…] É importante ressaltar que essas demonstrações podem levar a criança a ter prejuízos na cognição, no comportamento e no campo emocional (INSTITUTO NEURO SABER, 2021).
O autor ressalta as grandes dificuldades no desempenho da criança que ocorrem devido a desordens sensoriais, tanto por meio de aprendizagem quanto pela socialização, acarretando prejuízos em seu desenvolvimento. Sendo assim tocar, ver, ouvir para aprender, pode torna- se um grande obstáculo.
Nesse sentido acredita- se que o seu desenvolvimento em fases importantes passa ser prejudicado pois o educando pode evitar ter contatos com certas texturas e ambientes devido suas sensibilidades, já em outros momentos pode estar constantemente procurando por estímulos, estando desatento em atividades específicas em sala de aula.
Nesse contexto se destaca que, alunos atípicos com caraterísticas consideradas complexas, podem necessitar de recursos que possam favorecer uma maior comunicação e desenvolvimento de suas habilidades que se referem também ao comportamento e aprendizado para sua melhor inclusão.
Sendo assim, torna- se necessário, estudos e práticas que envolvem o conhecimento sobre o TEA, dependendo de suas particularidades, pois como já mencionado cada autista é único, compreendendo- se que o educando pode se sentir incluído no ambiente se este estiver envolvido em uma preparação para recebê-lo, trata-se de adaptar-se para adapta- lo, de forma realmente inclusiva.
2- RECURSOS METODOLÓGICOS: SUGESTÃO PARA O CONTEXTO ESCOLAR
Diante de todo o conhecimento sobre teorias e práticas, deve se destacar, as leis que amparam os direitos da pessoa no espectro do autismo, de forma que se compreenda a importância de se trabalhar a inclusão no ambiente educacional, pois se relacionam também, as conquistas do educando como cidadão.
Nesse contexto, é de grande relevância destacar a lei Berenice Piana 12.764, ao qual declara o autismo como deficiência, sendo assim seus direitos devem ser assegurados, inclusive o direito a educação, pois;“[….]. o processo educacional de pessoas com autismo é diferente mais não é impossível e nem inalcançável” CNJ 5/ 12/22022. Essas conquistas representa que o educando tem a possibilidade e o direito de aprender.
Com isto, incluir e se adaptar está relacionado não apenas à forma de como se vê o aluno no espectro, mas em compreender que seu aprendizado pode ser também diferenciado. Deste modo, torna- se necessário que, métodos e recursos sejam importantes estratégias para reforçar habilidades, se o professor utilizar- se de recursos mais apropriados;
Os recursos visuais expandem a capacidade de uma criança com autismo de interagir com o ambiente em seu redor. Eles podem dar as crianças senso de autonomia e permitir que façam escolhas e expressem necessidades. Os recursos visuais também ajudam as crianças a compreender a rotina e contribuir com as atividades. Melhora a comunicação entre crianças com autismo e seus responsáveis. (INSTITUTO NEURO SABER, 2021).
Este é um passo importante para se iniciar o processo de comunicação tão necessário, pois os recursos visuais podem possibilitar melhor compressão, estimulando a independência do aluno contribuindo para que haja um ambiente mais tolerável e inclusivo para a maioria, pois assim, educandos com autismo, também podem ter mais facilidade para expressar suas necessidades.
A seguir algumas propostas de recursos metodológicos que contribuem na formação de alunos com TEA.
2.1- QUADRO DE ROTINA
Nesse caminho de diversas possibilidades para se adaptar à diversidade, podem ser citadas as rotinas que ocorrem de forma organizada, e já acontecem no ambiente escolar, destacando deste modo, que podem estar relacionadas a recursos visuais para que despertem a atenção do aluno.
As rotinas são pontos positivos a serem observados, quando se fala sobre educandos que necessitam do apoio de imagens, desse modo as escolas tem um horário estabelecido como: horário de entrada, intervalos, hora da saída, que podem ser apresentados por meio de recursos visuais, por meio de figuras ou fotos, tornando o ambiente mais receptivo e previsível.
Muitos autistas se apegam a uma rotina por vários motivos. Em geral, é pela previsibilidade que traz. Uma rotina não traz surpresas e torna a compreensão da vida mais fácil para autistas (BLOG AUTISMO EM DIA, 2021).
Sendo assim, acredita- se que até mesmo aceitar estar na escola e compreender que há um momento para cada atividade poderia contribuir para diminuir os comportamentos indesejáveis (como as birras) pois acredita- se que a previsibilidade gera um certo conforto em alunos TEA.
