REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202504041438
Sônia Suelí Souza do Espírito Santo1
RESUMO
A influência das línguas afrodescendentes, no vocabulário da língua portuguesa é um tema que surgiu da necessidade de se dar visibilidade à contribuição africana, na construção da língua falada no Brasil. Dessa forma, esse estudo objetiva conhecer as línguas afrodescendentes que contribuíram para o enriquecimento de nossa língua materna e identificar os termos ou palavras mais usuais inseridas na língua portuguesa, provenientes das línguas afrodescendentes, bem como, verificar os termos ou palavras oriundas das línguas afrodescentes que estão inseridos nos renomados dicionários de nossa língua culta. Para tanto será utilizada a pesquisa bibliográfica, na área da educação, utilizando plataformas de busca de dados incluindo artigos científicos disponíveis online, livros, legislações, periódicos e publicações científicas.
Palavras-chave: Línguas Afrodescendentes, Vocabulário, Língua Portuguesa.
ABSTRACT
The influence of Afro-descendant languages on the vocabulary of the Portuguese language is a theme that arose from the need to give visibility to the African contribution in the construction of the language spoken in Brazil. Thus, this study aims to understand the Afro-descendant languages that contributed to the enrichment of our mother tongue and identify the most common terms or words inserted in the Portuguese language, coming from Afro-descendant languages, as well as verify the terms or words coming from Afro-descendant languages that are included in the renowned dictionaries of our cultured language. To this end, bibliographic research will be use in the area of education, using data search platforms including scientific articles available online, books, legislation, periodicals and publications scientific.
Keywords: Afro-descent languages, Vocabulary, Portuguese language.
INTRODUÇÃO
A canção: “Mãe África”, escrita na década de oitenta, por Pinheiro & Oliveira, dita em sua segunda estrofe, os seguintes versos: “No sertão, mãe preta me ensinou. Tudo aqui nós construímos. Filho, tu tens sangue Nagô. Como tem todo esse Brasil” (PINHEIRO; OLIVEIRA, 1982).
Assim, diante do exposto, estas poucas palavras, versadas nesta canção, nos faz sentir o quão miscigenado é este grandioso país, de dimensões continentais. E desta forma, nos cabe reconhecer com sapiência a importante contribuição da África para a humanidade, e em especial para o Brasil; em três principais áreas ou partes: a primeira área ou parte diz respeito à civilização literalmente dita, estipulada em termos ou palavras das amplas contribuições da África durante o processo histórico de desenvolvimento das sociedades humanas. A segunda área, relaciona-se mais notadamente, ao aporte da África para a gênese e evolução das Américas, em específico do nosso país, o que provém do esforço e agrura dos africanos que chegaram aqui escravizados e dos valorosos e vultuosos saberes que eles portaram consigo. A terceira área ou parte mais recente, é relevante quanto a contribuição que a África continua fornecendo à cultura mundial e à diversidade cultural do planeta. Em relação aos temas relativos às ações práticas, há um consenso de que carece-nos recuperar nossa história, por meio de um esforço rigoroso de pesquisa e, simultaneamente, empreender atividades que difundam temas capazes de promover a África, sua importância e em especial sua contribuição e influência de línguas afrodescendentes, no vocabulário da língua portuguesa (II CIAD, 2009).
Portanto, cabe ressaltar que a África é historicamente designada como o “berço de toda a humanidade”. Desta forma, a assertiva é verídica, pois foi nesse continente que foram desvendados os primeiros vestígios dos parentes mais remotos, os homo sapiens. Contudo, lamentavelmente, a África ainda permanece um continente ignorado e a sua cultura é compreendida de maneira errônea, apesar do avanço tecnológico do séc. XXI. Assim, a África detém uma diversidade científica, cultural e linguística esplêndida que carece ser conhecida e explorada (KIALANDA, et al., 2019).
Além do mais, poucos se lembram que na África surgiu a escrita, a técnica de mumificação de corpos, o conhecimento de plantas que curam diversas doenças, a engenharia civil através da construção das esfinges e das gigantescas pirâmides entre outras grandiosidades que confirmam a existência de uma civilização endógena entre o povo africano. Enfim, vários estudos, dos quais destaca-se Arnoldo Doberstein (2010), mostram como o Egito foi uma das grandes potências mundiais antes da colonização europeia (DOBERSTEIN, 2010).
Desta forma, a motivação para elaboração desta pesquisa partiu da inquietação da autora embasada em questões que norteiam este estudo. Assim, o primeiro questionamento a respeito da riqueza de termos ou palavras oriundas das línguas afrodescentes, gerou a primeira questão norteadora da pesquisa: “Quais línguas afrodescendentes contribuíram para o enriquecimento de nossa língua materna”? A segunda pergunta norteadora do estudo e não menos importante que a primeira foi: “Quais os termos ou palavras mais usuais inseridas na língua portuguesa, provenientes das línguas afrodescendentes? E a última questão norteadora deste estudo: “Os termos ou palavras oriundas das línguas afrodescentes estão inseridos nos renomados dicionários de nossa língua culta”?
Neste contexto, tendo em vista estes questionamentos e visando responder às questões norteadoras deste estudo, a autora elaborou os seguintes objetivos: Portanto, o objetivo geral deste estudo é conhecer as línguas afrodescendentes que contribuíram para o enriquecimento de nossa língua materna.
Por conseguinte, os objetivos específicos são identificar os termos ou palavras mais usuais inseridas na língua portuguesa, provenientes das línguas afrodescendentes e verificar os termos ou palavras oriundas das línguas afrodescentes que estão inseridos nos renomados dicionários de nossa língua culta.
