PREVALÊNCIA DE AFECÇÕES OFTÁLMICAS EM CÃES E GATOS ATENDIDOS CASA FAMETRO – MANAUS/AM

PREVALENCE OF OPHTHALMIC DISEASES IN DOGS AND CATS TREATED AT CASA FAMETRO – MANAUS/AM

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202504052255


Gilvaraide Fonseca Luniere Bisneto1
Hellen de Oliveira Benjamin2
Marina Pandolphi Brolio3


Resumo

A procura por profissionais especializados em oftalmologia veterinária tem aumentado, nos últimos anos, em função dos avanços da Medicina Veterinária e do conceito de medicina preventiva com diagnóstico precoce, bem como o aumento da população de animais de companhia, de popularização de raças com predisposição a oftalmopatias. O presente trabalho teve como objetivo determinar a prevalência de afecções oftálmicas em cães e gatos atendidos na CASA Fametro entre novembro de 2023 a novembro de 2024. O estudo foi realizado por meio de levantamentos de dados dos arquivos de prontuários médicos da clínica-escola. Foram registrados 17 atendimentos oftalmológicos, 15 em cães e dois em gatos. A oftalmopatia mais recorrente foi a ceratoconjuntivite ulcerativa. Este trabalho reforça a necessidade do atendimento precoce em caso de suspeita de lesões oculares e a importância da avaliação por um profissional especialista, com a realização de exames direcionados aos primeiros sinais clínicos de afecções no animal.  

Palavras-chave: Oftalmologia veterinária. Animais de companhia. Ulcera de córnea.   

1 INTRODUÇÃO

Segundo Bastos et.al.,2022, a oftalmologia veterinária é uma área em crescimento, o que automaticamente estimula, também, o interesse e preocupação dos tutores com a saúde ocular e da qualidade de vida de seus animais. Vários relatos apresentados na literatura demonstram as alterações que afetam a visão dos cães e gatos, possibilitando um leque de conhecimento e aplicação de recursos a serem utilizados nas mais diversas situações com a meta do alcance aos cuidados com a visão dos pets

Ao primeiro sinal de prurido e vermelhidão no olho do cão ou gato é importante levá-lo ao atendimento oftalmológico, pois caso não diagnosticado precocemente, pode causar sérios problemas oculares e até a perda da visão. As doenças que mais afetam estes animais são: o glaucoma, úlceras, infecções, problemas nas glândulas lacrimais e a catarata. A detecção precoce pode ajudar no tratamento mais simples e de menor custo (GOMES et.al,2023). 

A oftalmologia veterinária possui papel fundamental na saúde e bem estar dos animais, com um impacto significativo em sua qualidade de vida. Os principais pontos de suma importância no atendimento oftalmológico são: preservação da visão, qualidade de vida, diagnóstico de doenças oculares, tratamento de doenças oculares, prevenção, e bem estar-animal.

O objetivo da pesquisa foi realizar levantamento de dados para identificar as principais oftalmopatias diagnosticadas na rotina de atendimentos CASA Fametro – Centro de Atendimento a Saúde Animal, a clínica escola do curso de Medicina Veterinária do CEUNI Fametro; e correlacioná-las com as alterações causadas por cada enfermidade e a importância do diagnóstico rápido e tratamento adequado para a resolução dos problemas.

Os pacientes foram selecionados com base nas anamneses e diagnósticos registrados após a realização de exames oftalmológicos que foram realizados de forma adequada e com precisão, proporcionando a obtenção de diagnósticos confiáveis.

Os resultados indicam o número total de registros de oftalmopatias no período avaliado, bem como permitem diferenciar as espécies, raças, faixa etária dos pacientes e diagnóstico final.

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Ceratite

A ceratite é uma patologia que atinge a córnea de cães e gatos, de caráter inflamatório e progressivo, geralmente surge de forma bilateral, essa comorbidade possui grande potencial de gerar cegueira. A doença pode afetar diferentes idades; porém, os pacientes adultos jovens são os mais acometidos (MAZZI & DIAS, 2018).

