REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102502241841
Aiane Lisandra Macedo Chaves
Izabella Maria Leal Cabral De Mello
Orientador(a): Ma. Tamara Táxima do Nascimento
RESUMO
O presente trabalho trata-se de uma pesquisa qualitativa realizada através da revisão sistemática de literatura. O estudo analisou o sofrimento psíquico dos estudantes inseridos no meio acadêmico e os desafios enfrentados nessa etapa da vida. Durante este período, esses estudantes lidam com diversas responsabilidades, descobertas e demandas impostas pelo meio acadêmico, o que frequentemente resulta em sofrimento psicológico. A pesquisa enfatizou o uso do meio digital pelos estudantes universitários, destacando os adultos emergentes, percebendo que tal público é o que mais consome conteúdo virtual. Nesse contexto, o trabalho tem como objetivo geral apresentar os atravessamentos na saúde mental em estudantes universitários, considerando o fenômeno do autodiagnóstico online, sendo este compreendido enquanto fenômeno onde o sujeito tenta, por meio de informações encontradas na internet, identificar seu estado de saúde. A pesquisa investigou a relação entre este fenômeno e o sofrimento psíquico associado à vida acadêmica, encontrando, contudo, limitações nas pesquisas realizadas. Dessa forma, foi ressaltada a importância de explorar o autodiagnóstico, bem como levantar críticas acerca de como esse tema está sendo explorado pela comunidade científica, bem como as políticas adotadas pelas instituições acadêmicas acerca da saúde mental de estudantes universitários.
Palavras–chave: Autodiagnóstico, Estudante Universitário, Sofrimento Psíquico, Saúde Mental
RESUMO EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
The present study is a qualitative research carried out through a systematic review of the literature. The study analyzed the psychic distress of students inserted in the academic environment and the challenges faced at this stage of life. During this period, these students deal with several responsibilities, discoveries, and demands imposed by the academic environment, which often results in psychological distress The study emphasized the use of the digital media by university students, highlighting emerging adults, realizing that this audience is the one that consumes the most online content. In this context, the general objective of this study is to present the mental health crossings in university students, considering the phenomenon of online self-diagnosis, which is understood as a phenomenon where the subject tries, through information found on the internet, to identify their health status. The research investigated the relationship between this phenomenon and the psychic distress associated with academic life, finding, however, limitations in the research carried out. Therefore, the importance of exploring self-diagnosis was emphasized, as well as raising criticisms about how this theme is being explored by the scientific community, as well as the policies adopted by academic institutions regarding the mental health of university students.
Keywords: self-diagnosis, university student, psychological distress, mental health
1. INTRODUÇÃO
Ingressar na universidade representa o início de um novo ciclo para o sujeito que se abre para essa experiência. Segundo Pinto e Colares (2015), o vínculo à universidade representa um período em que ocorre uma convergência de acontecimentos, muitos deles inesperados, e o estudante precisa lidar com essa nova realidade. A forma como essa adaptação será vivida pode influenciar todo o desenvolvimento do universitário no decorrer do processo acadêmico (Pinto e Colares, 2015). Com isso, a vulnerabilidade desse sujeito frente às mudanças que ocorrem nesse ambiente aponta para sintomas frequentes de ansiedade, estresse, e depressão e evidencia uma relação entre adoecimento e espaços acadêmicos e de construção de carreira profissional (Arino e Bagardi, 2018).
Em paralelo à vida universitária, existe o uso da internet que se torna cada dia mais acessível na vida das pessoas. Segundo Duprat (2024), a influência do meio virtual, seja positiva ou negativa, vai ter destaque maior entre o público adolescente e o adulto emergente, incluindo os estudantes de ensino médio e o estudante universitário. Visto isso, foi optado para realização dessa pesquisa, pelo público universitário, em especifico aquele que se encontra na etapa de desenvolvimento denominada adultez emergente. Este período, que decorre entre os 18 e os 25 anos de idade, corresponde a uma fase distinta dos períodos de desenvolvimento da adolescência e da fase adulta, e é marcado predominantemente pela exploração da identidade, pela instabilidade, pela vivência do sentimento “in-between” (de “estar entre”) e pela percepção de inúmeras possibilidades (Arnet, 2004, apud Monteiro; Tavares; Pereira, 2009). Compreende-se pelo público escolhido para a pesquisa que “Os acadêmicos compõem um grupo social imprescindível à constituição e desenvolvimento das instituições de ensino superior e por sua produção e transmissão de seu principal elemento identificador: o conhecimento” (Pessoa, 2011, pg. 27). Isto é, os acadêmicos são essenciais para a formação e evolução das instituições de ensino superior e desempenham um papel fundamental na disseminação do saber acadêmico, que é o aspecto mais importante dessas instituições.
Contextualizando a saúde mental do sujeito universitário e o ambiente online, Frances (2016) aponta a necessidade humana de rotular as coisas ao nosso redor, incluindo formas de sofrimento que fazem parte da experiência humana. Logo, será trabalhado no presente estudo esse sujeito que se encontra experienciando as diversas situações e sofrimentos na fase acadêmica e busca, através do ambiente virtual, informações, como uma forma de nomear o que ele está vivenciando nessa nova fase. O sujeito mobiliza-se, desta forma, através de um fenômeno denominado autodiagnóstico. Segundo o dicionário Houaiss (2001) apud Moreira e Delgado (2023) “autodiagnostico é o diagnóstico suposto pelo próprio indivíduo, sem recorrer a médicos ou a técnicos”. Ou seja, o autodiagnóstico é quando o sujeito identifica um estado de saúde em si mesmo, sem consulta prévia a um profissional especializado. Ao abordar a figura do diagnóstico, é compreendido que se trata de um “estudo aprofundado realizado com o objetivo de conhecer determinado fenômeno ou realidade, por meio de um conjunto de procedimentos teóricos, técnicos e metodológicos” (Araújo, 2007, p.126).
