NEOPLASIA MALIGNA DO CORPO DE ÚTERO EM SÃO PAULO: ANÁLISE DE 5 ANOS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202503092319


Thainara Villani; Mariana Gomes dos Santos; Ana Letícia Domingos Tenório; Julia Rita Arikawa Tortorelli da Silva; Ana Emilly Cunha Santos; Giovanna Bertolini Chuery; Marco Fabio Spinelli Filho; Ricardo Monteiro de Andrade; Letícia Cherubim Souza; Débora Albuquerque de Lima Pacheco Britto.


RESUMO: INTRODUÇÃO: O câncer do corpo do útero, também conhecido como câncer endometrial, origina-se no revestimento interno do útero, o endométrio. É a neoplasia ginecológica mais comum em países desenvolvidos e representa um desafio significativo para a saúde pública global. OBJETIVOS: O objetivo do presente trabalho foi realizar o levantamento epidemiológico acerca dos óbitos por neoplasia maligna do corpo de útero em São Paulo, durante 05 anos. METODOLOGIA: O presente estudo trata-se de um estudo epidemiológico ecológico, descritivo, transversal e retrospectivo. Os dados foram coletados a respeito dos casos novos notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). As variáveis coletadas e estudadas foram: morbidade hospitalar do SUS, ano de internação, faixa etária e cor/raça. A análise estatística dos dados foi realizada por meio do uso de frequências relativas com auxílio do programa Excel e o Tabwin 3.6. RESULTADOS: Entre os anos 2019 a 2023 houveram 154 óbitos. Sendo a distribuição anual: i) 2019: 26 (16,9%), ii) 2020: 34 (22,1%), iii) 2021: 31 (20,1%), iv) 2022: 28 (18,2%) e v) 2023: 35 (22,7%).  A distribuição de acordo com a faixa etária se deu: i) 20 a 29 anos: 11 (7,1%), ii) 30 a 39 anos: 28 (18,2%) e iii) 40 a 49 anos: 115 (74,7%). Sendo a faixa etária de 40 a 49 anos a com maior número de óbitos. A distribuição racial dos óbitos se deu: 1) branca: 99 (64,3%), 2) preta: 10 (6,5%), 3) amarela: 2 (1,3%), 4) parda: 40 (26%), 5) indígena: 1 (0,6%) e 6) ignorado: 2 (1,3%). Sendo a raça branca a mais acometida.  E por fim, a distribuição por estado civil se deu: i) solteira: 69 (44,8%), ii) casada: 59 (38,3%), iii) viúva: 3 (2%), iv) outro: 23 (14,9%).CONCLUSÃO: A análise epidemiológica da neoplasia maligna do corpo do útero em São Paulo no período de 2019 a 2023 revelou um total de 154 óbitos, com variações anuais que evidenciam uma tendência de estabilidade mas, com aumento expressivo no ano de 2023. A maior incidência de óbitos observada foi na faixa etária de 40 a 49 anos, com predominância entre mulheres brancas e solteiras. Os achados reforçam a relevância do câncer do corpo do útero como um problema de saúde pública e evidenciam a necessidade de aprimorar as estratégias de rastreamento e diagnóstico precoce, especialmente entre os grupos mais vulneráveis.

PALAVRAS-CHAVE: “Neoplasia uterina”; “Neoplasia cervical” ; “Epidemiologia”.

INTRODUÇÃO:

O câncer do corpo do útero, também conhecido como câncer endometrial, origina-se no revestimento interno do útero, o endométrio. É a neoplasia ginecológica mais comum em países desenvolvidos e representa um desafio significativo para a saúde pública global (DE OLIVEIRA SANTOS, 2023). A detecção precoce é essencial, pois aumenta as chances de cura quando o tratamento é realizado oportunamente. Entre os principais fatores de risco identificados pela Agência Internacional para a Pesquisa sobre o Câncer (IARC), vinculada à Organização Mundial da Saúde (OMS), destacam-se a obesidade, a idade avançada e o histórico familiar. Esses fatores reforçam a necessidade de estratégias eficazes de prevenção e diagnóstico precoce, a fim de reduzir a carga da doença na população feminina (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2017; IARC, 2022).

