ANTI-NMDA RECEPTOR AUTOIMMUNE ENCEPHALITIS IN CHILDHOOD AND VIRAL CAUSES: A LITERATURE REVIEW
ENCEFALITIS AUTOINMUNE ANTI-RECEPTOR NMDA EN LA INFANCIA Y CAUSAS VIRALES: REVISIÓN DE LA LITERATURA
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202503311832
Caroline Razera
Janaina Monteiro Chaves
Resumo
Introdução: A encefalite auto imune anti receptor NMDA é uma condição neurológica grave, frequentemente associada a infecções virais como gatilhos imunológicos. Essas infecções podem induzir a produção de autoanticorpos, resultando em disfunção neuronal. O diagnóstico precoce e a compreensão dos mecanismos virais são essenciais para melhorar o manejo e os desfechos clínicos. Objetivo: Esta revisão busca elucidar as mais comuns etiologias virais, quadro clínico e critérios diagnósticos associados a esta patologia na população pediátrica, colaborando com o diagnóstico precoce e redução da morbimortalidade. Método: Consiste em uma revisão literária, com levantamento de dados nas bases: Scielo, UpToDate e PubMed. Incluíram-se artigos completos, nas linguagens inglês, espanhol e português e publicados a partir de 2000. Foram excluídos trabalhos duplicados, sem um diagnóstico definido, que tratam exclusivamente de neoplasias ou com experimentos animais. Totalizando uma seleção de 47 artigos. Resultados e Discussão: Encefalites por anticorpos anti-NMDA apresentam uma incidência de cerca de 0,85 casos por milhão de crianças do segundo ao décimo ano de vida. Classicamente possuem pródromos como febre, diarreia ou sintomas respiratórios e após apresentação aguda ou subaguda de sintomas psiquiátricos, convulsões, déficit cognitivo, rebaixamento do nível de consciência e disfunção autonômica. O diagnóstico é baseado em critérios clínicos e exames laboratoriais. O tratamento inicial consiste no uso de aciclovir, devido ao fato de a infecção por herpes simples ser a etiologia viral mais comum a população pediátrica e posteriormente à corticoterapia e/ou imunoglobulina. Apresenta prognóstico favorável quando as medidas terapêuticas são iniciadas precocemente. Conclusão: A encefalite anti-NMDAR, comum na pediatria e frequentemente desencadeada por infecções virais, requer diagnóstico e tratamento precoces para melhorar o prognóstico. O encaminhamento rápido a especialistas é essencial, e mais estudos são necessários para esclarecer a relação com as infecções virais.
Palavras-chave: Encefalite; Doenças Autoimunes do Sistema Nervoso; Encefalite viral; Encefalite Anti Receptor de N-Metil-D-Aspartato
Abstract
Introduction: Anti-NMDA receptor autoimmune encephalitis is a severe neurological condition often associated with viral infections as immune triggers. These infections can induce autoantibody production, leading to neuronal dysfunction. Early diagnosis and understanding of viral mechanisms are essential to improving management and clinical outcomes. Objective: This review aims to elucidate the most common viral etiologies, clinical presentation, and diagnostic criteria associated with this condition in the pediatric population, contributing to early diagnosis and reduction of morbidity and mortality. Method: It consists of a literary review, with data collection in the bases: Scielo, UpToDate and PubMed. Complete articles were included, in English, Spanish and Portuguese and published from 2000 onwards. Duplicate works, without a defined diagnosis, dealing exclusively with neoplasms or with animal experiments were excluded. Totaling a selection of 47 articles. Results and Discussion: Encephalitis due to antiNMDA antibodies has an incidence of about 0.85 cases per million children from the second to the tenth year of life. Classically, they have prodromes such as fever, diarrhea or respiratory symptoms and after acute or subacute presentation of psychiatric symptoms, seizures, cognitive impairment, lowered level of consciousness and autonomic dysfunction. The diagnosis is based on clinical criteria and laboratory tests. Initial treatment consists of the use of acyclovir, due to the fact that herpes simplex infection is the most common viral etiology in the pediatric population, followed by corticosteroid therapy and/or immunoglobulin. It has a favorable prognosis when therapeutic measures are started early. Conclusion: Anti-NMDAR encephalitis, common in pediatrics and often triggered by viral infections, requires early diagnosis and treatment to improve prognosis. Rapid referral to specialists is essential, and further studies are needed to clarify its relationship with viral infections.
Keywords: Encephalitis; Autoimmune Diseases of the Nervous System; Viral encephalitis; Anti-N-Methyl-D-Aspartate Receptor Encephalitis
Resumen
Introducción: La encefalitis autoinmune anti-receptor NMDA es una condición neurológica grave, a menudo asociada con infecciones virales como desencadenantes inmunológicos. Estas infecciones pueden inducir la producción de autoanticuerpos, lo que lleva a disfunción neuronal. El diagnóstico precoz y la comprensión de los mecanismos virales son esenciales para mejorar el manejo y los resultados clínicos. Objetivo: Esta revisión tiene como objetivo esclarecer las etiologías virales más comunes, la presentación clínica y los criterios diagnósticos asociados con esta patología en la población pediátrica, contribuyendo al diagnóstico precoz y a la reducción de la morbimortalidad. Método: Consiste en una revisión literaria, con recolección de datos en las bases: Scielo, UpToDate y PubMed. Se incluyeron artículos completos, en inglés, español y portugués y publicados a partir de 2000. Se excluyeron trabajos duplicados, sin diagnóstico definido, que trataran exclusivamente de neoplasias o de experimentación con animales. Totalizando una selección de 47 artículos. Resultados y Discusión: La encefalitis por anticuerpos anti-NMDA tiene una incidencia de alrededor de 0,85 casos por millón de niños del segundo al décimo año de vida. Clásicamente tienen pródromos como fiebre, diarrea o síntomas respiratorios y tras la presentación aguda o subaguda de síntomas psiquiátricos, convulsiones, deterioro cognitivo, disminución del nivel de conciencia y disfunción autonómica. El diagnóstico se basa en criterios clínicos y pruebas de laboratorio. El tratamiento inicial consiste en el uso de aciclovir, debido a que la infección por herpes simplex es la etiología viral más frecuente en la población pediátrica, seguido de corticoides y/o inmunoglobulinas. Tiene un pronóstico favorable cuando las medidas terapéuticas se inician precozmente. Conclusión: La encefalitis anti-NMDAR, común en pediatría y frecuentemente desencadenada por infecciones virales, requiere diagnóstico y tratamiento precoces para mejorar el pronóstico. La derivación rápida a especialistas es esencial, y se necesitan más estudios para aclarar su relación con las infecciones virales.
