BIOSAFETY APPLIED TO DENTAL CARE IN HIGHER EDUCATION INSTITUTIONS: CARE PROTOCOLS ADOPTED AFTER THE COVID-19 PANDEMIC
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202504051508
Thamires Gonçalves Vechiato Carvalho1
Ana Flávia Codignole Silva Barra2
Bernardo Rodrigues de Oliveira3
Luciene Aparecida Linhares Rosa4
Luana Mafra Marti5
Resumo
O início da pandemia pelo COVID-19 marcou diversas transformações na área da saúde. Foram necessárias mudanças nos protocolos de biossegurança durante os atendimentos odontológicos para garantir a proteção de profissionais e pacientes. Desta forma, o objetivo deste estudo consistiu em realizar uma busca sistematizada em base de dados nacionais e internacionais a respeito dos novos protocolos de biossegurança adotados para o atendimento odontológico, a partir do início da pandemia, dentro das Instituições de Ensino Superior dos cursos de Odontologia. Foram incluídos estudos publicados após o início da pandemia a partir do ano de 2020, que abordaram as palavras chaves Biossegurança, Equipamento de Proteção Individual, COVID-19, Vacinas, Odontologia. Os estudos destacaram sobre os tipos de equipamentos de proteção individual utilizados após o início da pandemia e as diretrizes oficiais adotadas a partir da descoberta do Sars-Cov-2. Concluiu-se que as medidas de biossegurança já utilizadas na rotina odontológica necessitaram seguir uma ordem correta na paramentação e desparamentação para garantir proteção para o cirurgião contra uma possível contaminação por contato pelo Sars-Cov-2 e o uso adicional da Face shield, utilizada junto aos outros equipamentos de proteção, ofereceu maior segurança para evitar uma possível contaminação por gotículas e aerossóis.
Palavras-chave: Biossegurança. Equipamento de Proteção Individual. COVID-19. Vacinas. Odontologia.
1. INTRODUÇÃO
O mês de Dezembro do ano de 2019 foi marcado pelo início de um problema no âmbito da saúde pública que teve seu início na cidade de Wuhan, na China, e rapidamente passou a ser conhecido no mundo todo como COVID-19, patologia decorrente da infecção pelo vírus Sars-Cov-2. Ao final de janeiro de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o surto da COVID-19 como uma emergência de saúde pública. Após a alta incidência de infecção por esse vírus e o impacto que esta patologia trouxe na vida e na saúde de muitos cidadãos, foi decretado pela Organização Mundial de Saúde em Março de 2020 que se tratava de uma pandemia. Até maio do ano de 2020, os registros já apontavam mais de 6 milhões de casos e 370 mil mortes no mundo todo (OMS, 2020).
COVID-19 é o nome da doença decorrente de uma infecção aguda respiratória causada pelo Sars-Cov-2, da família de vírus de RNA de fita simples conhecida como Coronaviridae. Seu provável hospedeiro natural é o morcego Rhinolophus Affinis. A COVID-19 iniciou com uma única transmissão de animal para humano, seguida da propagação sustentada de um indivíduo para o outro, por meio de gotículas respiratórias e por transmissão por contato. Os sinais e sintomas clínicos comumente apresentados incluem febre, tosse seca, dispneia, mialgia e fadiga, sendo relatados ainda sintomas como náusea, diarreia, anosmia ou hiposmia do olfato, disgeusia, cefaleia, hemoptise e dor de garganta. Pacientes assintomáticos e no período de incubação são portadores do vírus e o período de incubação dura aproximadamente de 0 a 24 dias. Em casos mais graves, pode ocorrer pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e também acometimento de outros órgãos (Pimentel et. al., 2020).
Dados apresentados pelo Ministério da Saúde no Brasil no primeiro trimestre de 2025, através de um painel de acesso nacional, apontaram para um número de 39.210.405 de casos positivos desde o início da pandemia. Deste total, 715.295 representam os óbitos dentro do país no mesmo período (BRASIL, 2025).
