ANÁLISE QUANTITATIVA DO CONSUMO DE ÁLCOOL ENTRE JOVENS UNIVERSITÁRIOS DA UEA: FATORES SOCIODEMOGRÁFICOS, RISCOS E IMPACTOS PARA A SAÚDE

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202502282338


Valdelize Elvas Pinheiro1
Everdan da Silva Souza2


Resumo

O estudo analisou o consumo de bebidas alcoólicas entre jovens universitários da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESA) da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), em Manaus-AM. Trata-se de uma pesquisa quantitativa, descritiva e exploratória, realizada com 630 alunos dos cursos de Medicina, Enfermagem, Odontologia e Educação Física, representando 32% de significância da margem de confiabilidade. Os participantes responderam um formulário autoaplicável, enviado por Google Forms, com perguntas abertas e fechadas. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UEA (n° 4814478 e CAAE: 47914421900005016). Os resultados apontaram que 40% dos participantes eram alunos de Medicina, 24% de Enfermagem, 24% de Odontologia e 12% de Educação Física, sendo 77% do sexo feminino. A idade predominante foi 21 anos (17,6%). Em relação ao consumo de álcool entre familiares, 51% relataram que pessoas com quem residem fazem uso, enquanto 40% afirmaram que seus pais ingerem bebidas alcoólicas. Entre os estudantes, 58% consomem álcool, sendo que 65% iniciaram antes dos 18 anos. O principal motivo relatado para o consumo foi problemas familiares (42%). A frequência de consumo revelou que 51% bebem mais de quatro vezes ao mês, com predomínio da cerveja (53%). A maioria dos entrevistados (83%) consome álcool acompanhado, e o bar foi apontado como o ambiente mais frequente para ingestão (37%). Sobre o uso de drogas ilícitas, 53% nunca experimentaram, enquanto 19% relataram ter utilizado maconha. Quanto ao controle do consumo, 68% afirmaram ter dificuldades em reduzir a ingestão, e 77% declararam conhecer os danos do álcool ao organismo. Dos 1.320 alunos convidados, apenas 630 responderam ao questionário e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), devido à indisponibilidade de contatos cadastrados. O estudo conclui que fatores sociodemográficos influenciam o consumo de álcool, podendo levar ao uso de outras substâncias e desencadear problemas como transtornos psíquicos, infecções sexualmente transmissíveis, violência e acidentes. Dessa forma, os resultados obtidos podem contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas e estratégias educativas voltadas à prevenção e redução do consumo de bebidas alcoólicas entre universitários.

Palavras-chaves: Uso de álcool; Universitários; Cursos da saúde; UEA. 

1. Introdução

O ingresso na universidade representa um período de transição psicossocial para muitos jovens, marcado pelo aumento da independência, tomada de decisões e novas responsabilidades; fase essa que envolve mudanças significativas no estilo de vida, incluindo alimentação inadequada, privação do sono e adaptação a uma nova rotina acadêmica. Para aqueles que estudam em outras cidades e moram sozinhos, esses desafios podem gerar insegurança, tornando-os mais vulneráveis ao consumo de bebidas alcoólicas.

O consumo de álcool atinge cerca de 43% da população mundial entre 15 e 49 anos, com uma média per capita de 6,4 litros por adulto. No Brasil, aproximadamente 40% da população consome bebidas alcoólicas anualmente, índice superior à média mundial. (OMS,2018) 

O álcool, por ser uma substância psicoativa, afeta o sistema nervoso central, podendo causar intoxicação, alterações comportamentais e, quando consumido em excesso e de forma crônica, levar à dependência, além de possuir efeitos imunossupressores e carcinogênicos. (Brasil,2018) 

Entre os jovens, é a substância psicoativa mais consumida, seguida pelo tabaco e pela maconha. No Brasil, seu uso está profundamente enraizado na cultura, favorecendo sua ampla aceitação, inclusive entre estudantes universitários (Santos,2020).

O consumo excessivo de álcool na juventude aumenta a probabilidade de dependência na vida adulta, além de estar associado a problemas familiares, acadêmicos e de saúde, como cirrose hepática, tuberculose, diabetes e doenças cardiovasculares (OMS,2018). 

Além disso, episódios de embriaguez elevam a exposição a riscos como envolvimento em brigas, acidentes de trânsito, infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e gravidez precoce, especialmente entre mulheres que relatam menor uso de preservativo em relações casuais (Brasil,2002).

Segundo Gomes (2019), estima-se que o álcool seja responsável por cerca de 3 milhões de mortes anuais no mundo, representando 10% das mortes prematuras entre jovens de 15 a 45 anos. Os acidentes de trânsito são a principal causa, resultando em aproximadamente 1,25 milhão de óbitos por ano. No Brasil, apesar da redução nos últimos anos, o país ainda ocupa o terceiro lugar em número de mortes relacionadas ao consumo de álcool.

A busca por aceitação social e integração em grupos universitários também contribui para o aumento do consumo de bebidas alcoólicas, sendo um comportamento muitas vezes incentivado por veteranos, Oliveira (2020). 

Diante desse cenário, o consumo de álcool entre universitários se configura como um problema de saúde pública, demandando o fortalecimento de políticas de prevenção e combate ao uso de substâncias nocivas. 