Palabras clave: Encefalitis; Enfermedades Autoinmunes del Sistema Nervioso; Encefalitis viral; Encefalitis Anti Receptor N-Metil-D-Aspartato
1. Introdução
A encefalite autoimune (EAI) compreende um grupo de doenças inflamatórias do sistema nervoso central (SNC) associadas à presença de anticorpos contra antígenos neurais do próprio indivíduo, caracterizando-se, portanto, como uma condição autoimune (Dalmau & Graus, 2018; Lancaster & Dalmau, 2012). Entre as formas de EAI na população pediátrica, a mais prevalente está relacionada à presença de anticorpos contra o receptor de N-metil-Daspartato (NMDAR), apresentando uma incidência global estimada em 10,5 casos por 100.000 crianças (Bem et al., 2018).
As neuroinfecções virais são reconhecidas como gatilhos para o desenvolvimento da encefalite associada ao NMDAR (Linnoila et al., 2016). Evidências sugerem que o dano tecidual cerebral induzido por vírus pode comprometer o SNC, resultando na liberação de antígenos neuronais que, por sua vez, desencadeiam a produção de autoanticorpos (Prüss et al., 2012). As infecções virais são altamente frequentes na infância, independentemente da localização geográfica ou do nível socioeconômico, com estimativas apontando que crianças apresentem entre três e seis episódios anuais (Lei et al., 2022).
Dentre os agentes virais mais frequentemente associados à encefalite NMDAR, destacam se o vírus herpes simples (HSV) (Nosadini et al., 2017), o vírus Epstein-Barr (EBV) (Ruprecht et al., 2018) e o coronavírus SARS-CoV-2 (COVID-19) (Burr et al., 2021; Monti et al., 2020; Panariello et al., 2020). Aproximadamente 70% dos pacientes apresentam pródromos inespecíficos, como sintomas catarrais, febre e diarreia, nas duas semanas que antecedem o desenvolvimento da encefalite (Danieli et al., 2017). A condição acomete predominantemente mulheres jovens, sendo caracterizada por um quadro clínico inespecífico, frequentemente resultando em atraso no diagnóstico. Os principais sintomas incluem manifestações psiquiátricas, convulsões, déficit cognitivo, rebaixamento do nível de consciência e disfunção autonômica (Dalmau et al., 2011).
Uma abordagem clínica para o diagnóstico da encefalite anti-NMDAR foi desenvolvida por especialistas, visando padronizar a identificação da doença (Graus et al., 2021). Como os resultados dos testes de autoanticorpos e a resposta à terapia antitumoral e imunossupressora não estão disponíveis nos estágios iniciais da enfermidade, os critérios diagnósticos baseiam-se principalmente na avaliação neurológica, em exames convencionais de neuroimagem e na análise do líquido cefalorraquidiano (Graus et al., 2016). Quando a encefalite NMDAR é diagnosticada precocemente e a terapia adequada é instituída, o prognóstico tende a ser favorável (McKeon et al., 2018).
Considerando a dificuldade no reconhecimento da doença em suas fases iniciais e a relevância do diagnóstico e tratamento precoces para o desfecho clínico, torna-se fundamental uma compreensão mais aprofundada das etiologias, das manifestações clínicas e dos critérios diagnósticos desta patologia na população pediátrica. Nesse contexto, pela alta correspondência, o conhecimento dos gatilhos causados por infecções virais pode contribuir significativamente para a redução da morbimortalidade e das possíveis complicações associadas. Assim, esta revisão de literatura tem como objetivo explorar a incidência, as características clínicas e laboratoriais, bem como as abordagens terapêuticas e o acompanhamento da encefalite anti-NMDAR em crianças.
2. Metodologia
Refere-se a uma revisão integrativa da literatura que visa reconhecer e sintetizar a produção bibliográfica sobre um assunto ou tema (Pereira, et al., 2018). Realizada no período de dezembro de 2022 a janeiro de 2023 por meio dos seguintes estágios metodológicos: estabelecimento de uma questão norteadora; seleção de artigos (critérios de inclusão e de exclusão); avaliação das literaturas pré-selecionadas; discussão de resultados e envio de uma revisão integrativa.