Avaliando este cenário e pensando em prevenção e proteção, vale ressaltar que a rotina da odontologia sempre exigiu o cumprimento das normas de biossegurança. Entretanto, após o início da pandemia, foram levantados diversos questionamentos quanto à efetividade da proteção de profissionais e acadêmicos envolvidos na assistência odontológica. Considerando que a odontologia apresenta um bom amparo e familiaridade com os Equipamentos de Proteção Individual e biossegurança, um dos principais desafios enfrentados pelas Instituições de Ensino Superior foi à mudança dos protocolos de paramentação, limpeza e desinfecção das barreiras físicas durante os atendimentos odontológicos nas clínicas universitárias (Grigio, G. S, 2021).
As medidas adotadas para o enfrentamento da COVID-19 como isolamento e distanciamento social levaram à suspensão das atividades presenciais nas instituições de ensino superior. A retomada dos atendimentos clínicos eletivos nas IES (Instituições de Ensino Superior) exigiu a reorganização de fluxos internos, revisão de protocolos institucionais e oferta de treinamento e capacitação voltados para os pontos críticos da cadeia de transmissão do vírus (Penget et al., 2020).
Além dos equipamentos que já faziam parte da rotina de atendimentos, destacou-se o uso obrigatório da face shield, respirador N95/PFF2, PFF3 ou outro com similaridade sem válvula, avental impermeável descartável de mangas longas por cima do pijama cirúrgico, entre outras medidas de segurança apresentadas pela Associação Brasileira de Ensino Odontológico – ABENO (Monsores, K. D. et al., 2022).
Neste contexto, verificou-se a necessidade de buscar estudos a respeito de novos protocolos de biossegurança adotados a partir do início da pandemia, e desta forma conhecer a nova padronização de Equipamentos de Proteção Individual para garantir uma assistência odontológica dentro das Instituições de Ensino Superior dos cursos de Odontologia mais segura para profissionais, acadêmicos e pacientes.
2. METODOLOGIA
O estudo teve como objetivo conhecer a respeito dos novos protocolos de biossegurança adotados para o atendimento odontológico a partir do início da pandemia, dentro das Instituições de Ensino Superior dos cursos de Odontologia. Foi realizado um estudo qualitativo, de caráter exploratório, ancorado na técnica de pesquisa documental em base de dados nacionais e internacionais, como MEDLINE via PubMed (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online), LILACS (Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). A busca sistematizada foi baseada em selecionar artigos que apresentaram as palavras chaves: Biossegurança, Equipamento de Proteção Individual, COVID-19, Vacinas, Odontologia, publicados após o início da pandemia, a partir do ano de 2020.
Foram adotados como critério de inclusão, artigos que estivessem dentro da abordagem temática, disponíveis na íntegra das bases de dados nos idiomas inglês e português. Como critérios de exclusão, consideraram-se artigos disponíveis que se apresentaram incompletos e que não contemplavam a temática abordada neste estudo.
Por se tratar de uma pesquisa documental que analisou publicações de amplo acesso e de domínio público, em que não houve identificação de indivíduos e instituições, este estudo não foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa.
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 Diretrizes oficiais e medidas de biossegurança adotadas na rotina odontológica a partir do início da pandemia
A biossegurança é um conjunto de medidas e normas voltadas para proteção, prevenção, minimização ou eliminação de riscos que podem comprometer a qualidade da assistência de um trabalhador da saúde. Sendo assim, em razão da exposição a diversos patógenos e agentes infecciosos, deve-se ter um cuidado especial no cotidiano da odontologia e utilizar os Equipamentos de Proteção Individual adequados para prevenir a contaminação cruzada no ambiente de trabalho (FIOCRUZ, 2021).
O período que antecedeu a pandemia pela COVID-19 preconizava os equipamentos de proteção individual de acordo como eram definidos pela Lei 6541/77 da CLT, sendo regulamentados pela Norma 6/2015. Os equipamentos adicionais, como face shield, respiradores, jalecos descartáveis não faziam parte da rotina nem dos protocolos de biossegurança, então no ano de 2021 foi publicada uma nova norma técnica caracterizando o uso de cada um desses equipamentos de proteção individual (ANVISA, 2015).
Devido à proximidade com a via aérea do paciente durante a assistência odontológica, o cirurgião dentista é colocado como um dos profissionais mais expostos ao risco de ser contaminado; com isso, a patologia se configurou como um desafio para a assistência odontológica e as precauções padrão não foram suficientes para impedir a disseminação do vírus, especialmente durante sua fase de incubação, fato que após observado, apresentou a necessidade de um reforço nas medidas de paramentação (Franco et al., 2020).