Destaca-se que, a influência das línguas afrodescendentes, no vocabulário da língua portuguesa é um tema que surgiu da necessidade de se dar visibilidade à contribuição africana, na construção da língua falada no Brasil.
Portanto, torna-se relevante conhecer, identificar e verificar a importância das raízes africanas no vocábulo brasileiro, a fim de recordar e fazer jus a premissa de Paulo Freire, no ano de 1979. “A educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo” (BRANDÃO, 2005).
Deste modo, o reconhecimento desta influente e valorosa contribuição africana à nossa língua materna, favorece mudanças de valores e comportamentos discriminatórios, assim como é também a eliminação de pré-conceitos linguísticos. Consequentemente, a partir do conhecer, do identificar e de verificar a importância desta contribuição, surge o aumento do compromisso dos professores, dos acadêmicos, dos políticos e da sociedade em geral de disseminar o quanto a África acrescentou à nossa língua. Todos nós, envolvidos com a educação, visando transformações, a fim de modificar o mundo, devemos continuar militando culturalmente, socialmente e politicamente em defesa do reconhecimento das contribuições da influência das línguas afrodescendentes no vocabulário da língua portuguesa.
Portanto, este é o caminho para a promoção da influência africana na nossa língua e consequentemente para a melhoria do nosso conhecimento cultural.
Neste contexto, cabe salientar que, a Constituição Federal de 1988, dita que: “a educação é direito de todos e dever do Estado” (CF,1988). Portanto, a partir deste ditame constitucional, torna-se mister cumprir e fazer cumprir a lei mediante a propagação do conhecimento.
Contudo, através deste estudo, docentes e discentes poderão desenvolver trabalhos científicos, artigos, palestras e conferências sobre o tema. Diante do exposto, este estudo tem relevância para a área da educação, pois só através da educação poderemos transformar as pessoas e as pessoas, empoderadas do conhecimento, poderão transformar o mundo, derrubando pré-conceitos, acabando com a discriminação e especificamente, o preconceito linguístico. Assim e também, tem relevância para a sociedade, pois através da disseminação do tema, ele poderá produzir retorno benéfico à sociedade, através da educação: pela quebra do preconceito, da discriminação, da aceitação do “estrangeirismo africano” em nossa língua.
Por conseguinte, o conhecimento é capaz de levar todo e qualquer ser, onde quer que ele queira ir. Destarte, o conhecimento é a libertação de uma alma em um universo infinito.
Neste cenário, este estudo é uma pesquisa bibliográfica, na área da educação, voltado especificamente para a linguística. Com busca em plataformas de artigos científicos disponíveis online, livros, legislações, periódicos e publicações científicas. Tais procedimentos objetivaram ressaltar a importância da influência africana na língua portuguesa. Sendo estes procedimentos considerados “a pedra fundamental” para o desenvolvimento e disseminação do conhecimento relacionado à nossa língua materna.
AS LÍNGUAS AFRODESCENDENTES QUE CONTRIBUÍRAM PARA O ENRIQUECIMENTO DE NOSSA LÍNGUA MATERNA
É de grande importância buscar conhecer a influência das línguas africanas no enriquecimento de nossa língua materna, o português do Brasil. Assim, diante deste cenário, torna-se mister citar as obras: “o elemento afro-negro na língua portuguesa” e “a influência africana no português do Brasil” de Jacques Raimundo e Renato Mendonça; respectivamente. Desta forma, não menos importante que os autores citados anteriormente, emerge deste contexto linguístico, Yeda Pessoa de Castro com a obra “Falares africanos na Bahia” explicitando o tamanho dos aportes da África ao português do Brasil (MENDONÇA, 2012).
A priori, é necessário citar que o Brasil não possui somente o português como única língua, pois em conformidade com as citações da linguista Terezinha Maher, possuímos mais de 200 línguas, entre línguas de imigração, indígenas e as de origem africana, as quais são consideradas línguas plenas ou especiais (MAHER, 2013).
Nesse enquadramento, é factível achar as línguas africanas em rituais de religiões de matriz africana e como demarcação social, de acordo com os apontamentos de Margarida Petter (PETTER, 2007).
Assim, cabe aqui lembrar que antes de elencar algumas línguas do povo africano, estes, a partir de sua chegada no Brasil foram marginalizados e subjugados, não conseguindo a manutenção de sua língua materna viva. Por sua vez, os colonizadores promoveram, naquele momento, a mistura de diversas etnias africanas em uma capitania, visando impedir uma rebelião. Ademais, tornou-se notório, à época, a negação do acesso à educação dos africanos (PEREIRA, 2020).
Deste modo, ainda em conformidade com Pereira, no ano de 2020, o estudo das línguas africanas demonstra haver relações de poder nas políticas linguísticas. O povo africano escravizado, devido sua posição social marginalizada, não possuía poder, naquele tempo, para preservar sua língua originária, embora contabilizassem a maioria da população, à época (PEREIRA, 2020).
Em vista disso, é necessário evidenciar que o primordial problema em torno das línguas africanas e dos dialetos dela originários é a invisibilidade dessas línguas, demonstrando assim certa extinção de parte da cultura de um povo, o povo preto. Todavia, admitimos a persistência dessas línguas em cerimônias religiosas e como demarcação social, assim como um processo de resistência da cultura afro-brasileira (PEREIRA, 2020).
Por fim, as línguas africanas que trouxeram significativas contribuições à nossa língua materna são: o banto, o quicongo, o quimbundo, o Umbundo, o iorubá e os povos de línguas do grupo ewe-fon, apelidados de minas ou jejes; pelo tráfico (FERNANDES, 2019).
