CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO PACIENTE EM SEPSE: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

NURSING CARE FOR PATIENTS WITH SEPSIS: AN INTEGRATIVE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202502250830


Tatiane Raquel Santana da Cruz1; Rose Ramos Soares2; Liliane Nunes de Oliveira3; Geovana Simões Carneiro da Cruz4; Adriana Jesus Oliveira5; Claudia Regina dos Santos Brandão6; Rosilene Barbosa Carvalho7; Brianna Pereira David8; Amanda da Silva Lobo9; Thais Carolina Joviano Da Silva10


Resumo 

O propósito do estudo consiste em descrever a atuação da enfermagem na detecção precoce e tratamento da sepse na UTI. A revisão integrativa tem como objetivo reunir e apresentar os resultados de estudos sobre a identificação da sepse pela equipe de enfermagem. Foram realizadas buscas por publicações científicas indexadas nas seguintes bases de dados: LILACS e BDENF. A sepse é uma condição de saúde bastante comum em unidades de saúde e a atuação do enfermeiro é crucial desde a admissão do paciente até a alta hospitalar. É indispensável que este esteja preparado para identificar sinais e sintomas iniciais do quadro e agir de forma rápida e adequada, prevenindo possíveis complicações. A capacitação é crucial por levar o conhecimento para qualquer lugar; oferece uma educação continuada e permanente para a prática assistencial do enfermeiro, o que é extremamente importante para evitar danos. Percebeu que ainda há uma grande falta de estudos que auxiliem essa temática para todos os profissionais de enfermagem sobre a sepse e que é necessário fazer mais estudos para, assim, espalhar as boas práticas na assistência frente aos casos de septicemia, aumentando a chance de diagnosticar a sepse antes que ela seja diagnosticada.

Palavras-chave: Sepse; serviço hospitalar; enfermagem; cuidados de enfermagem; Uti.

Abstract 

The purpose of the study is to describe the role of nursing in the early detection and treatment of sepsis in the ICU. The integrative review aims to gather and present the results of studies on the identification of sepsis by the nursing team. Searches were carried out for scientific publications indexed in the following databases: LILACS and BDENF. Sepsis is a very common health condition in healthcare units and the role of nurses is crucial from the moment a patient is admitted to hospital until they are discharged. It is essential that nurses are prepared to identify the initial signs and symptoms of sepsis and act quickly and appropriately to prevent possible complications. Training is crucial because it takes knowledge anywhere; it offers continuing and ongoing education for nurses’ care practice, which is extremely important for preventing harm. It was noted that there is still a great lack of studies on sepsis to help all nursing professionals and that more studies are needed to spread good practices in sepsis care, increasing the chance of diagnosing sepsis before it is diagnosed.

Keywords: Sepsis; hospital service; nursing; nursing care; uti.

1. Introdução 

A sepse tem alta incidência, alta letalidade e custos elevados, sendo a principal causa de mortalidade em unidades de terapia intensiva. Está claramente demonstrado que pacientes reconhecidos e tratados precocemente têm melhor prognóstico. Nesse sentido, a abordagem precoce do agente infeccioso, tanto no sentido do controle do foco infeccioso como da antibioticoterapia adequada, são fundamentais para a boa evolução do paciente. 1

Dessa forma, a alta mortalidade por sepse grave e choque séptico está intimamente relacionada à inadequação da abordagem do agente infeccioso. A conduta terapêutica, incluindo a antimicrobiana, vai diferir, substancialmente, segundo o local da infecção primária. O controle do foco é pré-requisito para que as defesas do hospedeiro, bem como a antibioticoterapia, tenham sucesso na eliminação do agressor. Vários trabalhos demonstram que a escolha inicial inadequada do esquema antimicrobiano pode levar a aumento significativo da taxa de mortalidade em pacientes sépticos.

Além disso, as evidências mostram que a adesão a protocolos de tratamento reduz a variabilidade nos cuidados e melhora os resultados.