No início, a doença é manifestada em forma de proliferação fibrosa de cor rosada e vascularizada no limbo temporal e, com a progressão, os vasos avançam em direção à córnea central. Com a evolução, a afecção pode se estender até o limbo nasal, eventualmente levando à cegueira (GELATT et al., 2021).

Como a afecção surge em forma de ceratopatia não ulcerativa e não dolorosa, os tutores geralmente não percebem a alteração até que resulte em uma importante proliferação tecidual ou pigmentação na córnea. O diagnóstico se baseia por meio de exame clínico e oftalmológico, na predisposição racial e na resposta ao tratamento com imunossupressores tópicos (GELATT et al., 2021).

2.2 Ceratoconjuntivite Ulcerativa

Surge de forma superficial (Figura 1), se referindo à perda do epitélio da córnea levando a exposição do estroma anterior, possui característica de uma cicatrização rápida, por volta de dois (2) a seis (6) dias, quando o diagnóstico é realizado de forma correta com o uso da fluoresceína. Essa lesão pode causar dor ocular intensa proveniente da maior quantidade de inervação presente no estroma anterior. O processo de cicatrização de forma lenta, devido ao defeito nas células do epitélio, possui o nome de úlcera indolente ou persistente (LOBO et.al.,2021).

Figura 1- Úlcera Superficial em cão, tingida por fluoresceína.

Fonte: Gellat, 2021.

Conforme Lobo et.al.,2021, o diagnóstico deve ser levado em consideração os sinais clínicos apresentados, o histórico do animal e a interpretação do resultado obtido após o uso do colírio à base de fluoresceína. A avaliação e classificação e um possível caso de úlcera possui grande importância para o significado do grau de profundidade da lesão e suas características, somente assim, é possível desenvolver o melhor plano terapêutico para cada caso. 

2.3 Ceratoconjuntivite Seca 

Possui característica de diminuição ou não produção da parte aquosa do filme lacrimal, a qual tem consequência o ressecamento e inflamação da conjuntiva e da córnea, dor ocular, doença corneana progressiva e visão reduzida (MARCON et.al.,2021). 

A Ceratoconjuntivite Secapode ocorrer por diversas causas, porém as principais etiologias, podem ser: agentes infecciosos, defeitos congênitos, excisão da glândula da terceira pálpebra, traumas, bem como pode ser induzida por fármacos (DONEDA et.al. 2020).  

A principal característica da indisposição é a presença de mucosa, as vezes se apresenta de forma purulenta que faz os olhos do animal aparentar uma conjuntivite bacteriana, mas existem outros fatores importantes que podem ser diagnosticados, como: hiperemia conjuntival (Figura 3), opacidade corneal, prurido ocular, vascularização corneal superficial (MARCON et.al.,2021). 

O diagnóstico é feito por meio da história do dia a dia do animal, de achados clínicos e confirmado pelo teste lacrimal de Schirmer. A ceratoconjuntivite seca (Figura 3) é uma enfermidade ocular comum em cães e gatos. A primeira suspeita pode ser levantada quando o pet apresenta conjuntivite crônica ou ceratite presente. (SILVA, 2017). 

Figura 2- Ceratoconjuntivite seca em Shih-tzu

Fonte: Herrera, (2008, p.119)

A Figura 2 acima demonstra o olho do animal com afecção na córnea, que apresenta importante infiltração celular e vascularização.

Figura 3- Ceratoconjuntivite seca em um Dachshund

Fonte: Herrera, (2008, p.119)

A Figura 3 mostra o olho do animal de um Dachshund com abundate secreção mucopurulenta e vascularização corneal.

2.4 Triquíase, Distiquíase e Cílio Ectópico

Quando o animal possui os cílios desordenados, o mesmo pode produzir sinais clínicos decorrentes de irritação corneoconjuntival. Existem três tipos principais de causas de desordens ciliares: triquíase, distiquíase e cílio ectópico (LOBO, 2021). 

