REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202502252108
Priscila Fidelis Martins Roger1,
Orientador: Profº Drº José Tadeu Acuna2
RESUMO
Este estudo se insere no campo da psicometria da condição de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e investiga a aplicação da neurometria funcional como ferramenta complementar ao diagnóstico e intervenção desse transtorno em escolares. A pesquisa adota uma abordagem integrada, articulando a análise funcional do sistema nervoso autônomo com estratégias multiprofissionais, visando à identificação precoce e ao desenvolvimento de intervenções personalizadas. Os achados indicam que a neurometria funcional contribui para diagnósticos com maior acurácia, permitindo um planejamento pedagógico mais eficiente e estratégias interventivas ajustadas às necessidades dos estudantes. A partir da avaliação multidisciplinar das dificuldades de aprendizagem associadas ao TDAH, observa-se que a combinação da neurometria com práticas multiprofissionais pode mitigar impactos negativos no desempenho acadêmico e na socialização desses alunos. Assim, o estudo destaca a relevância da abordagem neurocientífica no contexto educacional inclusivo, evidenciando sua potencialidade para aprimorar políticas públicas voltadas à Educação Especial.
Palavras-chave: avaliação neuropsicológica. Neurometria. TDAH. Intervenção psicopedagógica equipe multiprofissional,, diagnóstico, intervenção.
INTRODUÇÃO
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma condição neuropsiquiátrica que impacta o desempenho acadêmico e as interações sociais de crianças e adolescentes. Ele tem se tornado um rótulo amplamente aplicado a estudantes que exibem comportamentos disruptivos ou não conformes nas instituições de ensino. Esse fenômeno é alarmante, pois, como apontado por Benczik (2000), observa-se uma crescente taxa de problemas educacionais e psicológicos sendo rotulados como TDAH, muitas vezes sem uma avaliação criteriosa. As características centrais do transtorno — falta de atenção, impulsividade e hiperatividade — são facilmente reconhecidas, mas também são comuns a muitos alunos em diferentes contextos e circunstâncias. É crucial que o diagnóstico de TDAH seja considerado apenas quando tais comportamentos se manifestam em grau excessivo, acompanhados de outras manifestações e de maneira inadequada à faixa etária do indivíduo (American Psychiatric Association [APA], 2013).
A literatura científica sugere que a caracterização clínica do TDAH está intimamente relacionada a déficits no comportamento inibitório e nas funções executivas, resultando em dificuldades como falta de controle comportamental, desmotivação intrínseca para concluir tarefas e respostas erráticas em ambientes escolares e familiares (Strayhorn, 2002; Hinshaw, 2000). Quando as crianças diagnosticadas com TDAH ingressam na escola, elas enfrentam um grande fardo social: a exigência da educação formal em um ambiente relativamente homogêneo que muitas vezes não considera suas necessidades comportamentais específicas (Barkley et al., 1990; Biederman et al., 1997).
Nos últimos 20 anos, os alunos com TDAH têm enfrentado crescentes dificuldades no ambiente escolar (Da silva, 2023). O desempenho acadêmico tornou-se cada vez mais dependente da capacidade dos alunos de manter a concentração por longos períodos, permanecer sentados quietos e realizar suas tarefas escolares. A expectativa de esperar meses para receber feedback sobre seu desempenho acadêmico em forma de boletins escolares adiciona uma camada adicional de desafio a esses estudantes, que muitas vezes já lutam contra os efeitos debilitantes do transtorno em suas vidas cotidianas. Nossas escolas estão exigindo cada vez mais de crianças cada vez menores (Barkley et al., 1990; Biederman et al., 1997). Diante desse cenário, é imperativo investigar mais profundamente as nuances do TDAH e seu impacto no desempenho escolar, buscando formas eficazes de apoio e intervenção para esses alunos.