Segundo levantamento realizado pelo Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ, 2018), entidade de pesquisa e pós-graduação na área farmacêutica, “40% dos brasileiros realizam autodiagnóstico através da internet”. Com o acesso à informação a um clique de distância e a rapidez de sua propagação, o ser humano é, diariamente, bombardeado por uma variedade de conteúdos virtuais. A ampla presença da saúde mental, no meio virtual, foi de fundamental importância para a diminuição do estigma e do crescimento da educação das pessoas. Contudo, também levou a sua trivialização (Webster, 2023). E continua (2023, p. 1), “O alcance desse tipo de conteúdo é gigantesco”. E complementa, “Esta é uma combinação ruim, conteúdos de saúde mental complexos produzidos de forma simples, rápida e de modo sensacionalista na busca de engajamento”. O presente trabalho, propõe-se então, ao estudo da relação existente entre o sujeito que tem sua saúde mental afetada pela trajetória acadêmica e o fenômeno do autodiagnóstico online.
O interesse pela presente temática surgiu a partir de debates e reflexões em sala de aula acerca da saúde mental de estudantes inseridos no contexto acadêmico e os desafios da Psicologia diante disso, destacando o uso do meio digital e a maneira como os conteúdos online são consumidos. Considerando tais fatos, chegou-se ao questionamento central, que norteará a pesquisa à frente: de que maneira os atravessamentos na saúde mental do estudante universitário dialogam com o fenômeno do autodiagnóstico online? Levando, portanto, à elaboração da hipótese de que os problemas de saúde mental no percurso da vida universitária influenciam a prática do autodiagnóstico online, impactando de maneira significativa a vida desses estudantes.
As discussões aqui apresentadas visam trazer novas contribuições para a Psicologia, sobretudo na saúde mental dos estudantes universitários, considerando o fenômeno do autodiagnóstico online e explorando como questões de saúde mental dialogam com o mesmo. Essa discussão propõe-se como base para futuras pesquisas e estudos científicos na área da Psicologia, incentivando discussões e avanços sobre o tema.
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Apresentar, através da literatura, os atravessamentos na saúde mental em estudantes universitários, considerando o fenômeno do autodiagnóstico online.
2.2 Objetivos Específicos
Verificar como o vínculo universitário afeta a saúde mental dos sujeitos acadêmicos.
Explorar os efeitos do meio virtual na vida acadêmica e emocional dos estudantes universitários.
Identificar como o fenômeno do autodiagnóstico online influencia na saúde mental do universitário.
3. REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 O Sujeito Universitário e o Meio Acadêmico
A passagem do Ensino Médio para o Ensino Superior condiz com uma fase fundamental no desenvolvimento do sujeito, que é a adolescência, caracterizada por uma intensa transformação biopsicossocial (Cerchiari, 2004). O marco dessa etapa é a transição da fase infantil para a adulta juntamente com mudanças psicológicas, novas formas de comportamento e de manifestações sociais, que estão intimamente relacionados com a cultura da sociedade na qual esse sujeito está inserido, segundo Cerchiari (2004). Ao se referir à fase adulta, mais especificamente a denominada de adultez emergente, é percebido essa concepção do “estar entre” a adolescência e fase adulta, fator esse, que pode ser gerador de crise de identidade no sujeito (Arnet, 2004, apud Monteiro; Tavares; Pereira, 2009).
Os estudantes, no início de sua jornada acadêmica, enfrentam diversas dificuldades ao se adaptar a um novo ambiente, lidando com tarefas complexas, tanto academicamente (novos métodos de aprendizagem e avaliação), socialmente (novos relacionamentos e expansão de redes sociais), pessoalmente (fortalecimento da identidade) e profissionalmente, estabelecendo objetivos de carreira (Moreno e Soares, 2014). Além disso, vigora a pressão exigida pelo sistema de educação, em que aqueles que podem ingressar em uma universidade, são submetidos a decidir seu futuro profissional, bem diante dessa crise identitária (Levisky, 1998). Lidar com essas mudanças e ter sucesso na vida acadêmica requer várias habilidades dos estudantes, e a capacidade de se adaptar academicamente pode influenciar diretamente o sucesso e a satisfação na futura carreira profissional (Soares et al., 2014; Teixeira e Costa, 2017). Se não conseguem se adaptar ao contexto acadêmico, isso pode levar à retenção ou desistência dos estudos (Ambiel, Santos, e Dalbosco, 2016). A falta de adaptação e desistência do ambiente universitário é um fato que tem potencial gerador para frustrações, culpa e um adoecimento ainda mais acentuado, caso o sujeito não procure por suporte psicológico.
É importante compreender as dificuldades que o estudante enfrenta ao assumir um novo papel como acadêmico, a fim de prevenir situações que possam levar ao adoecimento do mesmo ou piorar condições de saúde já presentes antes de ingressarem na universidade. A vulnerabilidade vivenciada pelos acadêmicos que demonstram altos níveis de sintomas para ansiedade, estresse e depressão evidenciam a relação entre adoecimento e fatores acadêmicos e de carreira (Arino e Bagardi, 2018). É visto, dessa forma, o conflito existente entre crises de identidade e o processo de adaptação ao ambiente acadêmico, somado a pressões, prazos e fatores sociais. São fatores potencializadores, que podem vir a atravessar a saúde mental do sujeito, conforme será abordado no próximo tópico.
3.2 A Saúde Mental do Universitário
A vida universitária é marcada pela busca da autonomia e independência para muitos, embora também represente um desafio de ajuste significativo, composto por vivências que demandam uma postura de responsabilidade e sociabilidade. Segundo Yosetake et al. (2018), jovens inseridos no meio acadêmico apresentam sintomas de estresse, ansiedade e depressão, principalmente devido à carga de trabalho excessiva, falta de tempo livre e ausência de suporte social.
