AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA DO ASSOALHO PÉLVICO EM MULHERES PROFISSIONAIS DO SEXO NO SERTÃO PERNAMBUCANO

PHYSIOTHERAPEUTIC EVALUATION OF THE PELVIC FLOOR IN SEX PROFESSIONAL WOMEN IN THE PERNAMBUCO HINTERLAND

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202502281731


Elaine Alexandre da Silva1
Camilly Maria de Almeida Macêdo2
Hyanka Freitas de Siqueira Góis3
Wictor Hugo Alves Galindo4


RESUMO 

Introdução: A força dos músculos do assoalho pélvico (MAP) é fundamental para a qualidade de vida das mulheres, pois influencia funções urinárias, sexuais e de suporte pélvico. Profissionais do sexo estão frequentemente expostas a fatores que podem impactar negativamente na saúde do assoalho pélvico. Objetivo: Avaliar quantitativamente a força dos músculos do assoalho pélvico e sua relação com o desempenho sexual em mulheres profissionais do sexo no município de Arcoverde-PE. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, no qual participaram 4 mulheres com idades entre 21 e 26 anos, selecionadas segundo o critério de inclusão de idade entre 20 e 30 anos. A força dos MAP foi avaliada utilizando a Escala de Oxford Modificada e o esquema PERFECT. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas estruturadas, questionários sobre desempenho sexual e ficha de avaliação fisioterapêutica em uroginecologia. Resultados: Das participantes, 3 relataram perda urinária durante atividades de esforço. Em relação ao número de parceiros, 2 relataram até 3 parceiros e as outras 2 até 7 parceiros. Todas referiram o uso regular de preservativos masculinos, e apenas 1 relatou histórico de sífilis. A força média dos MAP foi classificada como moderada grau 3 na Escala de Oxford. Conclusão: O estudo evidenciou uma prevalência de força moderada nos músculos do assoalho pélvico com impacto no desempenho sexual. O estudo possibilitou aos participantes maior conhecimento sobre a importância da saúde do assoalho pélvico, reforçando a necessidade de intervenções fisioterapêuticas específicas para essa população.

Palavras-chave: Diafragma da pelve; Profissionais do Sexo; Saúde da Mulher.  

ABSTRACT 

Introduction: The strength of the pelvic floor muscles (PFM) is fundamental to women’s quality of life, as it influences urinary, sexual and pelvic support functions. Sex workers are often exposed to factors that can have a negative impact on pelvic floor health. Objective: To quantitatively assess the strength of the pelvic floor muscles and their relationship with sexual performance in female sex workers in the municipality of Arcoverde-PE. Methodology: This was a descriptive study in which 4 women aged between 21 and 26 years took part, selected according to the inclusion criterion of being between 20 and 30 years old. PFM strength was assessed using the Modified Oxford Scale and the PERFECT scheme. Data was obtained through structured interviews, questionnaires on sexual performance and a urogynecological physiotherapy assessment form. Results: Of the participants, 3 reported urinary leakage during exertional activities. Regarding the number of partners, 2 reported up to 3 partners and the other 2 up to 7 partners. All reported regular use of male condoms and only 1 reported a history of syphilis. The average strength of the PFM was classified as moderate, grade 3 on the Oxford Scale. Conclusions: The study showed a prevalence of moderate strength in the pelvic floor muscles with an impact on sexual performance. The study provided participants with greater knowledge about the importance of the PFM.

Keywords: Pelvic diaphragm; Sex workers; Women’s health.

INTRODUÇÃO

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define sexualidade como um aspecto central do ser humano ao longo da vida abrangendo sexo, identidades e papéis de gênero, orientação sexual, erotismo, prazer, intimidade e reprodução espiritual (OMS, 2006). Dessa forma, existe uma necessidade de informação acerca dessa temática, tendo em vista que no contexto cultural quando algum problema relacionado à sexualidade aflige as mulheres, elas não têm a quem recorrer. Contudo, ainda é uma categoria vítima de grande discriminação, vista pela sociedade como uma ameaça à saúde pública, por ser atribuída à propagação de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e condutas que fogem aos princípios e os ditos valores morais da sociedade (Leal et al. 2017; Nogueira; Pachú, 2023). 

