REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202502261731
Jhenifer da Silva Serpa¹; Jairla Kelly Laurentino de Lima²; Thais Fernandes do Monte³; Augusto Garcia Sousa⁴; Thaiany Ferreira da Silva⁵; Gustavo de Oliveira Ribeiro⁶; Clovis de Medeiros Bezerra⁷; Kaique de Queiroz Magalhães Melo Pereira⁸; Thais Souza Fulgêncio⁹; Lana Omar Ghazzaoui¹⁰.
RESUMO
Objetivo: Analisar as Complicações acerca da obesidade. Revisão Bibliográfica: A obesidade é a pandemia mundial do século XXI, é uma patologia crônica, caracterizada essencialmente pelo acúmulo do excesso de gordura corporal. Pesquisas têm mostrado que o quadro é preocupante, uma vez que as consequências da obesidade podem interferir diretamente na qualidade de vida da população, e segundo Faeh D, et al. (2011) está associada também às crescentes estatísticas de mortalidade. O aumento da gordura corporal é acompanhado de profundas alterações nas funções fisiológicas, podendo levar a efeitos adversos à saúde, tais como diabetes mellitus, doenças cardiovasculares, dislipidemias, doença renal crônica, certos cânceres, entre outros problemas de saúde. Considerações finais: Destaca-se que as doenças gastrointestinais e hepáticas, bem como suas complicações, tornam-se mais acentuadas com a obesidade, apresentando uma alta prevalência de refluxo gastroesofágico, esofagite erosiva, esôfago de Barrett, gastrite erosiva, disbiose, diarreia, doença hepática gordurosa não alcoólica e até mesmo câncer gástrico. Fatores ambientais, genéticos, nutricionais e imunológicos apresentaram uma forte relação com os mecanismos fisiopatológicos envolvidos no desenvolvimento dessas doenças.
Palavras-chave: Obesidade, complicações, tecido adiposo.
INTRODUÇÃO
A obesidade é a pandemia mundial do século XXI, é uma patologia crônica, caracterizada essencialmente pelo acúmulo do excesso de gordura corporal. Pesquisas têm mostrado que o quadro é preocupante, uma vez que as consequências da obesidade podem interferir diretamente na qualidade de vida da população, e segundo Faeh D, et al. (2011) está associada também às crescentes estatísticas de mortalidade. No Brasil, o percentual de pessoas obesas em idade adulta passou de 12,2%, em 2003, para 26,8% em 2019. No mesmo período, a proporção da população adulta com excesso de peso passou de 43,3% para 61,7%, representando quase dois terços dos brasileiros. Isto significa que, atualmente, uma em cada quatro pessoas acima de vinte anos é obesa, e mais da metade da população apresenta condições de sobrepeso (BRASIL, 2019).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a obesidade é conceituada como uma doença global, multifatorial, caracterizada pelo acúmulo excessivo de tecido adiposo. Decorre da interação de fatores genéticos, culturais e familiares. É considerada uma doença por predispor à morte precoce e ao acometimento de enfermidades, por ser atualmente um dos mais graves problemas de saúde pública. A principal forma de diagnóstico é através do cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), avaliado segundo a OMS, quando o IMC é ≥30 kg/m², e a faixa de peso que indica a eutrofia entre 18,5 e 24,9 kg/m² (ABESO, 2016).
O tratamento, a prevenção e a mudança no estilo de vida por meio da intervenção dietética e aumento de atividade física são ineficazes na maior parte dos pacientes. Neste cenário, o tratamento farmacológico torna-se eficaz no combate à obesidade, pois o obeso deve ser submetido a um tratamento com intervenção medicamentosa para atingir melhores resultados, associado a uma dieta e à atividade física para ajudar a manter esse resultado em longo prazo (BRASIL, 2016).
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Em primeiro lugar, é necessário ressaltar que a obesidade representa um problema de natureza pandêmica e multiétnica, com incidência em localidades de alta, média e baixa renda, especialmente em áreas urbanas, afetando tanto homens quanto mulheres das mais diversas faixas etárias (WANNMACHER, 2016). A Organização Mundial da Saúde – OMS define a obesidade como sendo uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo atípico ou exagerado de gordura pelo corpo, oferecendo riscos à saúde (DIAS et al., 2017).
O tecido adiposo é um órgão endócrino ativo e modulador da função imunológica, deixando de ser considerado um repositório inerte de gordura armazenada (ARAÚJO MC, et al., 2022). As principais atividades relacionadas a esse tecido explicam, em parte, a relação entre a obesidade, síndrome metabólica, distúrbios gastrointestinais e doenças cardiovasculares. Também podemos destacar o papel do tecido adiposo na homeostase do balanço redox e processos inflamatórios, podendo ser um auxiliar na produção de citocinas pró e anti-inflamatórias (KHALAFI M, et al., 2023).