Um estudo realizado por Baldan LC et al. (2020) visou analisar as estratégias de prevenção recomendadas para atenção odontológica durante a pandemia. O estudo utilizou uma amostragem de 35 pesquisas caracterizadas em revisão de literatura com o objetivo em extrair informações sobre as estratégias adotadas em diversos países do mundo, como Brasil, Itália, Chile, Emirados Árabes, Índia, Turquia, Austrália, Irlanda, Estados Unidos, Georgia e Irã. Entre os principais achados dos estudos abordados, se destacaram: a triagem prévia; a priorização do atendimento de urgências e emergências; os cuidados na sala de espera e algumas medidas de proteção específicas para o paciente, incluindo o uso de enxaguatório, a aferição de temperatura, o uso de EPI e a higienização das mãos. Dentre as estratégias preventivas durante os procedimentos está o uso de EPI, tais como: jaleco/avental impermeável, touca, luvas, máscara cirúrgica, óculos, face shield, roupas e pijamas cirúrgicos, e capas para sapatos. Quanto ao uso de respiradores como N95 ou FFP2/3, alguns indicaram o uso somente quando há produção de aerossol, e outros não especificaram quanto ao momento do uso ou indicaram o uso para a rotina odontológica em geral.
Silva R.S. et al. (2021) publicaram um estudo que contemplou uma revisão bibliográfica sobre as mudanças de protocolo de biossegurança na odontologia antes e durante a pandemia do COVID-19. Este estudo analisou como as normas estabelecidas têm sido seguidas e quais as possíveis falhas que acadêmicos e profissionais cometem durante o atendimento odontológico que podem potencializar um acidente ou possível contaminação. A amostra utilizada contemplou 29 artigos. Entre os resultados obtidos, foi destacada a priorização dos atendimentos de urgência e emergência, cuidados com espaço físico através da descontaminação, desinfecção e esterilização adequada de superfícies e equipamentos e as medidas de assepsia, em que a higienização das mãos com água e sabão por 30 segundos ou mais é abordada como medida primordial para biossegurança antes e após o atendimento clínico. Além disso, também se destacou o uso de EPIs como protetor facial, jaleco/avental de mangas longas com punhos e elásticos, proteção para os pés, além de máscaras específicas como N95, PFF2 e PFF3, sendo estas mencionadas como recomendação primordial para cirurgião dentista e toda a equipe. Por fim, os autores destacam sobre o descarte correto dos EPIs após o atendimento, a fim de evitar uma possível contaminação durante a desparamentação.
Por conta da alta transmissibilidade, inclusive por assintomáticos, o combate à COVID-19 foi inicialmente baseado em medidas de contenção que incluíram a proteção de profissionais com equipamentos de proteção individual (EPI), identificação de pacientes sintomáticos através de exames de RT-PCR (do inglês Reverse – Transcriptase Polymerase Chain Reaction) e a identificação de contatos próximos de pacientes infectados, de forma a mantê-los em quarentena. Foram preconizadas ainda medidas que incluíram isolamento social, interrupção de comércio, suspensão de aulas em escolas e universidades e uso de máscaras e luvas pela população (Gurgel et al. 2020).
No ano de 2020 foi desenvolvido pelo Ministério da Saúde o Guia de Orientações para atenção odontológica no contexto da COVID-19. O documento se fundamentou em recomendações internacionais de diversos órgãos e instituições, como American Dental Association, Center for Disease Control and Prevention, National Health Service – NHS. A partir deste guia, as gestões municipais, estaduais e Distrito Federal puderam elaborar seus respectivos documentos e manuais próprios de acordo com as particularidades de cada local do território brasileiro. Em razão de a assistência odontológica envolver equipamentos odontológicos rotatórios que promovem geração de aerossóis e contato direto com saliva, sangue e outros fluidos corporais, o documento foi descrito com objetivo de orientar os atendimentos de acordo com a gravidade apresentada por cada paciente. Além disso, o guia também ofereceu orientações para atendimento de teleodontologia, como por exemplo, pacientes gestantes que estariam realizando o pré-natal odontológico. Estas pacientes puderam utilizar esse serviço durante o período pandêmico, com a finalidade de colaborar com o monitoramento, prestar um pré-atendimento e realizar orientações em saúde bucal, a fim de minimizar riscos para a saúde da mãe e do bebê (BRASIL, 2021).