Foi, então, realizado um levantamento de dados relacionados a encefalite NMDAR em crianças, consultado artigos nas bases de dados PubMed, UpToDate e Scielo, levando em consideração que, são bases que dispõem de maior indexação de periódicos de saúde, por meio de descritores que buscaram responder à questionamentos: Quais são as etiologias virais mais relacionadas a encefalite NMDAR em crianças? Quais são as características das neuroinfecções virais nessa patologia? Qual o quadro clínico mais comum da encefalite NMDAR na população infantil? Como realizado o diagnóstico de encefalite NMDAR nessa população? Quais são as opções terapêuticas? Os critérios de inclusão foram artigos sobre encefalite e suas etiologias, artigos completos, artigos em inglês, português ou espanhol, artigos disponíveis nas bases de dados citadas anteriormente. Foram excluídos artigos que: eram voltados exclusivamente para encefalite devido a neoplasia; foram escritos em outros idiomas além do inglês, português e espanhol; foram publicados antes de 2000; não estavam disponíveis na íntegra; eram anais de eventos, dissertações e teses.
Os descritores pesquisados foram: “encefalite viral em crianças”, “encefalite antirreceptor de N-metil-D-aspartato na população pediátrica”, “Encefalites virais”, “Encefalite por HVS”, “Encefalite por EBV”, “Encefalite por COVID-19”. Nesta busca 788 estudos foram identificados nas bases de dados. A partir da pesquisa de descritores no título ou resumo, apenas 376 artigos foram apontados. Destes, 211 foram excluídos pelo fato de não preencherem os critérios de inclusão. Dos 165 editoriais restantes, 98 foram descartados por não serem diretamente relacionados com o assunto. Em última análise, 23 estudos não foram encontrados integralmente, resultando em 47 artigos como corpus analítico.
Posterior a isto, os artigos foram lidos integralmente e foram retiradas informações para a caracterização da produção em relação ao foco central no método utilizado, resultados e conclusões, ano de publicação e país de origem do estudo.
3. Resultados e Discussão
A encefalite em crianças apresenta uma incidência aproximada de 16 casos por 100.000 crianças entre o segundo e o décimo ano de vida, reduzindo-se para cerca de 1 caso por 100.000 até os 15 anos de idade (Costa & Sato, 2020). No caso específico da encefalite associada ao receptor de N-metil-D-aspartato, um estudo prospectivo britânico estimou uma taxa de incidência de 0,85 casos por milhão de crianças ao ano (Fernandes et al., 2018).
As infecções virais representam a principal causa da encefalite anti-NMDAR, sendo que a prevalência dos agentes etiológicos pode variar conforme fatores como localização geográfica, sazonalidade, status imunológico do paciente e mutações virais ao longo do tempo (Armangue et al., 2014; Costa & Sato, 2020). Dentre os vírus mais frequentemente associados, destacam-se o vírus herpes simples (Quade et al., 2023), o vírus Epstein-Barr (Pangprasertkuk et al., 2022) e, mais recentemente, o SARS-CoV-2 (Burr et al., 2021). Além disso, a encefalite anti-NMDAR pode ser desencadeada pelo vírus varicela-zóster ou por neoplasias, sendo o teratoma ovariano um dos tumores mais frequentemente relacionados à condição, especialmente em adolescentes (Danieli et al., 2017).
O HSV é amplamente reconhecido como a principal causa de encefalite viral em pacientes pediátricos (Quade et al., 2023), e aproximadamente 20% dos casos dessa infecção complicam desenvolvendo encefalite anti-NMDAR (Armangue et al., 2014). Evidências sugerem que a encefalite por HSV pode desencadear a produção de autoanticorpos contra o NMDAR, o que explicaria a recorrência de sintomas neurológicos algumas semanas após a fase aguda da doença (Armangue et al., 2014; Linnoila et al., 2016).
As infecções do SNC geralmente se manifestam clinicamente por rebaixamento do nível de consciência, alterações do estado mental e convulsões. No caso específico da encefalopatia associada ao HSV, o quadro típico é de uma condição aguda, associada à febre, distúrbios comportamentais e déficits motores, podendo ou não estar acompanhada de crises epilépticas (Ward et al., 2012). Embora nenhum sinal clínico seja considerado patognomônico, estudos indicam que crises epilépticas generalizadas ou focais estavam presentes em todos os casos relatados em crianças menores de três anos. Por outro lado, em crianças acima dessa faixa etária, a apresentação clínica pode ser altamente variável, o que pode dificultar o diagnóstico e atrasar a instituição do tratamento adequado (Ward et al., 2012). O diagnóstico laboratorial pode ser auxiliado pela detecção de um índice específico de anticorpos elevados contra o HSV, geralmente identificável entre uma e duas semanas após o início dos sintomas (Pohl et al., 2010).
Os desfechos clínicos da infecção pelo HSV são difíceis de prever, apresentando altas taxas de morbidade neurológica, mesmo quando o diagnóstico é realizado precocemente e o tratamento instituído de forma imediata (Hansen et al., 2020; Singh et al., 2016). Em um estudo retrospectivo, Berkhout et al. (2022) analisaram os prontuários de 43 crianças diagnosticadas com encefalite anti-NMDAR secundária à infecção por HSV e observaram sequelas neurológicas significativas a longo prazo. A taxa de mortalidade foi de 16,3%, enquanto 58,1% dos pacientes apresentaram morbidade neurológica elevada, e 74,1% relataram comprometimento neurológico persistente no acompanhamento. Além disso, quando a encefalite anti-NMDAR por HSV não é tratada, a taxa de mortalidade pode chegar a 70% (Ward et al., 2012).