Para Hahn, Ferraz e Giglio (1999) a preocupação com a saúde mental e bem-estar do estudante universitário apresenta-se no Brasil desde 1950 e anteriormente a esta década, não há registros de que existissem políticas de assistência estudantil ou de saúde mental direcionadas aos estudantes nas universidades federais brasileiras. Em 1957, conforme Hahn, Ferraz e Giglio (1999), ocorreu o desenvolvimento do primeiro Serviço de Higiene Mental e Psicologia Clínica no Brasil, em paralelo à cadeira de Clínica Psiquiátrica da Faculdade de Medicina da Universidade do Recife e tinha como objetivo a assistência psicológica e psiquiátrica aos estudantes acadêmicos. O serviço tinha como objetivo auxiliar os estudantes a lidar com as diversas pressões e desafios que enfrentavam na universidade, bem como com os problemas emocionais que surgissem, e além disso, visava contribuir para a formação completa dos alunos, ajudando a manter o equilíbrio em sua personalidade, segundo Loreto (1958) apud Hahn, Ferraz e Giglio (1999). Contudo, os serviços voltados para a saúde do estudante universitário se apresentavam precários na prática e focados na saúde física (Figueiredo e Oliveira 1995), carecendo de “ações de promoção na área de saúde mental comunitária, permitindo um trabalho com visão multidisciplinar que possibilita a atuação de diferentes profissionais na área de saúde e educação” (Hahn; Ferraz; Giglio, 1999, p. 82).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 1946), a saúde consiste em “um estado de completo bem-estar físico, mental e social”, não mais se restringindo somente à ausência de doenças. Contudo, Amarante (2011) questiona as dificuldades que surgem por conta desta definição em estabelecer do que realmente se trata a expressão em destaque “estado de completo bem-estar”. E a respeito de saúde mental especificamente, o mesmo autor declara que se trata de um campo dotado de complexidade e, portanto, a categorização nessa área não está isenta de se apresentar de forma reducionista quanto às possibilidades da experiência dos sujeitos em âmbito individual e social (Amarante, 2011).
Frances (2016) destaca a necessidade humana de rotular as coisas ao nosso redor, incluindo formas de sofrimento que fazem parte da experiência humana, mas alerta que nem todo sofrimento é necessariamente um problema de saúde mental, e que as categorias do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders ou Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), são usadas, muitas vezes, de maneira inadequada.
3.3 O Fenômeno do Autodiagnóstico Online
Com a disponibilidade imediata e a velocidade de difusão da informação, as pessoas se encontram em um movimento em que constantemente se deparam com uma ampla gama de conteúdo online em seu dia-a-dia. Segundo Sillence et al. 2007, apud Silva e Castiel, 2009, o cenário presente com elevados custos assistenciais e a limitada disponibilidade dos serviços de saúde parece ter desenvolvido uma série de demandas relacionadas a saúde mal contempladas em uma sociedade que se encontra em crescente ligação com as tecnologias online e as informações propagadas por estas. “A disponibilização de informações técnicas na Internet prenunciou o surgimento de uma nova saúde pública, centrada no autoesclarecimento e na autorresponsabilidade dos usuários em questões ligadas à sua saúde” (Silva e Castiel, 2009, p.172). Isso permitiu que as pessoas acessassem um conjunto mais amplo de informações e assumissem um papel consideravelmente ativo na gestão e compreensão de suas próprias condições de saúde.
A internet, juntamente com a tecnologia, possibilita que dispositivos como computadores, tablets e celulares permaneçam conectados, proporcionando acesso a uma vasta quantidade de conteúdo. Além de permitir o acesso a notícias globais e a realização de pesquisas científicas, a internet e a tecnologia também viabilizam a comunicação em tempo real entre diferentes partes do mundo. No entanto, o crescente uso da internet tem gerado preocupações para pesquisadores e profissionais da área da saúde devido à dependência cada vez maior de tais tecnologias. Embora as pessoas estejam conectadas entre si, em grande escala, nas redes sociais, Sá (2012) afirma em seu estudo que, o uso prolongado da internet pode afetar negativamente a interação social e o funcionamento do indivíduo.
Em face aos avanços na tecnologia da informação, que culminam numa maior autonomia do sujeito, a busca por informações é incentivada de modo que torna a prática de se autodiagnosticar, uma das características desse movimento. Com os modos mais autônomos que a tecnologia voltada à informação tem desenvolvido, qualquer comportamento de procura por informação é facilmente reforçado, o que favorece práticas de autodiagnostico (Matos e Ferreira, 2016). Leader (2015), por sua vez, salienta que as empresas farmacêuticas contribuem para tornar o diagnóstico cada vez mais acessível, facilitando, desta forma, para que as pessoas comecem a fazer os próprios autodiagnósticos.
Nos últimos anos, tem havido um aumento significativo no autodiagnóstico no Brasil, em grande parte devido à pandemia de Covid-19, que impactou profundamente a saúde global (Moreira e Delgado, 2023). No entanto, segundo o mesmo autor, é essencial destacar que a pandemia não é a única razão para esse aumento e comparar o cenário anterior e posterior à pandemia é fundamental para a melhor compreensão desse fenômeno. Antes da pandemia, uma pesquisa conduzida pela PROTESTE em 2018 descobriu que 79% dos entrevistados pesquisavam seus sintomas online antes de procurar um profissional de saúde. Todos os entrevistados admitiram praticar a automedicação, sendo que 68% deles usavam a internet como principal fonte de informação (Moreira e Delgado, 2023).
O interessante a este trabalho é o sujeito diante do autodiagnóstico e as implicações disso para a forma como o indivíduo compreende suas experiências pessoais. Sendo assim, encontrou-se em Tenório (2003), “A pessoa, no processo diagnóstico, deve ser apreendida como sendo um fenômeno único e, como tal, respeitada em sua totalidade: não deve, portanto, ser avaliada segundo normas e padrões de comportamentos preestabelecidos, em uma total revelia a sua própria existência” (p. 41). Compreender uma pessoa enquanto unicidade e totalidade, durante o processo diagnóstico, é fundamental; evitando a avaliação com base em padrões predefinidos, permitindo, assim, o reconhecimento da individualidade e existência singular de cada um.
4. DELINEAMENTO METODOLÓGICO
Este estudo foi feito por meio de uma pesquisa qualitativa, a qual é compreendida, segundo Neves (1996), como um conjunto de diferentes recursos interpretativos que se destinam a descrever e identificar os componentes de um fenômeno complexo de significados. Foi utilizado o método de revisão sistemática da literatura, sendo este a base referencial para se conceituar o problema de pesquisa, tornando-se um método fundamental para analisar os resultados da investigação (Gohr, 2013). Tal método foi o enfoque principal para conduzir o trabalho, envolvendo a coleta, análise e interpretação dos dados.