O processo histórico-cultural do ser biopsicossocial da mulher, enquanto gênero feminino, deseja um cenário de democracia com uma visão laboral, pessoal e social. Os relatos sobre prostituição como atividade profissional remontam à Grécia Antiga, onde atividades sexuais são substituídas por dinheiro ou outro tipo de recompensa, sem a existência de ligação afetiva entre os envolvidos (Bonifácio et al., 2016; Paiva et al., 2013). Mesmo sendo uma profissão histórica, apenas no ano de 2002 foi reconhecida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) como tal, recebendo o título de “profissionais do sexo” pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). A sexualidade influencia-se pela interação de fatores biológicos, psicológicos, sociais, econômicos, políticos, culturais, legais, históricos, religiosos e espirituais (Leal et al. 2017). 

As estruturas perineais são utilizadas no ato sexual onde a resposta sexual feminina é caracterizada por um ciclo, existindo as fases de desejo, excitação, orgasmo e resolução, resultando na combinação das respostas mentais e corporais. Alterações deste ciclo podem causar mudanças na qualidade de vida da mulher (Barreto et al. 2018). 

O períneo é constituído por músculos que bloqueiam a abertura inferior da pelve, que envolve vagina e ânus. A ruptura perineal é acometida, em grande parte, em decorrência do parto, quando os músculos são estirados ou há uma ruptura das fibras, porém os traumas perineais podem vir desencadeados de outros distúrbios no assoalho pélvico (Damasceno; Souza; Junior, 2021; Fante et al. 2020). 

O assoalho pélvico (AP) é composto por músculos, ligamentos, estruturas ósseas, fáscia, órgãos reprodutores e reto, tendo como sua principal função sustentar órgãos e tecidos, além da bexiga, uretra e o útero, ele está entre as partes genitais e do ânus. Ressalta-se que esta estrutura tem como objetivo restabelecimento da vagina e proteção, através de elementos intrínsecos e presença de elasticidade (Nagamine et al. 2021).  

Dentre as formas de reeducação e fortalecimento perineal do assoalho pélvico existe a atuação do fisioterapeuta, que tem como objetivo melhora das fibras musculares e a força de contração, prevenir disfunções sexuais e incontinências. Aponta-se que, os exercícios de fortalecimento para o assoalho pélvico são eficazes para melhorar a sensibilidade, a força da musculatura e aumentar o fluxo sanguíneo da região perineal, proporcionando melhora do desejo sexual, do orgasmo, da lubrificação e da excitação (Nagamine et al. 2021). 

A presente pesquisa apresenta-se como importante no cenário atual, por se tratar de uma população comumente marginalizada e invisível, que muitas vezes não têm conhecimento e nem acesso aos serviços de saúde, como a fisioterapia pélvica. Do ponto de vista fisiológico, a coleta, análise e divulgação dos dados podem propiciar informações sobre a funcionalidade da musculatura do assoalho pélvico e possíveis disfunções que podem gerar complicações na qualidade de vida dessas mulheres, afetando também o físico, social e mental. Do ponto de vista social, as informações obtidas podem proporcionar maior visibilidade a essas mulheres na criação de programas e políticas de saúde pública, levando em consideração o ser biopsicossocial, os direitos e a dignidade da pessoa humana. 

METODOLOGIA 

Esta pesquisa caracteriza-se por um estudo de campo exploratório com abordagem qualitativa e quantitativa. Fizeram parte do estudo 04 (quatro) mulheres do sexo feminino, tendo como critério de inclusão mulheres de 20 a 30 anos com capacidade mental de compreender as perguntas, que não apresentassem déficit de memória ou estivessem sob efeito de álcool e drogas. Mulheres menores de idade, mulheres transexuais, mulheres que não tiverem parido filhos e que relatassem possuir infecções ginecológicas e doenças crônicas que cursaram com dor contínua que impossibilitaram a pesquisa, foram excluídas do estudo. 