Quanto o Banto
A maior parte das populações residentes na terça porção meridional do continente africano, da fronteira marítima nigero -cameruniana, no Oeste, até o litoral fronteiriço somálio – queniano, no Leste, e desde este ponto até as imediações de Port-Elizabeth, no Sul, fala línguas precisamente parecidas e designadas línguas bantas (El FASI, 2010).
Assim, cabe aqui enfatizar que a ortografia das línguas bântas, pertence aos povos que nunca tiveram escrita (TAVARES, 1967).
Desta forma, cabe aqui ressaltar que o reflexo das línguas africanas no português brasileiro foi ao longo de muito tempo limitado ou mesmo contestado, obviamente por motivos ideológicos advindos do profundo racismo vigente na sociedade brasileira. Destarte, pesquisas atuais constatam, em bases teóricas persistentes, que vários predicados exclusivos da gramática do português brasileiro, que o distingue não só do português europeu como de todas as demais línguas do grupo românico, se devem aos acentuados contatos linguísticos existentes durante o período colonial entre as línguas dos escravos, especialmente as do grupo banto, e o português (BAGNO, 2016).
Enfim, os povos bantos residiam no litoral da África e falavam várias línguas tais quais: quicongo, o quimbundo e o Umbundo. Assim, cabe enfatizar que muitos vocábulos que utilizamos no dia a dia são oriundos desses idiomas. São exemplos desses vocábulos: “Bagunça”, “Curinga”, “Moleque”, “Dengo”, “Gangorra”, “Cachimbo”, “Fubá”, “Macaco”, “Quitanda” (CASTRO, 2001; LOPES, 2003; LUCCHESI.; BAXTER.; RIBEIRO, 2009; CUNHA, 2010; STRECKER, [s/d] ).
Sobre o Quicongo/ kikongo
O povo português, em condições privilegiadas, devido ao forte domínio sobre o povo africano, absorveu em seus vocábulos centenas de palavras oriundas da Àfrica. E assim a língua kikongo, existente no amplo mapa linguístico do continente africano, inseriu-se no grupo bantu, estudado principalmente por renomados linguistas, tais como: Greenberg (1982), Nurse e Philippson (2014), Ngunga (2014), Castro (2005), dentre outros (BARRETO, 2018; SANTANA, 2018).
Portanto, durante o primeiro movimento missionário de conversão dos povos pagãos, no Oriente, a partir dos séculos XIII-XIV, uma das condições para a evangelização era o conhecimento das línguas dos povos não cristãos. Entretanto, já na modernidade, dentre as línguas nativas das Índias Orientais e as línguas nativas do Novo Mundo, houve empenho no aprendizado de línguas nativas africanas; com sua respectiva literalização e aplicação na obra catequética dos padres da Companhia de Jesus. Assim, deve-se enfatizar a importância da língua Quicongo/Kikongo, no estudo do catecismo denominado: Doutrina Christã, adaptado para a respectiva língua Kikongo, durante o trabalho de evangelização dos povos do antigo reino do Congo, ao longo do século XVII (MACEDO, 2013).
Ademais, é de grande importância ressaltar que povos africanos são povos de tradição oral, o que demonstra que a transferência dos saberes ocorre pela oralidade de geração em geração, provindos dos mais longevos (anciões, idosos, conselheiros) para os mais novatos. Deste modo, a notabilidade do mais idoso é expressiva nas tradições bakongo devido eles serem os detentores de saberes que propiciam a continuação do conhecimento das gerações (BENGUI, 2019).
Por fim, torna-se mister enfatizar que muitos termos ou palavras que utilizamos no nosso cotidiano são oriundas do Quicongo/ kikongo, tais quais: “Babaca”, “Bagunça”, “Borocoxô”, “Cachaça”, “Canga”, “Dengo”, “Fungar”, “Furdunço”, “Iaiá”, “Quindim”, “Quitute”, “Macumba”, “Mandinga”, “Mocambo”, “Muvuca”, “Samba”, “Sinuca”, “Zabumba”, “Zonzo” (CASTRO, 2001; LOPES, 2003; LUCCHESI.; BAXTER.; RIBEIRO, 2009; CUNHA, 2010).
A respeito do Quimbundo
Na contemporaneidade, a língua quimbundo ou kimbundu(o), língua ambunda ou língua dos ambundos e internacionalmente, dongo,kimbundo, kindongo, loanda mbundu, loande, luanda, lunda, mbundu, n’bundo, nbundu, ndongo, North Mbundu é uma das línguas majoritariamente falada em Angola. Esta língua é falada ao Noroeste de Angola e em Luanda, sua capital, por supostamente 6 milhões de africanos. O alfabeto latino é a base de seu sistema de escrita. (EBERHARD; SIMONS; FENNING, 2019; SIMÕES, 2019).
Portanto, cabe mencionar que o quimbundo não possui um vocabulário impresso, o que estabelece uma dificuldade extra para o levantamento de dados a serem pesquisados. Desta forma, análises sobre aspectos morfológicos, sintáticos e semânticos sobre esta língua ainda são ainda uma aspiração.
Afinal, torna-se importante enfatizar que muitos termos ou palavras utilizadas no nosso dia a dia são oriundos do Quimbundo, tais quais: “Babá”, “Banda”, “Bamba”, “Banjo”, “Banzé”, “Beleléu”, “Berimbau”, “Bobó”, “Bunda”, “Caçamba”, “Cacimba”, “Cachimbo”, “Cafofo”, “Calombo”, “Caçamba”, “Camundongo”, “Canzá”, “Canjica”, “Capanga”, “Caçula”, “Cafuné”, “Cochilar”, “Dendê”, “Engambelar”, “Farofa”, “Fubá”, “Ganzá”, “Quibebe”, “Quilombo”, “Quitanda”, “Quizomba”, “Marimba”, “Moleque”, “Moqueca”, “Muamba”, “Mungunzá”, “Senzala”, “Xingar”, “Zumbi” (CASTRO, 2001; LOPES, 2003; LUCCHESI.; BAXTER.; RIBEIRO, 2009; CUNHA, 2010).