Nesse contexto, este estudo analisou o consumo de bebidas alcoólicas entre jovens universitários de uma instituição pública em Manaus-AM, buscando identificar características sociodemográficas, fatores associados ao consumo e o conhecimento sobre os riscos do álcool. A pesquisa visa contribuir para o planejamento de estratégias de intervenção no âmbito das políticas públicas, com o objetivo de implementar medidas educativas que previnam ou minimizem o consumo de álcool entre estudantes.

2. Caminhos da Pesquisa 

Este estudo adotou uma abordagem quantitativa, com caráter descritivo para traçar o perfil dos participantes e exploratório para aprofundar a compreensão do fenômeno investigado. Devido às restrições impostas pela pandemia, os participantes foram convidados a responder um questionário online, disponibilizado na plataforma Google Forms, garantindo a segurança e acessibilidade na coleta de dados.

O formulário semiestruturado foi dividido em quatro partes, onde a primeira abordou variáveis sociodemográficas, como curso, idade, sexo, moradia, número de residentes no domicílio e responsáveis pela renda familiar. 

A segunda investigou o consumo de álcool entre familiares e o próprio participante, incluindo a idade da primeira experiência e os motivos que levaram ao consumo, seguida da terceira seção, que explorou a frequência e os padrões de consumo, identificando as bebidas mais consumidas (cerveja, Vodka, cachaça, entre outras), se o consumo ocorre sozinho ou acompanhado e os locais mais frequentes (residência, universidade, bares, espaços públicos). A última parte, e não menos importante, avaliou o conhecimento dos participantes sobre os danos causados pelo consumo de álcool. 

O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE-Anexo A) foi disponibilizado junto ao formulário para garantir a participação voluntária.

Dessa forma, o estudo envolveu alunos matriculados nos cursos regulares de Medicina, Enfermagem, Odontologia e Educação Física da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESA). Inicialmente, 1.950 estudantes foram contatados, mas 1.320 foram excluídos por falta de e-mails e contatos cadastrados nas coordenações dos cursos; e assim, 630 estudantes retornaram o questionário respondido e assinaram o TCLE. A coleta de dados ocorreu entre novembro de 2022 e julho de 2023.

Os dados foram organizados em planilhas do Microsoft Excel e analisados no programa EpiInfo, sendo apresentados por meio de gráficos e tabelas e interpretados à luz da literatura científica. 

Este estudo pretende fornecer subsídios para a gestão da ESA na formulação de ações educativas e estratégias de promoção da saúde relacionadas ao consumo de álcool, assim, a pesquisa foi submetida à Plataforma Brasil e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) sob o nº 4814478 e CAAE: 47914421900005016.

3. Revisão Bibliográfica

Alguns autores tornam-se importantes para que essa pesquisa obtivesse um respaldo técnico científico para poder entender e compreender todo o processo evolutivo dos conceitos necessários para uma boa pesquisa.

Emile Durkheim (1897), sociólogo francês, revolucionou a compreensão do suicídio com sua obra O Suicídio: Estudo de Sociologia, onde desafiou a visão tradicional de que o suicídio é um ato puramente individual, argumentando que ele é, na verdade, um fenômeno social profundamente influenciado pela estrutura e coesão da sociedade. 

O autor identificou quatro tipos de suicídio: egoísta, altruísta, anômico e fatalista. O suicídio egoísta ocorre em sociedades com baixa coesão social, onde os indivíduos se sentem desconectados do coletivo. Já o altruísta acontece em contextos nos quais o indivíduo se submete excessivamente ao grupo. O suicídio anômico está relacionado a situações de instabilidade social, como crises econômicas, e o fatalista ocorre quando há um controle social opressivo. 

Durkheim (1897), utilizou dados estatísticos para analisar essas variações, sendo pioneiro na aplicação de uma metodologia científica para estudar fenômenos sociais, e sua análise ainda é fundamental na sociologia contemporânea, influenciando áreas como saúde mental e políticas públicas.

Siqueira (2021), outro pesquisador de destaque nessas pesquisas, aborda os efeitos sociais e psicológicos do consumo de álcool entre os jovens universitários, evidenciando como o consumo excessivo de bebidas alcoólicas está profundamente relacionado a fatores sociais e psicológicos no ambiente universitário. 

Ele explora as pressões sociais que os jovens enfrentam dentro das universidades, destacando como o álcool pode ser usado como uma ferramenta para lidar com o estresse acadêmico, a pressão para se integrar aos grupos e até mesmo como uma forma de afirmação de identidade social. 

Siqueira (2021) também analisa as consequências desse consumo, como o agravamento de problemas psicológicos e a ocorrência de transtornos emocionais, que muitas vezes passam despercebidos em meio à normalização do álcool como parte da vida universitária; dessa forma, sugere que, para reduzir os impactos negativos do consumo, é necessário adotar estratégias de prevenção mais eficazes, que envolvam não apenas a educação sobre os riscos, mas também a promoção de uma cultura de apoio emocional e social entre os estudantes.