De acordo com a Nota Técnica GVIMS/GGTES/Anvisa Nº 04/2020, a recomendação inicial para pacientes com baixo risco que não apresentavam sintomas respiratórios é que estes estariam aptos a receberem atendimentos de urgência e emergência ou qualquer outro procedimento necessário. Pacientes de alto risco, com queixas ou sintomas respiratórios, teriam seus atendimentos eletivos e urgências postergados e deveriam iniciar terapia medicamentosa e retornar ao serviço quando sair do período de transmissibilidade. Dessa forma, recomendou-se também intervalos maiores entre uma consulta e outra, com o intuito de descontaminar o ambiente (ANVISA, 2020).
A recomendação de EPI é o uso de gorro, luvas, óculos, capote/avental, máscara e protetor facial. Em relação à máscara, a recomendação em destaque é para evitar a válvula expiratória na odontologia, pois permite a saída do ar expirado pelo profissional que, caso esteja infectado, poderá contaminar pacientes e o ambiente (ANVISA, 2020).
Em uma publicação de Março de 2020, a Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas publicou, baseando-se nas diretrizes do Ministério da Saúde, as recomendações para prevenção do COVID-19
Figura 1: Recomendações para Cirurgiões-Dentistas para prevenção do COVID-19
Fonte: https://apcdguarulhos.org.br/coronavirus-recomendacao-de-prevencao-para-cirurgioes-dentistas/
3.2 Impacto da pandemia dentro das instituições de Ensino Superior
Logo após o início do surto nos EUA, a ADA (American Dental Association) recomendou que as clínicas suspendessem todo o tratamento de rotina ou eletivo, além de gerenciar emergências odontológicas (Iyer, P., Aziz, K. & Ojcius, D.M, 2020).
Em decorrência da gravidade da situação frente à pandemia, houve a necessidade de fechamento de clínicas-escola, diante da grande transmissibilidade do vírus através de aerossóis gerados no tratamento odontológico e do contato com as mucosas orais. Então, diversas atividades clínicas foram limitadas, tendo espaço somente para atendimentos de urgência e emergência não adiáveis, priorizando inclusive pacientes com maior vulnerabilidade (Lins, N.A.E. et al., 2020).
A configuração das clínicas-escola das faculdades de odontologia necessitou realizar modificações no ambiente para conter a disseminação de COVID-19, como reestruturação da área, no qual foi sugerido pelo menos dois metros de espaço entre as cadeiras odontológicas e barreiras físicas entre essas cadeiras com intuito de promover maior facilidade na higienização do local de atendimento. (Lins, N.A.E. et al., 2020)
Para controle dos aerossóis, recomendou-se a utilização de instrumentos manuais com o objetivo de evitar o uso de alta e baixa rotação e utilizar gazes e seringas descartáveis para que não houvesse o uso da seringa tríplice. Ademais, foi recomendado o isolamento entre consultórios e áreas de atendimentos de ambientes comuns, condicionamento, pressurização e a capacidade de renovação do ar nos ambientes, pois conforme a NBR 7256, em ambientes contaminados em que a transmissão se dá pelo ar, a vazão mínima de ar é de 18m³/h. Um dos protocolos utilizados para prosseguir com os atendimentos incluía um atendimento via telefone por meio de um questionário para avaliar se o paciente possuía alguma sintomatologia do COVID-19 e medição da temperatura corporal no momento em que o paciente chegava na clínica (Associação Brasileira de Ensino Odontológico – ABENO, 2020).
Para a retomada foi necessário que as instituições realizassem modificações, envolvendo controle das mudanças no ambiente e das políticas locais ou nacionais e, de forma a garantir a continuidade da educação dos alunos para métodos de ensino e aprendizagem, passaram a utilizar os protocolos mais atuais com o intuito de proteger todos os envolvidos nos atendimentos, como estudantes, professores, funcionários e pacientes (Lins, N.A.E. et al. 2020).