Em relação ao Iorubá/ yorubá
O yorubá é uma língua africana viva aplicada em candomblés no Brasil. Compreende-se que os terreiros inclusos nas redes tecidas por cantos, comidas, folhas, mitos, artefatos perpassam todos esses conhecimentos, como um fio de linguagem que acende, organiza e mantém a comunicação dos membros da comunidade. Assim, o conhecimento dessas culturas, incluindo uma de suas línguas, pode inspirar pistas para o ensino de história da África, assim como diminuir a intolerância religiosa nas escolas (CAPUTO, 2015).
Enfim, cabe enfatizar que muitos vocábulos que utilizamos no nosso cotidiano são oriundos do Iorubá. São exemplos desses vocábulos: “Abadá”, “Abará”, “Acarajé”, “Agogô”, “Axé”, “Jabá” (CASTRO, 2001; LOPES, 2003; LUCCHESI.; BAXTER.; RIBEIRO, 2009; CUNHA, 2010).
Quanto às línguas do grupo ewe-fon e a Lei 10.639/2003
À priori, ressalta-se a magnitude da legislação brasileira, que através da importância e da aplicação da Lei 10.639/2003, torna obrigatório o ensino da História, Cultura Afro-brasileira e Africana nas redes públicas e particulares da educação (SANTOS, 2011).
Assim, através da legislação, a educação brasileira ganhou um novo olhar e uma nova perspectiva. E portanto, há dois fatores importantes que devem ser citados na educação, são eles: a influência africana no português do Brasil, de Renato Mendonça, e o elemento afro-negro na língua portuguesa, de Jacques Raimundo (MENDONÇA, 2012; RAIMUNDO, 1933).
Destarte, torna-se importante enfatizar que muitos termos ou palavras utilizadas no nosso dia a dia são oriundos das línguas do grupo ewe-fon, tal qual: “Angu” (CASTRO, 2001; LOPES, 2003; LUCCHESI.; BAXTER.; RIBEIRO, 2009; CUNHA, 2010).
OS TERMOS OU PALAVRAS MAIS USUAIS INSERIDAS NA LÍNGUA PORTUGUESA, PROVENIENTES DAS LÍNGUAS AFRODESCENDENTES E A HERANÇA AFRICANA NA: DANÇA, MÚSICA, RELIGIÃO E CULINÁRIA
São inúmeros os termos ou palavras africanas inseridas na língua portuguesa, como vistos anteriormente, nas principais línguas africanas: Banto, Quicongo/ kikongo, Quimbundo, Iorubá/ yorubá, línguas do grupo ewe-fon. Todavia, alguns termos ou palavras mais usuais surgem. São eles: “búzios”, “caçula”, “Candomblé”, “capoeira”, “empacar”, “fofoca”, “gogó”, “Iemanjá”, “miçanga”, “maracatu, “mingau”, “mochila”, “moleque”, “nenê”, “pamonha”, “tagarela”, “tango”, “tutu”, “vatapá”, “xodó” e “zangar”.
Nesse cenário, nos Estados Unidos, em seu vocabulário, há a influência de uma diversidade de termos ou palavras africanas. Deste modo, alguns termos ou palavras inseridas no inglês americano, também são oriundos da herança africana, no país. São exemplos: “banjo”, “chemistry”, “chimpanzee”, “dengue”, “ebony”, “gnu”, “impala”, “jumbo”, “marimba”, “safari”, “tilapia”, “vuvuzela”, “zebra” e “zombie”. Assim, o inglês popularmente chamado por negro ou Ebonics, de pronúncia similar à língua ouvida nos estados do sul, na América, é falado por afro-americanos, ou seja, inglês vernáculo (TERRAMUNDI, 2019).
Contudo, mais importante que prosseguir listando, neste parágrafo, termos ou palavras originárias das línguas africanas é ressaltar a influência da África na nossa dança, música, religião, culinária, festa e idioma, conforme citados em conformidade com Terramundi no ano de 2019, a seguir:
Destarte, sobre a influência em nossa dança, o povo africano trouxe para a América Latina sua forma singular de dançar, com movimentos vigorosos dos quadris, ombros e pernas. E neste diapasão, a salsa e a rumba emergiram de Cuba, numa combinação de sensualidade africana com a música enérgica espanhola. Entretanto, o tango se desenvolveu a partir do Candomblé, junto às danças européias. Assim sendo, as pioneiras rodas de samba apareceram no Rio de Janeiro, em uma combinação de batuque africano com a polca e o maxixe. Não obstante, nos Estados Unidos, o sapateado, lindy hop, charleston, funk, disco e até as danças mais recentes como hip hop e break-dancing também contaram com a vibração da África. Todavia, a capoeira é uma das palavras da cultura afro-brasileira que mais faz jus a visibilidade, agregando artes marciais com ginga, dança e música. Ademais, ela foi criada pelos africanos à época do Brasil Colônia, encontrando-se viva até os dias de hoje e é validada internacionalmente. Outrossim, na Capoeira são exibidos golpes e movimentos seguidos pela música dos capoeiristas. Por último, eles permanecem na roda batendo palma no ritmo do berimbau e cantando enquanto outros dois jogam a capoeira energeticamente (TERRAMUNDI, 2019).