No primeiro momento, as pesquisadoras visitaram 1 (um) estabelecimento noturno localizado no bairro do São Cristóvão, no município de Arcoverde, por ter maior concentração de casas noturnas nesta localidade. Com uma breve explanação sobre o tema, a fim de convidá-las a participarem da pesquisa, que foi posteriormente realizada na Clínica Escola de Saúde, da Autarquia de Ensino Superior de Arcoverde (AESA), também localizada no bairro São Cristóvão, Instituição a qual todas as pesquisadoras pertencem e possuem livre acesso. 

No segundo momento, foi aplicada uma ficha de avaliação fisioterapêutica em uroginecologia, a fim de investigar disfunções do assoalho pélvico. No terceiro momento, foi aplicado um questionário (O Quociente Sexual – Versão Feminina), para avaliar a qualidade sexual das participantes. Por fim, foi realizado o exame físico com toque bidigital, inspeção, palpação, testes de reflexos e avaliação funcional dos músculos do assoalho pélvico (MAP), onde a participante ficaria despida da cintura para baixo em decúbito dorsal com os joelhos fletidos a 130º e os pés apoiados na maca, previamente higienizada com álcool 70% e coberta com lençol descartável, onde uma das pesquisadoras estavam usando luva de látex descartável e gel condutor para facilitar o toque, sendo introduzido os dedos indicador e médio no eixo vaginal, solicitando à participante uma contração dos músculos do assoalho pélvico. A força foi graduada pela escala de Oxford Modificada e o esquema PERFECT. Todos os itens foram de uso individual, consequentemente, descartados ao final da avaliação.  

Os dados do questionário utilizado que foram obtidos através da entrevista, bem como os dados resultantes da ficha de avaliação fisioterapêutica produziram informações qualitativas e quantitativas, escritas manualmente pelas pesquisadoras e posteriormente transcritas em planilha Office Excel 2019, para análise dos dados.  

Este estudo cumpriu os princípios éticos referentes à pesquisa com seres humanos da Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, tendo sido aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Pernambuco, sob o parecer de número 6.415.674 e sob o CAAE 71058323.4.0000.0128. 

RESULTADOS E DISCUSSÃO  

Os resultados do trabalho foram obtidos através de ficha de avaliação fisioterapêutica em uroginecologia e avaliação do Quociente Sexual.  

Os quadros e as informações abaixo apresentam os dados encontrados na ficha de avaliação fisioterapêutica. O quadro 1 apresenta os dados pessoais: 

Quadro 1: Dados sobre as profissionais.

 Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

A amostra foi constituída por quatro mulheres entre 21 a 26 anos (Média de 23 anos e Desvio Padrão= 2), de estado civil solteiras, que exerciam exclusivamente a atividade de profissional do sexo, o tempo médio de trabalho foi de 3 a 5 anos de serviço em estabelecimentos noturnos (Média de 4 e Desvio Padrão= 1). Como informação adicional, durante a aplicação dos questionários, as participantes revelaram preferência por trabalho a partir de sites devido melhor faturamento. 

O questionário também versou sobre os seguintes tópicos: fluxo urinário, em quais atividades ocorrem a perda de urina, quantidade de perda, tempo que iniciou os sintomas, tratamentos de saúde, presença de cicatriz, testes clitoriano e tosse, presença da consciência perineal, presença de pontos dolorosos, estado emocional, antecedentes pessoais e familiares, vida sexual, sistema intestinal, fluxo menstrual, presença de IST, hábitos e história ginecológica e obstétrica. 

Quanto à perda urinária, três mulheres afirmaram que possuem durante atividades de esforço, resultando em uma perda em gotas. As mesmas ainda relataram presença de flatos vaginais em algumas posições sexuais e nenhuma delas relatou perda fecal. 

Dentre as participantes, duas relataram ter relações com até três parceiros e outras duas com até sete parceiros. Quanto à utilização de preservativos masculinos, todas fazem uso; em relação a IST’s, somente uma relatou ter adquirido sífilis durante exercício da profissão e nenhuma relatou fazer uso contínuo de medicação. 

No presente estudo, as mulheres que relataram maior número de parceiros apresentaram menor grau de força no toque bidigital (Escala de Oxford Modificada), porém, não foram encontrados estudos que pudessem respaldar ou contrapor o determinado achado. 