No livro Prevenção ao uso de substâncias psicoativas: modelos e intervenções (Borges, 2020), investiga os principais modelos de intervenção na prevenção do uso de substâncias psicoativas, com foco específico nas abordagens para o consumo de álcool entre os jovens. Ele analisa estratégias educacionais, políticas públicas e programas comunitários, refletindo sobre as melhores práticas de prevenção, baseadas em evidências científicas; assim, é possível destacar que o uso de substâncias psicoativas, particularmente o álcool, é um problema complexo que requer uma abordagem multifacetada, que não se limite à conscientização sobre os riscos, mas que também envolve mudanças nas normativas sociais e culturais. 

Em sua análise, Borges (2020) também discute os aspectos psicossociais que influenciam o consumo, como a influência da família, amigos e do ambiente acadêmico, e propõe que as intervenções sejam mais personalizadas, levando em conta as diferentes realidades dos jovens e os contextos em que estão inseridos.

Monteiro (2022), em sua publicação “Comportamento de risco e saúde pública: uma análise do consumo de álcool entre universitários, realiza uma reflexão crítica sobre os padrões de consumo de álcool entre os jovens universitários e seus impactos na saúde pública. 

A obra aborda os comportamentos de risco associados ao uso de álcool, como a relação com outras substâncias psicoativas, os distúrbios alimentares e os problemas psicológicos. Ainda evidencia que o consumo de álcool no ambiente universitário não é apenas uma questão individual, mas sim um reflexo de uma cultura que frequentemente glorifica o consumo e marginaliza os efeitos adversos. 

Não obstante, investiga como o consumo excessivo de álcool pode levar a problemas como evasão acadêmica, baixa performance no estudo e aumento nos índices de saúde mental prejudicada. 

Em linhas gerais, o estudo sugere a necessidade de políticas públicas mais robustas que envolvam estratégias de prevenção e a integração de serviços de saúde mental nas universidades para atender a essa demanda crescente.

Gonçalves (2023), em Saúde mental e uso de álcool: desafios e políticas públicas no Brasil, analisa a interconexão entre o consumo de álcool e os problemas de saúde mental, destacando como os jovens brasileiros, especialmente os universitários, são particularmente vulneráveis a essas questões. 

Durante a leitura do texto, o autor discute as políticas públicas existentes no Brasil para tratar esses problemas, abordando tanto os desafios estruturais quanto a falta de recursos e programas adequados para o acompanhamento da saúde mental dos estudantes. 

Ainda, em suas reflexões, descreve a necessidade de um enfoque mais integrador, que considere as especificidades culturais e sociais do Brasil, propondo que as políticas de prevenção e intervenção sejam mais sensíveis ao contexto local e mais acessíveis para os jovens. 

O autor também alerta para os riscos do estigma social relacionado ao tratamento de problemas de saúde mental, sugerindo que a normalização do cuidado psicológico seja uma das principais metas para combater o abuso de álcool entre estudantes.

Souza (2022), discute, dentre suas várias obras, como as plataformas digitais moldam os comportamentos dos jovens, incluindo os padrões de consumo de álcool; investigando dessa forma, como as redes sociais, como Instagram, TikTok e Facebook, contribuem para a construção de normas sociais relacionadas ao consumo, muitas vezes glamourizado a bebida alcoólica como parte de uma identidade desejável e socialmente aceita. 

A pressão social para que os jovens se incluam em uma cultura de consumo, com o risco de reforçar comportamentos prejudiciais, é um outro ponto de excelente discussão, que é identificada quando da leitura do texto, podendo mostrar que os influenciadores digitais desempenham um papel significativo na normalização do uso de álcool, e propõe estratégias para mitigar esses efeitos, como campanhas de conscientização nas próprias redes sociais, além de iniciativas educacionais que estimulem uma reflexão crítica sobre os impactos do consumo.

Lima (2024), em Fatores psicológicos e sociais no consumo de álcool: uma abordagem interdisciplinar, realiza uma análise aprofundada sobre os múltiplos fatores que contribuem para o consumo de álcool, com ênfase nas influências psicológicas e sociais, abordando assim, de uma forma interdisciplinar, combinando aspectos da psicologia, sociologia e saúde pública para entender melhor o comportamento dos jovens universitários. 

Suas discussões refletem a necessidade de se combater o abuso de álcool entre os estudantes, é necessário um entendimento mais amplo das motivações e pressões psicológicas que impulsionam esse comportamento, como o estresse, a ansiedade e as expectativas sociais. A obra também sugere que estratégias de intervenção sejam adaptadas para atender às diferentes realidades sociais e emocionais dos estudantes, considerando suas vivências e o ambiente universitário no qual estão inseridos.

4. Análise gráficas

Para melhor visualização dos achados, organizamos as variáveis pesquisadas por itens: 

Levantamento dos dados das características sociodemográficas dos participantes, conforme apresentados nos seguintes gráficos: 

Gráfico 1. Distribuição Sociodemográfica dos estudantes de acordo com o curso, 

Gráfico 2. Distribuição Sociodemográfica dos estudantes de acordo com a idade, 

Gráfico 3. Distribuição Sociodemográfica dos estudantes de acordo com o sexo, 

Gráfico 4. Distribuição Sociodemográfica dos estudantes de acordo com a moradia, 

Gráfico 5. Distribuição Sociodemográfica dos estudantes de acordo com a quantidade de pessoas que moram em sua residência, 

Gráfico 6. Distribuição Sociodemográfica dos estudantes de acordo com as pessoas que contribuem com a renda da família; 