A Triquíase é uma alteração dos cílios e pelos, ocasionados geralmente da pálpebra superior, com origem em folículos normais, que irão se encontrar na direção da superfície corneoconjuntival. O sintoma ocorre com discreta inversão palpebral, que pode surgir de forma congênitas (a mais comum em raças braquicefálicas) ou adquirida, causada por lesões nas pálpebras e blefaroespasmo crônico (TEIXEIRA NETO, 2015). 

A Distiquíase é a alteração dos cílios mais comum nos cães, incide na presença de cílios anormais nas glândulas sebáceas tarsais. Os folículos podem apresentar um único ou múltiplos cílios. Geralmente aparecem em animais jovens, podendo surgir novos cílios até os 18 meses de idade. Na maioria das vezes os sinais clínicos encontrados, são epífora, blefaroespasmo, ceratite, podendo inclusive ser ulcerativa devido à constante irritação da córnea (TEIXEIRA NETO, 2015). 

Os cílios ectópicos são caracterizados por folículos, com um ou múltiplos pelos, eles estão localizados na margem interna da pálpebra. Podem ocasionar grave dor ocular, pois agridem diretamente a conjuntiva e a córnea; principais sintomas são: lacrimejamento, blefaroespasmo, prurido ocular. Não há predisposição racial para essa afecção, no entanto. Os animais mais jovens são acometidos com mais frequência. O exame é feito na faze interna das pálpebras com fonte de luz e magnificação (TEIXEIRA NETO, 2015). 

Existem três tipos de distúrbios comuns dos cílios em animais (Figura 4):

– Triquíase: cílio externo e pelos da pele adjacente posicionados de forma anormal em direção à córnea. Apresenta alterações das pálpebras, da conjuntiva, do aparelho lacrimal, da órbita, da esclera e da córnea; 

– Distiquíase: cílios adicionais emergindo das aberturas das glândulas tarsais; 

– Cílio ectópico: cílios adicionais surgindo da glândula tarsal e emergindo através da conjuntiva palpebral.

A região ocular é demonstrada na figura abaixo, elucidando de forma simples sobre a composição ocular, Figura 4. 1= cílios normais; 2 = triquíase; 3 = distiquíase; 4 = cílio ectópico.

Figura 4- Região Ocular

Fonte: Fonte: Laus (2009, p. 55)

2.5 Predisposição Genética

A úlcera de córnea pode se desenvolver em qualquer animal devido aos inúmeros fatores que predispõem a doença. Apesar disso, nota-se que existem raças mais suscetíveis e predispostas. Nos cães, a predisposição está ligada com as caraterísticas anatômicas, como por exemplo, em raças braquicefálicas como o Shih Tzu, Pug, Buldogue Francês e Lhasa Apso. 

Os Cães de focinhos mais achatado, braquicefálicos, e olhos projetados tendem a ter Ceratoconjutivite Seca. Outro fator que pode deixar propensos são aqueles que possuem muita pele, Chow Chow e o Sharpei. O excesso corrobora para que a pálpebra “dobre” para dentro do olho, ocasionando atrito. Tais características físicas somam a probabilidade de lesão quando comparados as outras raças (LOBO, 2021). 

2.6 Exames Complementares

Os exames oftalmológicos utilizados na Casa Fametro são de extrema importância para a saúde ocular dos animais, e para detecção das afecções encontradas; assim foram utilizados métodos como: tonometria, teste de fluoresceína e o teste de Schirmer. O objetivo dessa apuração é o diagnóstico preciso para a realização do tratamento adequado, visto que, protocolos de tratamentos inadequados podem agravar as afecções e abrir portas para outras alterações. Outra função do diagnóstico diferencial é a prevenção de complicações, monitoramento da progressão da doença e melhora na qualidade de vida.  