Pesquisas sobre os processos psicopatológicos, a neurobiologia e a neuropsicologia do TDAH indicam uma possível disfunção no córtex pré-frontal, nas conexões com a circuitaria subcortical e com o córtex parietal, o que pode estar associado ao quadro clínico do TDAH (Rohde et al., 2019). Essas modificações seriam responsáveis pelo comportamento inibitório e pelas funções executivas, que permitem ao indivíduo realizar ações voluntárias, autônomas e direcionadas a objetivos específicos, incluindo memória de trabalho, planejamento, autorregulação da motivação, controle do impulso para agir em direção a um objetivo definido e internalização da fala (Barkley et al., 1990; Biederman et al., 1997; Rohde et al., 2019). O sucesso na realização dessas funções depende da capacidade da pessoa de inibir pensamentos e impulsos.
Segundo Benczik (2000), as funções executivas englobam um conjunto de processos essenciais para o controle cognitivo do comportamento, incluindo processos cognitivos fundamentais como controle da atenção, inibição cognitiva, controle inibitório, memória de trabalho e flexibilidade cognitiva. A importância das funções executivas no aprendizado e nas dificuldades de aprendizagem é bastante evidente, pois a leitura e compreensão de textos, as estratégias de organização e a capacidade de raciocínio dependem desses processos atencionais e de memória. Benczik (2000) destaca que existem evidências que ligam as funções executivas à aprendizagem. Habilidades como seleção, organização, elaboração, retenção e transformação de informações relevantes são necessárias em todos os momentos no contexto escolar, mesmo nos níveis iniciais de ensino.
O DSM -5 indica que a prevalência dos transtornos de aprendizagem varia entre 5% e 15% em três áreas: leitura, escrita e matemática, levando em conta diferentes idiomas e culturas (APA, 2013). Fortes (2014) realizou uma pesquisa sobre a prevalência desses transtornos, suas comorbidades e correlatos, utilizando o DSM-5 como referência, com uma amostra de 1.618 crianças e adolescentes do 2º ao 6º ano escolar, abrangendo as quatro regiões do Brasil. Os resultados obtidos foram os seguintes: 7,6% para comprometimento global, 5,4% para dificuldades na escrita, 6,0% para problemas na área de aritmética e 7,5% para dificuldades na leitura.
De acordo com De oliveira et al (2024), o TDAH pode ser visto como um fenômeno secundário à desatenção, que impacta diretamente o desempenho dos indivíduos. Pesquisas os autores supracitados revelaram que pessoas com TDAH apresentam dificuldades na compreensão de leitura, principalmente devido à incapacidade de filtrar informações irrelevantes. Esses indivíduos também enfrentam problemas com a atenção sustentada e a memória de trabalho, o que dificulta a formação de uma representação coerente do texto, pois têm dificuldade em recuperar informações lidas anteriormente.
Assim, a compreensão textual pode ser afetada pela perda de informações importantes, resultando em um menor número de inferências e dificuldade em identificar inconsistências no texto (De Oliveira et al., 2024;).
Alunos com TDAH frequentemente não se atentam a detalhes, não copiam frases da lousa corretamente, erram na acentuação das palavras e não completam letras como o “i” ou o “t”, o que revela um déficit visual-motor que prejudica sua coordenação visuomotora e resulta em uma resposta motora reduzida. Eles podem ter dificuldades em tarefas que envolvem escrever, desenhar, traçar ou copiar. Além disso, muitas vezes têm dificuldade em se concentrar em uma única atividade por um período prolongado, evidenciando uma coordenação visual-motora deficiente e dificuldades na gestão do tempo (Benczic, 2010).
No protocolo de avaliação diagnóstica para crianças e adolescentes, é essencial que o profissional inclua uma avaliação da saúde mental dos pais e/ou responsáveis. Para todas as idades, os critérios diagnósticos devem levar em conta os sintomas ajustados ao estágio de desenvolvimento, e é fundamental considerar as perspectivas das crianças e jovens com TDAH (Rohde et al., 2019). Isso enfatiza a importância de envolver a criança e adolescente no processo de avaliação, independentemente da sua habilidade em descrever seus sintomas com precisão.