Em relação à consciência perineal, três participantes tiveram uma boa presença, sendo apenas uma a partir da segunda vez. No exame físico, nenhuma delas tiveram presença de cicatrizes e nos testes clitoriano e de tosse não apresentaram alterações; quanto aos pontos dolorosos, três apresentaram na palpação interna e nenhuma na palpação externa. 

Todas as participantes apresentaram um estado emocional ansioso e emotivo, relacionado ao seu estilo de vida. No que se diz respeito à cirurgia ginecológica, uma relatou ter realizado curetagem e outra laqueadura, e outras duas não realizaram nenhum procedimento cirúrgico. Acerca do corrimento vaginal,  nenhuma apresentou alteração na coloração; duas delas relataram ardência; apenas uma relatou coceira; três delas dor pélvica e apenas uma relatou secura vaginal. Sobre a utilização de drogas lícitas e ilícitas, todas as quatro participantes referem fazer uso de ambas as substâncias. 

Também foi realizado o teste bidigital de acordo com o esquema PERFECT, que mensura a força (Power), o tempo de contração (Endurance), número de repetições (Repetitions), contrações rápidas (Fast), elevação da parede vaginal durante a contração, co-contração dos músculos acessórios e contração involuntária dos músculos do assoalho pélvico durante a tosse (ECT). A escala de Oxford Modificada que gradua a força muscular do assoalho pélvico, junto com os resultados obtidos são apresentados nos quadros abaixo: 

Quadro 2: Escala de Oxford Modificada

Fonte: PREDA; MOREIRA, 2019. 

Quadro 3: Dados de acordo com o toque bidigital.

*P= Presente; A= Ausente

Fonte: Dados da pesquisa, 2023. 

No toque bidigital foi verificado que a participante 1, teve grau de força 4, tempo de contração 6 segundos, número de repetições= 6, contrações rápidas= 5 e o ECT resultou como, presente, ausente e presente. A participante 2, teve grau de força 3, tempo de contração 5 segundos, número de repetições= 5, contrações rápidas= 4 e o ECT resultou como, presente, ausente e presente. Participante 3, teve grau de força 2, tempo de contração 4 segundos, número de repetições= 6, contrações rápidas= 5 e o ECT resultou como, presente, presente e presente. Participante 4, teve grau de força 4, tempo de contração 7 segundos, número de repetições= 5, contrações rápidas= 6 e o ECT resultou como, presente, ausente e presente. 

As médias dos resultados encontrados da força de contração foi de 3, do tempo de contração foi de 6 segundos, o número de repetições foi 6 e o número de contrações rápidas foi 5. Quanto ao desvio padrão, a força de contração, tempo de contração, número de repetições e contrações rápidas resultaram em 1, respectivamente. 

Sobre a força dos MAP, o estudo de Lunardon e Brondani (2016), relacionam a capacidade maior de contração voluntária dos MAP e sustentação desta contração às mulheres jovens, na faixa etária entre 22 e 35 anos. Em consonância com a pesquisa, o presente estudo também observou o grau de força moderado dentro da faixa etária pesquisada (20-30 anos). 

Quadro 4: Dados de acordo com a história ginecológica e obstétrica

*GESTA: Gestação; *PARA: Parto

Fonte: Dados da pesquisa, 2023

Sobre a história ginecológica e obstétrica, a participante 1, referiu ter tido 1 gestação, 1 parto e nenhum aborto. A participante 2, teve 3 gestações, 2 partos e 1 aborto. A participante 3, teve 2 gestações, 2 partos e nenhum aborto. A participante 4, teve 5 gestações, 1 parto e 4 abortos. As médias dos resultados encontrados da gestação foi de 3, parto= 2 e aborto= 1. Quanto ao desvio padrão, da gestação foi de 2, parto de 1 e aborto de 2.  