3.3 Equipamentos de Proteção Individual – destaque para Face Shield
O escudo facial (face shield) é um tipo de EPI que teve seu destaque após a descoberta do Sars-Cov-2. Deve ser utilizado concomitante com outros itens de biossegurança e tem a função de proteger toda a face, incluindo áreas antes expostas, como testa, área da pele entre a máscara e a região dos olhos, além de proteger respiradores e máscaras que podem ficar molhadas com gotículas ou aerossóis durante os atendimentos, permitindo uma durabilidade maior desses materiais (Lindsley, William G. et al., 2021).
Pan J. (2020) e colaboradores realizaram um estudo com a finalidade de verificar a eficácia de barreiras para a proteção da passagem de partículas do vírus Sars-Cov-2. Para a realização deste trabalho foram utilizados manequins que simularam uma distância real entre duas pessoas conversando e foram exemplificadas duas situações: na primeira, o manequim contaminado não utilizava máscara e o manequim saudável utilizava máscara. Na outra situação, o manequim contaminado utilizava máscara e o saudável não utilizava. Foram testados diversos tipos de protetores faciais e materiais de escudo facial. O estudo mostrou que a face shield é ineficaz para prevenir a contaminação quando utilizada isoladamente, pois embora o acrílico possua capacidade de filtração de partículas virais, as laterais abertas permitem a circulação de aerossóis e gotículas, o que acaba por facilitar a contaminação. Foi recomendado então pelos autores que o uso de máscaras deve conter 3 camadas, em que as duas camadas mais externas sejam de tecidos mais flexíveis, e a camada interna com material que atue como filtro.
Outro estudo realizado por Kristin L. et. al. (2022) avaliou a eficácia do uso de máscaras faciais e respiradores em ambientes públicos fechados. Foram selecionados voluntários residentes no estado da Califórnia, escolhidos aleatoriamente com esquema vacinal completo ou incompleto. Entre esses voluntários, 1176 tiveram resultados negativos para Sars-Cov-2 no período de fevereiro a dezembro de 2021 e 652 tiveram resultados positivos no mesmo período. A entrevista com estes voluntários ocorreu após uma janela de 48 horas após receberem o resultado do teste. O estudo foi realizado com pessoas que passaram por diversas intensidades de exposição, sendo da mais baixa à mais alta exposição ao vírus. Foi avaliado o menor ou maior risco para contaminação de Sars-Cov-2 de acordo com o uso de máscaras ou respiradores, não sendo associado nenhum outro método de barreira para contaminação, como o distanciamento social, por exemplo. Como resultado, o estudo concluiu que pessoas que sempre utilizaram máscaras em ambientes fechados foram associadas com uma menor chance de ter um resultado positivo, comparado com pessoas que nunca usavam máscaras nestes ambientes. Além disso, foi verificado que as pessoas que usavam respiradores N95/KN95 tiveram um menor risco para contaminação em relação às pessoas que usavam máscara cirúrgica ou máscara de tecido. Os autores também destacam que todos os dados foram obtidos antes da ascensão da variante Omicron, que é uma variante mais altamente transmissível do que as outras até então conhecidas.
Um estudo realizado por Ronen (2021) visou verificar o conforto no uso Face shield na rotina odontológica. Foi apontado que podem apontar sensação claustrofóbica, peso da cabeça e até campo de visão operatório. Entretanto, considerando o uso de outros EPIs, incluindo os óculos de proteção, verificou-se que este, quando utilizado sozinho, não garante proteção ocular efetiva. Desta forma, o uso do escudo se torna essencial visando a grande produção de aerossóis durante o trabalho do cirurgião dentista.
Andrejko, K.L. et. al. (2022), comprovaram que o uso do escudo facial utilizados concomitante a respiradores, reduz a contaminação de aerossóis, o que é sugestivo para o uso do EPI na odontologia, uma vez que o estudo apontou redução de 9,5% no vazamento em máscaras PFF2 a uma distância de aproximadamente 30 cm, o que é compatível com a prática cotidiana do cirurgião dentista.