Desta maneira, quanto a influência em nossa música, o povo africano trouxe os pulsantes sons da África que agregaram muitos valores à música popular brasileira. Assim, os batuques que no continente fazem parte de cerimônias religiosas e festividades, deram origem ao maxixe, maracatu, samba, choro e à aclamada bossa nova. Além do mais, em conjunto com o berimbau da capoeira, há também outros instrumentos brasileiros com raiz africana. Nesse conjunto de circunstâncias, a maior parte é de percussão, como o tambor, o atabaque, a cuíca, o afoxé, o agogô, as maracas, a marimba e alguns tipos de flauta. Outrossim, foi premiada a música cubana com a influência africana, com o aparecimento da rumba, e de Trinidad e Tobago o calypso emergiu. Entretanto, o blues, trazido da África para os Estados Unidos, era tocado pelos trabalhadores das plantações de algodão do sul que entoavam seus fortes cantos durante o trabalho. Isto posto, nos juke joints, bares administrados por africanos, nas vias públicas, era possível ouvir e dançar o blues regado a jogos e bebidas. Desta maneira, depois da Guerra Civil, os africanos passaram a disseminar o ritmo em outras regiões do território americano. Assim, com o passar do tempo, o blues tornou-se a fonte majoritária de inspiração para diversos dos clássicos gêneros musicais americanos: jazz, soul, disco, country e rock and roll. Afinal, em conformidade com a temática da crítica social, o reggae e o hip hop, incluindo o rap, também foram influenciados pelos ritmos africanos (TERRAMUNDI, 2019).
Neste mesmo diapasão, e a respeito das religiões africanas, estas, ligadas às culturas das Américas conceberam muitas outras crenças. Assim, cabe aqui apontar o Candomblé: religião afro-brasileira baseada no culto aos Orixás, e a Umbanda: religião sincrética que combina elementos africanos com o Catolicismo e o Espiritismo. Destarte, o Vodu também obteve adeptos em Cuba, na República Dominicana, Haiti e Louisiana, nos Estados Unidos. Enfim, na Jamaica, as religiões afro-americanas mais praticadas são: o Obeah, que também cultua os ancestrais africanos e a Kumina, que mescla religião, música e dança originadas do Congo (TERRAMUNDI, 2019).
Desta forma, quanto a culinária brasileira, esta, é muito rica graças a ampla criatividade africana. Assim, o povo africano trouxe para o Brasil temperos muito apreciados. Tais quais: pimentas, leite de coco e azeite de dendê. Ademais, foi com eles que descobrimos o feijão preto e a famosa feijoada. Portanto, passamos a conhecer o acarajé, o vatapá, o caruru e muitos outros inspirados na cultura africana. Outrossim, nos Estados Unidos, apareceram as chamadas soul foods, ou seja, comidas de influência africana. Desta forma, destacam-se o frango e peixe fritos, bem como vários preparos do porco como costela e pés, black eyed peas e as populares ervilhas consumidas com porco defumado e pão de milho. Ademais, há os vegetais como couve, mostarda, quiabo e batata doce. Por conseguinte, como herança dos africanos há também as tortas americanas. E enfim, a tradicional receita feita com batata doce e o cobbler, preparado com pêssegos é um grande exemplo (TERRAMUNDI, 2019).
Ainda neste contexto, várias festas brasileiras espelham-se nas tradições das festas africanas. Sendo que, entre elas, a mais popular e colorida de todas: o Carnaval. Ademais, esta festa, de acordo com a região do Brasil, apresenta muito samba e frevo. Assim sendo, uma das grandes sensações de cunho internacional, em nosso país. Todavia, não menos importante, destaca-se com muita cor, o Maracatu de Pernambuco, que é uma mistura das culturas indígenas, africanas e europeias. Contudo, o Bumba-meu-boi é uma teatralização de uma lenda africana a respeito da morte e ressurreição de um boi, sendo comemorada com dança, música, teatro e circo. Porém, de cunho religioso, há a Festa de Iemanjá que é comemorada em todo o Brasil, com a entrega das oferendas para a Rainha do Mar, nas praias. E, nessa mesma linha de pensamento, há também a Folia de Reis, muito prestigiada em Minas Gerais, que se espelha na jornada dos Três Reis Magos em busca de Jesus. No entanto, na América do Norte surgiram muitos festivais que celebram a cultura negra, desde a música até dança e cinema. Tais como: Afro Punk Fest em Nova York, Black Dance USA em Saint Louis, American Black Film em Miami, o New Orleans Jazz and Heritage Festival e o Chicago Blues Festival (TERRAMUNDI, 2019).
Os termos ou palavras oriundas das línguas afrodescentes que estão inseridas nos renomados dicionários de nossa língua culta.
Cabe prioritariamente aqui destacar que, entre os dicionários da língua portuguesa existentes no Brasil, foram escolhidos dentre eles, apenas três. São eles: o dicionário MICHAELIS, o dicionário HOUAISS e o dicionário AURÉLIO. Foram feitas buscas online de 21 (vinte e uma) palavras de origem africana, nas línguas Iorubá, Banto, Quicongo/Kikongo, Quimbundo e Ewe-fon, com seus respectivos significados pesquisados nos dicionários já referenciados, conforme listadas na figura1, a seguir:
Figura 1 – Quadro demonstrativo de termos ou palavras africanas inseridas nos dicionários Michaelis On-line, Houaiss On-line e Aurélio On-line.