A Neuropsicologia é um campo essencial que se concentra na análise da relação entre o cérebro e o comportamento, oferecendo contribuições valiosas para apoiar indivíduos com Transtornos do Neurodesenvolvimento. Esses transtornos, como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), entre outros, exigem uma abordagem clínica cuidadosa e especializada. De acordo com Ellis e Young (2013), a Neuropsicologia não apenas busca compreender as dificuldades enfrentadas por essas pessoas, mas também oferece intervenções específicas que podem promover seu desenvolvimento e inclusão social.
No ambiente clínico, a atuação da Neuropsicologia envolve uma avaliação completa que possibilita identificar as funções cognitivas afetadas e as habilidades mantidas dos indivíduos. A avaliação neuropsicológica é um procedimento crucial, pois oferece dados importantes sobre o perfil cognitivo do paciente, servindo de base para intervenções personalizadas (Ellis; Young, 2013). Assim, essa avaliação vai além da mera identificação de déficits; ela também destaca potencialidades que podem ser aproveitadas nas intervenções.
Dentro desse objetivo de avaliação, destaca-se a Neurometria, é uma metodologia que avalia e treina o cérebro, ajudando a identificar disfunções e a tratar transtornos neurológicos. A Neurometria permite uma análise detalhada das capacidades cognitivas, contribuindo para um diagnóstico mais preciso e fundamentado. Essa metodologia não apenas auxilia na compreensão das dificuldades enfrentadas pelo indivíduo, mas também oferece um caminho claro para estratégias de intervenção eficazes.
Assim, ao integrar os conhecimentos da Neuropsicologia com práticas de avaliação como a Neurometria, é possível desenvolver um suporte mais eficaz para pessoas com TDAH, promovendo seu bem-estar e potencializando suas habilidades.
A análise funcional do sistema nervoso autônomo e das áreas cerebrais com hipo ou hiperatividade é fundamental para a intervenção precoce em distúrbios psiquiátricos. Essa abordagem visa interromper a evolução de sintomas, evitando que circuitos disfuncionais se transformem em manifestações iniciais ou em síndromes completas. A interpretação do exame D.L.O. possibilita a identificação de sintomas que, muitas vezes, permanecem assintomáticos, permitindo um tratamento personalizado que busca reduzir ou eliminar a sintomatologia apresentada pelos pacientes.
Nesse contexto, a Neurometria Funcional emerge como uma ferramenta valiosa para avaliação e intervenção multidisciplinar, especialmente no enfrentamento de dificuldades de aprendizagem e no comportamento. Essas dificuldades frequentemente se manifestam por meio de sintomas como ansiedade, problemas no controle de inibitório, dificuldades de manter atenção e concentração, organização e planejamento. Tais questões podem ser influenciadas por fatores relacionados ao TDAH. Este artigo se propõe a investigar alunos do município de Jaboticabal com idades de 07 à 12 anos que apresentaram sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade com auxílio da neurometria e protocolos de avalição e após essa investigação desenvolver intervenções multidisciplinares que podem contribuir positivamente para a redução dos sintomas que causam prejuízos na aprendizagem e no meio social.
A identificação precoce e intervenções adequadas são cruciais para garantir que esses alunos recebam o apoio necessário. A neurometria funcional emerge como uma ferramenta inovadora para avaliar as funções cerebrais através de sensores, permitindo monitorar o sistema nervoso e cognitivo, enquanto uma equipe multiprofissional composta por pedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos e psiquiatras pode oferecer uma abordagem holística no tratamento.
OBJETIVOS
O objetivo deste estudo é avaliar e intervir nas condições neuropsicológicas dos alunos com TDAH, visando melhorar seu desempenho acadêmico e social.
METODOLOGIA
A pesquisa foi realizada no Centro Municipal Multiprofissional de Atendimento Educacional Especializado (CEMMAEE) de Jaboticabal durante o ano letivo de 2024. O estudo envolveu 25 alunos do ensino público municipal, com hipótese ou diagnóstico de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), que foram encaminhados para atendimento multiprofissional no CEMMAEE.
INSTRUMENTOS
– Avaliações Neuropsicológicas: Foram aplicadas avaliações neuropsicológicas utilizando protocolos combinados com exames de neurometria funcional (DLO e POC) para mapear a atividade cerebral dos estudantes.
