AVANÇOS NO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DO CÂNCER DE MAMA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DA  LITERATURA

ADVANCES IN THE DIAGNOSIS AND TREATMENT OF BREAST CANCER: A SYSTEMATIC REVIEW OF THE  LITERATURE

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202504061645


PINTO, Caroline Virgílio1
CEDRO, Flávia Dutra Motta2
RODRIGUES, Isadora Soriano de Souza Jesuíno3
SAMPAIO, Monaliza Aparecida Chagas Duarte4
Professor(a): AZEVEDO, Fernanda Luiza Andrade de5


RESUMO  

Introdução. O câncer de mama é a neoplasia maligna mais prevalente entre as mulheres e  representa um desafio significativo para a saúde pública. O avanço nas técnicas de  rastreamento, detecção precoce e abordagens terapêuticas têm contribuído para a redução da  mortalidade e melhora da qualidade de vida das pacientes. Objetivos. Este estudo tem como  objetivo analisar, por meio de uma revisão sistemática da literatura, os progressos recentes  nesses aspectos, enfatizando o impacto das novas tecnologias e terapias na oncologia  mamária. Justificativa. A pesquisa é relevante por contribuir para a conscientização sobre a  importância do rastreamento precoce, oferecer subsídios atualizados para a formação  acadêmica e auxiliar no aprimoramento das diretrizes clínicas com base nos avanços  terapêuticos mais recentes. Metodologia. A pesquisa seguiu o protocolo PRISMA e utilizou a  estratégia PICO para selecionar artigos publicados entre 2020 e 2024 nas bases SciELO e  PubMed. Resultados e discussão. Os resultados indicam que a mamografia continua sendo o  principal exame de rastreamento, mas outras técnicas, como ressonância magnética e testes  genéticos, têm ampliado a precisão diagnóstica. No tratamento, destaca-se o uso de terapias alvo, imunoterapia e novos fármacos, como inibidores de CDK4/6 e anticorpos monoclonais,  que melhoram a sobrevida e reduzem os efeitos colaterais. Além disso, recursos como a  cinesioterapia demonstram eficácia na reabilitação pós-cirúrgica, auxiliando na recuperação  funcional e emocional das pacientes. Conclusão. Conclui-se que, apesar dos avanços, há  desafios relacionados à prevalência de diagnósticos tardios e ao acesso desigual às novas  terapias, ressaltando a necessidade de políticas públicas mais eficazes e inclusivas. 

Palavras-chave: Câncer de mama. Diagnóstico precoce. Terapias-alvo.

ABSTRACT 

Introduction. Breast cancer is the most prevalent malignant neoplasm among women and  represents a significant public health challenge. Advances in screening techniques, early detection, and therapeutic approaches have contributed to reducing mortality and improving  patients’ quality of life. Objectives. This study aims to analyze, through a systematic literature  review, recent progress in these aspects, emphasizing the impact of new technologies and  therapies in breast oncology. Justification. This research is relevant as it contributes to  raising awareness about the importance of early screening, provides updated insights for  academic training, and assists in improving clinical guidelines based on the latest therapeutic  advancements. Methodology. The study followed the PRISMA protocol and used the PICO  strategy to select articles published between 2020 and 2024 from the SciELO and PubMed  databases. Results and Discussion. The findings indicate that mammography remains the  primary screening tool, but other techniques, such as magnetic resonance imaging and genetic  testing, have enhanced diagnostic accuracy. In treatment, targeted therapies, immunotherapy,  and new drugs, such as CDK4/6 inhibitors and monoclonal antibodies, stand out for  improving survival rates and reducing side effects. Additionally, resources like kinesiotherapy  have proven effective in post-surgical rehabilitation, aiding in both functional and emotional  recovery. Conclusion. Despite advancements, challenges remain regarding the prevalence of  late diagnoses and unequal access to new therapies, highlighting the need for more effective  and inclusive public policies. 

Keywords: Breast cancer. Early diagnosis. Targeted therapies. 