Palavra | Língua | Significado | Dicionário |
Axé | Iorubá | Saudação com que se expressam votos de felicidade. | MICHAELIS |
Cada um dos objetos sagrados do orixá (pedras, ferros, recipientes etc.) que ficam no peji das casas de candomblé. | HOUAISS | ||
Cada um dos objetos sagrados do orixá (pedras, ferros, recipientes etc.) que ficam no peji das casas de candomblé | AURÉLIO | ||
Angú | Grupo ewe-fon | Mingau espesso de farinha de milho (fubá) com ou sem açúcar. | MICHAELIS |
Prato muito popular na cozinha brasileira. Trata-se de uma massa consistente feita com fubá de milho, água e sal, escaldada e que pode ser comida natural ou frita em fatias. | HOUAISS | ||
Prato muito popular na cozinha brasileira. Trata-se de uma massa consistente feita com fubá de milho, água e sal, escaldada e que pode ser comida natural ou frita em fatias. | AURÉLIO | ||
Bagunça | Banto | Falta de organização ou ordem | MICHAELISHOUAISSAURÉLIO |
Borocoxô | Quicongo/ Kikongo | Aquele que está desanimado; aborrecido. | MICHAELIS |
Sem ânimo; desprovido de coragem, entusiasmo; desanimado. | HOUAISS | ||
Que está triste, aborrecido; tristonho. | AURÉLIO | ||
Cachimbo | Quimbundo | Utensílio para fumar composto de um fornilho de madeira, louça etc. | MICHAELIS |
Aparelho para fumar composto de um fornilho de madeira, louça etc. | HOUAISS | ||
Aparelho para fumar composto de um fornilho de madeira, louça etc. | AURÉLIO | ||
Dengo | Banto | Atitude manhosa (Denguice)* | MICHAELIS |
Meiguice no modo de se comportar; delicadeza. | HOUAISS | ||
Meiguice no modo de se comportar; delicadeza. | AURÉLIO | ||
Dendê | Quimbundo | O fruto ou semente do dendezeiro | MICHAELIS |
Fruto do dendezeiro.Óleo extraído da polpa desse fruto. | HOUAISS | ||
Fruto do dendezeiro.Óleo extraído da polpa desse fruto | AURÉLIO | ||
Fungar | Quicongo/ Kikongo | Produzir som ao absorver o ar pelo nariz; sibilar: Sempre resfriado, sempre fungando. | MICHAELIS |
Aspirar fortemente pelo nariz, fazendo ruído. | HOUAISS | ||
Aspirar fortemente pelo nariz, fazendo ruído. | AURÉLIO | ||
Fubá | Banto | Milho ou arroz reduzido a farinha, normalmente usada em culinária; fubá. | MICHAELIS |
Farinha de milho (ou de arroz) para fazer papas ou angu. | HOUAISS | ||
Farinha de milho (ou de arroz) para fazer papas ou angu. | AURÉLIO | ||
Ganzá | Quimbundo | Reco-reco ou tipo de chocalho que contém sementes secas de leguminosas ou pequenos seixos e que se agita cadenciadamente em certas músicas e danças; amelê, canzá, pau de semente, xaque-xaque, xeque³, xeque-xeque, xique-xique. | MICHAELIS |
Espécie de maracá indígena, constituído por um pequeno tubo de folha de flandres, fechado, que contém grãos ou seixos que soam quando agitados. O mesmo que reco-reco. | HOUAISS | ||
Espécie de maracá indígena, constituído por um pequeno tubo de folha de flandres, fechado, que contém grãos ou seixos que soam quando agitados. O mesmo que reco-reco. | AURÉLIO | ||
Iaiá | Quicongo/Kikongo | Tratamento dado pelos negros escravos às moças e às meninas; nanã, nhanhá, nhanhã, nhazinha. . Iaiá me sacode | MICHAELIS |
Tratamento muito usado na época da escravidão, e hoje quase extinto, dado às moças, meninas e senhoras | HOUAISS | ||
Tratamento muito usado na época da escravidão, e hoje quase extinto, dado às moças, meninas e senhoras. | AURÉLIO | ||
Jabá | Iorubá | Carne bovina salgada e curada ao sol, cortada em fatias; carne de charque, carne do ceará, carne do seridó, carne do sul, carne- seca, carne-velha, ceará, jabá, iabá, sambamba, sumaca(charque) | MICHAELIS |
Carne salgada e seca ao sol; charque, carne de sol, carne-seca. | HOUAISS | ||
Carne salgada e seca ao sol; charque, carne de sol, carne-seca. | AURÉLIO | ||
Muvuca | Quicongo/Kikongo | Aglomeração barulhenta de pessoas em locais públicos, em momentos de lazer, agito, ouriço. | MICHAELIS |
Agrupamento ruidoso de pessoas que estão se divertindo, geralmente composto por jovens que se juntam para conversar em locais abertos, públicos, restaurantes, bares ou por lazer; agito. | HOUAISS | ||
Agrupamento ruidoso de pessoas que estão se divertindo, geralmente composto por jovens que se juntam para conversar em locais abertos, públicos, restaurantes, bares ou por lazer; agito. | AURÉLIO | ||
Macaco | Banto | Nome comum a todos os símios ou primatas antropoides, exceto o homem. | MICHAELIS |
Nome comum aos mamíferos primatas, pertencentes à subordem dos símios, que se alimentam de frutas e de sementes. | HOUAISS | ||
Nome comum aos mamíferos primatas, pertencentes à subordem dos símios, que se alimentam de frutas e de sementes. | AURÉLIO | ||
Quitute | Quicongo/Kikongo | Comida apetitosa, iguaria delicada, acepipe, petisco. | MICHAELIS |
Iguaria apetitosa; comida requintada; petisco. | HOUAISS | ||
Iguaria apetitosa; comida requintada; petisco. | AURÉLIO | ||
Quilombo | Quimbundo | No período colonial, comunidade fortificada formada por negros fugitivos e por uma minoria branca e indígena, organizada politicamente, representando uma forma de resistência e combate à escravidão. | MICHAELIS |