O diagnóstico da encefalite por HSV baseia-se na detecção do vírus por reação em cadeia da polimerase (PCR) no líquido cefalorraquidiano (LCR), porém alguns achados clínicos e radiológicos podem auxiliar na suspeição diagnóstica (Costa & Sato, 2020). Na tomografia computadorizada (TC) de crânio, é possível identificar anormalidades específicas, como áreas de hiperdensidade ou atenuação reduzida em um ou ambos os lobos temporais (Kennedy, 2004). A ressonância magnética (RM) cerebral é um exame complementar valioso, podendo demonstrar achados sugestivos como hiperintensidade nas sequências de recuperação de inversão atenuada por fluido (FLAIR), imagens ponderadas por difusão, imagens ponderadas em T1 (T1W1) ou hiperintensidades na ponderação T2 (T2W1) (Whitley & Kimberlin, 2005). O eletroencefalograma (EEG) também pode contribuir para o diagnóstico, revelando descargas epileptiformes lateralizantes periódicas (PLEDS) ou desaceleração inespecífica (Kennedy, 2004).
O LCR pode apresentar características sugestivas, como hemorragia em aproximadamente 50% dos pacientes (Costa & Sato, 2020). A PCR do LCR realizada entre o segundo e o décimo dia da doença apresenta mais de 95% de sensibilidade e especificidade para HSV. Caso a suspeita clínica seja elevada e o primeiro resultado seja negativo, recomenda-se a repetição do exame em um intervalo de dois a sete dias, pois a PCR pode se tornar positiva mesmo após o início do tratamento (Weil et al., 2002). Quando o LCR não é testado para HSV por PCR, a pesquisa de IgG no LCR deve ser realizada entre o décimo e o décimo quarto dia do início da doença para auxiliar no diagnóstico (Kneen et al., 2012).
Caso a encefalite viral não seja descartada nas primeiras seis horas de atendimento, recomenda-se o início do tratamento empírico com aciclovir (Tunkel et al., 2008). Esse medicamento possui atividade antiviral contra o HSV e vírus relacionados (Kneen et al., 2012). Em casos confirmados de encefalite anti-NMDAR secundária à infecção por HSV em pacientes pediátricos, o tratamento deve ser realizado com aciclovir na dose de 60 mg/kg/dia, dividida em três administrações diárias, por um período de 14 a 21 dias. Após esse intervalo, estudos recomendam a realização de novos testes de PCR no LCR e, caso ainda estejam positivos, sugerem a continuidade do tratamento, com reavaliação semanal do LCR até que a amostra se torne negativa, permitindo então a suspensão do aciclovir (Donoso Mantke et al., 2008; Costa & Sato, 2020).
As infecções neurológicas causadas pelo EBV são relativamente raras em crianças imunocompetentes, sendo mais frequentes em indivíduos imunocomprometidos (Pangprasertkuk et al., 2022). A maior incidência ocorre na faixa etária de 0 a 4 anos. A fisiopatologia da encefalite anti-NMDAR associada ao EBV ainda não está completamente elucidada, mas três mecanismos têm sido propostos: invasão direta do EBV no SNC, reativação de infecções virais latentes e uma resposta imunomediada, na qual o sistema imunológico do hospedeiro produz linfócitos T autoimunes e anticorpos antineuronais dirigidos contra a glicoproteína dos oligodendrócitos de mielina (Nakamura et al., 2017; Cheng et al., 2020).
As manifestações clínicas da encefalite anti-NMDAR associada ao EBV são inespecíficas e podem se sobrepor a outras etiologias de infecções do SNC, variando conforme a localização e a gravidade da infecção. Entre as características mais comuns, destacam-se alteração do nível de consciência, vasculite e hemorragia (Huang et al., 2021). Em um caso relatado por Pangprasertkuk et al. (2022), uma paciente apresentou febre alta, amigdalite exsudativa, dor cervical, vômitos, hiporexia e desidratação moderada. Dois dias após a admissão hospitalar, evoluiu com alteração do nível de consciência, seguida de convulsões tônicoclônicas generalizadas.
O diagnóstico da encefalite anti-NMDAR associada ao EBV pode ser desafiador, uma vez que os pacientes frequentemente não apresentam os sintomas clássicos de mononucleose infecciosa (Doja et al., 2006). Dessa forma, a identificação do EBV como agente etiológico geralmente requer uma combinação de exames sorológicos, neurorradiológicos e moleculares (Baldwin & Cummings, 2018). No entanto, diferentemente da encefalite antiNMDAR secundária ao HSV, a maioria das crianças afetadas pelo EBV apresenta recuperação completa, com poucos casos evoluindo para sequelas neurológicas ou óbito (Cheng et al., 2020).
Quando o diagnóstico de encefalite anti-NMDAR associada ao EBV é confirmado, o tratamento baseia-se na administração de corticosteroides, sendo a metilprednisolona o fármaco mais comumente utilizado. A administração é feita por via intravenosa, em doses de 15-30 mg/kg/dia (com dose máxima de 1 g/dia), podendo ser dividida em quatro doses diárias, por um período de 3 a 5 dias, seguida da administração de imunoglobulina intravenosa (Bale, 2015). Para pacientes que não apresentam resposta aos corticosteroides, a plasmaférese pode ser uma alternativa terapêutica (Khurana et al., 2005).
A COVID-19 entrou para o rol de possibilidades etiológicas após a pandemia. Embora este vírus geralmente se apresente com sintomas leves em crianças, complicações graves, como a encefalite anti-NMDAR, têm sido relatadas (Burr et al., 2021; Monti et al., 2020; Lin et al., 2021). Estudos indicam que 37% dos casos de encefalite anti-NMDAR associada à COVID-19 ocorrem em crianças (Titulaer et al., 2013). No entanto, a relação patogênica entre as duas doenças ainda não está completamente elucidada (Panariello et al., 2020).
