LUTO E DESEJO NO CONTEXTO PSICOLÓGICO: FORÇAS CONTRADITÓRIAS NA VIVÊNCIA DA PERDA
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102502271714
Paulo Victor Santos Nascimento1
Priscilla Correia Ribeiro Alves2
RESUMO
A pesquisa em questão explora a relação entre o desejo e o luto no contexto psicológico, destacando a forma como ambos os conceitos se entrelaçam na vivência e ressignificação da experiência da perda. O luto é compreendido como um processo emocional natural diante de uma privação irreversível, enquanto o desejo é apontado como uma força intrínseca que direciona o comportamento humano. A análise demonstrou que a relação entre os conceitos de luto e desejo é ambígua, com potencial tanto para comprometer a adaptação emocional, resultando em complicações no processo de luto, quanto para promover ressignificação e superação. O estudo destaca a importância de intervenções psicoterapêuticas que potencializem o molde em relação a perda, favorecendo o bem-estar diante desse processo. Visto que, por meio de uma revisão integrativa de literatura, o estudo analisa contribuições teóricas, evidenciando as convergências e divergências em suas proposições, além de permitir uma síntese crítica das principais abordagens, apontando, assim, para a necessidade de aprofundar estudos sobre a aplicação prática dessa relação em contextos variados. Ora, conclui-se que a compreensão dessa dinâmica é crucial para o avanço da psicologia como ciência e profissão.
Palavras-chave: Luto. Desejo. Psicologia. Perdas. Ressignificação.
ABSTRACT
The research in question explores the relationship between desire and grief in the psychological context, emphasizing how these two concepts intertwine in the experience and re-signification of loss. Grief is understood as a natural emotional process in response to an irreversible deprivation, while desire is identified as an intrinsic force that directs human behavior. The analysis demonstrated that the relationship between grief and desire is ambiguous, with the potential both to hinder emotional adaptation, resulting in complications during the grieving process, and to promote re-signification and resilience.
The study highlights the importance of psychotherapeutic interventions that strengthen coping mechanisms related to loss, fostering well-being throughout this process. Through an integrative literature review, the study examines theoretical contributions, revealing convergences and divergences in their propositions and enabling a critical synthesis of the main approaches. This underscores the need for deeper exploration of the practical application of this relationship in various contexts. Thus, it is concluded that understanding this dynamic is essential for the advancement of psychology as a science and profession.
Keywords: Grief. Desire. Psychology. Loss. Re-signification.
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo aborda a inter-relação entre o conceito de desejo e o processo de luto no contexto da psicologia, com o objetivo de compreender como ambos impactam a vivência humana diante de privações irreversíveis. O luto, concebido como um processo de adaptação emocional relacionada a ausência de algo ou alguém, apresenta-se como um fenômeno universal e inevitável que abrange dimensões físicas, emocionais e sociais. Outrora, o desejo, entendido como uma força motriz interna orientadora das ações humanas em direção à realizações e satisfações se revela como central na dinâmica do luto, tanto no aspecto de intensificador do anseio por querer retomar o que fora perdido, quanto como um elemento transformador capaz de promover a ressignificação das experiências de perda. Esse papel ambíguo do desejo, como perpetuador do vinculo com o objeto anteriormente perdido e, simultaneamente, como um elemento que impulsiona a ressignificação da experiência com o que se foi perdido, revela a complexidade da dinâmica psíquica no que diz respeito ao enfrentamento do luto.
Partindo de um modelo de revisão integrativa da literatura, este artigo busca analisar e sintetizar contribuições teóricas com o foco nas convergências e divergências entre as abordagens sobre o luto e o desejo. Dessa forma, ao reunir e discutir diferentes perspectivas, busca-se identificar como as mesmas podem auxiliar na compreensão sobre as dificuldades enfrentadas em processos de perda e na elaboração de estratégias para superação e crescimento pessoal, além de oferecer um panorama que venha a enriquecer a compreensão a respeito do tema.