– Exame DLO da Neurometria Funcional: Este exame realiza uma análise abrangente do sistema nervoso e das funções cognitivas, onde as siglas D, L e O correspondem às posições Deitado, Levantar e Ortostático. Com duração média de 7 minutos, resulta em um laudo detalhado que auxilia os profissionais na finalização dos diagnósticos. A inteligência artificial é responsável pela captação, execução e interpretação dos dados, além de elaborar um plano de tratamento considerando mais de 45 vias nervosas.
– Exame POC (Predomínio de Ondas Cerebrais): Este protocolo analisa qual onda cerebral está predominando e melhora as funções neurofisiológicas, emocionais e racionais. A avaliação é realizada por meio de um questionário que ativa diversas áreas do cérebro. A inteligência artificial analisa as respostas obtidas, resultando em um laudo final com relevância clínica significativa.
– G.O.C. (Gerador de Ondas Cerebrais): Utilizado após o POC para identificar o predomínio das ondas cerebrais do aluno. O mecanismo conhecido como Batimento Biauricular gera ou estimula ondas sonoras, adaptando temporariamente o cérebro a um novo estado mental.
TESTE DE AVALIAÇÃO
Após os exames de neurometria (DLO e POC), foram aplicados diversos testes para avaliar aspectos como atenção, hiperatividade e impulsividade:
– TAC (Teste de Atenção por Cancelamento)
– Testes de Trilha Partes A e B
– Tarefa Span de Blocos
– Tarefa Span de Dígitos
– Torre de Londres
– Torre de Hanói
– Escalas SNAP e ETDAH-II para coletar informações adicionais sobre o comportamento e desempenho dos alunos.
EQUIPE MULTIPROFISSIONAL
Foi formada uma equipe composta por profissionais da educação, psicologia e psiquiatria para analisar os dados coletados e desenvolver planos de intervenção.
INTERVENÇÕES
As intervenções foram elaboradas com base nos resultados obtidos na neurometria funcional, utilizando estratégias pedagógicas, psicológicas e fonoaudiológicas adaptadas às necessidades específicas dos alunos. As abordagens terapêuticas incluíram a aplicação inicial do GOC seguida por atividades que estimulam as funções executivas, redução da ansiedade e relaxamento.
RESULTADOS
Os dados indicaram que 80% dos alunos avaliados apresentaram resultados compatíveis com o diagnóstico de TDAH na qual, 60% apresentaram problemas com o sono e ansiedade. Atualmente, pesquisadores da psicopatologia do desenvolvimento têm salientado que o sono agitado ou insuficiente pode resultar em mau funcionamento cerebral (Rotta; Bridi; Bridi, 2018).
As intervenções implementadas utilizando protocolos terapêuticos e da neurometria (como controle de ansiedade sonora ou visual e fisiologia do sono indutiva) resultaram em melhorias significativas no desempenho acadêmico, comportamento em sala de aula e relações interpessoais. Professores relataram um aumento na motivação e engajamento dos alunos nas atividades escolares.
Este estudo avaliou a evolução de alunos diagnosticados com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) após a implementação de uma conduta terapêutica multidisciplinar. Dos 80% dos alunos com diagnóstico de TDAH, 60% demonstraram melhorias significativas em suas condições, conforme evidenciado por exames de DLO da neurometria.
A análise inicial, apresentada na Figura 1, revelou que a região frontal, crucial para a avaliação da capacidade cognitiva em indivíduos com TDAH, apresentava baixa ativação. Observou-se que as regiões periféricas estavam predominantemente ativas, sugerindo um esforço compensatório para o processamento de informações. As regiões Sagital Direito e Esquerdo exibiam áreas mais escuras, indicando disfunções associadas ao TDAH.
Após um período de 8 meses de atendimentos multidisciplinares, com sessões de 2 horas semanais e orientação parental, foi realizada uma nova avaliação neurométrica. A Figura 2 ilustra as mudanças observadas: a região frontal agora mostra uma concentração maior de atividade na área central, indicando uma melhoria na função executiva. Além disso, as regiões periféricas apresentaram uma diminuição nas lesões previamente observadas e ativação do sistema límbico, refletindo uma evolução nas funções emocionais e no controle da ansiedade dos alunos.