Três bases de dados foram utilizadas: A Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), a Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs) e a Scientific Electronic Library Online (Scielo). Para a pesquisa de estudos, foram utilizados descritores definidos a partir da correlação com os objetivos especificados, sofrendo adaptações à medida que foi vista a necessidade indicada por cada base de dados.
Os termos de busca foram designados mediante o arranjo dos descritores seguintes, utilizando AND (e) de acordo com a BVS: (Saúde Mental) AND (Diagnóstico) AND (Universitários) AND (Internet) AND (Sofrimento Psíquico). O descritor “Autodiagnóstico” foi utilizado, inicialmente, para buscas nas bases de dados. Não sendo contemplado nenhum estudo relacionado a temática, o mesmo foi substituído pelo descritor “Diagnóstico”, o qual possibilitou uma melhor relevância nos resultados para a construção deste trabalho. Sobre o descritor “Sofrimento Psíquico”, as pesquisadoras optaram por ele, uma vez que, o mesmo é uma condição de um estado de saúde mental afetado. Somado isso, a importância desse descritor deu-se, também, pelo aumento das possibilidades encontradas em relação à pergunta de pesquisa.
Diante da pesquisa, levando em consideração a relevância do assunto abordado com os objetivos do presente trabalho, foram utilizados os seguintes critérios de inclusão (CI):
- CI-1. Trabalhos com a temática voltada para sofrimento psíquico em universitários;
- CI-2. Estudos voltados para a temática da saúde mental do sujeito acadêmico;
- CI-3. Temáticas referentes a diagnóstico;
- CI-4. Estudos realizados com publicação entre 2013 e 2024;
- CI-5. Artigos com idioma em língua portuguesa.
Os critérios de exclusão (CE) foram determinados a partir dos seguintes
tópicos:
- CE-1. Artigos em língua estrangeira;
- CE-2. Estudos indisponíveis em meio eletrônico;
- CE-3. Trabalhos que não contemplam a temática do presente trabalho;
- CE-4. Artigos duplicados.
A pesquisa contemplou 4 fases ilustradas no fluxograma na Figura 1, descritas a seguir:
Etapa 1: Identificação
As pesquisadoras colaboraram juntamente, na execução da etapa em questão. Os termos de pesquisa foram inseridos nas bases de dados, sendo encontrados um total de 1.112 artigos nas bases de dados referenciadas, a saber: BVS: 1.089; Lilacs: 12; Scielo:11.
Etapa 2: Triagem
Esta etapa foi realizada com a participação, em conjunto, de ambas as pesquisadoras. Os artigos encontrados de acordo com a etapa 1, foram utilizados como fonte de dados de acesso para análise das publicações a partir dos critérios de inclusão e de exclusão. Durante esta etapa, 710 artigos foram excluídos pela restrição do idioma em língua portuguesa e ano de publicação entre 2013 e 2024. Restando 402 artigos para a etapa seguinte.
Etapa 3: Elegibilidade
Nesta etapa, realizada em conjuntos pelas pesquisadoras, 66 artigos foram excluídos: 2 estavam indisponíveis em sua íntegra; 21 se encontravam duplicados; 49 em idioma diferente do Português, mesmo após a aplicação do critério de inclusão apenas em língua portuguesa e 292 após a leitura do título, resumo e introdução quando necessário. Restando 36 artigos para a próxima etapa.
Etapa 4: Inclusão
Aqui foi realizada a leitura por completo dos 36 artigos selecionados, a fim de analisar quais respondiam à pergunta de pesquisa. As pesquisadoras optaram por ler separadamente, se reunindo logo após para somar os estudos selecionados para incluir na pesquisa. Após a análise completa dos artigos e sua relação com a temática, 8 trabalhos foram incluídos na pesquisa: 7 através da base de dados BVS e 1 através da Scielo.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com a pesquisa realizada e descrita na metodologia, foi obtido um resultado final de 8 artigos para responder à pergunta de pesquisa, cujas informações estão contempladas no quadro a seguir:
Quadro 1: Lista resultante de artigos relevantes incluídos na pesquisa
AUTOR/ANO TIPO TÍTULO OBJETIVO RESULTADOS CONSIDERAÇÕES FINAIS Soalheiro & Sagnori. 2014. A Medicalização da vida: doença, transtornos e saúde mental. Dar evidência ao papel social do diagnóstico em saúde mental e à multiplicação e difusão das suas categorias. O diagnóstico torna-se crucial na vida do paciente, podendo a partir dele adotar comportamentos, se enquadrar nas limitações esperadas, assumir formas de identidade. A cultura da medicalização dos comportamento e da vida vão de contramão à uma lógica da saúde responsável e ética, afetando as subjetividades dos sujeitos. Andrade, A. et al. 2016. A Vivências Acadêmicas e Sofrimento Psíquico de Estudantes de Psicologia. Levantamento das vivências acadêmicas de estudantes de Psicologia de uma Universidade Pública. Questões referentes às vivências e ao sofrimento psíquico receberam indicadores explícitos de mal-estar do universitário. A necessidade urgente de ações, tanto por parte dos gestores universitários quanto das entidades que fiscalizam a formação de psicólogos. Pondé, M. 2018. A A crise do diagnóstico em psiquiatria e os manuais diagnósticos Levantar o caminho percorrido pela psiquiatria através dos manuais diagnósticos até o momento atual. A crítica ao DSM se demonstra pautada na negligência do sujeito em sua singularidade e particularidades. A abordagem terapêutica deve levar em conta a natureza complexa do sofrimento psíquico, gerando mais cautela com a individualização do sujeito. Malajovich, N. et al. 2019. A O Manejo da Urgência Subjetiva na Universidade: Construindo Estratégias de Cuidado à Saúde Mental dos Estudantes. Estratégias de intervenção frente a situações de crise e urgência suscitadas pela experiência de sofrimento psíquico em jovens universitários. A intervenção de uma escuta pode funcionar como um operador temporal, produzindo uma escansão necessária entre o presente e o urgente. Espaços de reflexão acerca da problematização de estereótipos e de respostas prontas às exigências dos padrões acadêmicos possibilitam a construção de soluções. Martinhago & Caponi. 