Modificações importantes a respeito da fluidoterapia foram introduzidas, principalmente quanto ao volume a ser administrado, tempo de administração e ao tipo de solução, na dependência da disponibilidade de recursos e da gravidade do caso. 2

A sepse é uma síndrome causada pela resposta inflamatória sistêmica do indivíduo, de maneira descontrolada e de origem infecciosa.  Essa patologia afeta o mundo todo, sobretudo na saúde da população, e acarreta em torno de 6 milhões de óbitos ao ano. Além de ser a principal causa de mortalidade hospitalares, acomete custos de 23,7 bilhões de dólares ao ano direcionados à sua terapêutica em hospitais nos Estados Unidos. 3

Os principais microrganismos envolvidos na sepse são as bactérias, mas também podem decorrer de vírus, fungos e protozoários. As infecções com maior prevalência são as do trato respiratório devido à intubação, do trato urinário por conta do cateter vesical e da corrente sanguínea ocasionada pelo cateter venoso. 4

Ressalta-se que a síndrome é muito ligada ao termo infecção generalizada, mas esse termo nos dá a entender que a sepse desencadeia uma infecção em todo o organismo e não é isso o que acontece. O corpo gera uma resposta inflamatória para tentar combater o agente infeccioso, no caso da sepse essa resposta inflamatória ocorre de maneira desregulada e em todo o organismo, o que pode levar ao comprometimento de alguns órgãos. 4

Na unidade de terapia intensiva (UTI), a sepse é motivo de preocupação por ser uma doença grave e de alta mortalidade. Nos ambientes de tratamento intensivo o risco para o desenvolvimento da sepse se eleva, devido a condições que contribuem para esse quadro, como a gravidade do paciente, idade avançada, procedimentos invasivos como sondagem vesical, intubação endotraqueal, e outras condições que quebram as barreiras de defesa natural do organismo. 5

É imperativo destacar que existem condições que podem afetar a resposta imunológica do paciente, aumentando sua suscetibilidade a infecções, como: envelhecimento da população, procedimentos mais invasivos, pacientes imunossuprimidos, diabete mellitus, alcoolismo, desnutrição, vírus da imunodeficiência humana (HIV) e número maior de infecções por microrganismos multirresistentes aos antibióticos. A sepse possui dois estágios: Sepse: Disfunção orgânica que ameaça a vida, ocasionada pela resposta desregulada do organismo a uma infecção. 6

As abordagens terapêuticas e dos recursos tecnológicos avançados dispensados aos pacientes graves, eles podem desenvolver vários tipos de sepse: grave, choque séptico, em decorrência da complexidade e variedade de casos de pacientes internados em uma UTI. 7

Pacientes estes que, muitas das vezes, estão imunodeprimidos, são idosos, doentes crônicos e que, com tempo prolongado de internação e passando por procedimentos invasivos, acarreta um impedimento ou quebra das barreiras naturais do organismo, ocasionando uma infecção. 6,7

Devido a suas manifestações, geralmente, não serem permeadas por um ictus como ocorre no infarto agudo do miocárdio (IAM) ou no acidente vascular isquêmico cerebral (AVCi), a sepse comumente passa despercebida até estágios avançados, mesmo em instituições hospitalares. 8

Anualmente 600 mil pessoas desenvolvem sepse no país. Além disso, aponta-se que a taxa de óbitos por síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS) é de 24,2%, por sepse de 33,9%, sepse grave 46,9% e choque séptico 52,2%. Logo, entende-se que a sepse é um problema de saúde pública que pode ser evitado e/ou reduzida a sua mortalidade, por meio de sistemas de reconhecimento precoce e tratamento emergencial padronizados. 7,8

O diagnóstico precoce da sepse, bem como a mudança ou interrupção do seu curso, associado com uma terapêutica eficaz, estão diretamente associados ao prognóstico do usuário que busca o serviço de saúde. Contudo, a mortalidade dos pacientes com esse quadro ainda é um número significativamente alto. 9

No que confere ao diagnóstico da síndrome séptica, fundamentado na detecção do foco infeccioso e na presença de disfunções orgânicas. 10

Além disso, os exames são direcionados para a identificação da presença de infecção, onde são hemogramas e para a detecção do foco da infecção, radiografia de tórax e exames de urina. 10

Para isso, é essencial a identificação do agente infeccioso, com coleta de culturas de todos os sítios que tenham suspeita de infecção. São ainda fundamentais os exames para detectar a presença de mau funcionamento dos órgãos, especialmente a análise dos níveis de lactato, que revela se a oferta de oxigênio aos tecidos está correta. 9,10

Já na visão de Massambani et al. 4, quando diagnosticada a sepse ou o choque séptico, devem ser imediatamente tomadas condutas que visam à estabilização do paciente nas primeiras horas, com isso foram criados os pacotes da sepse. 