Na presente pesquisa foi observado que, quanto maior a quantidade de partos referidos pelas mulheres, houve maior fraqueza muscular, de acordo com o toque bidigital (Escala de Oxford Modificada). Em consonância com nosso estudo, Baracho (2018), apresenta a possibilidade de relação direta entre o maior número de partos (paridade) com a fraqueza dos músculos de assoalho pélvico. Outro estudo recente de Vasconcelos e Silva (2021), se contrapõem ao nosso estudo, apresentando que a maioria das mulheres que tem uma força reduzida do MAP apresentavam 1 parto vaginal apenas, e as que tinham boa função de MAP, referiram de 2 a 3 partos vaginais. 

O segundo questionário aplicado foi o de Quociente Sexual- Versão Feminina (QS-F), com a pontuação variando entre 0 e 5, onde 0 equivale a nunca, 1 equivale a raramente, 2 equivale às vezes, 3 referindo-se à aproximadamente 50% das vezes, 4 correspondendo à maioria das vezes e 5 que equivale a sempre. As perguntas do questionário foram: 1- Você costuma pensar espontaneamente em sexo, lembra de sexo ou se imagina fazendo sexo? 2- O seu interesse por sexo é suficiente para você participar da relação sexual com vontade? 3- As preliminares (carícias, beijos, abrações, afagos, etc.) a estimulam a continuar a relação sexual? 4- Você costuma ficar lubrificada (molhada) durante a relação? 5- Durante a relação sexual, à medida que à excitação do seu parceiro vai aumentando, você também se sente mais estimulada para o sexo? 6- Durante a relação sexual, você relaxa a vagina o suficiente para facilitar a penetração do pênis? 7- Você costuma sentir dor durante a relação sexual, quando o pênis penetra em sua vagina? 8- Você consegue se envolver, sem se distrair (sem perder a concentração), durante a relação sexual? 9- Você consegue atingir o prazer máximo (orgasmo) nas relações sexuais que realiza? 10- O grau de satisfação que você consegue com a relação sexual lhe dá vontade de fazer sexo outas vezes, em outros dias? 

Os resultados do QS-F sobre o desempenho sexual são apresentados no quadro abaixo: 

Quadro 5: Dados de acordo com o padrão de desempenho sexual

Fonte: Dados da pesquisa, 2023

O resultado final sobre o padrão de desempenho sexual, a partir do QS-F mostrou que apenas 1 participante apresentou o resultado regular a bom e 3 participantes pontuaram na faixa entre desfavorável a regular.  

Ao comparar dois grupos, Zanello (2022), observou a diferença entre nulíparas e multíparas, indicando que as mulheres nulíparas têm maior grau de contração dos músculos do assoalho pélvico e, consequentemente, melhor satisfação sexual. A presente pesquisa, apesar de só ter estudado multíparas, observou a existência de moderado grau de força muscular e satisfação sexual desfavorável a regular na maioria das profissionais do sexo estudadas. 

A escassez de pesquisas acerca da função sexual feminina e força dos MAP, principalmente em profissionais do sexo, também se apresenta como limitação do estudo, já que as pesquisas mais encontradas realizadas nesse público estão diretamente ligadas às infecções sexualmente transmissíveis. O que nos leva a refletir sobre o enfoque dado à essas mulheres, reduzindo-as a um corpo adoentado e não observando a dimensão das mulheres profissionais do sexo como ser biopsicossocial. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Este estudo apresentou algumas limitações como número reduzido de mulheres participantes, que foram convidadas, mas não compareceram ao local da pesquisa nos dias combinados, provavelmente pelo contexto de exclusão que experienciam nos diversos serviços e por não se sentirem pertencentes a novas formas de cuidado. Acredita-se que, mais estudos envolvendo uma amostra maior de mulheres se faz necessário para resultados mais robustos e para ampliação do cuidado em saúde às mulheres profissionais do sexo. A pesquisa pôde propiciar às mulheres a possibilidade de conhecimento e acesso às atividades e ações relacionadas à promoção de saúde e ao tratamento fisioterapêutico propriamente dito. Os dados obtidos servirão de subsídio como sugestão para o município elaborar um programa voltado às necessidades específicas da população pesquisada, o que as beneficiarão indiretamente. Com toda a rede voltada para os cuidados necessários a esta população, esta pesquisa contribuiu para que as mulheres sejam protagonistas principais, podendo participar e decidir também sobre novas formas de autocuidado e conhecimento íntimo.  

