REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202502271750
Francisco Narthagnan Chaves da Silva
Allyne Evellyn Freitas Gomes
RESUMO
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento caracterizada por déficits persistentes na comunicação social, padrões restritos e repetitivos de comportamento e dificuldades na interação interpessoal. Dentre as abordagens terapêuticas complementares utilizadas para auxiliar o desenvolvimento infantil, a musicoterapia tem se destacado como uma ferramenta eficaz. Através da utilização estruturada da música como meio terapêutico, a musicoterapia promove estímulos sensoriais e cognitivos que favorecem o desenvolvimento da linguagem, da interação social e do controle emocional em crianças com TEA. O presente artigo tem como objetivo analisar a eficácia da musicoterapia no desenvolvimento de crianças autistas, investigando sua influência sobre a aquisição da linguagem, a regulação emocional e a socialização. O estudo baseia-se em uma revisão bibliográfica de pesquisas científicas que discutem a aplicação da musicoterapia no contexto do autismo, destacando sua importância como intervenção terapêutica. Os resultados indicam que a musicoterapia pode contribuir significativamente para a ampliação das habilidades comunicativas e sociais, demonstrando-se uma alternativa viável no suporte ao desenvolvimento infantil.
Palavras-chave: Autismo; musicoterapia; desenvolvimento infantil; comunicação; regulação emocional.
1 INTRODUÇÃO
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades na comunicação, interação social e pela presença de comportamentos repetitivos e interesses restritos. Essas dificuldades impactam diretamente o aprendizado e a adaptação da criança ao meio social, tornando essencial a busca por abordagens terapêuticas eficazes.
A musicoterapia tem sido estudada como uma abordagem alternativa que pode contribuir para o desenvolvimento das habilidades comunicativas e emocionais de crianças autistas. Pesquisas indicam que a estruturação musical auxilia na organização do pensamento e no engajamento social, favorecendo a comunicação e a interação com o meio (GOLD; WIGRAM; ELEFANT, 2006).
Este artigo tem como objetivo analisar os benefícios da musicoterapia no desenvolvimento de crianças com TEA, investigando sua influência na estimulação da comunicação, no desenvolvimento social e na regulação emocional.
2 METODOLOGIA
Este estudo foi conduzido por meio de uma revisão bibliográfica, analisando artigos científicos e livros que abordam a aplicação da musicoterapia no contexto do TEA. Foram selecionadas publicações indexadas em bases de dados como Scielo, Google Scholar e PubMed.
Os critérios de inclusão envolveram estudos que analisaram os impactos da musicoterapia na comunicação, socialização e regulação emocional de crianças autistas. Foram excluídas pesquisas que não apresentavam metodologia clara ou que não abordavam diretamente a aplicação terapêutica da música no TEA.
3 MUSICOTERAPIA E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA AUTISTA
A musicoterapia é um campo clínico que utiliza elementos musicais – como ritmo, melodia e harmonia – com objetivos terapêuticos. No contexto do TEA, essa abordagem pode auxiliar no desenvolvimento da comunicação, na interação social e no controle emocional da criança.
3.1 Comunicação e Linguagem
A musicoterapia tem demonstrado potencial para estimular o desenvolvimento da linguagem em crianças autistas. Segundo Lim e Draper (2011), a estrutura musical facilita a memorização de palavras e frases, favorecendo a comunicação verbal. Atividades como cantar músicas repetitivas e imitar padrões sonoros podem incentivar a produção vocal e a organização do discurso.
3.2 Interação Social e Regulação Emocional
Sessões de musicoterapia em grupo promovem o contato visual e a reciprocidade social, elementos essenciais para a comunicação de crianças autistas (GOLD; WIGRAM; ELEFANT, 2006). Além disso, a música pode atuar como um regulador emocional, ajudando a criança a reconhecer e expressar suas emoções.
3.3 Desenvolvimento Sensorial e Motor
A relação entre música e movimento é um dos aspectos fundamentais da musicoterapia. A utilização de instrumentos musicais e atividades rítmicas pode melhorar a coordenação motora e a percepção corporal (BHAT; LANDA; GALLOWAY, 2011).
4 MUSICOTERAPIA COMO INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA NO TEA
A musicoterapia pode ser aplicada de diferentes formas, dependendo das necessidades individuais de cada criança. Abordagens incluem canto para estimular a linguagem, improvisação musical para promover a expressão emocional e o uso de instrumentos para estimular a coordenação motora.
Pesquisas sugerem que a música ativa áreas cerebrais responsáveis pelo processamento da linguagem e da emoção, tornando-se uma ferramenta terapêutica eficaz para crianças autistas (WORLD FEDERATION OF MUSIC THERAPY, 2011).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A musicoterapia se destaca como uma intervenção terapêutica altamente eficaz no desenvolvimento de crianças autistas, proporcionando melhorias significativas na comunicação, socialização, regulação emocional e habilidades motoras. A literatura científica demonstra que a música, ao atuar como um meio estruturado e previsível de estímulo, pode facilitar a aquisição da linguagem, estimular a interação social e contribuir para o desenvolvimento cognitivo da criança com TEA.
Além dos benefícios diretos para a criança, a musicoterapia também impacta positivamente os familiares e cuidadores, fornecendo estratégias para facilitar a comunicação e a interação no cotidiano. No entanto, para que a musicoterapia seja amplamente reconhecida e utilizada como um recurso terapêutico essencial, é necessário ampliar as pesquisas sobre sua eficácia, bem como garantir a formação de profissionais capacitados na área.
Dessa forma, conclui-se que a música, enquanto ferramenta terapêutica, deve ser incorporada de maneira interdisciplinar em programas de intervenção precoce, contextos educacionais e terapêuticos. Seu potencial para transformar a forma como crianças autistas se expressam e interagem com o mundo evidencia a necessidade de maior investimento e reconhecimento dessa prática no cenário clínico e educacional.
REFERÊNCIAS
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. Porto Alegre: Artmed, 2014.
BHAT, A. N.; LANDA, R. J.; GALLOWAY, J. C. Developmental motor impairments in preschool children with autism spectrum disorder. Journal of Autism and Developmental Disorders, v. 41, n. 5, p. 545-554, 2011.
GATTINO, G. S. Musicoterapia aplicada à avaliação da comunicação não verbal de crianças com TEA. UFRGS, Porto Alegre, 2012.
GOLD, C.; WIGRAM, T.; ELEFANT, C. Music therapy for autistic spectrum disorder. Cochrane Database of Systematic Reviews, 2006.
WORLD FEDERATION OF MUSIC THERAPY. Definition of Music Therapy. Revista Brasileira de Musicoterapia, v. 1, n. 2, 2011.