Mecanismos sugeridos para a neuroinvasão viral do SARS-CoV-2 incluem a disseminação transsináptica via nervo olfativo, infecção do endotélio vascular e migração de leucócitos através da barreira hematoencefálica (Zubair et al., 2020). Acredita-se que a entrada do SARS-CoV-2 nas células humanas ocorra por meio da interação entre os receptores da enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2) e a proteína spike viral (O’Loughlin et al., 2021). A expressão do receptor ACE2 foi identificada no cérebro, cerebelo, tronco cerebral, retina e mucosa olfativa, sendo detectada também em neurônios, células musculares lisas e células da glia. Além do ACE2, outros receptores possivelmente envolvidos na entrada viral incluem BSG, CD147, neuropilina-1, proteases de serina transmembrana 2 e 4, e catepsina L (Lou et al., 2021).
O quadro clínico mais comum da encefalite anti-NMDAR associada à COVID-19 em crianças inclui discinesia, alterações de personalidade, convulsões e distúrbios cognitivos (Yang et al., 2021). Em um estudo observacional multi-institucional, Titular e colaboradores (2013) descreveram manifestações como ilusões, psicose, catatonia, discinesias orofaciais e coreatose. Já Sánchez-Morales et al. (2021), ao analisarem 23 crianças com sintomas neurológicos pós-COVID-19, identificaram um caso de encefalite aguda anti-NMDAR, no qual o paciente apresentou alterações comportamentais e do estado mental, convulsões, insônia e discinesias orofaciais. O tratamento incluiu metilprednisolona e imunoglobulina intravenosa, resultando em uma recuperação parcial dos sintomas neurológicos.
Após o tratamento empírico inicial com aciclovir e a confirmação diagnóstica da encefalite anti-NMDAR associada à COVID-19, a abordagem terapêutica predominante nos estudos revisados inclui o uso de corticosteroides e imunoglobulina intravenosa. Esse tratamento se justifica pelo impacto da COVID-19 na resposta imunológica do paciente, mediado pela liberação de citocinas que promovem um ambiente pró-inflamatório e podem levar ao acometimento de múltiplos órgãos (Sapucci & Danieli, 2022). Além disso, O’Loughlin et al. (2021) e Sánchez-Morales et al. (2021) relataram que a taxa de mortalidade em crianças com encefalite anti-NMDAR associada à COVID-19 é baixa, independentemente do tratamento instituído.
O diagnóstico das encefalites NMDAR é comum a todas as etiologias sendo os critérios relatados na Tabela 1.

As primeiras medidas terapêuticas em crianças com encefalite anti-NMDAR, independentemente da etiologia viral, consistem em suporte clínico adequado e correção de possíveis distúrbios eletrolíticos, disfunção renal, desregulação autonômica e disfunção hepática (Bale, 2015). Além disso, é essencial o manejo das convulsões e do estado de mal epiléptico não convulsivo.
Dado o alto risco de complicações associadas à encefalite anti-NMDAR, o acompanhamento pós-tratamento é fundamental para a reabilitação dos pacientes. As estratégias de seguimento incluem monitoramento de sintomas, exames laboratoriais e de imagem, como ressonância magnética, além da avaliação das funções cognitivas e motoras. Inicialmente, as consultas devem ocorrer com maior frequência, a cada três a seis meses, tornando-se mais espaçadas conforme a evolução clínica do paciente (McKeon & Zekeridou, 2020).
O plano de acompanhamento deve ser individualizado, considerando a sintomatologia e as alterações detectadas na apresentação do quadro. No entanto, é essencial que as avaliações sejam objetivas, com foco em aspectos neurológicos e paraclínicos, visto que o uso de corticosteroides pode gerar uma sensação inespecífica de bem-estar, mascarando déficits subjacentes. As ferramentas utilizadas no segmento incluem exames clínicos à beira do leito, neuroimagem, diário de crises epilépticas, eletroencefalograma e testes neuropsicométricos (Kessler et al., 2017).
4. Conclusão
A encefalite anti-NMDAR é a forma mais comum de encefalite autoimune na população pediátrica, sendo frequentemente desencadeada por infecções virais. Dada a ampla gama de agentes etiológicos, é fundamental empregar todos os recursos disponíveis para um diagnóstico preciso, incluindo a análise de dados epidemiológicos, apresentação clínica e exames complementares. A abordagem precoce e estruturada é essencial, exigindo dos profissionais de saúde conhecimento aprofundado sobre a avaliação e o manejo da doença, especialmente em seus estágios iniciais.
A rápida identificação e encaminhamento para especialistas em neurologia infantil são cruciais para garantir um tratamento oportuno e melhorar o prognóstico. O manejo adequado das etiologias virais deve ser instituído precocemente, uma vez que a intervenção na fase inicial da doença está diretamente associada a melhores desfechos clínicos. No entanto, são necessários estudos adicionais para elucidar a relação fisiopatológica entre a encefalite anti-NMDAR e algumas infecções virais, especialmente diante do aumento da incidência dessas condições.