1. INTRODUÇÃO 

O câncer de mama é a neoplasia maligna mais comum entre as mulheres em todo o mundo e representa um desafio para a saúde pública devido à sua alta incidência e impacto  significativo na mortalidade feminina. Nesse aspecto, caracteriza-se por um crescimento  descontrolado de células na mama que pode se disseminar para outros órgãos caso não seja  diagnosticado e tratado precocemente (Mendes et al., 2024). 

Nos últimos anos, avanços significativos no diagnóstico e nas abordagens terapêuticas  dessa doença têm contribuído para a redução da mortalidade e para o aumento da sobrevida  das pacientes. O desenvolvimento de novas tecnologias e métodos de rastreamento tem  permitido a identificação precoce do câncer de mama, fator essencial para a adoção de  estratégias terapêuticas mais eficazes e menos invasivas (Banzatto et al., 2023). 

A mamografia continua sendo o principal exame de rastreio, mas técnicas  complementares, como a ressonância magnética, a ultrassonografia e a biópsia guiada por  imagem, têm ampliado a precisão diagnóstica (Silva et al., 2024). Além disso, o uso de  biomarcadores e testes genéticos possibilita uma abordagem mais personalizada, o que  permite a estratificação de risco e a escolha de terapias mais adequadas para cada perfil  tumoral.

Paralelamente, os avanços nos tratamentos também têm desempenhado um papel crucial  no manejo da doença. A cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia continuam sendo pilares  fundamentais do tratamento, mas novas modalidades terapêuticas, como a imunoterapia e as  terapias-alvo, têm demonstrado eficácia significativa, especialmente em casos de tumores  com perfis moleculares específicos (Galhardo et al., 2024). 

A introdução de medicamentos como inibidores de CDK4/6, anticorpos monoclonais e  terapias hormonais inovadoras têm proporcionado melhores respostas clínicas e menor  toxicidade para as pacientes (Sena et al., 2022). Diante desse cenário de constante evolução,  torna-se essencial compreender e sistematizar as evidências científicas disponíveis sobre os  avanços no diagnóstico e no tratamento do câncer de mama. 

Assim, este estudo tem como objetivo analisar, por meio de uma revisão sistemática da  literatura, os progressos recentes no rastreamento, na detecção precoce e nas abordagens  terapêuticas da doença, com destaque aos seus impactos na sobrevida, na qualidade de vida  das pacientes e nas perspectivas futuras da oncologia mamária. 

2. MATERIAIS E MÉTODOS 

Trata-se de um estudo de revisão sistemática da literatura sobre os avanços no diagnóstico  e tratamento do câncer de mama, com foco na evolução das estratégias de rastreamento,  detecção precoce e abordagens terapêuticas. A pesquisa foi conduzida com base nos itens  propostos pelo Preferred Reporting Items for Systematic Reviews (PRISMA). 

A pesquisa seguiu a estratégia População, Intervenção, Comparação e Desfechos (PICO),  onde a população-alvo foi composta por mulheres diagnosticadas com câncer de mama, a  intervenção consistiu nos métodos modernos de diagnóstico e tratamento, a comparação foi  realizada entre abordagens convencionais e novas estratégias terapêuticas, e os desfechos  analisaram a eficácia dessas intervenções na sobrevida e na qualidade de vida das pacientes. 

Os descritores utilizados na pesquisa foram definidos com base na formulação da pergunta  e selecionados a partir dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS). Os termos empregados  foram: “câncer de mama”, “diagnóstico precoce”, “terapia alvo”, “imunoterapia” e  “sobrevida”. A busca foi realizada utilizando a combinação dos descritores com operadores  booleanos “AND” e a pesquisa foi conduzida nas bases de dados SciELO e PubMed. 

Os critérios de inclusão foram: artigos acadêmicos publicados entre 2020 e 2024, escritos  em português, inglês ou espanhol, com textos completos disponíveis gratuitamente que abordassem avanços no diagnóstico e tratamento do câncer de mama, incluindo novas terapias  e estratégias de rastreamento. Os critérios de exclusão foram: artigos indisponíveis em texto  completo e pesquisas sem foco nos avanços terapêuticos e diagnósticos do câncer de mama. 

Figura 1. Fluxo metodológico.