2019. A Controvérsias sobre o uso do DSM para diagnósticos de transtornos mentais Compreender o uso do DSM como instrumento para fundamentar os diagnósticos de transtornos mentais. O Manual mostra claramente que, uma vez identificada uma desordem, não há outra possibilidade para a cura, senão o comportamentalismo e o fármaco. Ressalta-se que a perspectiva do DSM suprime a subjetividade da complexidade que é o ser humano, que se constitui conforme o contexto social em que está inserido e suas relações. Loss, A; Guerra, V.; Souza, M. 2021 A Associação entre uso de Internet, autoconsciência ruminativa e diferenças de gênero em universitários. Analisar como o uso da internet, os estilos de autoconsciência (ruminativo e reflexivo) e o gênero se relacionam em jovens adultos que estão no meio acadêmico. Os resultados apontam que o estilo de autoconsciência ruminativo está significativamente associado a questões psicológicas. O estilo ruminativo está ligado a problemas de adaptação psicológica e como isso pode afetar com o uso da internet, dificultando a resolução de conflitos associados ao seu uso excessivo. Castro, S. et al./ 2022. A Escuta do Sofrimento Mental Estudantil: Relato de Experiência do Atendimento Psicológico aos Estudantes da UFRJ. Destacar as principais questões de sofrimento psíquico relatadas pelos estudantes atendidos. Percebeu-se que a escuta clínica pelos estagiários se apresentou mobilizadora, construindo um espaço para que as questões emocionais pudessem ser trabalhadas. Ressalta-se um acolhimento, da comunidade acadêmica, para além da demanda do conhecimento formal conteudista, pragmático e objetivo. Duprat, I. 2024 T O papel da Internet na saúde mental de jovens universitários e sua relação com ideação suicida Investigar o papel da Internet na saúde mental de jovens universitários, com ênfase na ideação suicida. Os resultados enfatizam o índice de suicídio em estudantes universitário, em especial aqueles que fazem uso excessivo da internet É reforçado a preocupação diante do uso descontrolado e desadaptativo da internet e seus efeitos na saúde mental dos jovens universitários.
Fonte: autoria própria, 2024
Os oito estudos selecionados foram analisados com a finalidade de contemplar os objetivos específicos deste trabalho, são eles: verificar como a dinâmica do público universitário afeta a saúde mental dos mesmos; explorar os efeitos do meio virtual na vida acadêmica e emocional dos estudantes universitários e identificar como o fenômeno do autodiagnóstico online influencia na saúde mental do universitário.
No curso da análise foram consideradas outras perspectivas interessantes de serem assinaladas, como as dificuldades e limitações que os pesquisadores se depararam ao não obter estudos suficientes nas bases de dados especificadas.
5.1. Saúde Mental e Sofrimento Psíquico no Sujeito Acadêmico
Os jovens universitários enfrentam vários desafios ao se depararem com o ambiente acadêmico e a vida discente. Segundo o estudo de Castro et al., (2022) o percurso da formação universitária caracteriza-se como uma transição entre a vida no núcleo familiar e a vida adulta, mais autônoma financeira e psiquicamente. A pesquisa aborda os diversos desafios vivenciados durante o processo acadêmico, dentre eles: lidar com altos e baixos emocionais ao entrar na universidade, uma vez que pressões acadêmicas, novas responsabilidades e a transição para a vida adulta se fazem presentes e lidar com descobertas pessoais, salientando a fase universitária enquanto um período considerável para a autodescoberta, em que paixões, interesses e identidades são explorados.
Na pesquisa qualitativa realizada por Castro et al., (2022), foi realizado um relato de experiência de três estudantes de graduação do curso de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O estudo traz o enfrentamento da ansiedade, depressão e ideação suicida, por parte dos universitários. O mesmo realiza um paralelo entre as dificuldades acadêmicas e emocionais com a implicação subjetiva dos estudantes na instituição UFRJ. Chamou a atenção das pesquisadoras a porcentagem entre os 24 estudantes atendidos na clínica escola, dentre os quais 75% trouxeram sintomas de depressão. Desses, 33,33% trouxeram um movimento de ideação suicida e 16,66% com tentativa prévia.
O estudo descritivo e interpretativo realizado por Malajovich et al. (2019), traz uma relação do sofrimento psíquico ao cumprimento das demandas acadêmicas; adaptação a uma nova cidade; encontro de uma moradia satisfatória e a vivência social cotidiana. Durante a pesquisa, foram recebidos 100 estudantes ao longo do primeiro ano de funcionamento do acolhimento, dentre os quais 81 tinham algum tipo de bolsa assistencial, eram cotistas, e/ou moradores de alojamento. A maioria apresentou queixa de depressão, ansiedade ou dificuldade de concentração, contabilizando 80 estudantes.
No artigo de Andrade et al. (2016), foi realizada uma pesquisa transversal de abordagem qualitativa e quantitativa realizada por meio de questionário a fim de investigar como se dá o sofrimento psíquico em acadêmicos. Participaram do estudo 119 alunos matriculados do 1º ao 5º ano do curso de Psicologia em uma instituição de ensino superior. O estudo, diferente das pesquisas feitas por Malajovich et al. (2019) e Castro et al. (2022), traz uma especificidade sobre o sofrimento psíquico em universitários: o maior índice prevalece em estudantes dos cursos de ciências humanas e da saúde. O artigo se segue focando o questionário aplicado ao curso de Psicologia, afirmando que o estudante, por estar em contato com o sofrimento psíquico de outras pessoas e com conteúdos relacionados a subjetividade humana, se elevam as probabilidades de uma saúde mental afetada (Andrade et al., 2016).
As principais queixas e sintomas encontrados na pesquisa de Castro et al. (2022) foram as crises de ansiedade, com 79,16%. O artigo discute a situação dos estudantes em situação de vulnerabilidade social e enfrentam a expectativa de obter bolsas de estudo. Esse processo, marcado por dúvidas e incertezas, se torna um fator significativo para o desenvolvimento de ansiedade, especialmente durante um período de grandes mudanças e adaptações (ibidem). Para os autores, a expectativa de conseguir uma bolsa de estudos é uma fonte constante de preocupação, uma vez que esses estudantes frequentemente dependem delas para dar continuidade aos seus estudos e garantir um mínimo de segurança financeira. A incerteza sobre o resultado das aplicações para bolsas, somada às pressões acadêmicas e as responsabilidades pessoais, pode intensificar os sentimentos de ansiedade, ainda segundo Castro et al. (2022).