Referências
Armangue, T., Leypoldt, F., & Dalmau, J. (2014). Autoimmune encephalitis as differential diagnosis of infectious encephalitis. Current opinion in neurology, 27(3), 361–368. https://doi.org/10.1097/WCO.0000000000000087
Bale J. F., Jr (2015). Virus and Immune-Mediated Encephalitides: Epidemiology, Diagnosis, Treatment, and Prevention. Pediatric neurology, 53(1), 3–12. https://doi.org/10.1016/j.pediatrneurol.2015.03.013
Baldwin, K. J., & Cummings, C. L. (2018). Herpesvirus Infections of the Nervous System. Continuum (Minneapolis, Minn.), 24(5, Neuroinfectious Disease), 1349–1369. https://doi.org/10.1212/CON.0000000000000661
Ben Abid, F., Abukhattab, M., Ghazouani, H., Khalil, O., Gohar, A., Al Soub, H., Al Maslamani, M., Al Khal, A., Al Masalamani, E., Al Dhahry, S., Hashim, S., Howadi, F., & Butt, A. A. (2018). Epidemiology and clinical outcomes of viral central nervous system infections. International journal of infectious diseases : IJID : official publication of the International Society for Infectious Diseases, 73, 85–90. https://doi.org/10.1016/j.ijid.2018.06.008
Berkhout, A., Kapoor, V., Heney, C., Jones, C. A., Clark, J. E., Britton, P. N., Vaska, V. L., Lai, M. M., & Nourse, C. (2022). Epidemiologia e sequelas neurológicas de longo prazo da infecção infantil pelo herpes simplex do SNC. Jornal de pediatria e saúde infantil, 58(8), 1372–1378. https://doi.org/10.1111/jpc.15992
Burr, T., Barton, C., Doll, E., Lakhotia, A., & Sweeney, M. (2021). N-Methyl-d-Aspartate Receptor Encephalitis Associated With COVID-19 Infection in a Toddler. Pediatric neurology, 114, 75–76. https://doi.org/10.1016/j.pediatrneurol.2020.10.002
Cheng, H., Chen, D., Peng, X., Wu, P., Jiang, L., & Hu, Y. (2020). Clinical characteristics of Epstein-Barr virus infection in the pediatric nervous system. BMC infectious diseases, 20(1), 886. https://doi.org/10.1186/s12879-020-05623-1
Costa, B. K. D., & Sato, D. K. (2020). Viral encephalitis: a practical review on diagnostic approach and treatment. Jornal de pediatria, 96 Suppl 1(Suppl 1), 12–19. https://doi.org/10.1016/j.jped.2019.07.006
Dalmau, J., Lancaster, E., Martinez-Hernandez, E., Rosenfeld, M. R., & Balice-Gordon, R. (2011). Clinical experience and laboratory investigations in patients with anti-NMDAR encephalitis. The Lancet. Neurology, 10(1), 63–74. https://doi.org/10.1016/S14744422(10)70253-2
Dalmau, J., & Graus, F. (2018). Antibody-Mediated Encephalitis. The New England journal of medicine, 378(9), 840–851. https://doi.org/10.1056/NEJMra1708712
Danieli, D., Moraes, A. C. M., Alves, M. P., Dutra, L. A., Höftberger, R., Barsottini, O. G. P., & Masruha, M. R. (2017). Anti-N-methyl-D-aspartate receptor encephalitis and Epstein-Barr virus: another tale on autoimmunity? European Journal of Neurology, E46, 1-2. https://doi.org/10.1111/ene.13332
Doja, A., Bitnun, A., Ford Jones, E. L., Richardson, S., Tellier, R., Petric, M., Heurter, H., & MacGregor, D. (2006). Pediatric Epstein-Barr virus-associated encephalitis: 10-year review.
Journal of child neurology, 21(5), 384–391. https://doi.org/10.1177/08830738060210051101
Donoso Mantke, O., Vaheri, A., Ambrose, H., Koopmans, M., de Ory, F., Zeller, H., Beyrer, K., Windorfer, A., Niedrig, M., & European Network for Diagnostics of Imported Viral Diseases (ENIVD) Working Group for Viral CNS Diseases (2008). Analysis of the surveillance situation for viral encephalitis and meningitis in Europe. Euro surveillance: bulletin Europeen sur les maladies transmissibles = European communicable disease bulletin, 13(3), 8017. https://doi.org/10.2807/ese.13.03.08017-en
Fernandes, B. L. M., Webber, J., Vasconcelos, L. G. A., & Vasconcelos, M. M. (2018). Encefalites autoimunes. Resid Pediatr, 8(0 Supl.1),26-34. https://doi.org/10.25060/residpediatr-2018.v8s
Graus, F., Titulaer, M. J., Balu, R., Benseler, S., Bien, C. G., Cellucci, T., Cortese, I., Dale, R. C., Gelfand, J. M., Geschwind, M., Glaser, C. A., Honnorat, J., Höftberger, R., Iizuka, T., Irani, S. R., Lancaster, E., Leypoldt, F., Prüss, H., Rae-Grant, A., Reindl, M., & Dalmau, J. (2016). A clinical approach to diagnosis of autoimmune encephalitis. The Lancet. Neurology, 15(4), 391–404. https://doi.org/10.1016/S1474-4422(15)00401-9
Graus, F., Vogrig, A., Muñiz-Castrillo, S., Antoine, J. G., Desestret, V., Dubey, D., Giometto, B., Irani, S. R., Joubert, B., Leypoldt, F., McKeon, A., Prüss, H., Psimaras, D., Thomas, L., Titulaer, M. J., Vedeler, C. A., Verschuuren, J. J., Dalmau, J., & Honnorat, J. (2021). Updated Diagnostic Criteria for Paraneoplastic Neurologic Syndromes. Neurology(R) neuroimmunology & neuroinflammation, 8(4), e1014. https://doi.org/10.1212/NXI.0000000000001014