O primeiro foi o pacote de três horas, e deve ser implementado nas três primeiras horas, que inclui coleta de lactato para avaliar a oferta de oxigênio dos tecidos; coleta de hemocultura para identificar a presença do microrganismo antes do início da antibioticoterapia e da administração de cristaloides para reposição volêmica; iniciar antibioticoterapia nas primeiras horas; e reposição volêmica. E o segundo é o pacote de seis horas, e consiste no uso de vasopressores; reavaliação da volemia e perfusão tecidual e reavaliação dos níveis de lactato.4

No que confere ao enfermeiro, Dutra et al. 10 apontam que esse profissional tem uma função de grande importância no atendimento, identificação e tratamento do paciente com septicemia. Para isso, conta com a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) que organiza o trabalho quanto ao método, pessoal e instrumentos, permitindo a operacionalização do processo de enfermagem é um instrumento metodológico que orienta o cuidado profissional de enfermagem e a documentação da prática profissional. 

Ademais, a assistência de enfermagem dar-se-á pelas etapas do processo de enfermagem (PE), onde se torna fundamental na identificação dos sinais e sintomas da sepse, tendo a anamnese e o exame físico como peça-chave para diagnóstico precoce junto à equipe multidisciplinar. 10

Associados ao PE, desenvolveram-se os pacotes conhecidos como bundles, articulando-se a uma série de intervenções alicerçadas em evidências científicas publicadas em pesquisas científicas, os denominados pacotes de sepse. Os pacotes de 3h e 6h foram reunidos em um exclusivo de 1h em sua revisão no Surviving Sepse 2018, levando a mudanças importantes com uma abordagem mais rápida e com a enfermagem possuindo um papel fundamental em sua aplicação. 11

Assim, o trabalho se justifica pela importância da padronização do processo de enfermagem e o conhecimento da atuação do enfermeiro, pautada em evidências científicas prestadas em pacientes que possam desenvolver sepse. 5

Dessa forma, buscou responder à seguinte questão: quais os cuidados de enfermagem aos pacientes com sepse pela equipe de enfermagem?

Sendo este um objeto relevante para auxiliar no entendimento de que a enfermagem precisa ter conhecimento em relação às suas funções no contexto da terapia intensiva para detectar e planejar o cuidado frente a sepse, aderindo para seu processo de trabalho esse conhecimento, com o intuito de prestar uma assistência sistematizada e humanizada. 

Diante disso, o objetivo do estudo é descrever a atuação do enfermeiro na detecção precoce e tratamento da sepse na UTI.

2. Metodologia 

Trata-se de uma revisão integrativa para reunir e sintetizar resultados de estudos sobre a identificação da sepse pela equipe de enfermagem: uma revisão de literatura e, assim, delinear cuidados de enfermagem. 

Realizou-se a busca de publicações científicas indexadas nas seguintes bases de dados: literatura latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Base de Dados de Enfermagem (BDENF). 

Utilizaram-se os descritores “Sepse, “Serviço hospitalar” e “Enfermagem”. Os critérios de inclusão de estudos nesta revisão foram os seguintes: ter sido publicado em formato de artigo científico, tratar-se de estudo publicado em português, estar disponível na íntegra na base de dados consultada e tratar do atendimento inicial ao paciente com dor precordial em serviço de emergência como foco principal ou como um aspecto relevante no estudo.

Na base de dados BDENF, foram encontrados 04 estudos, na LILACS 05 e na SciELO 01, MEDLINE 83, totalizando 93 estudos. Conforme o objetivo desta revisão, os estudos foram pré-selecionados pelo título e resumo, obedecendo aos critérios de inclusão adotados. Na base de dados BDENF foram pré-selecionados 03 estudos, MEDLINE 22, na LILACS 19, na SCIELO 01, totalizando 45 estudos. Após retirada de duplicatas e leitura dos estudos na íntegra, a amostra final constituiu-se de 10 estudos.

A análise das publicações científicas deu-se a partir de sua leitura crítica e detalhada, extraindo-se delas os fatores mais relevantes que afetam a prática clínica do enfermeiro no que concerne à identificação da sepse no contexto hospitalar. Desta forma, a síntese dos dados é apresentada descritivamente.

A análise e síntese dos artigos foram realizadas descritivamente a fim de avaliar a qualidade das evidências, segundo critérios estabelecidos por estudiosos da enfermagem.