Lugar secreto, encoberto e escondido em meio ao mato, onde ficavam ou para onde iam as pessoas escravizadas que fugiam das fazendas, minas ou casas de família onde eram exploradas e sofriam vários tipos de violências | HOUAISS | ||
Lugar secreto, encoberto e escondido em meio ao mato, onde ficavam ou para onde iam as pessoas escravizadas que fugiam das fazendas, minas ou casas de família onde eram exploradas e sofriam vários tipos de violências | AURÉLIO | ||
Samba | Quicongo/Kikongo | Dança popular brasileira, de origem africana, derivada do batuque, com variedades urbana e rural e coreografia diversas, acompanhada de melodia em compasso binário ritmo sincopado, que se tornou dança de salão universalmente conhecida e adotada | MICHAELIS |
Dança popular brasileira a dois tempos, de ritmo sincopado | HOUAISS | ||
Dança popular brasileira a dois tempos, de ritmo sincopado | AURÉLIO | ||
Senzala | Quimbundo | Conjunto dos alojamentos destinados aos escravos nas antigas casas senhoriais ou fazendas. | MICHAELIS |
Habitação usada como alojamento para os escravos negros, trazidos ao Brasil, durante o período de escravidão (entre o século XVI e XIX) | HOUAISS | ||
Habitação usada como alojamento para os escravos negros, trazidos ao Brasil, durante o período de escravidão (entre o século XVI e XIX) | AURÉLIO | ||
Zabumba | Quicongo/Kikongo | Bombo. Espécie de tambor muito grande, de madeira, com membrana nas duas extremidades, que difere do tambor propriamente dito por ser tocado em posição vertical, percutido com maçanetas ou macetas | MICHAELIS |
Tambor grande, O mesmo que bomba. | HOUAISS | ||
Tambor grande, O mesmo que bomba. | AURÉLIO | ||
Xingar | Quimbundo | Ofender ou insultar por meio de palavras | MICHAELIS |
Dizer insultos ou palavras ofensivas; ofender, insultar | HOUAISS | ||
Dizer insultos ou palavras ofensivas; ofender, insultar. | AURÉLIO | ||
Zumbi | Quicongo/Kikongo | Alma que vagueia durante a madrugada. | MICHAELIS |
Alma ou fantasma que vagueia durante a noite.. | HOUAISS | ||
Alma ou fantasma que vagueia durante a noite. | AURÉLIO |
Fonte: Elaborado pela autora, abr., 2024.
Portanto, o quadro demonstrativo elaborado pela autora, explicita de forma clara e objetiva que, dentre as 74 (setenta e quatro) palavras pesquisadas e escolhidas aleatoriamente, 4 (quatro) delas foram repetidas em dois idiomas, totalizam assim, 70 (setenta) palavras nas línguas africanas: Banto, Quicongo/Kicongo, Quimbundo, Iorubá e Grupo ewe-fon, no corpo do trabalho e as 21(vinte e uma) palavras pesquisadas, também de forma aleatória, nos três renomados dicionários: Michaelis, Houaiss e Aurélio onde há a inclusão de palavras de origem africana na língua portuguesa, falada no Brasil, na proporção de 30%. Isto demonstra que o português falado no Brasil sofreu e sofre, na contemporaneidade, a preciosa, rica e notória influência africana.
Desta forma, é significativo ressaltar que, no Brasil, dentre os três dicionários citados, neste estudo, o HOUAISS é o dicionário mais prestigiado, em conformidade com a citação do Senador Lúcio Alcântara, no ano de 2001, a seguir:
Certamente Houaiss queria associar seu nome ao mais completo dicionário da língua portuguesa, a exemplo de outros dicionários que atingiram essa singularidade, como o Covarrubias, na Espanha, o Caldas Aulete, em Portugal, o Johnson e o Webster nos países de língua inglesa, e o Aurélio no Brasil, Alcântara, 2001. Fonte: Agência Senado.
Enfim, não menos importantes que o dicionário HOUAISS, mas tão relevantes quanto o primeiro, seguem os dois mais popularmente conhecidos, tais quais: o dicionário Aurélio e o dicionário Michaelis.
O PRECONCEITO LINGUÍSTICO E O ESTRANGEIRISMO: O QUE SÃO? COMO LIDAR COM A DIVERSIDADE LINGUÍSTICA?
Neste parágrafo é de grande importância elucidar alguns conceitos enevoados, na mente de muitos indivíduos. Portanto, em primeira monta, torna-se necessário conceituar o termo preconceito linguístico.
Assim, segundo Maria Marta Pereira Scherre, no ano de 2008, o “preconceito linguístico é mais precisamente o julgamento depreciativo, desrespeitoso, jocoso e, consequentemente, humilhante da fala do outro (embora o preconceito sobre a própria fala também exista).” Ademais, acrescenta a autora: “o preconceito linguístico deveria ser crime”. E ainda em conformidade com a autora: “ninguém tem o direito de humilhar o outro pela forma de falar”. “Ninguém tem o direito de exercer assédio linguístico”. “Ninguém tem o direito de causar constrangimento ao seu semelhante pela forma de falar” (SCHERRE, 2008, p.12). Assim, o conceito do Dicionário HOUAISS, a respeito da palavra preconceito, de certa forma, coaduna com as afirmativas de SCHERRE em 2008. “Preconceito é qualquer opinião ou sentimento, quer favorável, concebido sem exame crítico; ideia, opinião ou sentimento desfavorável formado a priori, sem maior conhecimento, ponderação ou razão”(HOUAISS, 2024). Neste contexto, Marcos Bagno cita ainda: “o preconceito linguístico resulta da comparação indevida entre o modelo idealizado de língua que se apresenta nas gramáticas normativas e nos dicionários e os modos de falar reais das pessoas que vivem na sociedade, modos de falar que são muitos e bem diferentes entre si”. (BAGNO, 1999).