3 METODOLOGIA 

A abordagem da pesquisa foi realizada de forma quantitativa, que segundo Marconi e Lakatos (2021), é um método de pesquisa que utiliza a combinação de análises com objetivo no alcance da compreensão da realidade.

O estudo foi realizado na CASA- Centro de Atendimento à Saúde Animal Fametro, localizada na rua Ingrid Bergman, 48 – Chapada, Manaus – AM. A clínica está vinculada ao Centro Universitário Fametro, a clínica é um ambiente de prática profissional que oferece atendimento veterinário de alta qualidade, unindo ensino, pesquisa e extensão para beneficiar a comunidade e a saúde animal.

Os animais são cadastrados em software especializado utilizado pela clínica para identificação do animal, do tutor; e registrar informações básicas como a espécie, raça e idade do animal (tabela 1). O período abordado no estudo foi de novembro de 2023 a novembro de 2024.  

Os dados foram tabulados e transformados em gráficos, para facilitar a visualização das informações e a identificação de padrões relacionados aos diagnósticos encontrados nos atendimentos estudados.

Os animais foram direcionados ao consultório para o início da anamnese com o intuito de obter informações cruciais para o diagnóstico adequado, após o primeiro procedimento, era realizados exames complementares para auxiliar a investigação. Os exames utilizados para diagnosticar oftalmopatias foram: 

– tonometria (afere a pressão ocular); 

– teste de fluoresceína (para diagnosticar úlceras/ avaliar integridade da córnea/ determinar a qualidade do filme lagrimal/ funcionabilidade do ducto lacrimal);

– teste de Schimer (avaliar produção lacrimal).

Os exames acima foram aplicados de acordo com as suspeitas clínicas de cada paciente, ou seja, no total de dezessete avaliações; em nove delas foi necessária a utilização de colírio de fluoresceína, em quatorze pacientes foi realizado o teste de Schimer e em todos utilizou-se o tonometro.

Analisando os dados, observou-se que o oftalmologista veterinário considerou fatores externos apontados como influenciadores ou predisponentes ao surgimento das afecções oculares, como exemplo: infraestrutura do habitat do animal, higiene do paciente, predisposição racial, idade, e conscientização do tutor sobre as possíveis causas que levam o surgimento dos problemas. 

4 RESULTADOS 

Após a coleta de dados do sistema, foram registrados 17 animais avaliados por oftalmologistas veterinárias no período em questão. Quinze pacientes são caninos, treze com faixa etária entre 1 a 11 anos e dois entre 8 meses a 11 meses.

Apenas duas consultas oftalmológicas foram realizadas com felinos. Porém é importante considerar esses casos por agregarem ao estudo com seus diagnósticos diferenciais.

A tabela 1 abaixo, apresenta o número de amostragem utilizada para a pesquisa, com total de dezessete atendimentos realizados no estabelecimento em questão. 

Tabela 1- Amostras coletadas para a pesquisa

Fonte: Próprio autor,2025.

Em relação às raças os pacientes atendidos, nota-se que, entre os cães, se destacou a raça Shih-tzu com 7 atendimentos, cerca de 41,18% dos casos analisados. Quanto aos felinos diagnosticados, um era Maine Coon e o outro Persa, conforme indicado no gráfico abaixo.

Gráfico 1- Raças acometidas por alterações oculares. Fonte: Elaboração própria, 2025.

Quanto ao diagnóstico oftalmológico registrado; a ceratoconjuntivite ulcerativa foi a principal afecção encontrada na pesquisa, apresentando-se em cinco cães Shih-tzu. Em seguida, os 4 pacientes sem raça definida (SRD) e demais raças, mostraram diagnósticos variados, entre eles: uveíte, catarata, glaucoma, ducto nasolacrimal obstruído e ceratoconjuntivite Seca (CCS). Os felinos foram diagnosticados com perfuração ocular (Persa) e ceratoconjuntivite viral (Maine Coon).