A revisão integrativa inclui a análise de pesquisas relevantes que dão suporte para a tomada de decisão e a melhoria da prática clínica, possibilitando a síntese do estado do conhecimento de um determinado assunto, além de apontar lacunas do conhecimento que precisam ser preenchidas com a realização de novos estudos. Este método de pesquisa permite a síntese de múltiplos estudos publicados e possibilita conclusões gerais a respeito de uma particular área de estudo. 20

3. Resultados e Discussões

Dentre os artigos selecionados, foi realizado um resumo das publicações dos mesmos, onde foi realizada a interpretação dos artigos selecionados por autor/país/ano, tipo de estudo, objetivos, principais resultados e recomendações, conforme mostra o quadro 1, abaixo.

AnoTítuloAutoresTipo de estudoObjetivosPrincipais resultados
2017Conhecimento dos profissionais de enfermagem sobre sepse – estudo em um hospital universitário de Fortaleza/CearáSilva TTSC, Rodrigues JLN, Amaral GP, Peixoto-Júnior AATransversalAvaliar o conhecimento dos profissionais de enfermagem de um Hospital Universitário do CearáRevelou-se que há lacunas do conhecimento sobre a sepse e os sinais relativos a essa condição, justificando a necessidade de treinamento.
2017Ações do enfermeiro na identificação precoce de alterações sistêmicas causadas pela sepse graveGarrido F, Tieppo L, Pereira MD da S, Freitas R de, Freitas WM de, Filipini R, Coelho PG, Fonseca FLA, Fiorano AMM.DescritivoVerificar as ações do enfermeiro para a identificação precoce das alterações sistêmicas causadas pela sepse grave relacionadas às alterações hemodinâmicas, neurológicas, respiratórias, renais e nutricionais dos pacientes internados em UTIs adulto.Os enfermeiros encontram dificuldade na identificação precoce das alterações sistêmicas causadas pela sepse grave relacionada às alterações hemodinâmicas, neurológicas, respiratórias, renais e nutricionais dos pacientes
2020O papel do enfermeiro perante o paciente crítico com sepseBranco MJC, Lucas APM, Marques RMD, Sousa PP.revisão integrativa da literaturaconhecer as intervenções de enfermagem na identificação, prevenção e controle da sepse no paciente críticoAs intervenções de enfermagem centram-se na criação/imple- mentação de protocolos que auxiliem o reconhecimento precoce da sepse, na formação das equipes para garantir uma abordagem segura e eficaz e na adoção de medidas que promovam a prevenção e o controle de infecção como forma de prevenir a sepse.
2019Associação dos fatores demográficos, clínicos e do manejo terapêutico no desfecho de pacientes sépticos atendidos em uma emergência hospitalarDuarte RT, Oliveira APA de, Moretti MMS, Urbanetto J de SDocumental retrospectivoIdentificar a associação dos aspectos demográficos, clínicos e do manejo terapêutico no desfecho dos pacientes diagnosticados com sepse em uma emergência hospitalarHá associação entre o perfil demográfico do paciente, comorbidades, disfunções orgânicas e manejo terapêutico, com a gravidade da sepse e o desfecho.
2019Os enfermeiros estão atualizados para o manejo adequado do paciente com sepse?Goulart LS, Ferreira Júnior MA, Sarti ECFB, Sousa AFL, Ferreira AM, Frota OPDescritivoAvaliar o conhecimento dos enfermeiros que atuam em enfermarias sobre as definições do Sepsis-3 e atualizações da Surviving Sepsis CampaignOs enfermeiros não apresentam conhecimento satisfatório para identificação, tratamento e gerenciamento clínico da sepse de forma adequada. Existe a necessidade de maiores incentivos profissionais, institucionais e políticos, com vistas às
implementa- ções da educação permanente e do protocolo de sepse.
2019O conhecimento do enfermeiro frente ao protocolo da sepse em um serviço de emergência de hospital público de grande porteMiranda AP, Silva JRD, Duarte MGDTransversalDescrever o conhecimento dos enfermeiros quanto a identificação precoce da Sepse em uma Emergência de um Hospital de Grande Porte do Recife.A sepse, atualmente, é um grande problema vivenciado nos hospitais com altos custos nos setores públicos e privados
2019Avaliação de um protocolo clínico por enfermeiros no tratamento da sepseVeras RES de, Moreira DP, da Silva VD, Rodrigues SEDescritivoAvaliar o uso de um protocolo clínico por enfermeiros da emergência no tratamento da sepse em um hospital particular.Essa assistência, incidem ainda os desafios que eles enfrentam para que o processo tenha início e fim, e não seja interrompido por qualquer eventualidade, como demora dos serviços acionados.
2020Conhecimento de enfermeiros de um serviço de emergência sobre sepseFerreira E, Campanharo CRV, Piacezzi LHV, Rezende MCBT, Batista R, Miura CRMTransversalAvaliar o conhecimento sobre sepse dos enfermeiros de um serviço de emergência.Verificou-se desatualização quanto aos protocolos mais recentes sobre definição e gerenciamento da sepse. Assim, este estudo sinaliza a necessidade de medidas institucionais para fixação e atualização deste conteúdo.
2020A importância da identificação precoce da sepse pela equipe de enfermagem no serviço de emergênciaRibeiro LLDescritivoDiminuir a mortalidade pela doença com uma ação rápida no primeiro atendimento.O conhecimento acerca de sepse, sepse grave e choque séptico por parte dos profissionais de enfermagem e medicina que atuam na unidade de urgência e emergência estudada ainda é restrito e precisa ser ampliado.
2020Adesão ao protocolo de sepse em um serviço de emergência relacionado à taxa de mortalidade intra-hospitalarKochhan SI, Mello AS de, Dani C, Junior LAFCoorte retrospectivo comparativoAvaliar a adesão dos profissionais de saúde ao protocolo de tratamento da sepse em um serviço de emergência, e os índices de mortalidade antes e após a implementação do protocolo gerenciado neste serviçoConcluímos que houve uma boa adesão dos profissionais de saúde ao protocolo de sepse instituído no serviço de emergência. Melhores desfechos foram demonstrados, especialmente quanto às taxas de mortalidade que diminuíram consideravel-mente após a implementação do protocolo de sepse.
Fonte: A autora, 2025.

