REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202502231251
Camy Vieira de Alcantara Pereira Ferreira1
RESUMO
Este artigo aborda os limites e as possibilidades da psicanálise na intervenção em crises psicóticas. Para tanto, parte-se da importância de entender a psicanálise como uma abordagem capaz de acessar os conflitos inconscientes, especialmente em contextos críticos, como as crises psicóticas. Busca-se compreender a definição de crise psicótica, as principais intervenções e tratamentos disponíveis e o papel da psicanálise no manejo dessas crises. O estudo é baseado em uma revisão de literatura, abrangendo estudos disponíveis em bases como SciELO e PePsic, sem restrições temporais para incluir tanto autores clássicos quanto contemporâneos relevantes ao tema. Observou-se que a psicanálise contribui significativamente para a compreensão dos aspectos subjetivos da psicose e pode ser eficaz em intervenções de longo prazo. No entanto, foram identificadas limitações em crises agudas. Conclui-se que, embora a psicanálise ofereça uma base teórica sólida e insights importantes para o tratamento da psicose, sua efetividade em contextos de crise aguda pode ser aumentada quando combinada com outras abordagens. Assim, recomenda-se a investigação de abordagens integradas e de capacitação para atuação em crises, visando aprimorar o atendimento terapêutico em casos de psicose aguda.
PALAVRAS-CHAVE: psicanálise, crises psicóticas, intervenção psicanalítica.
ABSTRACT
This article addresses the limits and possibilities of psychoanalysis in the intervention of psychotic crises. It starts from the importance of understanding psychoanalysis as an approach that can access unconscious conflicts, particularly in critical contexts such as psychotic crises. The study aims to define psychotic crises, describe the main interventions and treatments available, and analyze the role of psychoanalysis in managing these crises. This research is based on a literature review, examining studies from databases such as SciELO and Pepsic, with no temporal restrictions to include both classical and contemporary authors relevant to the topic. The findings indicate that psychoanalysis contributes significantly to understanding the subjective aspects of psychosis and may be effective in long-term interventions. However, limitations were identified in acute crises. It is concluded that, although psychoanalysis offers a solid theoretical foundation and valuable insights into the treatment of psychosis, its effectiveness in acute crisis contexts can be enhanced when combined with other approaches. Therefore, it is recommended to investigate integrated approaches and training for crisis intervention to improve therapeutic care in cases of acute psychosis.
KEYWORDS: psychoanalysis, psychotic crisis, psychoanalytic intervention.
1 INTRODUÇÃO
A intervenção em psicanálise, historicamente centrada na escuta e no tratamento da subjetividade, tem se expandido para incluir o manejo de crises psicóticas, um campo tradicionalmente dominado por intervenções biomédicas e farmacológicas. A teoria psicanalítica, ao se afastar de uma visão estritamente biológica da psicose, propõe que os sintomas psicóticos — delírios, alucinações e desorganização do pensamento — sejam compreendidos não apenas como manifestações de uma patologia cerebral, mas como produções do inconsciente em sua tentativa de lidar com rupturas no laço social e no campo simbólico.
O problema central que orienta esta pesquisa é: quais são os limites e as potencialidades da psicanálise no manejo de crises psicóticas? Este questionamento se faz pertinente em um contexto em que as práticas tradicionais muitas vezes restringem-se à contenção da sintomática e deixam de lado aspectos fundamentais da experiência psíquica. Em momentos de crise, o sujeito se vê destituído de sua relação com a realidade. A psicanálise propõe uma intervenção que busca reintegrar o sujeito à rede simbólica e fortalecer sua subjetividade.
Para responder a essa problemática, este trabalho tem como objetivo geral compreender os limites e as possibilidades de atuação da psicanálise na intervenção em crises psicóticas. Os objetivos específicos incluem: Conceituar crise psicótica na psicanálise e na literatura científica ampla; Discutir os tratamentos e intervenções disponíveis para crises psicóticas, destacando suas abordagens e possíveis resultados; Analisar a abordagem psicanalítica na intervenção em situações de crise psicótica.
A justificativa para este estudo se baseia na necessidade de práticas de saúde mental que acolham a singularidade e o sofrimento psíquico dos pacientes em sua totalidade. No campo das crises psicóticas, em que a ênfase costuma recair sobre intervenções rápidas e de efeito imediato, a psicanálise se apresenta como uma abordagem valiosa por priorizar a subjetividade e as dinâmicas inconscientes que compõem o fenômeno psicótico.
Ao propor uma intervenção que não se esgota na estabilização dos sintomas, este estudo visa contribuir para uma prática mais profunda e sustentável no tratamento das crises em questão. Desse modo, espera-se que a pesquisa ofereça subsídios para uma visão mais holística e integrada da saúde mental, incentivando o desenvolvimento de pesquisas e tratamentos que valorizem as especificidades psíquicas e subjetivas dos pacientes.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A crise psicótica é um fenômeno de grande complexidade, exigindo uma abordagem dinâmica para uma compreensão e intervenção eficaz. Caracteriza-se por um estado agudo de desorganização mental, no qual o sujeito experimenta uma perda profunda da capacidade de distinguir a realidade, frequentemente acompanhada de delírios, alucinações e alterações significativas no pensamento e comportamento (American Psychiatric Association, 2013).