Resultados dos fatores associados aos motivos do início e permanência do uso de bebidas alcóolicas entre os universitários, apresentados nos seguintes gráficos: 

Gráfico 7. Distribuição do consumo de bebidas alcoólicas dos familiares com quem o aluno reside e fazem uso de bebidas alcoólicas, 

Gráfico 8. Distribuição se alguma vez na vida o aluno tomou uma dose de bebida alcoólica,

Gráfico 9. Distribuição dos motivos que levaram o participante ao consumo de álcool,

Descrição dos achados relacionados ao uso descontrolado de bebidas alcoólicas, e as experiências com outros tipos de drogas lícitas ou ilícitas, apresentados seguintes gráficos: 

Gráfico 10. Distribuição da frequência do consumo de bebidas alcoólicas do acadêmico, 

Gráfico 11. Distribuição da quantidade de vezes ao dia ou semana consome bebidas alcoólicas,

Gráfico 12. Distribuição das bebidas mais consumidas pelos alunos; como cerveja, corote, Vodka, cachaça, 

Gráfico 13. Distribuição dos alunos se bebem sozinho ou acompanhado, 

Gráfico 14. Distribuição dos lugares onde os alunos mais usam álcool; 

Identificação das variáveis relacionadas aos motivos do não consumo de bebidas alcoólicas, como mostram os gráficos: 

Gráfico 15. Distribuição do não consumo de bebidas alcoólicas, 

Gráfico 16. Distribuição do grau de conhecimento dos alunos sobre os danos causados ao organismo pelo consumo de álcool, 

Gráfico 17. Distribuição do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TCLE, para registro do aceite da participação 

Gráfico 1 (A)
Distribuição Sociodemográficas dos estudantes de acordo com o curso. Manaus, Am, Brasil, 2022

Gráfico 2 (A)
Distribuição Sociodemográfica dos estudantes de acordo com a idade. Manaus, Am, Brasil, 2022

Gráfico 3 (A)
Distribuição Sociodemográfica dos estudantes de acordo com o sexo. Manaus, Am, Brasil, 2022

Gráfico 4 (A)
Distribuição Sociodemográfica dos estudantes de acordo com a moradia (conforme os gráficos apresentados: A, B e C). Manaus, Am, Brasil, 2022

Gráfico 5 (A)
Distribuição Sociodemográfica dos estudantes de acordo com a quantidade de pessoas que moram em sua residência. Manaus, Am, Brasil, 2022

Gráfico 6 (A)
Distribuição Sociodemográfica dos estudantes de acordo com quais pessoas contribuem com a renda da família (conforme os gráficos apresentados: A, B e C). Manaus, Am, Brasil, 2022

Participaram do estudo os estudantes universitários da Escola Superior de Ciências da Saúde/UEA, da cidade de Manaus, AM. Dos alunos regularmente matriculados nos cursos sendo, 40% alunos de medicina, 24 % alunos de enfermagem, 24% alunos de odontologia e 12% alunos de educação física. Destes, 17,6 % (111) eram alunos com faixa etária de 21 anos. Sendo 77% do sexo feminino. 

Em relação à moradia, 54% afirmaram viver em casa alugada, sendo que apenas 18% moravam com os pais. Do total, 32% moravam com 4 pessoas ou mais em casa e 23% afirmaram morar com apenas 01 (uma) pessoa em casa. 

Apenas 11% deles relataram ter empregado doméstico em casa e quanto à escolaridade da mãe, predominaram aquelas com ensino superior completo, alcançando 42% do total. Em relação à escolaridade dos pais, o ensino superior completo também foi o nível de ensino com maior percentual, chegando a 32%. 

Quanto à renda familiar mensal dos entrevistados, a maioria dos 27% afirmaram receber até 3 salário-mínimo mensal. Sendo 43% a mãe a maior contribuinte para esta renda mensal e apenas 10% dos participantes do estudo, são empregados. 

Observa-se que a maioria dos indivíduos deste estudo é constituído pelo sexo feminino. Contudo, esses resultados estão em conformidade com o último censo brasileiro de 2019, no qual as mulheres têm maior prevalência de ingresso nos cursos de nível superior da área da saúde, em comparação com os homens (14). 

A seguir, os resultados dos fatores associados aos motivos do início e permanência do uso de bebidas alcóolicas entre os universitários. 

Gráfico 7 (B)
Distribuição do consumo de bebidas alcoólicas dos familiares com quem o aluno reside e fazem uso de bebidas alcoólicas (conforme os gráficos apresentados: A e B). Manaus, Am, Brasil, 2022

Gráfico 8 (B)
Distribuição se alguma vez na vida o aluno tomou uma dose de bebida alcoólica (conforme os gráficos apresentados: A e B). Manaus, Am, Brasil, 2022

Gráfico 9 (B) 
Distribuição dos motivos que levaram o participante ao consumo de álcool. Manaus, Am, Brasil, 2022

Em relação ao consumo de bebidas alcoólicas dos familiares com quem o aluno reside 51% fazem uso de bebida alcoólica. Quando questionados sobre o consumo de álcool pelo pai, 40% deles afirmaram que o pai ingere. Em relação aos questionamentos referentes ao uso de bebidas alcoólicas, 58% dos participantes fizeram uso. 