No estudo de Malajovich et al. (2019), chama a atenção dos autores o caráter premente dos pedidos de ajuda, a angústia e a pressa em se livrar do sofrimento. Foi observado, pelas pesquisadoras, como o artigo traz uma visão da sociedade pós-moderna, em que os próprios estudantes buscam respostas rápidas e objetivas, já que o sofrimento precisa ser solucionado imediatamente, sem que seja vivenciado o processo necessário para aquele sujeito se compreender enquanto ser que está lançado no mundo e vivenciar suas próprias angústias.
Em Castro et al. (2022), foi visto a partir das sessões e na discussão dos casos nas supervisões, as queixas usuais dos estudantes de não se sentirem pertencentes ao espaço universitário. O artigo faz uma crítica, nesse aspecto, à visão positivista e mecanicista do homem. Tal visão, segundo o autor acima, rejeita a concepção do homem como um ser social, já que, muitas vezes, os mesmos se deparam tendo que negar suas singularidades para se adequar ao ambiente acadêmico. Fato esse que é um potencial gerador de depressão e ansiedade (Castro, et al. 2022)
No questionário aplicado por Andrade et al. (2016), a valoração atribuída à “adaptação à vida universitária” resultou em desfavorável. Este, evidenciou relatos abordando desde a situação econômica até a iniciação e cultivo de laços sociais, frente à situação de risco de ruptura de vínculos, mudança de cidade, inserção institucional e até questões relacionadas a própria formação de identidade.
Foi notado pelas pesquisadoras a ausência de material acerca do sofrimento psíquico em estudantes de universidades particulares. O artigo de Andrade et al., (2016) cita que a negligencia das instituições com a saúde mental dos universitários é maior nas universidades públicas, afirmando que as particulares se encontram forçadas a buscar formas de lidar com esse sofrimento que, quando acentuado, causa um índice de trancamento do curso elevado. Porém, essa informação se torna vaga, sem detalhes sobre como se encontra a saúde mental de universitários que não precisem mudar de cidade ou tenham uma vida socioeconômica mais estável.
Percebe-se, diante dos três estudos relatados, a dificuldade eminente dos universitários em se sentirem pertencentes ao ambiente acadêmico. Os artigos selecionados, trazem uma visão mais focada no universitário que migra do ambiente familiar para um ambiente estudantil, em que novas relações vão sendo construídas. É um período de adaptação, já que o sujeito passa a administrar a vida cotidiana, que somada as pressões exigidas pela academia acabam gerando sobrecarga e sofrimento. Além disso, percebeu-se através do estudo de Andrade et al. (2016), que a necessidade de oferta de serviços de atendimento psicológico por parte das universidades é um fator que se faz necessário devido ao frequente sofrimento psíquico evidenciado em estudantes acadêmicos.
5.2. A Relação Entre o Meio Virtual e Saúde Mental
Nos últimos dez anos, houve um aumento significativo no uso da Internet no Brasil entre os jovens. Em 2016, o IBGE constatou que 85% dos jovens com idades entre 18 e 25 anos estavam conectados à Internet (IBGE, 2016, apud Loss; Guerra; Souza, 2021). Assim, a Internet se tornou uma presença constante na rotina desses jovens, principalmente devido à facilidade de acesso por meio de smartphones (Loss; Guerra; Souza, 2021).
No trabalho desenvolvido por Loss; Guerra; Souza, (2021), foi realizado uma pesquisa sobre como o uso da internet, os estilos de autoconsciência (ruminativo e reflexivo) e o gênero se relacionam em jovens adultos que estão no meio acadêmico. O estudo aborda o estilo de autoconsciência ruminativo, que diz respeito ao sujeito que tende a ficar preso em pensamentos negativos sobre si mesmo, em vez de se concentrar em desenvolver o autoconhecimento e crescimento pessoal, impedindo que ele aprenda e evolua a partir de suas experiências. Já no estilo de autoconsciência reflexivo, trazido pela mesma pesquisa, o sujeito promove uma ampliação do autoconhecimento, pois ele é capaz de identificar padrões em seu comportamento e compreender as razões por trás de suas ações. Além disso, ao se tornar mais consciente de si mesmo, ele pode desenvolver uma visão mais equilibrada, reconhecendo seus aspectos positivos (Loss; Guerra; Souza, 2021). Ademais, é apontado que a questão do gênero: mulheres tendem a apresentar uma maior tendência à ruminação do que homens, o que pode ser atribuído, em parte, ao papel de gênero que muitas vezes às coloca em uma posição de maior foco em afetos e relações interpessoais (Ibidem).
Mediante a leitura do estudo de Loss; Guerra; Souza, 2021, percebeu-se os benefícios que os jovens têm com o uso do meio online, ao facilitar conexões interpessoais, acesso à informação e impulsionar o desenvolvimento profissional através da exposição de ideias criativas no ambiente virtual. Contudo, as autoras ressaltam que este ambiente também pode ser um meio de isolamento e favorecer o surgimento de patologias, algumas das quais podem já estar presentes (Ibidem).
A tese de doutorado de Duprat (2024) comunga deste pensamento, ao discutir sobre os muitos benefícios proporcionados pelo uso das redes como facilitação da comunicação, acesso às informações, suporte à pesquisa científica, fortalecimento de relações sociais, promoção de novos hábitos, valorização da diversidade e do autoconhecimento, entre diversos outros. O estudo aponta para as consequências negativas do uso excessivo do ambiente online, citando problemas de saúde mental e social.
O impacto é negativo quando interfere em aspectos do desenvolvimento psicológico, cognitivo, emocional e comportamental dos jovens (Loss; Guerra; Souza, 2021). No entanto, vale ressaltar que não é o simples uso do meio virtual que leva a patologias, mas sim a forma como o indivíduo incorpora esse uso em sua rotina diária. Em outras palavras, a internet é aquilo que o sujeito faz dela. É de fundamental importância considerar a maneira como as pessoas interagem e se envolvem com a mesma em suas vidas.