Após a análise criteriosa, constatou-se que a sepse é uma condição de saúde muito recorrente em unidades de saúde e que a atuação do enfermeiro é fundamental desde a admissão do paciente até a alta hospitalar, necessitando estar apto para identificar sinais e sintomas iniciais do quadro e agir de forma rápida e adequada, prevenindo possíveis complicações. 

Conforme os estudos de Branco et al. 5 com vistas à otimização clínica do paciente, o cuidado inicial do paciente precisa ser identificado e iniciado imediatamente. 

Para Ribeiro 3, destaca a importância da assistência de enfermagem e o enfermeiro, bem como sua equipe, devem iniciar a observação pela identificação de risco, sendo que, inicialmente, seja necessário identificar as definições, conceitos, fisiopatologia, quadro clínico e intervenções terapêuticas relativas ao quadro de septicemia. 

Assim, vale destacar que a busca de atualizações deve ser continuada e permanente, uma vez que o enfermeiro usa o processo ensino-aprendizagem em toda sua assistência. O enfermeiro é, ainda, um multiplicador de saberes para a equipe e propicia a implantação de protocolos e condutas, fundamentados em evidências científicas, para o cuidado ser feito uniformemente. 3

Com base nos achados de FERREIRA et al. 12, observou-se que, por ser uma doença de diagnóstico complexo e ter uma grande porcentagem de morbimortalidade, a sepse é uma questão de saúde pública, que demanda um olhar holístico, sobretudo, da enfermagem. Sua sintomatologia possui ligação estreita com doenças que desviam a identificação da sepse, esse fator é o principal para dificultar o reconhecimento antecipado e início da terapêutica correta, levando a uma ameaça fatal.

De acordo com VERAS et al.13, o trabalho do enfermeiro é essencial na identificação do quadro de sepse e na implementação do protocolo clínico dessa condição, uma vez que seja o profissional que permanece mais tempo ao lado do paciente em toda a assistência. 