Assim, a relevância desse estudo reside em torno da necessidade de ampliação do entendimento existente a respeito da conexão entre luto e desejo, contribuindo para o desenvolvimento de intervenções psicoterapêuticas e práticas clínicas mais eficazes. Assim, objetiva-se oferecer subsídios teóricos que auxiliem no enfrentamento das perdas e na promoção do bem-estar psicológico. Além disso, o presente estudo também visa dialogar com as implicações sociais e culturais do luto e desejo, considerando como fatores que vão além do individuo influenciam a maneira em que a perda é vivenciada e elaborada.
Dessa forma, o artigo busca contribuir não apenas como um vetor de conhecimento teórico, mas também como uma ferramenta para construção de práticas mais empáticas e eficazes no enfretamento da perda.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 O luto
O luto é um processo emocional complexo e único, geralmente associado a perdas significativas, como a morte de um ente querido, o término de um relacionamento ou mudanças importantes na vida. Segundo Bousso (2011), o luto é uma reação natural e esperada ao rompimento de um vínculo, sendo um processo de elaboração de uma perda significativa. Ele não se aplica apenas à morte, mas também a outras situações de privação irreversíveis.
Após uma alteração irreversível, é natural que o luto surja como resposta emocional inevitável, envolvendo uma série de reações físicas, psicológicas e sociais. Esse processo pode ser compreendido em fases, como as identificadas por Elisabeth Kübler-Ross (1998), uma psiquiatra que descreveu cinco estágios típicos de vivência do luto: 1. Negação – o indivíduo nega a realidade da perda; 2. Raiva – surgem sentimentos explosivos, que podem resultar em agressividade e irritabilidade; 3. Barganha – o indivíduo busca negociar a situação; 4. Depressão – fase de maior sofrimento psíquico e isolamento; 5. Aceitação – ocorre uma melhor compreensão dos sentimentos relacionados à perda. No entanto, é importante notar que essas fases podem não seguir uma sequência fixa, podendo algumas pessoas vivenciarem fases de forma diferente ou até omitir algumas delas.
Do ponto de vista psicológico, o luto é visto como um processo de adaptação à ausência de algo ou alguém significativo. A qualidade da relação anterior também influencia a forma como o luto é vivido, conforme proposto por Bowlby (1990), que afirma que a maneira como o vínculo foi estabelecido impacta diretamente na forma de demonstração emocional e física do processo de luto.
Ora, é pertinente pontuar que existem diferentes tipos de luto, que variam de acordo com as circunstâncias da perda, a intensidade da relação com o que fora perdido e a forma como a pessoa lida com o processo de luto. O luto normal, por exemplo, se trata de uma reação natural em relação a perda, o qual segue um curso esperado no que tange à adaptação, e, que a pessoa vai eventualmente aceitando o acontecido e ajustando sua realidade (Kübler-Ross, 1969).
Todavia, em algumas situações, o luto pode se tornar problemático e complicado, caracterizando-se pela presença de um sofrimento profundo e prolongado, e por uma dificuldade em seguir em frente, o que acaba por prejudicar o indivíduo (Worden, 2013). Tal tipo de luto pode posteriormente evoluir para o luto patológico, que persiste de forma crônica e intensa (Prigerson et al., 2009). Em casos de doenças terminais, configura-se o luto antecipatório, no qual iniciam-se as reações emocionais pela dor da perda antes mesmo da mesma acontecer, como uma forma de preparação (Kübler-Ross, 1998). Além desses, há o luto coletivo o qual é vivenciado por grupos de pessoas que compartilham de uma perda significativa, como em desastres naturais, o que gerar dificuldades no que diz respeito a coesão social, o que pode gerar diversas respostas comunitárias ao sofrimento compartilhado (Schut & Stroebe, 1999). Enfim, encontra-se o luto disfuncional que se caracteriza pela dificuldade em encontrar um equilíbrio entre o sofrimento e a adaptação, não conseguindo avançar nas etapas de recuperação (Bowlby, 1990).