3.4 Vacinação como medida de controle da disseminação do Sars-Cov-2
Com a divulgação da sequência genética do vírus e considerando a alta transmissibilidade, foi realizada uma intensa mobilização de pesquisadores para o rápido desenvolvimento das vacinas contra COVID-19 (Guimarães, 2020).
As medidas de controle de disseminação da doença incluíram, além dos protocolos de biossegurança, a vacinação em massa de toda população no mundo todo. No Brasil, o Ministério da Saúde apresentou como medida de combate à doença o chamado Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a COVID – 19, definido como Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional. A implementação da vacinação COVID-19 ocorreu em 17 de janeiro de 2021, iniciando com a imunização de trabalhadores da área da saúde, população de risco que incluía idosos, portadores de doenças auto-imunes, portadores de doenças crônicas e posteriormente incluiu a imunização de todo o resto da população, como gestantes, crianças, adolescentes e adultos até 59 anos. Foram administradas as vacinas CoronaVac, Pfizer, Janssen e AstraZeneca, que foram aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Fonseca et al., 2021).
Um estudo detalhou a importância da vacinação em pessoas que foram diagnosticadas com COVID-19. Foi identificado que as quatro vacinas contra COVID-19 aplicadas no Brasil oferecem alto grau de proteção adicional contra a infecção sintomática e as formas graves da doença em pessoas que já tenham contraído o Sars-CoV-2. A partir da base nacional de dados sobre notificação, hospitalização e vacinação, os pesquisadores verificaram a eficácia da Coronavac, AstraZeneca, Janssen e Pfizer em pessoas previamente infectadas, e apresentaram efetividade de 39% a 65% para prevenir as formas sintomáticas da doença. Esses dados evidenciaram a importância e a confiabilidade da vacinação contra COVID-19 (Cerqueira-Silva et al., 2021).
3.5 Teleodontologia
A teleodontologia surge a partir da Telemedicina e possui ações voltadas para a gestão, pesquisa, prevenção de agravos e promoção de saúde bucal. Surgiu em 1989, nos Estados Unidos e é um campo que tem sido explorado nos últimos anos com intuito de aprimorar o atendimento odontológico de forma a melhorar o acesso ao serviço, permitindo consultas especializadas em situações em que haja necessidade em transpor barreiras geográficas, temporais, sociais e culturais (Celes et al., 2018).
Com a pandemia da COVID-19, a teleodontologia, antes já utilizada, foi amplamente explorada frente à emergência sanitária, sendo uma alternativa para promoção da saúde bucal, prevenção de agravos e monitoramento frente a necessidade do distanciamento social no período crítico da pandemia (Plaza-Ruíz; Barbosa-Liz; Agudelo-Suárez, 2021).
No mês de Dezembro do ano de 2020, período da gestão do presidente do Conselho Federal de Odontologia Juliano do vale, foi publicada uma nota reafirmando o compromisso dos conselhos no sentido de fortalecer o exercício da teleodontologia. O presidente destacou que o serviço permite facilitar o acesso do usuário ao serviço de odontologia, bem como reduzir tempo de espera para as consultas, além de permitir que o cirurgião dentista acompanhe casos e analise o melhor momento de planejar uma avaliação presencial de cada paciente (CFO, 2020).
A regulamentação do serviço foi pautado na resolução 226/2020, que surgiu a partir do cenário vivenciado no país no período da pandemia, e destaca ainda que as consultas online e a troca de informações com o cirurgião dentista via remota são permitidas desde que o paciente possua acompanhamento e supervisão direta de outro cirurgião dentista. Além disso, o serviço está autorizado dentro das instituições de ensino superior
No âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS), a saúde bucal é um dos temas que mais gera dúvidas entre profissionais que integram o grupo multidisciplinar em saúde, desta forma a teleodontologia também é uma possibilidade para contribuir no trabalho interdisciplinar em que o cirurgião dentista tem a possibilidade de discutir casos com outros membros da equipe, o que resulta em melhor assistência à saúde e também contribui para fortalecer o vínculo do paciente com a rede (Haddad et al., 2015).
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A suspensão das atividades práticas no âmbito acadêmico se deu especialmente como medida de contenção da disseminação do vírus Sars-Cov-2 e, a partir disso, o ensino passou a ser realizado de forma remota, em caráter emergencial com a intenção de reduzir danos em relação ao tempo de formação dos estudantes, causando impacto tanto positivo quanto negativo quando comparado ao modelo de ensino tradicional (Pasini et al., 2021).