A faixa etária inicial da primeira dose de bebida alcoólica predominou em menos de 18 anos com 65 % do total. O motivo mais comum que levou ao uso do álcool, 42% afirmaram ter problemas familiares. 

Pesquisas apontam que os universitários se justificando pela diminuição do lazer, pela exaustiva carga horária e pelo estresse são vistos como um grupo vulnerável para o uso de bebidas alcoólicas. Sendo o álcool classificado como a substância psicoativa mais utilizada no mundo. 

Segundo as pesquisas, o consumo de bebidas alcoólicas é tido como comportamento socialmente aceito sendo o consumo permitido ou não e, quando esse comportamento está incorporado nas relações familiares, emerge outro fator de risco para o desenvolvimento de estilo de consumo que desencadeia a questão da dependência. 

Pesquisas apontam que mais de 80% dos jovens que fizeram uso de bebidas alcoólicas alguma vez na vida tinham idade menor que 18 anos. No Brasil, as literaturas revelam que a experiência com uso do álcool e outras drogas acontecem em sua maioria antes da maioridade. Isso está relacionado à cultura entre os familiares, uma vez que consumir bebidas alcoólicas é frequente nos grupos familiares, corroborando com os achados deste estudo. 

Estudo realizado na Espanha mostrou que os jovens apresentaram maior prevalência de todos os tipos de maus-tratos pois buscam nas drogas uma forma de lidar com a vitimização sofrida no passado. A crença social de que a educação dos filhos se dá por meio de castigos, humilhações e punições revela-se como um fator de risco bastante preocupante devido à naturalização da violência. Ainda em relação à esfera familiar, sofrer violência física cometida pelos pais associou-se à maior prevalência de policonsumo em adolescentes. 

Continuando a seguir, os achados relacionados ao uso descontrolado de bebidas alcoólicas, e as experiências com outros tipos de drogas lícitas ou ilícitas. 

Gráfico 10 (C)
Distribuição da frequência do consumo de bebidas, e quantidade de vezes ao dia ou semana que consome bebidas alcoólicas. Manaus, Am, Brasil, 2022

Gráfico 11 (C)
Distribuição das bebidas mais consumidas pelos alunos; como cerveja, corote, Vodka, cachaça. Manaus, Am, Brasil, 2022

Gráfico 12 (C)
Distribuição dos alunos se bebem sozinho ou acompanhado. Manaus, Am, Brasil, 2022

Gráfico 13 (C)
Distribuição dos lugares onde os alunos mais usam álcool. Manaus, Am, Brasil, 2022

Gráfico 14 (C)
Se o aluno já experimentou algum tipo de droga ilícita. Manaus, Am, Brasil, 2022

Quanto à frequência do consumo de bebidas, e quantidade de vezes ao dia ou semana que consome bebidas alcoólicas 51% consomem mais de 4 vezes ao mês. 

A cerveja predomina em 53% como o tipo de bebida alcoólica mais consumida, 83% afirmaram consumir bebida alcoólica acompanhado, enquanto 37% relataram o barzinho como o ambiente que costumam ingerir álcool. No entanto, 53% afirmam nunca terem experimentado nenhum tipo de droga ilícita, sendo que apenas 19% experimentaram maconha. 

De acordo com Organização Pan-Americana de Saúde o consumo de bebidas alcoólicas vem aumentando cada vez mais nos últimos anos, o que pode desencadear o surgimento de doenças, traumas, incapacidades e mortes em nível mundial. Tornando-se um grave problema para a saúde pública. 

Outros estudos relatam que jovens que consomem bebidas alcoólicas para socializar em redes sociais, e muitos utilizam deste artefato para facilitar e persuadir pessoas para encontros casuais. Em concordância com estes achados, estudos realizados com jovens de uma universidade pública, mostraram que os jovens continuam fazendo uso de álcool como uma forma de socializar e perder a timidez entre grupos de amigos. 

No entanto, surge o consumo de vodcas como a segunda bebida mais consumida entre os universitários. Percebe-se que a preferência dos alunos por bebidas como forma de descontração está associada a ingestão socialmente de cerveja, mais consumida em casa e barzinhos. 

Outro estudo realizado aponta que o consumo de substâncias psicoativas na rotina dos trabalhadores de saúde se encontra-se presente, evidenciou o consumo de substâncias do tipo lícitas (tabaco e álcool), entre essa prática, de uso hospitalar (sedativos/opioides e hipnóticos), substâncias ilícitas (inalantes, maconha e anfetaminas) de prescrição médica (antidepressivos) e, ambas utilizadas com motivos relacionados alívio de tensões e ansiedade, para relaxar/descansar e de desinibição, em momentos de uso recreativo, e em determinadas situações que ocorrem após o trabalho. 

A seguir os resultados identificados das variáveis relacionados aos motivos do não consumo de bebidas alcoólicas, tais como: 

Gráfico 15 (D)
Distribuição do não consumo de bebidas alcoólicas. Manaus, Am, Brasil, 2022

Gráfico 16 (D)
Distribuição do grau de conhecimento dos alunos sobre os danos causados ao organismo pelo consumo de álcool. Manaus, Am, Brasil, 2022

Gráfico 17 (D)
Distribuição do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TCLE, para registro do aceite da participação. Manaus, Am, Brasil, 2022

Quanto ao não consumo de bebidas alcoólicas, 68 % relataram ter dificuldade de controlar a ingestão de bebidas alcoólicas, além de que 77% dos alunos afirmam ter conhecimento sobre os danos causados ao organismo pelo consumo de álcool. 