Diante do exposto é de grande relevância mencionar que Bagno, no início dos anos 2000, elencou 8(oito) mitos relacionados ao preconceito linguístico, são eles: Mito nº 1 – “A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente”, Mito nº 2 – “Brasileiro não sabe português / Só em Portugal se fala bem português”, Mito nº 3 – “Português é muito difícil, o problema é que as regras gramaticais consideradas certas são aquelas usadas em Portugal”, Mito nº 4 – “As pessoas sem instrução falam tudo errado”, Mito nº 5 – “O lugar onde melhor se fala português no Brasil é o Maranhão”, Mito nº 6 – “O certo é falar assim porque se escreve assim”, Mito nº 7 – “É preciso saber gramática para falar e escrever bem”, Mito nº 8 – “O domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social, que fecha o circuito mitológico”( BAGNO, 2002). Tais mitos trouxeram profundas reflexões aos linguístas, naquela época e perduram até os dias atuais.
Outrossim, cabe aqui ressaltar um conceito relacionado à palavra “estrangeirismo”. Segundo Valadares, no ano de 2014, cita que o estrangeirismo possui um conceito linguístico embasado no compartilhamento de conhecimento, seja de ordem científica ou de ordem sociocultural. Abrangendo assim, palavras provenientes de outro sistema linguístico, absorvidas através de empréstimos a fim de suprir uma necessidade conceitual, de natureza tecnológica, ou para a expressão de dados socioculturais, relacionados às trocas de cunho linguístico cultural entre comunidades falantes de variados idiomas (VALADARES, 2014).
E por fim, cabe ressaltar que, a melhor forma de se lidar com a diversidade linguística, minimizando os preconceitos linguísticos, aceitando os estrangeirismos e aprendendo com a diversidade linguística é facilitar o acesso à História e Cultura AfroBrasileira e Africana.
RESULTADO E DISCUSSÃO
Assim, os resultados deste estudo demonstram que há influência significativa das palavras de origem africana, no português falado no Brasil e até mesmo no inglês Americano. O quadro demonstrativo, anteriormente exposto, coloca em evidência o percentual de 30% de inclusão de palavras africanas nos renomados dicionários da língua Portuguesa, no Brasil. Vale lembrar que o critério de seleção das amostras, tanto a amostra de palavras colhidas nas línguas originárias da África, quanto a amostra de palavras colhidas e expostas no quadro demonstrativo foi aleatório. Isto demonstra uma fidedignidade dos resultados.
Desta forma, a autora tratou com cuidado e zelo a escolha dos três dicionários mais renomados e utilizados no Brasil, a fim de saber se palavras africanas foram ou não excluídas dos mais renomados dicionários da língua Portuguesa, existentes no país.
Portanto, e à luz dos resultados obtidos, é de grande primazia saber que os objetivos deste estudo foram alcançados. Pois as línguas afrodescendentes que contribuíram para o enriquecimento de nossa língua materna foram: o Banto, o Quikongo/Kikongo, o Quimbundo, o Iorubá, o grupo ewe fon. Entretanto, a autora não mencionou a língua Nagô, dentre outras; tendo em vista que esta língua era falada pelo povo Iorubá, já mencionada neste estudo. Neste mesmo contexto, foram identificados os termos ou palavras mais usuais inseridas na língua portuguesa, provenientes das línguas afrodescendentes, assim como verificados os termos ou palavras oriundas das línguas afrodescentes que estão inseridos nos renomados dicionários de nossa língua culta.
Enfim, as línguas africanas manifestam-se, hoje, no Brasil, como línguas especiais, com uma função ritualística, nos chamados cultos afro-brasileiros, ou com uma função de demarcação social, no seu uso como língua secreta, em comunidades específicas do povo negro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A verdade que poucos admitem é que a humanidade nasceu da África. Somos herdeiros deste povo. Não se pode negar e mudar a natureza dos fatos. Há evidências claras e precisas a este respeito.
Em consequência disto, é necessário investir mais e mais na pesquisa em relação aos remanescentes culturais da África, no Brasil. Pois, estes resquícios de saberes delineiam com maior clareza o nosso ainda grande desconhecimento a respeito da contribuição africana na formação da cultura brasileira. Ao mesmo tempo, a grande força e alcance desta contribuição fará com que se conheça mais a respeito da cultura Africana. Além do mais, nesta área de estudo, a gênese se faz presente. Portanto, mais que nunca há um momento de clamor à pesquisa a respeito desta temática deslumbrante sobre a pluralidade cultural, neste país de dimensões continentais chamado BRASIL! (QUEIROZ, 2002, p.56).
Recomenda-se o contínuo e persistente estudo, deste continente Africano, tão importante para a humanidade e para o planeta Terra.
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1Graduada em Letras Português-Português, em História; em Pedagogia e Pós-graduada em Psicopedagogia pela Universidade Estácio de Sá – UNESA; Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro; atua como Enfermeira no Hospital Municipal Raphael de Paula Souza e como professora da UNESA em Enfermagem e Pedagogia. ORCID 0000-0002-0290-392X