Esses resultados comprovam a eficácia da intervenção multidisciplinar na promoção do desenvolvimento cognitivo e emocional em alunos diagnosticados com TDAH.
Figura 1 – resultado análise funcional DLO de captação de sinais fisiológicos e mapeamento cerebral em aluno com características de TDAH realizado em março de 2024.
Figura 2 – resultado análise funcional DLO de captação de sinais fisiológicos e mapeamento cerebral em aluno com TDAH após 8 meses de intervenção multidisciplinar realizado em novembro de 2024.
DISCUSSÃO
Os resultados revelam a crescente prevalência do diagnóstico de TDAH entre estudantes, o que é uma preocupação significativa. A análise dos dados sugere que muitos alunos são rotulados com TDAH devido a comportamentos que, embora possam ser indicativos do transtorno, também são comuns em crianças e adolescentes em diferentes contextos. Isso destaca a necessidade de uma avaliação criteriosa antes de se chegar a um diagnóstico.
Assim, as pesquisas convergem na ideia de que a Neuropsicologia não se limita a compreender as dificuldades enfrentadas pelos indivíduos em seu aprendizado; ela também busca oferecer intervenções específicas que promovam o desenvolvimento e a inclusão desses alunos.
De acordo com Fonseca (2009), a abordagem de Luria sobre a organização neuropsicológica da cognição se estabelece como um paradigma essencial para a educação e reabilitação. Essa perspectiva enfatiza a importância de desenvolver habilidades e sub-habilidades cognitivas, como atenção, memória e metacognição, que são fundamentais para o aprendizado. Nesse sentido, o aprimoramento da leitura e escrita deve ser acompanhado por programas de enriquecimento linguístico e treinamento cognitivo, com o objetivo de otimizar o potencial de aprendizagem de todos os estudantes, incluindo aqueles que enfrentam dificuldades.
Além disso, essa abordagem destaca a relevância das funções executivas no processo de aprendizado. Fonseca (2009) ressalta que os processos atencionais e de memória são cruciais para atividades escolares, como leitura e compreensão de textos. Essa ênfase nas funções executivas ajuda a entender como esses processos impactam diretamente o desempenho acadêmico dos alunos.
A correlação entre essa abordagem e as intervenções terapêuticas baseadas em protocolos específicos e neurometria é evidente. Tais intervenções têm demonstrado resultados significativos no desempenho acadêmico, comportamento em sala de aula e nas relações interpessoais dos alunos. Pode-se observar um aumento na motivação e no engajamento dos estudantes nas atividades escolares, o que reforça a importância de integrar práticas neuropsicológicas ao ambiente educacional. Assim, ao promover um desenvolvimento holístico das capacidades cognitivas, é possível não apenas melhorar o aprendizado, mas também promover um ambiente escolar mais inclusivo e inspirador.
No desenvolvimento deste trabalho, as ideias apresentadas por Bertolino (2018) estabelecem uma correlação significativa com as propostas aqui abordadas. A autora discute a interação benéfica e eficaz a cada atendimento clínico, seja com abordagem terapêutica ou com a neurometria, possibilitando a análise e comparação das habilidades e dificuldades, o que ressoa com minha perspectiva sobre a combinação dos saberes da Neuropsicologia com métodos de avaliação como a Neurometria. Isso torna viável criar um apoio mais eficiente para indivíduos com TDAH, favorecendo seu bem-estar e potencializando suas competências. Essa conexão reforça a importância de um enfoque multidisciplinar na intervenção com esses indivíduos, pois ao integrar diferentes áreas do conhecimento, conseguimos não apenas entender melhor as necessidades específicas de cada aluno, mas também desenvolver estratégias personalizadas que promovam um aprendizado mais significativo e inclusivo. Dessa forma, fica evidente que a sinergia entre teoria e prática é fundamental para otimizar os resultados no desenvolvimento das habilidades cognitivas e emocionais dos estudantes.