Duprat (2024) ainda destaca que adolescentes e adultos emergentes, especialmente os estudantes do ensino médio e universitário, são os dos grupos mais impactados, tanto de forma positiva quanto negativa, pelos efeitos do uso das redes. Essa geração, que cresceu imersa no mundo digital, depende significativamente dá para suas atividades de aprendizado, interações sociais e entretenimento.
Foi evidenciado, segundo Loss; Guerra; Souza, 2021, que jovens conectados a um mundo virtual por longos períodos, geralmente apresentam dificuldade de comunicação, baixa autoestima, sentimentos de solidão e prejuízos em sua vida no trabalho e/ou no meio acadêmico. Tais comportamentos revelam, segundos os autores, mudanças desafiadoras impulsionadas pelos diversos fenômenos tecnológicos, principalmente com relação às novas tecnologias de informação.
Foi percebido pelas pesquisadoras no estudo de Duprat (2024), uma especificidade maior acerca da relação do jovem universitário com o meio virtual, uma vez que no artigo de Loss; Guerra; Souza (2021) foi notado um aspecto mais generalista ao tratar desse público e sua relação com o ambiente digital.
5.3. O Fenômeno do Autodiagnóstico Online: Dificuldades e Limitações Encontradas
A metodologia disponibilizada pela Instituição apresentou desafios ao se buscar o descritor “Autodiagnóstico”, no período compreendido entre 2013 a 2024, uma vez que que esse termo não estava disponível nas bases de dados utilizadas: BVS, Lilacs e Scielo. Foram realizados buscas por termos correlatos, como “Autoavaliação” e “Autoanálise”, contudo os resultados dispostos não atenderam aos objetivos da pesquisa proposta. Dessa forma, optou-se pela substituição do “Autodiagnóstico” pelo descritor “Diagnóstico”, redirecionando essa etapa da pesquisa para o contexto médico, especificamente no que diz respeito aos transtornos mentais. Essa alternativa, possibilitou uma exploração mais profunda de como a literatura define e aborda o diagnóstico.
A solução encontrada pelas pesquisadoras diante do impasse com o descritor original, demonstrou flexibilidade e capacidade de um ajuste criativo aos desafios metodológicos. A exploração do diagnóstico na literatura forneceu insights relevantes sobre a terminologia para a pesquisa, especialmente ao levantar críticas sobre como a temática é analisada e questionamentos acerca da escassez científica em relação ao termo “Autodiagnóstico”.
5.4. O Fenômeno do Diagnóstico frente ao Sofrimento Psíquico
Ao se deparar com a dificuldade em abordar o fenômeno do autodiagnóstico na discussão no presente estudo, foi designado ao diagnóstico a possibilidade de pesquisa. Foram encontrados e selecionados artigos com foco no diagnóstico em transtornos mentais na área médica. Estudos estes que melhor se aproximaram aos objetivos presentes para realização deste trabalho.
O estudo de Pondé (2018) nomina o diagnóstico enquanto processo intersubjetivo, em que o médico ocupa o lugar de tradutor dos sintomas do sujeito. O artigo levanta a compreensão da complexidade dos transtornos mentais e a importância de uma visão holística que leve em conta não apenas os aspectos biológicos, mas também os contextos sociais e culturais. Foi percebido, através da leitura do artigo, que a busca por avaliação com uma visão diagnóstica atenta à individualidade do sujeito, pode contribuir significativamente para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas mais efetivas e empáticas.
O artigo de Martinhago e Caponi (2019) também aborda, assim como Pondé (2018), o sofrimento psíquico enquanto complexo e descreve a necessidade de se ter um olhar clínico cuidadoso acerca do sujeito e seu entorno, para então, ser definido um diagnóstico de transtorno mental. O estudo levanta um aumento no número de diagnósticos de transtornos mentais ao mesmo tempo que avalia uma propagação pretenciosa das edições do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM) – manual diagnóstico produzido pela Associação Americana de Psiquiatria (American Psychiatric Association–APA).
No artigo de Soalheiro e Mota (2014), os autores evidenciam o papel do diagnóstico em saúde mental e a multiplicação e disseminação das suas categorias, destacando o DSM, abordando uma perspectiva de mercantilização do sofrimento psíquico, principalmente no quesito da medicalização. Com destaque ainda no artigo de Soalheiro e Mota (2014), é levantado o posicionamento da mídia na criação e divulgação de notícias com dados estatísticos e ilustrações, em que o transtorno mental ocupa um lugar epidêmico na sociedade, questionando o diagnóstico enquanto dispositivo de poder e controle social, além de sua propagação excessiva para um grande mercado consumidor.
Os autores Martinhago e Caponi, 2019, ressaltam que os sofrimentos individuais estão sendo reduzidos a critérios sintomáticos que são imprecisos, afirmando que o DSM não delimita até onde vai o “transtorno” e onde começa a “vida real” que é de responsabilidade do sujeito. O artigo destaca a resistência dos indivíduos em enfrentar os desafios cotidianos, apontando como tal resistência pode agravar as dificuldades emocionais e psicológicas, a citar, a ansiedade e o estresse. Essa resistência, citada pelos autores, se manifesta na relutância em buscar ajuda ou em adotar estratégias para lidar com as pressões diárias, resultando em um ciclo de sofrimento emocional que pode ser difícil de romper. Além disso, o artigo critica a posição da Psicologia dentro do contexto acadêmico e profissional, afirmando que a disciplina é frequentemente tratada como subordinada à área biomédica. Por fim, o estudo citado acima mostra que questões psicológicas e emocionais tendem a ser abordadas predominantemente sob uma perspectiva biomédica, focando em diagnósticos e intervenções médicas, em vez de considerar abordagens mais holísticas e centradas no indivíduo (Martinhago e Caponi, 2019).
O artigo de Soalheiro e Mota, 2014, aborda a importância do diagnóstico, trazendo o impacto que pode mudar a visão que o sujeito tem de si mesmo, ao estar ciente de sua condição diagnóstica. Ressaltando assim, a importância do cuidado por parte da psiquiatria com o ato de diagnosticar, levando em consideração aspectos amplos da vida do indivíduo (Soalheiro e Mota, 2014).