O gráfico 2 abaixo, demonstra a distribuição das oftamopatias diagnosticadas no período avaliado.

Gráfico 2- Diagnósticos oftalmológicos. Fonte: Elaboração própria, 2025.

Observa-se que das dezessete amostras encontradas nos animais, o maior índice deu-se na afecção ceratoconjuntivite ulcerativa, com cinco casos diagnosticados, em seguida, a uveíte apresentou três diagnósticos enquanto a ceratoconjuntivite seca apontou dois animais identificados com a doença.

5 DISCUSSÃO

O levantamento da amostragem no presente trabalho indicou maior ocorrência de oftalmopatias em cães da raça Shih-tzu, o que reforça os achados de Bolzanni et al, 2020 e Palella et al., 2020, os quais afirmam que as mudanças conformacionais intensas das raças braquicefálicas, resultaram no encurtamento da cavidade orbital, aberturas palpebrais amplas e em globos oculares proeminentes com falta de proteção ao meio externo e corpos estranhos, predispondo esses animais a maiores riscos de lesões oculares. 

Existem ainda combinações que implicam na diminuição de sensibilidade da córnea destas raças, que podem levar a condições oculares graves.

Ao analisarmos as oftalmopatias de maior ocorrência neste levantamento de dados, observamos que ceratoconjuntivite ulcerativa ocupou a primeira colocação com 29,41% (5/17) dos casos; todos em cães da raça Shih-tzu, reforçando a predisposição genética e racial desses animais ao desenvolvimento de oftalmopatias, em função de alterações em sua conformação craniana como a lagoftalmia, ou seja, uma patologia em que o animal não consegue aproximar as pálpebras por completo (IWASHITA ET AL., 2020; COSTA, STEINMETZ, DELADO, 2021)

De acordo com Jondeau, et. al,2023, cães braquicefálicos possuem maiores taxas de prevalência em relação ao diagnóstico de distiquíase quando comparados aos não braquicefálicos, assim, os cães da raça Shih-tzu registrados nesta pesquisa apresentaram úlceras causadas por distiquíase, comprovando a forte correlação entre as enfermidades. Assim em conjunto com a ceratoconjuntivite ulcerativa, a distiquíase foi um fator importante para o agravamento das úlceras, visto que, os cílios causam atrito com a córnea gerando incomodo ao animal, iniciando o processo ulcerativo e de intensa dor.  

De acordo com Marques e Costa, 2023, animais de qualquer raça e espécie podem desenvolver oftalmopatias, visto que, outros fatores além dos genéticos podem influenciar no desenvolvimento das alterações oculares. Assim, justifica-se o diagnóstico de oftalmopatias em cães de outras raças como yorkshire e pinschers neste presente experimento. 

A diversidade de afecções em cães SRD4 pode ser atribuída a variabilidade genética destes animais, tornando-os suscetíveis a diversas condições. A justificativa para as ocorrências encontradas nas raças não definidas torna um ponto importante, pois estudos apontam que grande parte desse grupo indica a realidade do país que possui maior número de cães sem raça definida quando comparado a outras raças de cães (SOUZA,2014).

Segundo Williams, 2002 e Herrera Et al., 2008., devemos considerar não apenas o componente genético, também relatado em literatura, mas também outras etiologias, que incluem doenças sistêmicas, deficiência hormonal, uso de medicamentos, causas idiopáticas e aplasia das glândulas lacrimais corroborando com o presente estudo houve pacientes caninos da raça yorkshire, que apresentaram diagnósticos de CCS5 e ceratite traumática. Animais dessa raça podem ter aplasia ou hipoplasia da glândula lacrimal fato esse que contribui para o desenvolvimento de CCS (SILVA, Aline ceschin Ernandes da ISBN, 2017).