De 1.320 alunos por inexistência de e-mails e contatos cadastrados pelas Coordenações dos Cursos, independente de sexo, cor, raça ou religião, que após serem esclarecidos sobre o tema da pesquisa, objetivos, relevância e finalidades, se sentiram à vontade para participar do estudo, retornado 630 (1.320) questionários com o TCLE assinado e o formulário respondido. 

Achados de uma pesquisa confirmam com resultados de outras literaturas científicas onde os indivíduos representam ter baixo risco para dependência do álcool. Pode-se observar que os dados obtidos na pesquisa, mostram que a maioria dos universitários faz uso moderado de bebidas alcoólicas, ou seja, bebem social e controladamente. 

Por se tratar de uma pesquisa envolvendo indivíduos da área da saúde, podemos destacar para os acadêmicos que não fazem uso de bebidas alcoólicas, por terem conhecimento sobre a nocividade do consumo abusivo do álcool, e temem o que pode acontecer caso se embriaguem e percam o controle sobre si. No entanto, para manter esse controle, muitos indivíduos tendem a desmanchar seus laços de amizade. 

Entretanto, os achados de um estudo evidenciaram que 23% relataram precisar consumir bebidas alcoólicas mais do que o necessário para fazer o efeito esperado para perder a timidez. Nesse contexto, faz-se necessário que medidas educativas sejam desenvolvidas dentro da instituição, para reduzir o consumo exagerado dessa substância que vem se tornando um problema de saúde pública.

Existe na literatura científica uma variedade de estudos pesquisando o uso de álcool entre jovens universitários, entretanto, no estado do Amazonas são raros esses estudos, fazendo-se necessário a realização de mais estudos nesta região. 

Por se tratar de uma pesquisa online, este estudo teve algumas limitações como encontrar voluntários para participar, e outros se recusaram a responder o questionário. Foi visível o desinteresse dos alunos em participar da pesquisa, acredita-se que por se tratar de um tema complexo, subjetivo, árido, invasivo, pode causar constrangimento, vergonha, medo, e outros sentimento negativos, podendo interferir na confiabilidade das respostas. 

5. Conclusões

A análise dos dados revelou que os fatores familiares desempenham um papel significativo no consumo de bebidas alcoólicas entre universitários, onde jovens cujos pais ou responsáveis consomem álcool regularmente têm maior tendência a iniciar o consumo antes da maioridade, o que aumenta os riscos de envolvimento com substâncias ilícitas e desenvolvimento de dependência química. 

Esse cenário evidencia a influência do ambiente familiar na construção dos hábitos e comportamentos dos estudantes, destacando a necessidade de intervenções voltadas não apenas para os jovens, mas também para suas famílias.

Além disso, observou-se que o consumo de álcool é amplamente aceito entre os estudantes universitários, sendo frequentemente associado a questões emocionais, estresse acadêmico e conflitos familiares. 

Muitos jovens recorrem ao álcool como uma forma de aliviar a pressão da vida universitária, buscando na bebida um mecanismo de socialização e enfrentamento das dificuldades diárias. No entanto, esse comportamento pode se tornar um gatilho para padrões de consumo abusivo, contribuindo para o aumento da vulnerabilidade a diversas consequências negativas.

O consumo excessivo de álcool pode acarretar prejuízos significativos à saúde física e mental dos estudantes, e, entre os impactos mais preocupantes, destacam-se os transtornos psíquicos, como depressão e ansiedade, que podem ser agravados pelo uso frequente da substância. 

Além disso, o consumo excessivo favorece comportamentos de risco, aumentando a exposição a infecções sexualmente transmissíveis, gravidez precoce e indesejada, além de episódios de violência interpessoal. 

Os acidentes de trânsito, frequentemente associados à ingestão de álcool, também representam uma preocupação relevante, colocando em risco não apenas a vida do próprio estudante, mas também de terceiros.

Outro fator alarmante identificado no estudo é a naturalização do consumo de álcool na cultura universitária, pois o ingresso na universidade muitas vezes representa um momento de transição para a vida adulta, onde os jovens passam a tomar decisões de forma mais independente. No entanto, essa nova fase também pode ser marcada pela influência de colegas e grupos sociais, onde a ingestão de bebidas alcoólicas é vista como uma prática comum e, muitas vezes, incentivada. 

Os eventos universitários, festas e confraternizações se tornam espaços propícios para o consumo, reforçando a ideia de que beber é parte integrante da experiência acadêmica.

Mesmo com certo nível de conhecimento sobre os riscos do álcool, grande parte dos estudantes continua consumindo a substância regularmente. Isso sugere que, embora a informação esteja disponível, sua efetividade na mudança de comportamento ainda é limitada. A falta de medidas preventivas eficazes contribui para que muitos jovens minimizem os danos potenciais do álcool e continuem a utilizá-lo sem a devida precaução; assim, torna-se fundamental a implementação de políticas educativas mais abrangentes, que não apenas informem sobre os riscos, mas também incentivem hábitos saudáveis e estratégias de enfrentamento alternativas.