Os três artigos expostos neste tópico, trazem uma perspectiva da experiência e singularidade do sujeito, dando importância aos construtos sociais, culturais e de senso comum para uma compreensão diagnóstica. O Artigo de Martinhago e Caponi (2019), além de levantar a cautela que a psiquiatria deve ter ao analisar os sintomas de cada indivíduo, trouxe uma visão do sujeito que tem dificuldade em lidar com responsabilidade e os desafios do cotidiano ao buscar pelo diagnóstico e consequentemente, a medicalização. No artigo de Pondé (2019), a postura adotada pela psiquiatria é questionada, trazendo críticas à forma como os diagnósticos são realizados, eliminando questões importantes da vida do sujeito e focando em outras, com finalidade de enquadrar o indivíduo no conjunto de sintomas necessários para fechamento diagnóstico. Já no artigo de Soalheiro e Mota (2014), há uma crítica a própria disseminação dos manuais diagnósticos através da mídia, enquanto modo de poder sobre a sociedade, além de trazer a complexidade do mesmo, ao analisar a mudança e impacto que o sujeito sofre ao se deparar com um diagnóstico.
Reconhece-se, portanto, a importância de considerar a singularidade de cada indivíduo na avaliação clínica e de compreender como o cérebro se adapta ao ambiente sociocultural. Para Soalheiro e Mota (2014), é essencial adotar abordagens que integrem aspectos tanto objetivos quanto subjetivos na prática clínica. Atrelado a isso, o uso excessivo de medicamentos, que por vezes, causa uma dependência do sujeito ao diagnóstico e sua medicalização, levando ao afastamento de si mesmo e amortecimento de questões psicológicas que fazem parte do cotidiano (Soalheiro e Mota, 2014).
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao revisitar os postos-chave do presente estudo, que teve como base a pergunta de pesquisa: “De que maneira os atravessamentos na saúde mental do estudante universitário dialogam com o fenômeno do autodiagnóstico online?”, foi levantado a impossibilidade de resposta à pergunta de norteadora.
Devido às limitações do estudo, ressalta-se a pequena quantidade de artigos como um fator determinante. Além do fator limitante de artigos abertos durante a busca, a escassez destes nas bases de dados disponibilizadas, a saber: SCIELO; BVS e LILACS, ressaltaram a informação de que não existem pesquisas recentes nestas bases acerca da temática do autodiagnóstico online, apesar do período delimitado entre 2013 a 2024, e que a ausência de dados caracteriza um dado científico. Portanto, surge a necessidade de se produzir pesquisas aprofundadas relacionas ao tema do autodiagnóstico online, bem como seus impactos na vida e intensificação do sofrimento psíquico em universitários, público este, visto entre os maiores usuários do ambiente virtual.
Referente ao primeiro objetivo específico do presente trabalho: verificar como o vínculo universitário afeta a saúde mental dos sujeitos acadêmicos, foi evidenciado o impacto significativo da construção de tal vínculo para a saúde mental dos estudantes universitários. Enquanto ambiente proporcionador de diversas oportunidades para crescimento, como desenvolvimento profissional e acesso a recursos, também se apresentam desafios que podem afetar negativamente a saúde psicológica dos universitários: estresse, ambiente social, exigências, pressões acadêmicas e incertezas típicas dessa etapa.
Em relação ao segundo objetivo específico: explorar os efeitos do meio virtual na vida acadêmica e emocional dos estudantes universitários, foi levantada a importância desse meio na evolução pessoal e profissional dos acadêmicos, ampliando seu conjunto de habilidades e competências, quando utilizado enquanto instrumento facilitador de desenvolvimento e de maneira responsável. Foi visto que os universitários, mais especificamente, os adultos emergentes, estão entre os grupos que mais consomem conteúdos virtuais. Contudo, nesse contexto em que as fronteiras entre o mundo virtual e o mundo real estão cada vez mais tênues, a velocidade da transformação digital impôs desafios, principalmente na forma como os conteúdos são acessados e processados pelos usuários da rede, além do seu uso em excesso, podendo atravessar a comunicação, pensamento crítico e capacidade de resolução de problemas complexos.
O terceiro objetivo específico: identificar como o fenômeno do autodiagnóstico online influencia na saúde mental do universitário, não foi comprovado pelas pesquisadoras. Contudo, diante dos estudos encontrados na construção do referencial teórico desta pesquisa, as conexões realizadas apontam para uma possível ligação entre tais questões de saúde mental e o autodiagnóstico online. Foi abordado o sofrimento psicológico comumente enfrentado pelos estudantes universitários, resultante dos diversos desafios acadêmicos e emocionais. Explorou-se como o uso excessivo das redes pode agravar essas questões, especialmente entre os adultos emergentes, e o impacto potencialmente negativo do autodiagnóstico na percepção sobre si mesmo. É ressaltado, assim, a importância do uso consciente e responsável do ambiente virtual, bem como o desenvolvimento de senso crítico pelo sujeito acerca das informações encontradas em fontes online.
Diante da limitação acerca do autodiagnóstico na construção da discussão, foi explorado nesta etapa o diagnóstico, sua mercantilização e as implicações na propagação excessiva de informações complexas presentes em manuais diagnósticos, abordando como isso pode afetar a maneira como o sujeito se enxerga no mundo, se interpretado de maneira equivocada sem auxílio médico. Tal fator pode ser gerador, inclusive, de um processo de automedicação. As críticas apontaram para uma visão médica puramente técnica, que muitas vezes, não levam em conta o contexto individual e as construções de vida do sujeito.
Por fim, destaca-se a importância de considerar a subjetividade do sujeito ao abordar questões de saúde mental e diagnóstico e ressalta-se a preocupação com o uso inadequado do ambiente virtual para a realização autodiagnóstico online. Além disso, foi percebido a necessidade da Psicologia se fazer mais presente nas universidades, através de intervenções em conjunto com políticas de saúde mental e atendimentos psicológicos em maior escala, permitindo assim, a possibilidade de uma jornada com mais segurança no enfrentamento dos desafios impostos a essa etapa da vida.
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