Esses resultados têm uma importância em dois aspectos: primeiro, eles enfatizam a necessidade de intervenções e suportes adequados para crianças diagnosticadas com TDAH, considerando suas particularidades comportamentais e cognitivas. As intervenções devem ser personalizadas e focadas em suas dificuldades específicas, como controle inibitório e funções executivas, que são frequentemente afetadas no TDAH. Ao abordar essas questões, as intervenções podem ajudar a melhorar o desempenho acadêmico e as interações sociais das crianças.
Em segundo lugar, esses resultados ressaltam a relevância da formação de pais e educadores sobre o TDAH. É fundamental que eles compreendam não apenas os sintomas do transtorno, mas também as nuances do comportamento infantil. Pais bem informados podem apoiar melhor seus filhos em casa e colaborar com educadores para criar ambientes de aprendizado mais inclusivos e a importância da alimentação adequada.
Além disso, a utilização de ferramentas como a neurometria funcional pode oferecer uma abordagem inovadora para avaliar as funções cerebrais e monitorar o progresso das intervenções. Isso permite um tratamento mais direcionado e eficaz, ajudando a reduzir os sintomas que prejudicam a aprendizagem e as relações sociais.
Portanto, ao entender a complexidade do TDAH e sua manifestação nas crianças, podemos promover intervenções mais eficazes que não só auxiliem os alunos diagnosticados, mas também preparem pais e educadores para lidar com esses desafios de forma mais empática e informada.
Os resultados sugerem que a combinação da neurometria funcional com uma abordagem multiprofissional proporciona diagnósticos mais precisos e intervenções mais eficazes para estudantes com TDAH. Essa integração permite uma compreensão abrangente das necessidades dos alunos, promovendo um ambiente escolar mais inclusivo e propício ao aprendizado.
O presente estudo realizado no CEMMAEE de Jaboticabal, ao envolver alunos com hipótese ou diagnóstico de TDAH, destaca a importância de uma abordagem multiprofissional e inovadora no manejo das dificuldades enfrentadas por esses estudantes. O uso da neurometria funcional, em particular, revela-se um recurso promissor para mapear a atividade cerebral e compreender melhor os desafios enfrentados pelos alunos com TDAH. A combinação da neurometria, aliados ao atendimento multiprofissional, proporciona uma avaliação mais profunda das funções cognitivas e emocionais, permitindo que as intervenções sejam adaptadas às necessidades específicas de cada aluno. Essa abordagem colaborativa é essencial para garantir que estratégias pedagógicas e terapêuticas estejam alinhadas para superar dificuldades de concentração e memorização que podem estar associadas à ansiedade e transtorno do sono.
A discussão em torno da relação entre TDAH e ansiedade é fundamental, pois os dados indicam que existe um ciclo negativo em que a pressão nos estudos aumenta a ansiedade, levando a um desempenho escolar abaixo do esperado.
Em geral, a pesquisa realizada no CEMMAEE demonstra a eficácia da combinação de abordagens neuropsicológicas associada a neurometria e intervenções personalizadas no tratamento do TDAH. Futuros estudos devem continuar explorando estas interações para desenvolver práticas ainda mais eficazes no apoio aos estudantes com TDAH e suas famílias.
CONCLUSÃO
A neurometria funcional se destaca como uma ferramenta valiosa no diagnóstico e intervenção do TDAH nas escolas municipais de Jaboticabal. A colaboração entre profissionais da educação e saúde potencializa os resultados positivos, contribuindo significativamente para o desenvolvimento acadêmico e social dos alunos afetados pelo transtorno.
Os resultados sugerem que a abordagem multiprofissional e inovadora utilizada neste estudo pode contribuir para a valorização de um ambiente escolar mais inclusivo e acolhedor. As técnicas propostas visam não apenas melhorar o desempenho escolar, mas também abordar as dificuldades de concentração e memorização frequentemente associadas à ansiedade.
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1Graduada em Pedagogia. Pós-graduada em Psicopedagogia, Neuropsicopedagogia e Neurociência e Educação. Graduanda em Psicologia na Faculdade de Educação São Luís de Jaboticabal.
2Graduado em Psicologia e Pedagogia. Docente na Faculdade de Educação São Luís de Jaboticabal