Como visto anteriormente, o autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento, ou seja, que se caracteriza como desordem nas funções neurológicas. Nesse sentido, acredita-se que os quadros de rotinas organizadas poderia tornar o ambiente mais compreensível para pessoas do espectro.
Diante da importância de adaptações no ambiente educacional, através de estratégias de ensino, cabe destacar que o método TEACCH foi criado por meio de um planejamento de pesquisa, relacionados aos comportamentos de crianças e suas individualidades, seu intuito é apoiar o aluno atípico para que desenvolvam sua autonomia.
O método TEACCH que traduzindo em português significa (Tratamento em Educação para Autista e Crianças com Deficiências relacionada a Comunicação), foi pensando em 1960 pelo departamento de psiquiatria da faculdade de medicina na Universidade da Carolina do Norte nos Estados Unidos, tornando- se uma referência para outros programas em todo o mundo, comprovando através de evidências, os benefícios da estratégia de ensino adaptado no planejamento de intervenções;
O método teacch trabalha com os princípios de organização, rotina, tarefas, estrutura dos materiais, espaço com suas funções delimitações físicas, espaço de estímulos concorrentes e controle de comportamento (FONCECA e CIOLA, 2014, p 34).
Nesse sentido, cada aluno TEA como qualquer outro estudante, tem seus próprios conhecimentos e características que podem ser avaliadas e aliadas ao seu aprendizado, a partir de um ambiente preparado com ferramentas de ensino adequadas, ressaltando suas, habilidades, individualidades.
Dessa forma, compreende- se que este método se relaciona a uma aprendizagem significativa para o educando, ao mesmo tempo em que se envolvem meios para a interação. Assim o aluno aprende e comunica- se demonstrando suas preferências, destaca suas. Potencialidades, para que haja um melhor caminho nas estratégias de ensino, de forma organizada e previsível. Sendo assim;
O programa teacch procura entender como a pessoa com autismo pensa, vive, aprende e responde ao ambiente, a fim de promover aprendizagem com independência, autonomia e funcionabilidade (FONSECA; CIOLA, 2014).
Nesse contexto, os autistas devem ser estimulados de acordo com suas próprias características e até mesmo sobre seus conhecimentos de mundo e suas vvivências, para que suas habilidades possam ser ressaltadas de maneira significativa e eficiente, respeitando as dificuldades da pessoa com deficiências e ao mesmo tempo, valorizando suas particularidades.
O TEACCH busca um desenvolvimento mais amplo estimulando o aprendizado à medida que o educando for se tornando mais independente, fazendo suas próprias escolhas, demonstrando suas qualidades e preferências, para que possa aprender de forma natural e objetiva, a medida que for desenvolvendo sua própria autonomia.
2.3- MÉTODO PECS
Envolvendo o pensamento de que a sala de aula tenha melhor significado para os educandos com o transtorno, deve- se levar em consideração que este esteja adequadamente adaptado. Desta forma, são necessários sistemas de comunicações eficientes para que haja melhor interação no ambiente em que o educando estiver inserido. Com isto, compreender e ser compreendido pode ter uma grande importância para alunos com dificuldades na comunicação.
Com essa finalidade o método PECS foi desenvolvido nos Estados Unidos em 1985 por Andy Bondy,phD, e Lori Frost, O PECS é um método criado para ajudar as pessoas com deficiências na sua comunicação. Acredita- se que este sistema por troca de figuras contribua para uma melhor interação com o aluno autista.
O método foi desenvolvido para autistas que estão na fase pré-escolar com comprometimento severo na comunicação, porém também é utilizado para pessoas com menos dificuldades, mais que necessitam de um auxílio, pois acredita- se que, desta forma, pode ampliar o desenvolvimento comunicativo, segundo o livro Autismo Ao Longo da vida (2022, p 43).
O comprometimento da linguagem é um dos sinais que definem o transtorno […] usualmente observa- se a dificuldades em começar e/ ou manter um diálogo: em alguns casos mais severos, existe total ausência de verbalização de palavras […] nessas situações, é comum que ocorra a utilização de comunicação alternativa, como o sistema de comunicação por troca de figurinhas PECS.