As transformações no campo da biossegurança ocorrem à medida que uma patologia atinge proporções consideráveis. Tal fato pôde ser exemplificado no ano de 1981, quando as diretrizes de biossegurança passaram por transformações a partir da descoberta do Vírus da Imunodeficiência Humana, o HIV, que devido à dificuldade de controle de transmissão na época foi o grande causador da AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida devido à falta de conhecimento a respeito da potência viral como também a falta de recursos para prevenir a contaminação pelo vírus (Fernandes, I. & Bruns M.A.T., 2021).
O Ministério da Educação apresentou que a melhor forma de prevenir a infecção pela COVID-19 seria adotar novas ações para impedir a propagação do vírus, uma vez que a mesma é uma patologia de circulação constante, em que qualquer pessoa pode ser contaminada, em especial o cirurgião dentista que está em contato diário com a via aérea dos pacientes. Em virtude disso, foram protocolados que além do uso de EPIs, os serviços odontológicos de urgência e emergência deveriam ser considerados como prioridade no âmbito do alto índice de contaminação (BRASIL, 2020).
Para o retorno das atividades escolares de forma presencial, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendou que três importantes pontos fossem levados em consideração: o conhecimento sobre transmissão e gravidade da COVID-19, a situação epidemiológica em cada local e a capacidade das instituições de ensino em manter medidas de prevenção e controle da doença (OMS, 2020).
Pinto e Quitério (2022), em pesquisas com profissionais da educação na cidade do Rio de Janeiro, destacaram sobre a importância da vacinação antes da reabertura das escolas como forma de evitar a propagação do vírus.
Assim, o processo de retorno das aulas presenciais pressupõe a compreensão dos diferentes cenários e efeitos ocasionados nos estudantes, profissionais da educação e comunidade escolar, visto que, além de garantir um retorno às atividades de forma segura, deve-se levar em consideração os aspectos emocionais gerados pela pandemia (Rodrigues, et al., 2020).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pandemia por COVID-19 trouxe transformações na forma de atendimento em toda a área da saúde. Para a assistência odontológica em especial, foi necessário realizar mudanças significativas na rotina de atendimentos. A atualização dos protocolos de biossegurança dentro de clínicas e dentro das instituições de ensino foi de grande importância para fornecer subsídios para o retorno das atividades profissionais e acadêmicas em meio à pandemia e garantir continuidade dos tratamentos, bem como o aprimoramento da segurança dos atendimentos de urgências odontológicas. Entender a patologia também foi fundamental para o desenvolvimento de vacinas que contribuíram significativamente para redução de infecção e mortalidade em decorrência da doença. Desta forma, após a explanação de diversos estudos e documentos oficiais acerca do tema, ficou evidente que refletir sobre o enfrentamento da COVID-19 é pensar sobre e a disponibilização de diretrizes de boa qualidade e sobre o processo de trabalho vivenciado por diversos profissionais da área da saúde, para a construção de protocolos de atendimento e biossegurança que sejam eficazes em garantir a segurança para acadêmicos, profissionais e pacientes.
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1Cirurgiã Dentista. Mestra em Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação pela UNICAMP (SP). Especialista em Saúde Pública pela UNOPAR. e-mail: thamigv@hotmail.com
2Discente do Curso Superior de Odontologia da Faculdade Anhanguera campus Poços de Caldas – MG. e-mail: anafcodignole@gmail.com
3Docente do Curso Superior de Odontologia da Faculdade Anhanguera campus Poços de Caldas – MG. Mestre em Clínica Odontológica pela UFJF/MG. Especialista em Prótese dentária pela ABO. e-mail: bernardo.oliveira@cogna.com.br
4Docente do Curso de Odontologia da Faculdade Anhanguera campus Poços de Caldas – MG. Mestra em Tecnologia das Radiações em Ciências da Saúde pela IPEN – USP. e-mail: linharesrosa@gmail.com
5Docente do Curso Superior de Odontologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais campus Poços de Caldas – MG. Doutora em Odontopediatria pela UNESP (SP). e-mail: luanammarti@gmail.com