No Brasil, o câncer do corpo do útero ocupa a quarta posição em incidência entre os cânceres femininos. Para o triênio 2023-2025, estima-se a ocorrência de 17.010 novos casos por ano, o que corresponde a uma taxa bruta de incidência de 15,38 casos por 100 mil mulheres (INCA, 2023). O diagnóstico precoce é essencial para um melhor prognóstico, sendo que os principais sinais e sintomas incluem sangramento vaginal anormal, dor pélvica e secreção vaginal incomum. Apesar dos avanços terapêuticos, a mortalidade associada a essa neoplasia ainda é significativa, reforçando a necessidade de estratégias de rastreamento eficazes e do manejo adequado dos casos.

A análise dos padrões epidemiológicos do câncer do corpo do útero é fundamental para subsidiar políticas públicas e aprimorar as estratégias de prevenção e tratamento (ELUF NETO, 2022). Estudos populacionais permitem identificar grupos de maior risco, avaliar a efetividade das medidas já implementadas e direcionar ações voltadas à redução da morbimortalidade associada a essa neoplasia. A análise dos padrões epidemiológicos do câncer do corpo do útero é fundamental para o planejamento e a avaliação de políticas públicas de saúde, permitindo a alocação eficiente de recursos e o desenvolvimento de intervenções direcionadas. Diante disso, investigações sobre a distribuição dos óbitos por essa doença, principalmente em um estado com expressiva densidade populacional como São Paulo, podem contribuir para o melhor direcionamento de recursos e intervenções na área da saúde da mulher. A escolha de um período de análise de 5 anos (2019 a 2023) justifica-se pela necessidade de avaliar o impacto das mudanças nas políticas de saúde e nos programas de rastreamento implementados no estado nos últimos anos, bem como identificar possíveis tendências temporais na incidência e mortalidade da doença.

OBJETIVOS:

O objetivo do presente trabalho foi realizar o levantamento epidemiológico acerca dos óbitos por neoplasia maligna do corpo de útero em São Paulo, durante 05 anos.

METODOLOGIA:

O presente estudo trata-se de um estudo epidemiológico ecológico, descritivo, transversal e retrospectivo. Os dados foram coletados a respeito dos casos novos notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), os quais encontram-se disponíveis no banco de dados online do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foi realizada coleta de dados de óbitos por neoplasia de corpo de útero.

As variáveis coletadas e estudadas foram: morbidade hospitalar do SUS, ano de internação, faixa etária e cor/raça. A análise estatística dos dados foi realizada por meio do uso de frequências relativas com auxílio do programa Excel e o Tabwin 3.6.

A coleta dos dados foi realizada em 2025, sendo selecionados os dados relativos à neoplasia de corpo de útero. Utilizou-se as variáveis: (CID C54).

Em conformidade com a Resolução no 4661/2012, como o estudo trata-se de uma análise realizada por meio de banco de dados secundários de domínio público, este não foi encaminhado para apreciação de um Comitê de Ética em Pesquisa.

RESULTADOS:

Entre os anos 2019 a 2023 houveram 154 óbitos. Sendo a distribuição anual: i) 2019: 26 (16,9%), ii) 2020: 34 (22,1%), iii) 2021: 31 (20,1%), iv) 2022: 28 (18,2%) e v) 2023: 35 (22,7%) (Gráfico 1). Sendo o ano de 2023 o ano com maior número de óbitos.

Gráfico 1. Distribuição anual dos óbitos por neoplasia de corpo de útero, em São Paulo, entre 2019 a 2023.

Fonte: Datasus.

A distribuição de acordo com a faixa etária se deu: i) 20 a 29 anos: 11 (7,1%), ii) 30 a 39 anos: 28 (18,2%) e iii) 40 a 49 anos: 115 (74,7%). Sendo a faixa etária de 40 a 49 anos a com maior número de óbitos.

Gráfico 2. Distribuição por faixa etária dos óbitos por neoplasia de corpo de útero, em São Paulo, entre 2019 a 2023.

A distribuição racial dos óbitos se deu: 1) branca: 99 (64,3%), 2) preta: 10 (6,5%), 3) amarela: 2 (1,3%), 4) parda: 40 (26%), 5) indígena: 1 (0,6%) e 6) ignorado: 2 (1,3%) (Gráfico 3). Sendo a raça branca a mais acometida.

Gráfico 3. Distribuição racial dos óbitos por neoplasia de corpo de útero, em São Paulo, entre 2019 a 2023.

E por fim, a distribuição por estado civil se deu: i) solteira: 69 (44,8%), ii) casada: 59 (38,3%), iii) viúva: 3 (2%), iv) outro: 23 (14,9%) (Gráfico 4). Sendo as mulheres solteiras as com maior número de óbitos.