Dessa forma, o profissional precisa ser devidamente capacitado para a identificação provável ou positiva para sepse, precisa conduzir a análise de modo sistematizado, usando o mecanismo do processo de enfermagem (PE), onde a primeira fase esteja baseada na coleta de dados, no qual a anamnese e o exame físico são importantes para o diagnóstico precoce de sepse e norteiam de maneira clara o cuidado de enfermagem. 13

A importância dos enfermeiros entenderem a diferença entre a denominação e classificação da sepse e de serem treinados para isso, bem como as intervenções necessárias para o tratamento dessa patologia, prevenindo agravos à saúde do paciente. 5

Assim, um programa de Educação Continuada e Permanente aos profissionais envolvendo-se nas transformações de cenários, considerando o saber científico e alicerçado, em detrimento de uma atuação empírica e intuitiva engajando campanhas de combate e prevenção da Sepse e fazer utilização racional, fundamentado em evidências, dos recursos disponíveis e das maneiras mais precoce possível. 5

Semelhantemente, SILVA et al. 14 desenvolveram uma pesquisa a qual enfatizam o papel fundamental da enfermagem e a manutenção do conhecimento sobre essa condição para uma abordagem adequada, abrangendo ações de prevenção e educação, prestação de contas, vigilância de infecções e higienização das mãos, para melhorar o cuidado dos pacientes e de reduzir a morbimortalidade por sepse.

DUARTE et al. 15 realizou uma pesquisa cujo objetivo foi identificar a associação dos aspectos demográficos, clínicos e do tratamento ao desfecho dos pacientes com sepse e os dados mostraram que os indivíduos em choque séptico tendem a receber cuidados de forma diversificada, sendo feita a maioria dos exames laboratoriais possíveis e instalação de dispositivos invasivos como SVD, acesso venoso central e PVC. 

O que demonstra que não é possível concluir, com exatidão, se o cuidado fornecido é correto ou não, posto que se saiba que, na prática, nem todo paciente em sepse demanda receber certos dispositivos analisados nas condutas concernentes à assistência, como acesso venoso central, ventilação mecânica invasiva, entre outros, deixando claro a necessidade de instituição de protocolos de atendimento e capacitação especialmente da enfermagem que atua diretamente com esses quadros. (15,16)

Nessa direção, as habilidades e competências do enfermeiro andam com a relevante função de analisar com criticidade o paciente e participar do processo de tomada de decisões com a equipe multiprofissional, com vistas de assegurar o trabalho em equipe, segundo as recomendações do protocolo atual diante dos casos de septicemia em toda unidade hospitalar. 17,19

Contudo, no estudo de GOULART et al. 17 demonstrou-se que o conhecimento dos enfermeiros se mostra abaixo do que o que demanda para diagnóstico precoce e tratamento dos quadros de pacientes sépticos. 

Uma das mais aceitáveis justificativas apontadas pelos autores é a pouca realização de educação permanente, posto que uma baixa parcela dos participantes da pesquisa recebeu esta estratégia. Isso remete à urgente necessidade de investimentos na atualização permanente da enfermagem. 17,19

Por fim, KOCHHAN et al. 18 corroboram que a detecção de sepse nas unidades de saúde e as estratégias de assistência adequadas para o cuidado da sepse devem acontecer o mais precocemente possível, com intuito, desse modo, ampliar a sobrevida e a qualidade de vida do paciente. É reforçada a necessidade de treinamentos e acompanhamentos da qualidade da assistência prestada pelos enfermeiros, para rápida identificação dos sinais e sintomas que indicam disfunção orgânica, para intervenções imediatas que causam melhores resultados.

4. Considerações Finais

No estudo realizado, notou-se a importância da atuação do enfermeiro, sobressaindo pela função que exerce, atuando em quadros de sepse e na educação continuada de equipes de enfermagem. Justamente por já ter uma formação acadêmica direcionada para uma assistência segura, fundamentada em conhecimentos específicos, epidemiológicos e preventivos, é que ele pode ocupar esse cargo de referência.

Recomenda-se, a instituição de protocolos de assistência que possa trazer vários benefícios no contexto das unidades hospitalares e sobretudo para identificação de quadros de sepse, posto que a detecção precoce desta disfunção, junto ao tratamento e intervenções precoces, podem reduzir custos e óbitos, somando-se elementos positivos para a saúde dos indivíduos.

Portanto, o enfermeiro deve ficar atento aos sinais e sintomas de sepse, como taquicardia, taquipneia, hipotensão, hipóxia e hipoperfusão, que causa rebaixamento do nível de consciência, queda do débito urinário, queda da pressão arterial e redução da oxigenação. 

E para isso, monitorar pressão arterial; frequência e ritmo respiratório; saturação de oxigênio; débito urinário; avaliar nível de consciência. Se tornando o multiplicador de conhecimentos para a equipe e contribuindo para a implantação de protocolos e condutas, alicerçado em evidências científicas, para as ações serem feitas uniformemente.