A criação deste sistema de comunicação produz possibilidades no desenvolvimento da fala, no vocabulário, utilizando atividades funcionais, a partir do treinamento de comunicação alternativa, pois a criança pode solicitar o que deseja, através das imagens, ate mesmo aprender saudações, sentimentos, entre outros. Deste modo;
O Picture Exchange communications System (PECS) é um método de intervenção em CSA baseado em princípios comportamentais básicos (modelagem, reforçamento diferencial e transferência de controle de estímulo, por exemplo), no qual o aluno aprende a requisitar objetos ou atividades de interesse por meio de troca de figuras pelos itens (potenciais reforçadores) (OLIVEIRA; JESUS, 2006, p. 24).
Este método, totalmente voltado ao comportamento verbal de forma que o educando faça uso continuamente das respostas adequadas produzindo estímulos que são reforçados na fala, na coordenação motora, gestual entre outras, ou seja, ele é um processador com respostas totalmente verbais, sendo controlada pelo processo motivacional.
Nesse sentido, a vantagem do uso do PECS é na ampliação da comunicação das crianças que têm dificuldades na fala aumentando suas possibilidades de desenvolvimento. Pois o sucesso do ensino deste método está em criar oportunidades de relações funcionais entre a emissão da resposta do aluno e seu ambiente, o que lhe motivaria a aprender continuamente.
2.4- MÉTODO ABA
Acreditando-se nessa motivação tão necessária para alunos no espectro autista, onde são necessárias várias estratégias de ensino em busca de respostas positivas. Pode- se destacar o método Applied Behavior Analysis (ABA) que traduzido para a língua portuguesa significa Análise do Comportamento Aplicada
Trata-se de uma ciência comportamental, onde seus conceitos também podem ser adaptados como “aprendizagem sem erro”. Pois, usa-se o ensino intensivo individualizado, referente às habilidades fundamentais que podem favorecer o desenvolvimento do aluno, ressaltando comportamentos considerados apropriados.
Nesse contexto, é importante mencionar que a terapia Aba é considerada uma ciência eficaz, utilizada como intervenção produtiva em consultórios terapêuticos, onde se trabalha com reforçadores, ou reforço positivo que favorecem comportamentos considerados apropriados.
Programa de ABA frequentemente começa em casa, quando a criança é muito pequena. A intervenção precoce é importante, mas esse tipo de técnica também pode beneficiar crianças maiores e adultos. A metodologia, técnicas e currículo do programa também podem ser aplicados na escola. A sessão de ABA normalmente é individual, em situação de um-para-um, e a maioria das intervenções precoces seguem uma agenda de ensino em período integral – algo entre 30 a 40 horas semanais (LEAR, 2004, p. 11).
Messe contexto, o método aba é uma ciência, onde são necessários estudos mais aprofundados, para se alcançar resultados positivo, pois se trata de uma terapia que envolve observações detalhadas para se trabalhar de forma adequada. Com isto, torna-se de grande importância, um conhecimento mais específico envolvendo as seguintes habilidades;
Habilidades de cuidados pessoais, habilidades sociais, habilidades de linguagem, habilidades acadêmicas etc., organizadas em níveis de dificuldade, de maneira que você comece com habilidades básicas, muito simples, e depois as use para desenvolver as mais complexas (LEAR, 2004, p. 16).
Nesse caso compreende-se que o método utilizado por terapeutas necessita de intervenção de especialistas na área para que ele possa ser utilizado adequadamente tanto em consultórios terapêuticos, quanto em ambiente educacional, para que haja resultados positivos em relação ao desenvolvimento da criança autista.
Para que a aplicação do ABA obtenha melhores resultados é preciso reparos e observações regulares. Pois este mecanismo de intervenção possibilita um reforço mais apropriado deixando de lado os comportamentos considerados inadequados. Nesse sentido, são necessários constantes observações e conhecimentos sobre suas estratégias de ensino.
Dessa forma, quando as consequências são positivas são chamadas de reforçadoras, porque tendem a reforçar o comportamento que seguem. Quando as consequências são negativas, são chamadas de punição. Ao usar ABA para ensinar crianças com autismo, usamos apenas consequências positivas, ou reforçadoras (LEAR, 2004, p. 31).
Com isso, adquirir comportamentos considerados adequados poderia tornar- se um importante meio para estimular- lós em suas habilidades, e ao mesmo tempo destacar pontos positivos em relação ao aluno. Sendo assim, a partir desta intervenção acredita- se que a criança possa se sentir incluída no convívio em sala de aula, sendo estimulada para que se compreenda a dimensão de todas as suas capacidades.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A guisa da construção se tece na área da educação inclusiva, mais especificamente relacionada as propostas de recursos metodológicos para a Educação Infantil, tendo como problemática central: Quais os recursos metodológicos mais adequados para contribuir para o ensino aprendizado do aluno autista?