Por fim, é relevante mencionar a proposta de Worden (2013), que, ao contrário de Kübler-Ross, classificou o processo de luto por meio de tarefas necessárias para a adaptação, ao invés de fases. Essas tarefas são: aceitar a realidade da perda, o que envolve reconhecer e confrontar a dor da perda; processar a dor do luto, permitindo-se vivenciar as emoções sem repressão; ajustar-se a um mundo sem a pessoa falecida, reorganizando a vida e encontrando novas formas de lidar com os aspectos práticos e emocionais da ausência; e, por fim, encontrar uma conexão duradoura com a pessoa perdida, enquanto inicia uma nova vida, onde a memória do que foi perdido continua a fazer parte da vida do indivíduo, mas sem impedir com que o mesmo dê continuidade na construção de novas relações e projetos de vida.
2.2 O desejo
O desejo, no campo da psicologia, é entendido como um impulso intrínseco que orienta o comportamento humano em direção à satisfação de necessidades ou à realização de objetivos. Esse desejo é percebido como um sentimento de insatisfação, que motiva o indivíduo a buscar algo específico, seja para satisfação emocional, física ou ideal.
De acordo com Rodrigues (2008), o ser humano deseja porque a satisfação de suas necessidades vitais depende de um apelo dirigido a outro, o que altera diretamente a satisfação. Ou seja, existe uma relação de compensação entre o desejo e o desejado. Quando essa relação é frustrada, reações emocionais são desencadeadas, resultando em um processo de desregulação, que pode se manifestar também em aspectos físicos, conforme a intensidade do querer.
Esse conceito de desejo é frequentemente abordado na psicanálise, onde se relaciona diretamente aos conceitos de motivação, emoção e pulsão. No entanto, observa-se que o termo é tratado de maneiras diferentes em diversas abordagens psicológicas. Frankl (2023), ao falar sobre a “vontade de sentido”, descreve uma busca contínua do indivíduo por um propósito, sendo essa a motivação primária da vida. Ou seja, há uma busca incessante por algo, e a satisfação de tal busca ocorre quando o objetivo é alcançado.
Além disso, a teoria da hierarquia das necessidades de Maslow considera o desejo como central e hierárquico na experiência humana. A satisfação das necessidades mais básicas, como alimentação e segurança, abre caminho para necessidades mais complexas, como autoestima e autorrealização. Outrora, a psicologia cognitiva, por sua vez, entende o desejo como uma representação mental ou um objeto a ser alcançado, que guia as decisões e comportamentos de forma estratégica.
Ademais, o desejo mostra-se fundamental em processos de superação do luto e resiliência, como aponta Winnicott (1971), a capacidade de desejar está intimamente ligada à criatividade e à construção de novos sentidos, permitindo que o indivíduo reinvente sua realidade após momentos de ruptura. Dessa forma, o desejo não apenas orienta o comportamento humano, mas também possibilita a transformação e o crescimento pessoal em circunstâncias desafiadoras, destacando sua dimensão adaptativa e resiliente.
Todavia, o desejo também possui uma intima relação com a cultura, visto a sociedade molda e regula os objetos do desejo, estabelecendo normas e valores a respeito do que deve ser considerado desejável ou não. De acordo com Bauman (2001), na modernidade líquida, o desejo é frequentemente associado ao consumo, onde a busca incessante por satisfação é constantemente incentivada, mas nunca plenamente atingida. Isso reforça um ciclo contínuo de insatisfação, que pode afetar profundamente o bem-estar emocional dos indivíduos. Dessa forma, é essencial que a análise a respeito do conceito de desejo vá além da dimensão individual, abrangendo, assim, aspectos culturais e sociais que influenciem na sua manifestação.
Em suma, o desejo é um conceito central na psicologia, sendo fundamental para entender a movimentação humana. Assim, diferentes abordagens teóricas oferecem perspectivas variadas sobre o desejo, demonstrando sua importância e a complexidade de sua influência no comportamento humano, mesmo em contextos teóricos com visões contrastantes, sendo, portanto, um conceito multifacetado na psicologia, mas apresentando uma concordância geral quando se diz que é o motor fundamental do comportamento humano, direcionando ações e decisões de acordo com as necessidades.