Hansen, A. E., Vestergaard, H. T., Dessau, R. B., Bodilsen, J., Andersen, N. S., Omland, L. H., Christiansen, C. B., Ellermann-Eriksen, S., Nielsen, L., Benfield, T., Sørensen, H. T., Andersen, C. Ø., Lebech, A. M., & Obel, N. (2020). Long-Term Survival, Morbidity, Social Functioning and Risk of Disability in Patients with a Herpes Simplex Virus Type 1 or Type 2 Central Nervous System Infection, Denmark, 2000-2016. Clinical epidemiology, 12, 745–755. https://doi.org/10.2147/CLEP.S256838
Huang, L., Zhang, X., & Fang, X. (2021). Case Report: Epstein-Barr Virus Encephalitis Complicated With Brain Stem Hemorrhage in an Immune-Competent Adult. Frontiers in immunology, 12, 618830. https://doi.org/10.3389/fimmu.2021.618830
Kennedy P. G. (2004). Viral encephalitis: causes, differential diagnosis, and management. Journal of neurology, neurosurgery, and psychiatry, 75 Suppl 1(Suppl 1), i10–i15. https://doi.org/10.1136/jnnp.2003.034280
Kessler, R. A., Mealy, M. A., Jimenez-Arango, J. A., Quan, C., Paul, F., López, R., Hopkins, S., & Levy, M. (2017). Anti-aquaporin-4 titer is not predictive of disease course in neuromyelitis optica spectrum disorder: A multicenter cohort study. Multiple sclerosis and related disorders, 17, 198–201. https://doi.org/10.1016/j.msard.2017.08.005
Khurana, D. S., Melvin, J. J., Kothare, S. V., Valencia, I., Hardison, H. H., Yum, S., Faerber, E. N., & Legido, A. (2005). Acute disseminated encephalomyelitis in children: discordant neurologic and neuroimaging abnormalities and response to plasmapheresis. Pediatrics, 116(2), 431–436. https://doi.org/10.1542/peds.2004-2038
Kneen, R., Michael, B. D., Menson, E., Mehta, B., Easton, A., Hemingway, C., Klapper, P. E., Vincent, A., Lim, M., Carrol, E., Solomon, T., & National Encephalitis Guidelines Development and Stakeholder Groups (2012). Management of suspected viral encephalitis in children – Association of British Neurologists and British Paediatric Allergy, Immunology and Infection
Group national guidelines. The Journal of infection, 64(5), 449–477. https://doi.org/10.1016/j.jinf.2011.11.013
Lancaster, E., & Dalmau, J. (2012). Neuronal autoantigens–pathogenesis, associated disorders and antibody testing. Nature reviews. Neurology, 8(7), 380 390. https://doi.org/10.1038/nrneurol.2012.99
Lei, C., Lou, C. T., Io, K., SiTou, K. I., Ip, C. P., U, H., Pan, B., & Ung, C. O. L. (2022). Etiologia viral entre crianças hospitalizadas por infecções agudas do trato respiratório e sua associação com fatores meteorológicos e poluentes atmosféricos: um estudo de séries temporais (2014-2017) em Macau.Doenças infecciosas BMC,22(1), 588. https://doi.org/10.1186/s12879-022-07585-y
Lin, J. E., Asfour, A., Sewell, T. B., Hooe, B., Pryce, P., Earley, C., Shen, M. Y., Kerner-Rossi, M., Thakur, K. T., Vargas, W. S., Silver, W. G., & Geneslaw, A. S. (2021). Neurological issues in children with COVID-19. Neuroscience letters, 743, 135567. https://doi.org/10.1016/j.neulet.2020.135567
Linnoila, J. J., Binnicker, M. J., Majed, M., Klein, C. J., & McKeon, A. (2016). CSF herpes virus and autoantibody profiles in the evaluation of encephalitis. Neurology(R) neuroimmunology & neuroinflammation, 3(4), e245. https://doi.org/10.1212/NXI.0000000000000245
Lou, J. J., Movassaghi, M., Gordy, D., Olson, M. G., Zhang, T., Khurana, M. S., Chen, Z., PerezRosendahl, M., Thammachantha, S., Singer, E. J., Magaki, S. D., Vinters, H. V., & Yong, W. H. (2021). Neuropathology of COVID-19 (neuro-COVID): clinicopathological update. Free neuropathology, 2, 2. https://doi.org/10.17879/freeneuropathology-2021-2993
McKeon, G. L., Robinson, G. A., Ryan, A. E., Blum, S., Gillis, D., Finke, C., & Scott, J. G. (2017). Cognitive outcomes following anti-N-methyl-D-aspartate receptor encephalitis: A systematic review. Journal of Clinical and Experimental Neuropsychology, 40(3), 234–252. https://doi.org/10.1080/13803395.2017.1329408
Monti, G., Giovannini, G., Marudi, A., Bedin, R., Melegari, A., Simone, A. M., Santangelo, M., Pignatti, A., Bertellini, E., Trenti, T., & Meletti, S. (2020). Anti-NMDA receptor encephalitis presenting as new onset refractory status epilepticus in COVID-19. Seizure, 81, 18–20. https://doi.org/10.1016/j.seizure.2020.07.006
Nakamura, Y., Nakajima, H., Tani, H., Hosokawa, T., Ishida, S., Kimura, F., Kaneko, K., Takahashi, T., & Nakashima, I. (2017). Anti-MOG antibody-positive ADEM following infectious mononucleosis due to a primary EBV infection: a case report. BMC neurology, 17(1), 76. https://doi.org/10.1186/s12883-017 0858-6
Nosadini, M., Mohammad, S. S., Corazza, F., Ruga, E. M., Kothur, K., Perilongo, G., Frigo, A. C., Toldo, I., Dale, R. C., & Sartori, S. (2017). Herpes simplex virus-induced anti-N-methyl-daspartate receptor encephalitis: a systematic literature review with analysis of 43 cases.