Semelhante aos caninos, diversas raças felinas estão suscetíveis a desenvolver oftalmopatias. Após a coleta de informações, observou-se que havia um paciente da raça persa apresentando perfuração ocular, que pode ser ocasionada por causas externas, tais como: arranhões e fômites, assim como, por suas características genética de felino braquicefálico, conforme relatos de que felinos dessa raça possuem grandes chances de desenvolver úlcera de córnea (WILLIAMS, 2017).  

De acordo com Marques e Costa, 2023, doenças infectocontagiosas podem predispor ao aparecimento de oftalmopatias em felinos, o que justifica o diagnóstico do paciente da raça Maine Coon no presente experimento, cujo diagnóstico foi positivo para ceratoconjuntivite viral em consequência de herpesvírose felina.  

Um fator muito importante para o médico veterinário é sensibilizar o tutor sobre a prevenção de oftalmopatias em animais de companhia, a predisposição racial de alguns, a importância de consultas de rotina e manejo específico, com uso de colírios e rotina de higiene ocular específica. Além disso, antes da aquisição de um animal, o futuro tutor deveria receber orientações sobre as características do cão ou gato e de sua raça, como a necessidade de cuidados especiais e acompanhamento médico contínuo, como é o caso dos 08 animais braquicefálicos deste levantamento, que possuem predisposições a afecções oftálmicas.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O levantamento de dados realizado indicou que a oftalmopatia mais diagnosticada no período foram a ceratoconjuntivite ulcerativa, seguida por ceratoconjuntivite seca e uveíte.  

E quanto ao padrão racial, cães da raça Shih-tzu tiveram destaque; comprovando a necessidade de maiores orientações aos tutores desses animais quanto a cuidados básicos preventivos e manutenção da saúde ocular desses animais, bem como a importância de avaliação e exames oftálmicos preventivos de rotina com profissional especializado para diagnósticos precoces e correção de possíveis lesões.


4SRD – Sem raça Definida

5CCS – Cerato Conjuntivite Seca

REFERÊNCIAS

BASTOS, Brenda Cordeiro; SOARES, Deborah de Oliveira; SILVA, Juliana Orlando; et.al; Semiologia oftálmica veterinária: Revisão. Pubvet, v. 16, n. 04, 2022. Disponível em: https://ojs.pubvet.com.br/index.php/revista/article/view/70. Acesso em:  05 mar. 2025.

BOLZANNI, H., A. P. Oriá, A.C.S. Raposo, and L. Sebbag. 2020. “Aqueous tear assessment in dogs: Impact of cephalic conformation, inter-test correlations, and testretest repeatability.” Veterinary Ophthalmology 23 (3):534-543.

DONEDA, Ana Flávia de Oliveira Julião; PEITER, Tainá; BORTOLI, Anderson de Wylliam; CARVALHO, Giovani Franchesco; GUSSO, Ana Bianca Ferreira, Uso de soro Heterólogo rico em plaquetas em canino com descemetocele em melting- Relato de caso, FAG,2020.

GELATT, K. N., Ben-Shlomo, G., Gilger, B. C., Hendrix, D. V. H., Kern, T. J., & Plummer, C. E. (2021). Veterinary ophthalmology. John Wiley & Sons.

GOMES, João Paulo Batista; GOMES, Jussara Batista de Souza; ARAÚJO, Flávia Ferreira. Ceratite Ulcerativa com perfuração corneana em cão. Revista de Trabalhos acadêmicos-Universo Belo Horizonte, Vol. 1, N°8, 2023. Disponível em:http://revista.universo.edu.br/index.php?journal=3universobelohorizonte3&page=art icle&op= view&path%5B%5D=12365. Acesso em: 26 março de 2025.

HERRERA, D. Oftalmologia clínica em animais de companhia. São Paulo: MedVet,2008.

IWASHITA, H., Wakaiki, S., Kazama, Y., & Saito, A. Breed prevalence of canine ulcerative keratitis according to depth of corneal involvement. Veterinary Ophthalmology, v. 23, n. 5, 2020.