REFERÊNCIAS 

Baracho, E.; Fisioterapia aplicada à saúde da mulher. 6. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. 

Barreto, Ana Paula Pitiá et al. O impacto da disfunção sexual na qualidade de vida feminina: um estudo observacional. Revista Pesquisa em Fisioterapia, v. 8, n. 4, p. 511-517, 2018. 

Bonifácio, D. P. D; Tilio; Rafael De. Mulheres profissionais do sexo e o consumo excessivo de álcool. Cadernos de Psicologia Social do Trabal, Uberaba Mg, v. 19, n. 1, p. 29-44, dez./2016.  

Damasceno, A. S.; Souza, M. C.; Junior, F. F. U. S. Disfunções do assoalho pélvico em pacientes de um projeto de responsabilidade social em Fortaleza-CE: um ensaio retrospectivo de 14 anos. Fisioterapia Brasil, v. 21, n. 4, p. 355-362, 2020. 

Fante, J. F., et al. Pelvic floor parameters in women with gynecological endocrinopathies: a systematic review. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 66, n. 2, p. 1742-1749, 2020. 

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Lunardon, W. C. F; Brondani, Fernanda Marques. Avaliação da satisfação sexual em mulheres nulíparas e multíparas e sua relação com a força do assoalho pélvico. UNIANDRADE, Campo LargoParaná, v. 17, n. 2, 70-76, mar./2016. 

Nagamine, Bruna Pereira; Dantas, R. D. S; Silva, K. C. C. D. A importância do fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico na saúde da mulher. Research, Society and Development, Santa Catarina v.10, n.2, p. 1-12, fev./2021.  

Nogueira, R. F.; Macedo, R. S. P. B.; Leite, S. M. O. Repair of the middle and posterior compartments of the pelvic floor via perineal and vaginal routes without the use of mesh – technique description and case series. Journal Coloproctology, v. 40, n. 4, p. 345-3531, 2020. 

Nogueira, A. J. D. S; Pachú, Clésia Oliveira. Sexualidade da mulher e autocuidado no âmbito da Atenção Primária à Saúde: uma revisão integrativa. Research, Society and Development,, Paraíba, v. 10, n. 15, p. 1-9, nov./2021. 

Organização Mundial da Saúde (2006). Sexual and Reproductive Health. WHO. 

Paiva, L. L. D. Et Al. A vivência das profissionais do sexo. Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 37, n. 98, p. 467-476, set./2013.  

Preda, Andreia; Moreira, Susana. Incontinência Urinária de Esforço e Disfunção Sexual Feminina: O Papel da Reabilitação do Pavimento Pélvico. Revista Científica da Ordem dos Médicos, Portugal, v. 32, n. 11, p. 721-726, nov./2019.   

Silva, J. C. D. Abordagem fisioterapêutica nas disfunções do assoalho pélvico e os impactos negativos na vida das mulheres. Paripiranga, dez./2021.  

Silva, T. A. O. D. V. T. D. Função da musculatura do assoalho pélvico em mulheres fisicamente ativas e que tiveram parto vaginal: um estudo descritivo, Gama-Distrito Federal, p.4-17, nov./2021.

Zanello, Sara Campana. Relação entre a autopercepção da habilidade de contração e a função da musculatura do assoalho pélvico de mulheres jovens, São Carlos- São Paulo, p.2-25, 2022.


1Mestre em Práticas e Inovação em Saúde Mental. Docente da Autarquia de Ensino Superior de Arcoverde – AESA (e.alexandrefisio@gmail.com).
2Acadêmica em Fisioterapia; Autarquia de Ensino Superior de Arcoverde, Pernambuco. (camillymaria2011@hotmail.com).
3Acadêmica em Fisioterapia; Autarquia de Ensino Superior de Arcoverde, Pernambuco. (hygois12@gmail.com).
4Graduado em Fisioterapia; Pós graduado em Saúde Pública pela Universidade de Pernambuco (UPE). (wictorgalindofisio@gmail.com)