Conclui-se que, a capacitação é de extrema importância ao levar o conhecimento a qualquer território; oferece educação continuada e permanente para a prática assistencial do enfermeiro que requer esse tipo de ensino para não ocorrerem desvantagens; soma pontos positivos para a identificação precoce de problemas, e uma oferta maior de qualidade na assistência. 

Mas também se analisou que ainda há uma grande deficiência de pesquisas que auxiliam essa temática para toda a equipe de enfermagem acerca da sepse e demanda a realização de mais estudos a fim de que se possa somar a outros e assim disseminar a cultura de boas práticas na assistência frente aos casos de septicemia, proporcionando uma maior chance de diagnosticar a sepse antes que ela evolua para estágios mais graves.

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  1. Kochhan SI, Mello AS de, Dani C, Junior LAF. Adesão ao protocolo de sepse em um serviço de emergência relacionado à taxa de mortalidade intra-hospitalar. REAS [Internet]. 6jan.2020 [citado 9fev.2025];(38):e1856. Available from: https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/1856
  1. Miranda AP, Silva JRD, Duarte MGD.O conhecimento do enfermeiro frente ao protocolo da sepse em um serviço de emergência de hospital público de grande porte. Nursing (São Paulo); v. 22, n. 251, p. 2834-2838, abr.2019. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-998203
  1. Polit DF, Beck CT. Using research in evidence-based nursing practice. In: Polit DF, Beck CT, editors. Essentials of nursing research. Methods, appraisal and utilization. Philadelphia (USA): Lippincott Williams & Wilkins; 2006. p.457-94.

1Mestre em Saúde da Família pela Universidade Estácio de Sá em 2023
https://orcid.org/0000-0002-8923-4959
http://lattes.cnpq.br/4377276706920981
Universidade Estácio de Sá, RJ, Brasil
E-mail: tati.raquel@gmail.com

2Especialista em Urgência e Emergência pela Facuminas em 2024
https://orcid.org/0009-0004-6029-0422
http://lattes.cnpq.br/7725423530064853
Universidade Facuminas, MG, Brasil
E-mail: roseramos170@gmail.com

3Especialista em Planejamento Estratégico e Gestão pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci em 2024
https://orcid.org/0009-0007-3385-5215
http://lattes.cnpq.br/3226719049428665
Centro Universitário Leonardo da Vinci
E-mail: lilianenunes180@gmail.com

4Especialização em Enfermagem Obstétrica pela Faculdade Pitágoras de Feira de Santana, FPFS em 2019
https://orcid.org/0009-0007-5700-4706
http://lattes.cnpq.br/3103258178983657
Faculdade Pitágoras de Feira de Santana, FPFS, Brasil.
E-mail: enfa.geovana@gmail.com

5Graduanda em Enfermagem pela Universidade Anhanguera
https://orcid.org/0009-0001-9826-6223
http://lattes.cnpq.br/8030648014036140
Universidade Anhanguera, RJ, Brasil
E-mail: drica-j-o@hotmail.com

6Especialista em UTI e Gestão de Assistência Intensiva ao Paciente Crítico pela Faveni 2022
https://orcid.org/0009-0001-5694-5084
http://lattes.cnpq.br/8334440092620173
Universidade Nova Imigrante, ES, Brasil
E-mail: brandaoclaudia04@gmail.com

7Graduada em Enfermagem pela Universidade IBMR em 2021
https://orcid.org/0009-0001-5566-0810
https://lattes.cnpq.br/5860195776021829
Universidade IBMR, Rio de Janeiro, Brasil
E-mail: rosycarioca.barbosa@gmail.com

8Graduada em Enfermagem pela CBM-UNICBE em 2024
https://orcid.org/0009-0007-9649-3039
https://lattes.cnpq.br/2513961869233295
CBM-UNICBE, Rio de Janeiro, Brasil
E-mail: briannapereira8@@gmail.com

9Residência Clínica e cirúrgica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro em 2017
https://orcid.org/0000-0001-5614-0940
https://lattes.cnpq.br/3943589845507884
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil
E-mail: amandalobo19@gmail.com

10Especialização em Residência em Enfermagem Clínica e Cirúrgica pela Unirio em 2024
https://orcid.org/0000-0002-6239-8056
http://lattes.cnpq.br/2715512250284455
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, RJ, Brasil
E-mail: thaiscarolina3105@edu.unirio.br