JONDEAU, C.; GOUNON, M.; BOURGUET, A.; CHAHORY, S. Epidemiology and clinical significance of canine distichiasis: A retrospective study of 291 cases. Veterinary Ophthalmology, 2023.

LAUS, J. L. Oftalmologia clínica e cirúrgica em cães e em gatos. São Paulo: Roca, 2009.

LOBO, Thaissa V.; SANT’ANNA, Anna Rosa M.; FAYAD, Andre Ribeiro;LIMA, Aline Maria V. A córnea e as ceratites ulcerativas em cães: uma revisão da anatomia, etiopatogenia e diagnóstico. EnciBio, Centro Científico Conhecer, Jandaia-

GO, v.18 n.36; p.17. jun.2021. Disponível em: https://www.conhecer.org.br/enciclop/2021B/a%20cornea.pdf. Acesso em:  05 mar. 2025.

MARCON, Isadora; SAPIN, Carolina; Causas e correções da úlcera de córnea em animais de companhia – Revisão de literatura. Research, Society and Development, v. 10, n. 7, e57410716911, 2021. Disponível em: http://dx.doi.org/10.33448/rsdv10i7.16911. Acesso em:  28 fev. 2025.

MARCONI E LAKATOS, Marina de Andrade, Eva Maria. Fundamentos de Metodologia Científica. 9º Edição, Atlas, 2021. 

MARQUES, Soares Leticía e COSTA, Lucas Vieira Soares. Tratamento de Úlcera Corneana Perfurada em Cão – relato de caso. Universidade Salgado de Oliveira (universo) de Belo Horizonte Curso de Graduação em Medicina Veterinária, 2023.

MAZZI, M. F., & Dias, M. D. (2018). Ceratite ulcerativa corneana traumática em cão; tratamento com oxigenoterapia hiperbárica. PUBVET, 12(12), 1–8. https://doi.org/10.31533/pubvet.v12n12a226.18. Acesso em:  05 mar. 2025.

PALMER, S. V.; GOMES, F. E.; MCART, J. A. Ophthalmic disorders in a referral population of seven breeds of brachycephalic dogs: 970 cases (2008–2017). Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 259, n. 11, p. 1318-1324, 2021.

PALELLA GÓMEZ, A., S. Mazzucchelli, E. Scurrell, K. Smith, and R.P. de Lacerda. “ Evaluation of partial tarsal plate excision using a transconjuntival approach for the treatment of distichiasis in dogs.” Veterinary Ophthalmology, 2020.

SILVA, Aline Ceschin Ernandes da ISBN 978-85-522-0157-1 1. Oftalmologia veterinária. I.Título.  Silva. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2017, 200 p.

SOUZA, Aline Camila; SILVA, Laura Arnt. Estudo retrospectivo das afecções geriátricas de cães e gatos em uma cidade de tríplice fronteira, entre os anos de 2014 a 2017. Revista de Ciência Veterinária e Saúde Pública, v. 6, n. 1, p. 086-098, 2019.

TEIXEIRA NETO, R.L.A.L. Patologias do bulbo ocular de cães e gatos. Dissertação (Conclusão de curso) – Universidade de Brasília, 2015.

WILLIAMS D.L. Welfare issues in farm animal ophthalmology. Vet. Clin. Food. Anim, 2010. 


1Discente do Curso Superior de Medicina Veterinária do Instituto Metropolitano de Ensino – IM Campus unidade 5, e-mail: gilvaraideluniere@hotmail.com

2Médica Veterinária. Docente do Curso Superior de Medicina Veterinária do Instituto Metropolitano de Ensino – IME, Campus unidade 5. Doutora em Ciências (FMVZ/USP). e-mail: marina.brolio@fametro.edu.br.

3Médica Veterinária. Responsável Técnica do Centro de Atendimento ä Saúde Animal. Pós Graduada em  Docência do Ensino Superior. e-mail: hellen.benjamin@fametro.edu.br.