Além dos impactos individuais, o consumo abusivo de álcool entre universitários também gera desafios para a saúde pública, onde o aumento na demanda por atendimentos médicos relacionados a intoxicações alcoólicas, acidentes e problemas de saúde decorrentes do uso crônico sobrecarrega o sistema de saúde e gera custos adicionais para o Estado. 

Dessa forma, medidas preventivas e educativas tornam-se essenciais para minimizar esses impactos e promover um ambiente acadêmico mais seguro e saudável para todos.

6. Sugestões a Serem Implementadas

Diante dos achados da pesquisa, algumas ações são sugeridas para reduzir o consumo abusivo de álcool entre universitários e minimizar seus impactos. 

A problemática do consumo de bebidas alcoólicas entre estudantes universitários não deve ser tratada de forma isolada, mas sim como parte de um esforço coletivo envolvendo instituições de ensino, famílias, órgãos governamentais e a sociedade em geral. Para isso, medidas preventivas e educativas devem ser fortalecidas e aplicadas de maneira contínua.

Entre as ações mais relevantes, destaca-se o fortalecimento das políticas públicas voltadas para a prevenção do consumo excessivo de álcool, com um olhar específico para o ambiente acadêmico. Isso envolve a criação de normas e regulamentações que desestimulem o uso abusivo da substância dentro das universidades, bem como a oferta de apoio psicológico e social para os estudantes que enfrentam dificuldades em relação ao consumo de álcool. 

A implementação de restrições ao consumo em eventos universitários e a fiscalização do cumprimento dessas normas também podem contribuir para a redução do problema.

Além disso, é fundamental a criação de programas educativos permanentes dentro das universidades, abordando os riscos do consumo precoce e excessivo de álcool, onde esses devem ser planejados para oferecer informações claras e acessíveis sobre os impactos do álcool na saúde física e mental, destacando não apenas os perigos a curto prazo, como intoxicações e acidentes, mas também os riscos de longo prazo, incluindo dependência química e doenças crônicas. 

A oferta de suporte psicológico e social dentro das instituições de ensino também se mostra essencial para auxiliar os estudantes que enfrentam dificuldades relacionadas ao álcool, garantindo um espaço seguro para aconselhamento e tratamento quando necessário.

Outra medida importante é a adoção de campanhas de conscientização direcionadas aos jovens, utilizando estratégias de comunicação eficazes para ampliar o alcance das informações sobre os danos causados pelo álcool. Nesse contexto, o uso de mídias sociais, palestras interativas e materiais audiovisuais atrativos pode contribuir para um maior engajamento dos estudantes. 

Essas campanhas devem ser desenvolvidas de maneira dinâmica e envolvente, evitando abordagens moralistas que possam afastar o público-alvo. Além disso, a inclusão de depoimentos de ex-dependentes ou pessoas que enfrentam consequências negativas devido ao consumo excessivo pode tornar a mensagem mais impactante e realista.

A promoção de alternativas de lazer saudáveis dentro do ambiente universitário também se apresenta como uma estratégia eficaz para desestimular o consumo abusivo de álcool, onde muitas vezes, os estudantes recorrem ao álcool devido à falta de opções de entretenimento que não envolvam bebidas alcoólicas. 

Dessa forma, é essencial que as universidades incentivem atividades esportivas, culturais e recreativas que proporcionem momentos de lazer e socialização sem a necessidade de consumo de álcool. Eventos como festivais de música, competições esportivas, feiras culturais e grupos de teatro podem oferecer experiências enriquecedoras para os jovens, ao mesmo tempo em que reduzem a associação entre diversão e consumo de bebidas alcoólicas.

Outro ponto fundamental é o engajamento da comunidade acadêmica e familiar no debate sobre o consumo de álcool. Para que as estratégias de prevenção sejam realmente eficazes, é necessário que estudantes, professores e familiares estejam envolvidos na discussão sobre os impactos do álcool e nas 

Além das ações mencionadas, também se sugere a implementação de parcerias entre universidades e instituições especializadas no tratamento e prevenção do consumo abusivo de álcool, pois essas parcerias podem facilitar o encaminhamento de estudantes que necessitem de atendimento especializado, bem como possibilitar a realização de pesquisas e eventos educativos sobre o tema. 

A colaboração com centros de saúde, ONGs e órgãos públicos pode ampliar o impacto das ações preventivas e proporcionar uma rede de apoio mais estruturada para os jovens em situação de vulnerabilidade.

Por fim, é necessário que todas as iniciativas sejam acompanhadas de monitoramento e avaliação constantes, a fim de verificar sua efetividade e realizar ajustes sempre que necessário, onde a coleta de dados sobre o consumo de álcool entre universitários de forma periódica, avaliar o impacto das campanhas educativas e analisar a participação dos estudantes nas atividades oferecidas são estratégias fundamentais para garantir que as ações implementadas alcancem seus objetivos de maneira eficiente.

Dessa forma, a construção de um ambiente acadêmico mais saudável e seguro requer um esforço contínuo e coletivo, envolvendo diferentes setores da sociedade. Somente por meio da conscientização, da educação e do fortalecimento das redes de apoio será possível minimizar os impactos do consumo abusivo de álcool e promover o bem-estar dos estudantes universitários.