Developmental medicine and child neurology, 59(8), 796–805. https://doi.org/10.1111/dmcn.13448 O’Loughlin, L., Alvarez Toledo, N., Budrie, L., Waechter, R., & Rayner, J. (2021). Uma Revisão Sistemática de Manifestações Neurológicas Graves em Pacientes Pediátricos com Infecção Coexistente por SARS-CoV-2. Neurologia internacional, 13(3), 410–427. https://doi.org/10.3390/neurolint13030041
Panariello, A., Bassetti, R., Radice, A., Rossotti, R., Puoti, M., Corradin, M., Moreno, M., & Percudani, M. (2020). Anti-NMDA receptor encephalitis in a psychiatric Covid-19 patient: A case report. Brain, behavior, and immunity, 87, 179–181. https://doi.org/10.1016/j.bbi.2020.05.054
Pangprasertkul, S., Sanguansermsri, C., & Sudjaritruk, T. (2022). Meningoencefalite do vírus Epstein-Barr em uma criança imunocompetente jovem: Um relato de caso. Heliyon, 8(10), e11150. https://doi.org/10.1016/j.heliyon.2022.e11150
Pohl, D., Rostasy, K., Jacobi, C., Lange, P., Nau, R., Krone, B., & Hanefeld, F. (2010). Intrathecal antibody production against Epstein-Barr and other neurotropic viruses in pediatric and adult onset multiple sclerosis. Journal of neurology, 257(2), 212–216. https://doi.org/10.1007/s00415-009-5296-y
Prüss, H., Finke, C., Höltje, M., Hofmann, J., Klingbeil, C., Probst, C., Borowski, K., AhnertHilger, G., Harms, L., Schwab, J. M., Ploner, C. J., Komorowski, L., Stoecker, W., Dalmau, J., & Wandinger, K. P. (2012). N-methyl-D-aspartate receptor antibodies in herpes simplex encephalitis. Annals of neurology, 72(6), 902–911. https://doi.org/10.1002/ana.23689
Quade, A., Rostasy, K., Wickström, R., Aydin, Ö. F., Sartori, S., Nosadini, M., Knierim, E., Kluger, G., Korinthenberg, R., Stüve, B., Waltz, S., Leiz, S., & Häusler, M. (2023). Encefalite autoimune com autoanticorpos para NMDAR1 após herpes encefal em crianças e adolescentes. Neuropediatria, 54(1), 14–19. https://doi.org/10.1055/s-0042-1757706
Ruprecht, K., Wildemann, B., & Jarius, S. (2018). Low intrathecal antibody production despite high seroprevalence of Epstein-Barr virus in multiple sclerosis: a review of the literature. Journal of neurology, 265(2), 239–252. https://doi.org/10.1007/s00415-017-8656-z
Sapucci, C. M., & Danieli, D. (2022) Emersão de casos de encefalite por Covid-19 na faixa etária pediátrica: uma revisão integrativa. Revista Eletrônica Acervo Médico, 11, 1-9. https://doi.org/10.25248/reamed.e10535.2022
Singh, T. D., Fugate, J. E., Hocker, S., Wijdicks, E. F. M., Aksamit, A. J., Jr, & Rabinstein, A. A. (2016). Predictors of outcome in HSV encephalitis. Journal of neurology, 263(2), 277–289. https://doi.org/10.1007/s00415-015-7960-8
Titulaer, M. J., McCracken, L., Gabilondo, I., Armangué, T., Glaser, C., Iizuka, T., Honig, L. S., Benseler, S. M., Kawachi, I., Martinez-Hernandez, E., Aguilar, E., Gresa-Arribas, N., RyanFlorance, N., Torrents, A., Saiz, A., Rosenfeld, M. R., Balice-Gordon, R., Graus, F., & Dalmau,
J. (2013). Treatment and prognostic factors for long-term outcome in patients with antiNMDA receptor encephalitis: an observational cohort study. The Lancet. Neurology, 12(2), 157–165. https://doi.org/10.1016/S1474-4422(12)70310-1
Tunkel, A. R., Glaser, C. A., Bloch, K. C., Sejvar, J. J., Marra, C. M., Roos, K. L., Hartman, B. J., Kaplan, S. L., Scheld, W. M., Whitley, R. J., & Infectious Diseases Society of America (2008). The management of encephalitis: clinical practice guidelines by the Infectious Diseases Society of America. Clinical infectious diseases: an official publication of the Infectious Diseases Society of America, 47(3), 303–327. https://doi.org/10.1086/589747
Ward KN, Ohrling A, Bryant NJ, et al. Herpes simplex serious neurological disease in young children: incidence and long-term outcome. Archives of Disease in Childhood 2012;97:162165. https://doi.org/10.1136/adc.2010.204677
Weil, A. A., Glaser, C. A., Amad, Z., & Forghani, B. (2002). Patients with suspected herpes simplex encephalitis: rethinking an initial negative polymerase chain reaction result. Clinical infectious diseases: an official publication of the Infectious Diseases Society of America, 34(8), 1154–1157. https://doi.org/10.1086/339550
Whitley, R. J., & Kimberlin, D. W. (2005). Herpes simplex encephalitis: children and adolescents. Seminars in pediatric infectious diseases, 16(1), 17–23. https://doi.org/10.1053/j.spid.2004.09.007
Yang, S., Yang, L., Liao, H., Chen, M., Feng, M., Liu, S., & Tan, L. (2021). Clinical Characteristics and Prognostic Factors of Children With Anti-N-Methyl D-Aspartate Receptor Encephalitis. Frontiers in pediatrics, 9, 605042. https://doi.org/10.3389/fped.2021.605042
Zubair, A. S., McAlpine, L. S., Gardin, T., Farhadian, S., Kuruvilla, D. E., & Spudich, S. (2020). Neuropathogenesis and Neurologic Manifestations of the Coronaviruses in the Age of Coronavirus Disease 2019: A Review. JAMA neurology, 77(8), 1018–1027. https://doi.org/10.1001/jamaneurol.2020.2065