Gráfico 4. Distribuição por estado civil dos óbitos por neoplasia de corpo de útero, em São Paulo, entre 2019 a 2023.

DISCUSSÃO:

O câncer de corpo uterino, também conhecido como câncer endometrial, é um tipo de câncer que se origina no revestimento interno do útero, chamado endométrio. Sendo o câncer ginecológico mais comum e geralmente afeta mulheres pós-menopáusicas (DE OLIVEIRA SANTOS, 2023).

Tem-se os seguintes fatores de riscos para tal neoplasia: obesidade, hipertensão arterial, diabetes mellitus, síndrome dos ovários policísticos (SOP), histórico familiar de câncer uterino, uso prolongado de estrogênio, idade avançada (DE OLIVEIRA SANTOS, 2023).

Os principais sinais e sintomas são o sangramento vaginal anormal, secreção vaginal incomum e dor pélvica. Sendo sinais inespecíficos, porém quando observados é diagnosticado precocemente tem boas taxas de cura (DE OLIVEIRA SANTOS, 2023 ; ROSA, 2021).

Globalmente, o câncer endometrial é o sexto mais comum entre as mulheres, com estimativas indicando aproximadamente 90 mil mortes em 2018 (DE OLIVEIRA SANTOS, 2023 ; ROSA, 2021). Enquanto no Brasil, o câncer do corpo uterino ocupa a quarta posição em incidência entre as neoplasias femininas, com estimativas para o triênio 2023-2025 indicando 17.010 casos novos por ano, resultando em uma taxa bruta de incidência de 15,38 casos por 100 mil mulheres (DE OLIVEIRA SANTOS, 2023 ; ROSA, 2021).

CONCLUSÃO:

A análise epidemiológica da neoplasia maligna do corpo do útero em São Paulo no período de 2019 a 2023 revelou um total de 154 óbitos, com variações anuais que evidenciam uma tendência de estabilidade mas, com aumento expressivo no ano de 2023. A maior incidência de óbitos observada foi na faixa etária de 40 a 49 anos, com predominância entre mulheres brancas e solteiras. Os achados reforçam a relevância do câncer do corpo do útero como um problema de saúde pública e evidenciam a necessidade de aprimorar as estratégias de rastreamento e diagnóstico precoce, especialmente entre os grupos mais vulneráveis. Fatores como obesidade, idade avançada e histórico familiar são determinantes na incidência da doença, apontando para a importância de intervenções preventivas focadas na redução desses riscos. Face aos dados analisados, conclui-se ser essencial que as políticas públicas de saúde sejam continuamente revisadas e adaptadas para garantir maior acesso a exames diagnósticos e tratamento oportuno. O fortalecimento das campanhas educativas e da conscientização da população sobre os sinais e sintomas da doença pode contribuir para a detecção precoce e, consequentemente, para a redução da morbimortalidade associada ao câncer endometrial.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

DE OLIVEIRA SANTOS, Marceli et al. Estimativa de incidência de câncer no Brasil, 2023-2025. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 69, n. 1, 2023.

GALÃO, Adriani Oliveira; CAPP, Edison. Promoção e proteção da saúde da mulher, 2023/2. 2024.

LUBIANCA, Jaqueline Neves; CAPP, Edison. Promoção e proteção da saúde da mulher, ATM 2024/1. 2021.

ROSA, Luciana Martins da et al. Perfil epidemiológico de mulheres com câncer ginecológico em braquiterapia: estudo transversal. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 74, p. e20200695, 2021.

ELUF NETO, J. Estudos epidemiológicos sobre câncer ginecológico no Brasil. São Paulo: Editora Universitária, 2022.

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (INCA). Estimativa 2023: Incidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2023. Disponível em: https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/estimativa-2023-incidencia-de-cancer-no-brasil. Acesso em: 5 mar. 2025.

INTERNATIONAL AGENCY FOR RESEARCH ON CANCER (IARC). Monographs on the evaluation of carcinogenic risks to humans. Lyon: IARC, 2022. Disponível em: https://monographs.iarc.who.int/wp-content/uploads/2022/03/OrganSitePoster.PlusHandbooks.Portuguese.09032022.pdf. Acesso em: 5 mar. 2025.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Intervenções-chave para prevenção e controle do câncer na Região Africana da OMS. 2017. Disponível em: https://www.afro.who.int/sites/default/files/2017-07/NCD-Key-prevention-and-control-interventions-for-reducing-cancer-burden-in-the-WHO-African-Region-pt.pdf. Acesso em: 5 mar. 2025.