O desenvolvimento da pesquisa, dentro da perspectiva teórica-metodológica, se deu qualitativamente, utilizando-se de maneira exploratória e descritiva para a realização, da coleta de dados, nos auxiliando na compreensão acerca das práticas dos professores que atuam com estudantes autistas na educação infantil.
A ideia sobre inclusão e conhecimentos, surgiu através da realidade, que envolve uma constante luta vivenciada diariamente, nesse sentido o tema: Educação Inclusiva, uma proposta de recursos metodológicos para Educação Infantil, comprovou através de embasamento teórico, e por experiências a importância de se adaptar ao aluno e proporcionar um ambiente escolar de qualidade.
Dessa forma demonstrando que apesar de ser considerado “incurável” a pessoa do espectro também tem a possibilidade de se desenvolver, por meio de atividades bem desenvolvidas em sala de aula, e com o auxílio de professores preparados, juntamente ao um trabalho em união, pois a escola é um reflexo da sociedade onde todos devem compartilhar conhecimentos e saber se adaptar ao convívio da diversidade.
Deste modo, acreditamos que o educando com autismo possa se desenvolver e se sentir compreendido sendo motivado a aprender com outros alunos e professores, e assim como também ensinar com suas próprias particulares e habilidades, através dos recursos metodológicos e na convivência de se compartilhar e adquirir conhecimentos.
Com isto, através de todos os obstáculos que envolvem o TEA, e apesar da inclusão não ser total responsabilidade do educador, acredita-se que o conhecimento e empatia são pontos de partida para se trabalhar em um ambiente que deve acolher e respeitar as diferenças, mesmo se tratando de um espectro que envolvem quadro clínico, os desafios devem ser enfrentados, pela inclusão que é um direito de todos.
Nesse sentido, a complexidade do espectro, foi abordada por diversos ângulos: pela visão do autista, da mãe atípica, escola, e especialistas, demonstrando através de fontes comprovadas, os benefícios que os recursos e métodos poderiam trazer em sala de aula.
Pois a grande relevância destes métodos está em tornar o ambiente educacional mais receptivo de forma que o aluno possa compreender, ser compreendido, e se sentir parte importante deste ambiente, que deve estar voltado à diversidade discente.
Portanto, compreende-se que os recursos que aos olhos de muitos parecem simples, mas que com base em nossos conhecimentos podem ajudar a criança com TEA a relacionar-se com os objetos e imagens, contribuem para o desenvolvimento do aluno. Desse modo, os recursos apresentados dão nitidez ao que se espera do aluno em sala de aula dependendo de sua individualidade.
Sendo assim, torna-se fundamental que o professor esteja capacitado para atender as necessidades de um aluno atípico, ressaltando-se também a grande importância do trabalho em equipe, para que a inclusão realmente aconteça. Por isso acreditamos que o educador precisa investir mais nas imagens e ilustrações além do reforço positivo para que o aluno possa ter uma aprendizagem eficaz e significativa.
Portanto, ao longo processo de aprendizado e busca por recursos mais apropriados se destaca as dificuldades das pessoas que convivem com o espectro e ao mesmo tempo, a importância do envolvimento de todos para se percorrer os caminhos da tão sonhada educação inclusiva.
Contudo, diante de toda a diversidade e dificuldades que envolvem o transtorno, vale ressaltar que nosso tema faz parte da luta de uma mãe atípica, e ao mesmo tempo à união de todos os integrantes desta equipe, que juntos buscam a melhoria na educação independente das diferenças.
Ressaltando-se que construção deste artigo, tornou-se um desafio e ao mesmo tempo um aprendizado, repleto de grandes experiências e descobertas, pois envolveu nossa realidade em uma sucessão de obstáculos a serem superados. Que nos fizeram compreender a importância da empatia, aceitação e o respeito que nos movem a buscar conhecimentos, pelos alunos no espectro, pois merecem ser vistos, não apenas como os alunos com deficiência, mais como pessoas que tem o direito de ser incluídos adequadamente.
Finalizamos com a proposta e a finalidade de sermos um exemplo para outras famílias, educadores, especialistas envolvidos em uma sociedade que deve compreender que as diferenças são características de todo o ser humano, e que possamos também levar para dentro de salas de aula, nosso respeito às pessoas do espectro autista e a buscar por uma educação com mais igualdade de direitos para todos os educandos.
REFERÊNCIAS
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¹Pedagoga;
²Mestra em Educação Inclusiva;