No contexto da saúde mental, a importância do entendimento quanto às crises psicóticas é indiscutível, pois a identificação e intervenção precoces podem evitar complicações significativas, melhorar a qualidade de vida dos pacientes e facilitar a reintegração social (Sadock, Sadock; Ruiz, 2015). Além disso, o domínio é fundamental para o desenvolvimento de abordagens terapêuticas adequadas que respeitem a subjetividade do paciente e as dinâmicas de sua experiência interna (Freud, 1915).
Os delírios são definidos como “crenças fixas e inabaláveis, apesar de evidências contrárias”, frequentemente envolvendo temas de perseguição, grandeza ou culpa (American Psychiatric Association, 2013, p. 87). Essas crenças, mantidas com intensa convicção, resistem a argumentos lógicos, configurando um dos principais aspectos desestruturantes da crise psicótica. Através dos delírios, o sujeito cria uma realidade própria que contrasta de maneira significativa com o mundo externo, reforçando seu isolamento psicológico.
As alucinações, por outro lado, referem-se a “percepções sensoriais que ocorrem na ausência de estímulos externos reais”, mais comumente visuais ou auditivas, nas quais o indivíduo experimenta sensações de som ou imagem que acredita serem reais (American Psychiatric Association, 2013, p. 87). Essas experiências sensoriais exacerbam o distanciamento do sujeito da realidade, levando-o a responder a estímulos inexistentes e intensificando o impacto da crise.
A desorganização do pensamento se manifesta, por sua vez, em um padrão de discurso incoerente e desarticulado, no qual o sujeito tem dificuldade em organizar ideias de forma lógica e coesa. Segundo Freud (1915), essa desorganização reflete uma “desestruturação da função simbólica”, em que o sujeito perde a capacidade de manter a coerência interna do pensamento, essencial para a adaptação à realidade. Esse comprometimento do pensamento lógico afeta profundamente a habilidade do indivíduo de interagir de maneira funcional com o mundo ao seu redor.
A duração e a intensidade de uma crise podem variar amplamente, dependendo de fatores individuais e contextuais, como predisposições biológicas, estressores ambientais e a história de saúde mental do indivíduo (Kupfer, Kuhl; Regier, 2013). Em algumas situações, a crise se apresenta de forma breve e autolimitada, enquanto em outras pode persistir por períodos prolongados, demandando intervenções intensivas e adaptadas às especificidades de cada caso.
As variáveis externas e internas podem atuar como gatilhos que desencadeiam ou agravam o quadro psicótico, levando a uma ruptura mais acentuada com a realidade. Fatores desencadeantes, como estresse emocional, uso de substâncias e alterações fisiológicas, podem precipitar crises, sendo crucial a avaliação dessas variáveis para uma intervenção bem-sucedida (Meltzer, 1973; Meltzer, 1986).
A definição de crise psicótica nos manuais diagnósticos, como o DSM-5 e a CID-10, apresenta características que ajudam a diferenciar esse fenômeno de outros distúrbios mentais. Ambos os sistemas reconhecem a psicose como um quadro que afeta profundamente a percepção da realidade, sendo fundamental para o diagnóstico clínico a avaliação dos sintomas e sua evolução no tempo. Essas definições fornecem uma base sólida para a compreensão das crises psicóticas, oferecendo definições e critérios diagnósticos que orientam o tratamento (American Psychiatric Association, 2013; Organização Mundial da Saúde, 2019).
Na psicanálise, a crise psicótica é entendida como um fenômeno profundo, que vai além da mera manifestação de sintomas e está intimamente ligado a conflitos intrapsíquicos não resolvidos. A crise psicótica é vista, portanto, como uma expressão dramática de conflitos não resolvidos e de experiências passadas, que, ao não serem adequadamente integradas à vida psíquica do sujeito, retornam de maneira distorcida e sobrecarregada. (Freud, 1915).
Além disso, a psicanálise enfatiza a importância das primeiras experiências infantis na formação dos conflitos intrapsíquicos que podem vir a desencadear uma psicose. Como Klein (1957) sugere, a psique do indivíduo é profundamente influenciada pelas relações primárias, especialmente com a mãe ou cuidadores, e qualquer falha nesse vínculo pode deixar marcas psíquicas que, mais tarde, contribuem para a manifestação de quadros psicóticos.
A compreensão da psicose a partir da psicanálise se fundamenta nas teorias de Freud e Lacan, cujas contribuições se entrelaçam e estabelecem as bases para a clínica contemporânea. Freud, em sua obra Sobre a psicose (1915), a descreveu como uma regressão do ego, no qual a capacidade do sujeito de lidar com a realidade externa se fragmenta. Ele argumenta que, ao não conseguir integrar suas experiências de forma adaptativa, o sujeito se vê forçado a recorrer a mecanismos de defesa primitivos, como a negação ou a projeção.