2.3 Relação entre o luto e o desejo
É relevante citar que o desejo no contexto do processo do luto não se limita apenas a um objeto ou desejo frustrado, mas se expande para as narrativas e expectativas anteriormente vistas. Nesse sentido, o processo de luto não se limita apenas a perda concreta, mas às implicações simbólicas e materiais e emocionais associadas ao que foi interrompido. Bowlby (1990), em seus estudos sobre apego e perda, reforça que o rompimento de vínculos afetivos provoca um conflito interno entre o desejo de manter a conexão com o que se foi e a necessidade de ajustamento à realidade da perda.
Assim, percebe-se a manifestação desse conflito por diversas formas, dependendo do contexto socioculturais e das características individuais do enlutado. Podendo ser citado, como exemplo, culturas que valorizam a expressão emocional mais exacerbada do luto podem favorecer a elaboração mais aberta do mesmo, enquanto em sociedades com outras configurações nesse âmbito, o desejo pode ser reprimido, dificultando um enfrentamento saudável da privação. Dessa forma, percebe-se que a interação entre o desejo e o luto não reside apenas no âmbito intrínseco, sendo mediada por fatores extrínsecos, também, como crenças pessoais e apoio social.
A vivência do processo de luto caracteriza-se por um intenso desejo de retorno ao que foi perdido. Freud (1917) descreve esse processo como uma etapa de desinvestimento libidinal no objeto perdido, permitindo que a energia psíquica seja gradualmente redirecionada para novas relações e experiências. Assim, percebe-se que o trabalho psíquico do luto está centrado no reconhecimento da incapacidade de satisfazer o desejo de retorno ao que foi suprimido.
A frustração gerada pela perda do que antes era desejado torna-se central no processo de configuração do luto. Esse conceito aplica-se especialmente a situações em que a perda é iminente, mas ainda assim desencadeia um processo intenso de luto. Isso corrobora a ideia de que a supressão do desejado é responsável pelo impacto emocional e físico que caracteriza essa experiência. Tal supressão pode referir-se à ausência de alguém ou de algo, sendo que, mesmo quando anunciada, causa sofrimento emocional significativo.
Reconhece-se, portanto, que a relação entre o desejo e o luto pode gerar conflitos internos, visto que o desejo pode permanecer fixado no objeto perdido, dificultando a adaptação do indivíduo à nova realidade. Esse apego prolongado pode comprometer o processo de elaboração do luto, resultando em condições como o luto complicado ou patológico, conforme descrito no DSM-5 (APA, 2013). Nessas situações, intervenções terapêuticas tornam-se essenciais para ajudar o indivíduo a reencontrar sentido na vida e realinhar seus desejos.
Viktor Frankl (2005), ao abordar o sentido da vida frente às adversidades, destaca que o ser humano é capaz de encontrar propósito mesmo em situações de intensa dor. Esse aspecto sublinha o papel do desejo como uma força transformadora, capaz de conduzir o indivíduo a um estado de ressignificação emocional e fortalecimento diante da perda. Assim, a relação entre luto e desejo transcende o sofrimento, oferecendo possibilidades de reconstrução e adaptação frente à ausência.
Portanto, esse dinâmico fenômeno se configura como essencial para o enfrentamento da perda, visto que enquanto o luto evidencia a abrangência da ausência, o desejo se mostra como uma força ambígua, já que possui força tanto para estimular a patologização do processo de luto, quando não consegue retirar a fixação em relação ao objeto perdido, quanto para transformar o sofrimento em um movimento de adaptação e crescimento.
3 METODOLOGIA
Foi-se utilizada a abordagem revisão de literatura integrativa com o objetivo de investigar os aspectos ligados ao luto e a extensão dos mesmos após a frustração do desejo, visto que se trata de um conceito que orienta a forma como o indivíduo percebe e interage com o ambiente que o rodeia. A princípio, foi gerada uma questão norteadora que gerou uma procura por literatura relevante e ligada ao tema da pesquisa. Posteriormente, iniciou-se uma busca sistemática em bases de dados como Scielo (Scientific Electronic Library Online) e Pepsic utilizando-se os descritores: “luto”, “desejo”, “psicologia”, sem restringir as datas utilizadas, para que garantir um panorama abrangente sobre o tema.