Fonte: organizado pelos autores (2025).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 

 Posteriormente a triagem de resumos, foram escolhidos 09 artigos para leitura completa e  para escrita do presente trabalho. Esses estudos foram avaliados e organizados na tabela 1  para identificar as abordagens metodológicas, os principais achados e as conclusões  relacionadas aos avanços no diagnóstico e tratamento do câncer de mama. A análise  concentrou-se na efetividade de novas técnicas diagnósticas, como a utilização de  biomarcadores para a detecção precoce, além dos progressos nas opções terapêuticas,  incluindo terapias-alvo e imunoterapia.  

Tabela 1. Principais estudos utilizados para escrita.

A detecção precoce e o tratamento do câncer de mama são temas centrais na oncologia,  visto que impactam diretamente na sobrevida e qualidade de vida das pacientes. A revisão da  literatura demonstra avanços significativos nesses aspectos, abordando desde os fatores de  risco até as terapias mais inovadoras. 

Costa et al. (2021) destacam a importância da identificação precoce dos fatores de risco,  enfatizando que a conscientização e a educação são fundamentais para a prevenção primária.  Nessa mesma linha, Melo et al. (2021) reforçam o papel das Unidades Básicas de Saúde na  promoção do rastreamento do câncer de mama, demonstrando a necessidade de um sistema de  saúde acessível e eficiente para o diagnóstico precoce. 

No que se refere às dificuldades enfrentadas pelas pacientes, Nascimento et al. (2022)  relatam que muitas mulheres lidam com desafios psicológicos e estruturais, desde o momento  do diagnóstico até o tratamento. Santos et al. (2022) corroboram essa perspectiva ao  apontarem a prevalência de diagnósticos tardios e seus impactos na progressão da doença. 

Uma parcela significativa dos casos de câncer de mama no Brasil é diagnosticada em  estágios avançados, o que compromete a eficácia do tratamento e reduz as chances de cura. Nesse sentido, aproximadamente 40% das mulheres recebem o diagnóstico tardiamente, com  uma incidência ainda maior entre mulheres negras, onde esse índice chega a 52%, em  comparação a 43% entre mulheres brancas (INCA, 2021). 

Dourado et al. (2022) analisam os métodos de detecção e estadiamento do câncer de  mama, evidenciando como avanços tecnológicos têm contribuído para um diagnóstico mais  preciso. Batista et al. (2023), por sua vez, discutem a efetividade do trastuzumabe adjuvante  no SUS, destacando sua relevância no tratamento do câncer de mama HER-2+ e seu impacto  na sobrevida das pacientes. 

Além das terapias medicamentosas, Campos et al. (2022) enfatizam os benefícios dos  exercícios físicos na recuperação e qualidade de vida das mulheres com câncer de mama,  apontando para uma abordagem multidisciplinar no tratamento. Nesse contexto, Domingos et  al. (2021) destacam a cinesioterapia como um recurso eficaz para a reabilitação pós-cirúrgica,  auxiliando na recuperação funcional e emocional das pacientes. 

A cinesioterapia tem se mostrado um recurso fundamental na reabilitação pós-cirúrgica  de pacientes com câncer de mama, auxiliando tanto na recuperação funcional quanto no bem estar emocional. Esse método terapêutico, baseado na movimentação ativa e passiva das  articulações e músculos, contribui significativamente para minimizar complicações  decorrentes da cirurgia, como linfedema, aderências cicatriciais e perda de mobilidade no  membro superior afetado (Sena et al., 2022). 

Por fim, Dias et al. (2021) exploram as percepções das mulheres submetidas à  mastectomia, ressaltando a necessidade de um suporte psicológico adequado para enfrentar os  desafios emocionais decorrentes do tratamento cirúrgico. 

Diante desses avanços e desafios, fica evidente que a melhoria nos métodos de  rastreamento, o acesso a terapias eficazes e a implementação de abordagens integradas são  essenciais para otimizar o prognóstico das pacientes com câncer de mama. O futuro da  oncologia mamária depende da continuidade das pesquisas e da ampliação das políticas  públicas que garantam um tratamento igualitário e de qualidade para todas as mulheres. 