7. Sugestões para estudos Futuros

Para aprofundar o entendimento sobre essa problemática e aprimorar as estratégias de prevenção e mitigação dos impactos do consumo de álcool entre universitários, sugere-se a realização de novas pesquisas que ampliem o escopo de análise e explorem diferentes variáveis associadas ao tema. 

O consumo de bebidas alcoólicas entre jovens é um fenômeno multifacetado, influenciado por diversos fatores, como o ambiente acadêmico, as relações familiares, os aspectos culturais e até mesmo o marketing das indústrias de bebidas. Dessa forma, investigações mais aprofundadas podem fornecer informações valiosas para embasar políticas públicas e ações educativas mais eficazes.

Uma das possibilidades para estudos futuros é investigar o impacto das intervenções educativas na redução do consumo de álcool entre universitários, analisando a eficácia de diferentes abordagens preventivas. Pesquisas nessa área poderiam avaliar quais estratégias são mais eficientes para conscientizar os jovens sobre os riscos do álcool, levando em conta variáveis como formato das campanhas (presencial ou digital), frequência das ações educativas, nível de engajamento dos estudantes e a influência da participação de especialistas no tema. Com base nesses achados, seria possível desenvolver programas de prevenção mais direcionados e com maior potencial de impacto.

Além disso, sugere-se a realização de estudos que analisem o papel de fatores socioeconômicos e psicológicos no consumo de bebidas alcoólicas, buscando compreender melhor os motivos que levam os jovens a beberem. Questões como nível de renda familiar, acesso a serviços de saúde mental, presença de transtornos psicológicos, exposição a ambientes de alto consumo e influência do meio social poderiam ser investigadas. Esses estudos poderiam contribuir para a formulação de estratégias que atendam às necessidades específicas de diferentes grupos de estudantes, promovendo intervenções mais personalizadas e eficazes.

Outra vertente relevante seria comparar os padrões de consumo entre diferentes grupos acadêmicos, identificando cursos ou áreas do conhecimento com maior incidência de consumo abusivo e os fatores que influenciam essas diferenças. É possível que determinados cursos tenham uma cultura mais permissiva em relação ao álcool, seja pela carga de estresse enfrentada pelos alunos ou pela tradição acadêmica. Estudos comparativos poderiam revelar se há maior prevalência de consumo em determinadas áreas e, caso isso seja constatado, quais medidas poderiam ser adotadas para reduzir os riscos associados.

Além disso, um campo de pesquisa de grande relevância na atualidade seria estudar a influência das redes sociais e da mídia na percepção dos jovens sobre o consumo de álcool e seus impactos. A forma como o álcool é retratado em plataformas como Instagram, TikTok e Facebook pode influenciar significativamente o comportamento dos estudantes, reforçando normas sociais que incentivam o consumo. Investigações sobre esse tema poderiam analisar o impacto da publicidade, das postagens de influenciadores digitais e da normalização do álcool no ambiente virtual, além de propor medidas para equilibrar a comunicação sobre os riscos e responsabilidades do consumo.

Outra linha de pesquisa interessante seria a avaliação longitudinal dos efeitos do consumo de álcool na trajetória acadêmica dos estudantes universitários, investigando se há uma relação direta entre o consumo frequente e variáveis como desempenho acadêmico, taxa de evasão, dificuldades emocionais e inserção no mercado de trabalho. Esse tipo de estudo permitiria uma compreensão mais ampla dos impactos do consumo de bebidas alcoólicas ao longo do tempo, possibilitando intervenções preventivas mais direcionadas desde os primeiros períodos da graduação.

Além dessas sugestões, também seria pertinente realizar estudos qualitativos para compreender a percepção dos jovens sobre o consumo de álcool, utilizando metodologias como entrevistas em profundidade e grupos focais. Essa abordagem permitiria captar nuances subjetivas da relação dos estudantes com o álcool, suas motivações para consumir ou evitar a substância e os desafios enfrentados ao tentar reduzir o consumo.

Por fim, destaca-se a necessidade de pesquisas interdisciplinares que envolvam áreas como saúde pública, psicologia, ciências sociais e educação, garantindo uma abordagem mais completa e integrada sobre o tema. O aprofundamento dessas questões poderá contribuir significativamente para o desenvolvimento de estratégias mais eficazes de prevenção e promoção da saúde, beneficiando tanto os estudantes quanto a sociedade como um todo.

Referências

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1Doutorado (1995 – 1998) – Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da Universidade de São Paulo (USP).  Mestrado (1994) na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da Universidade de São Paulo (USP).  Profª Associada do Curso de Enfermagem da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESA) da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), desde 2012. https://orcid.org/0000-0001-9472-1551. valdelize.elvas@gmail.com; 
2Docente da Universidade do Amazonas – ESA/UEA. Prof. Assistente do Curso de Enf da ESA, da UEA.Doutorando em Enfermagem em Saúde Pública. Programa:  Programa de Pós-graduação em Enfermagem em Saúde Pública – PEN. Modalidade: Interinstitucional (Dinter)/ Instituições:  UFSC / UEA. https://orcid.org/0000-0002-5908-2640. souzaeverdan76@g mail.com.