Enfatiza-se o papel que vem sendo atribuído ao tecido adiposo mesentérico, devido à sua associação recorrente a distúrbios gastrointestinais, entre os quais podemos destacar a esteatose hepática, pancreatite aguda, câncer gastrointestinal e doença de Crohn (FRANÇA LM, et al., 2020; KARASKOVA E, et al., 2021).
Diversos hormônios estão envolvidos no desenvolvimento e progressão da obesidade, como a insulina, que é sintetizada pelas células β-pancreáticas e possui ação endócrina (estimulando as células hepáticas) e parácrina (pelo processo de difusão, onde as moléculas atuam em células vizinhas à célula sinalizadora) no metabolismo de carboidratos. Devido à insulina atuar diretamente no metabolismo da glicose, sua função está diretamente relacionada à produção de energia para a manutenção da homeostase do organismo (ARAÚJO MC, et al., 2022).
O aumento da gordura corporal é acompanhado de profundas alterações nas funções fisiológicas, podendo levar a efeitos adversos à saúde, tais como diabetes mellitus, doenças cardiovasculares, dislipidemias, doença renal crônica, certos cânceres, entre outros problemas de saúde. Haja vista que esses estados patológicos estão estritamente associados com o quadro de resistência à insulina e hiperinsulinemia. A resistência à insulina, descrita como o principal elo entre a obesidade e o diabetes mellitus (principalmente DM tipo 2), é uma condição na qual os tecidos periféricos-alvo, tais como o músculo esquelético, fígado e tecido adiposo, têm uma resposta subnormal aos níveis de insulina circulante, resultando em menor efeito fisiológico desse hormônio, destacando menor captação da glicose (CHEN J, et al., 2023; KHALAFI M, et al., 2023).
A fisiopatologia da obesidade tem sido um fator-chave para compreender a sua relação com diversos tipos de doenças. Já foi evidenciado que a obesidade possui relação com doenças gastrointestinais, como diarreia, doença celíaca, doença de Crohn, esofagite e doenças hepáticas (cálculos hepáticos e doença hepática gordurosa não alcoólica) (MARCUS C, et al., 2022; MASSIRONI S, et al., 2023). Somado a isso, já foi demonstrado que a adiposidade, diabetes mellitus e determinados fatores de estilo de vida estão associados à doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) (YUAN S e SUSANNA CL, 2022).
A obesidade está associada à doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) e suas complicações, incluindo esofagite de refluxo, esôfago de Barrett e adenocarcinoma de esôfago. Estas associações têm sido atribuídas ao efeito mecânico da gordura abdominal no aumento da pressão intra-abdominal, promovendo assim o refluxo gastroesofágico e causando perturbação dos mecanismos antirrefluxo na junção esofagogástrica. Sugere-se, ainda, que o tecido adiposo visceral produz numerosas citocinas que podem causar inflamação esofágica e prejudicar a integridade da barreira da mucosa esofágica através de mecanismos independentes de refluxo, que tornam a mucosa esofágica especialmente suscetível a lesões induzidas pela DRGE (PARIS S, et al., 2021).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Destaca-se que as doenças gastrointestinais e hepáticas, bem como suas complicações, tornam-se mais acentuadas com a obesidade, apresentando uma alta prevalência de refluxo gastroesofágico, esofagite erosiva, esôfago de Barrett, gastrite erosiva, disbiose, diarreia, doença hepática gordurosa não alcoólica e até mesmo câncer gástrico. Fatores ambientais, genéticos, nutricionais e imunológicos apresentaram uma forte relação com os mecanismos fisiopatológicos envolvidos no desenvolvimento dessas doenças. Intervenções dietéticas, associadas a mudanças no estilo de vida, podem ser responsáveis pela redução dessas patologias. Ainda, as intervenções e o diagnóstico precoce refletem positivamente na sobrevida desses pacientes.
REFERÊNCIAS
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¹Acadêmica de Medicina, Universidade Nove de Julho. E-mail: Jhenifer.serpa@gmail.com
²Médica, UNIFIP. E-mail: jairlakelly@hotmail.com
³Médica, UFRGS. E-mail: tfmbsb@gmail.com
⁴Acadêmico de Medicina, Anhembi Morumbi. E-mail: auggoper@gmail.com
⁵Acadêmica de Medicina, Universidade do Oeste Paulista. E-mail: thaianyferreira98@gmail.com
⁶Acadêmico de Medicina, Universidade Evangélica de Goiás – Unievangélica. E-mail: gustavo.deoliveira@aluno.unievangelica.edu.br
⁷Médico, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. E-mail: clovisbezerra@yahoo.com.br
⁸Médico, Universidade Nove de Julho. E-mail: kaiqueqmmelo@gmail.com
⁹Acadêmica de Medicina, Faculdade FaminasBH. E-mail: thais.sfulgencio@gmail.com
¹⁰Acadêmica de Medicina, UNISA. E-mail: Lanaghazzaoui62@gmail.com