CONCLUSÃO 

Diante dos avanços na detecção precoce, nos métodos terapêuticos e nas abordagens  multidisciplinares no tratamento do câncer de mama, fica evidente a importância de estratégias que integrem prevenção, diagnóstico oportuno e reabilitação eficaz. A revisão da  literatura demonstrou que o rastreamento adequado, o acesso a terapias inovadoras, como o  trastuzumabe adjuvante, e a inclusão de recursos como a cinesioterapia são fundamentais para  melhorar a sobrevida e a qualidade de vida das pacientes. No entanto, os desafios persistem,  especialmente no que diz respeito à prevalência de diagnósticos tardios e às barreiras no  acesso ao tratamento, reforçando a necessidade de aprimoramento das políticas públicas e da  ampliação da cobertura assistencial. Dessa forma, torna-se essencial continuar investindo em  pesquisas, tecnologias e programas de suporte para garantir um cuidado cada vez mais  humanizado e eficaz às mulheres acometidas pela doença. 

REFERÊNCIAS 

BATISTA, J.L et al. Efetividade do trastuzumabe adjuvante em mulheres com câncer de  mama HER-2+ no SUS. Ciência & saúde coletiva, v. 28, n. 06, p. 1819-1830, 2023. 

BANZATTO, S.A et al. O impacto da pandemia no rastreio do câncer de  mama. Seven Editora, p. 765-767, 2023. 

COSTA, L.S et al. Fatores de risco relacionados ao câncer de mama e a importância da  detecção precoce para a saúde da mulher. Revista Eletrônica Acervo Científico, v. 31, p.  e8174-e8174, 2021. 

CAMPOS, M.S.B, et al. Os Benefícios dos Exercícios Físicos no Câncer de Mama. Arquivos  Brasileiros de Cardiologia, v. 119, n. 6, p. 981-990, 2022. 

DIAS, R.S et al. Câncer de mama: percepções frente à mastectomia. Research, Society and  Development, v. 10, n. 16, p. e322101624109-e322101624109, 2021. 

DOMINGOS, H.Y.B et al. Cinesioterapia para melhora da qualidade de vida após cirurgia  para câncer de mama. Fisioterapia Brasil, v. 22, n. 3, p. 385-397, 2021. 

DOURADO, C.A.R et al. Câncer de mama e análise dos fatores relacionados aos métodos de  detecção e estadiamento da doença. Cogitare enfermagem, v. 27, p. e81039, 2022.

GALHARDO, L.G et al. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO RASTREIO DO  CÂNCER DE MAMA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE. REVISTA DE  TRABALHOS ACADÊMICOS–CENTRO UNIVERSO JUIZ DE FORA, v. 1, n. 20,  2024. 

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. Programa Saber Saúde. Rio de Janeiro: INCA,  2021. 

MELO, F.B.B et al. Detecção precoce do câncer de mama em Unidades Básicas de  Saúde. Acta Paulista de Enfermagem, v. 34, p. eAPE02442, 2021. 

MENDES, J.V.S et al. O impacto da pandemia no rastreio e no diagnóstico de câncer de  mama no Brasil. Inova Saúde, v. 14, n. 2, p. 6-12, 2024. 

NASCIMENTO, P.A et al. Dificuldades enfrentadas por mulheres com câncer de mama: do  diagnóstico ao tratamento. Revista Interfaces: Saúde, Humanas e Tecnologia, v. 10, n. 2, p.  1336-1345, 2022. 

SANTOS, T.B.A et al. Prevalência e fatores associados ao diagnóstico de câncer de mama em  estágio avançado. Ciência & Saúde Coletiva, v. 27, n. 02, p. 471-482, 2022. SENA, V.C.S et al. RASTREIO PARA CÂNCER DE MAMA: AFINAL, QUAL IDADE  INICIAR?. REVISTA SAÚDE MULTIDISCIPLINAR, v. 12, n. 2, 2022. 

SILVA, P.R et al. Práticas de enfermeiros na prevenção e rastreio do câncer de mama e de  colo uterino. Enferm Foco, v. 15, n. Supl 1, p. -, 2024.


1Graduando em Medicina pela Afya Faculdade de Ciências Médicas de Itabuna.
2Graduando em Medicina pela Afya Faculdade de Ciências Médicas de Itabuna.