Após isso, foi realizada a aplicação de critérios de inclusão e exclusão dos estudos realizados buscando propor relevância e qualidade ao estudo, esses critérios foram: Estudos que discutissem o conceito de luto e suas nuances, artigos que trabalhassem a ligação entre o conceito de desejo e a psicologia e trabalhos em português, inglês ou espanhol. Decorrente dessa seleção, permaneceram 13 estudos que passaram por uma categorização conforme a relevância para o tema trabalhado. Assim, o momento de análise utilizou uma avaliação crítica dos artigos selecionados, já que buscou deixar em evidência padrões e divergências entre os mesmos, o que possibilitou uma interpretação bem fundamentada.
Por fim, elaborou-se a estrutura e apresentação da revisão integrativa, sintetizando e discutindo o que foi selecionado para que se pudesse entender de forma clara e pertinente a relação entre o luto e o desejo.
4 CONCLUSÃO
O presente estudo proporciona uma análise vigente sobre a complexa e dinâmica relação entre os conceitos de luto e desejo. Assim, o luto foi abordado como um processo natural e inevitável que visa garantir a adaptação diante de alguma alteração irreversível, e gerando reações físicas e emocionais e o desejo acabou por ser compreendido como uma força interna que orienta o comportamento humano e se mostra um elemento central na vivência do processo de luto, seja como um intensificador do apego ao que se foi perdido ou como uma força transformadora capaz de promover ressignificação e recomeço.
A revisão de literatura deixou em evidência a diversidade de perspectivas teóricas que abrangem o luto e o desejo, destacando como exemplo contribuições de autores como Kübler-Ross, Worden, Freud, Frankl e Maslow. Essas abordagens, apesar de contrárias em suas concepções, entram em convergência no que diz respeito a ressaltar a importância desses conceitos para a compreensão do comportamento humano diante das adversidades.
O luto, no que diz respeito a um processo de elaboração e adaptação, foi discutido tanto como fases emocionais propostas por Kübler-Ross quanto pelas tarefas de enfrentamento delineadas por Worden. Outrossim, o desejo, analisado como uma força motivacional intrínseca, foi explorado por óticas diversas, como a teoria das necessidades de Maslow e a busca do sentido de Frankl, delineando a sua centralidade na experiência de ser um humano.
Ora, a relação entre luto e desejo se revelou como algo multifacetado, visto que é um fenômeno que pode causar problemáticas internas, especialmente quando o desejo se torna rígido no que se foi perdido, dificuldade a continuidade do processo de adaptação a uma nova realidade. Assim, essa fixação pode levar a um luto complicado ou patológico, conforme descrito no DSM-5, reforçando a importância de intervenções terapêuticas para ajudar os indivíduos a reencontrarem uma homeostase emocional. Todavia, o desejo também foi descrito como uma força positiva e transformadora, que, se corretamente conduzida, permite com que o indivíduo encontre novos significados e direções para a sua vida, mesmo diante da dor.
Então, esse escrito reforça a relevância da compreensão da conexão entre o processo de luto e o conceito de desejo no campo da psicologia, especialmente para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas que visem estimular a adaptação e crescimento pessoal diante das perdas. A metodologia adotada baseou-se na revisão integrativa de literatura e possibilitou uma análise crítica e fundamentada das contribuições teóricas existentes, sintetizando os principais pontos de convergência e divergência entre os estudos.
Por fim, se conclui que o estudo do luto e do desejo é essencial para ampliar o entendimento teórico dos fenômenos e subsidiar práticas clínicas e intervenções psicossociais mais eficazes e humanizadas. Além disso, compreende-se a necessidade da realização de pesquisas futuras que explorem as implicações práticas da relação entre esses conceitos de forma ainda mais detalhada, bem como sua aplicação em contextos variados, contribuindo para o avanço da psicologia como ciência e profissão e para a promoção de um estado de bem-estar psicológico em situações de perda e superação.
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1 Graduando em psicologia pela faculdade Anhanguera de Imperatriz, Maranhão. paulocentroga@gmail.com
2 Graduada em psicologia pela universidade Ceuma de Imperatriz, Maranhão, professora universitária e psicóloga clínica. priscilla_correia@ifma.edu.br