Como Freud (1915, p. 130) explica: “O ego, incapaz de elaborar os estímulos da realidade, se refugia em um mundo substitutivo”. Esse mundo substitutivo refere-se à criação de uma nova realidade, onde o sujeito pode encontrar alívio para os conflitos inconscientes não resolvidos. No entanto, essa nova realidade é uma distorção da realidade consensual, o que leva à experiência psicótica.
Por outro lado, Lacan, ao revisitar as ideias freudianas, introduziu uma abordagem inovadora centrada na importância da linguagem e na estrutura simbólica. Em seus seminários, Lacan propôs que a psicose é, em essência, uma falha na integração do sujeito ao simbólico, que é mediado pela linguagem e pelas normas sociais. Ele enfatiza a importância do “Nome-do-Pai”, um conceito que designa a função simbólica que estrutura a realidade do sujeito.
Lacan (1953, p. 72) afirma: “O sujeito psicótico não é inteiramente introduzido no simbólico, e é isso que provoca sua alienação em relação à realidade”. A falha em acessar o “Nome-do-Pai” é, portanto, vista como um fator crítico na formação da psicose, pois impede o sujeito de se situar adequadamente dentro da ordem simbólica da linguagem e da cultura, resultando em uma percepção distorcida e fragmentada da realidade.
Enquanto Freud se concentra na regressão do ego e nos conflitos inconscientes, Lacan amplia essa visão ao considerar a estrutura simbólica e a função da linguagem como determinantes essenciais para a formação do sujeito e a experiência psicótica. Lacan (1953, p. 85) afirma: “A psicose não é uma interrupção da realidade, mas uma estrutura de realidade própria do sujeito”. Essa frase reflete sua visão de que a psicose não deve ser vista apenas como um distúrbio ou falha, mas como uma estrutura própria de experiência do sujeito, que cria e habita uma realidade alternativa.
Os teóricos contemporâneos, como Wilfred Bion (1962), oferecem contribuições significativas para a compreensão das crises psicóticas, aprofundando as questões introduzidas por Freud e Lacan e ampliando o foco para dimensões mais relacionais e intersubjetivas. Bion, em sua teoria das psicoses, enfatiza a importância do processo de pensamento e da capacidade do sujeito de lidar com as experiências emocionais. Para Bion, a psicose é entendida como uma falha no processo de “pensar”, um colapso da capacidade de “pensar sobre o que se sente”. Ele propõe que a psicose surge quando o sujeito não consegue digerir as experiências emocionais, o que gera uma “experiência mental não pensada”, resultando em estados psicóticos.
Bion introduz o conceito de “função alfa”, a habilidade de transformar as experiências sensoriais e emocionais em pensamentos simbólicos, um processo fundamental para a integração psíquica. Quando essa função é interrompida, o sujeito experimenta um estado de desorganização mental, propício à psicose. Como Bion (1962) afirma, “a psicose é uma tentativa de dominar a experiência mental não pensada através da psicose, sem recorrer ao processo de pensamento”.
Portanto, Bion oferece uma compreensão mais aprofundada e expandida da psicose, considerando a complexidade dos processos mentais, emocionais e relacionais envolvidos. Destacando a importância do contexto relacional e da capacidade de pensar e elaborar experiências, fornecendo um entendimento mais integrado da psicose, que vai além dos modelos clássicos, centrados na psicopatologia.
A análise comparativa das definições evidencia que, enquanto a abordagem psiquiátrica pode se concentrar na estabilização e controle dos sintomas, a psicanálise enfatiza a importância de entender as motivações subjacentes e a experiência subjetiva do paciente, fornecendo uma perspectiva única que pode enriquecer a prática clínica (Báez, 2008; Albino, 2021).
Por conseguinte, a definição clara de crise psicótica é essencial para a prática clínica. Uma compreensão mais profunda desse fenômeno pode orientar a construção de intervenções que sejam respeitosas e eficazes, promovendo um tratamento que leve em consideração a singularidade de cada paciente. Além disso, a definição deve englobar tanto os aspectos sintomáticos quanto os contextuais, reconhecendo a importância das vivências individuais na construção da crise psicótica.
A intervenção em crises psicóticas é uma tarefa desafiadora que exige uma abordagem multidimensional, levando em consideração os sintomas, e o contexto em que esses sintomas se manifestam. A importância do tratamento adequado durante estas crises não pode ser subestimada, pois um manejo eficaz pode não apenas aliviar os sintomas, mas também melhorar significativamente a qualidade de vida e facilitar a reintegração social do paciente (Da Paz e Reimann, 2022).
Os tratamentos farmacológicos, especialmente os antipsicóticos, são uma das intervenções mais comumente utilizadas em crises psicóticas. Os antipsicóticos podem ser classificados em típicos e atípicos, cada um com suas características, indicações e efeitos colaterais (Lieberman; Stroup, 2011). Os antipsicóticos são substâncias que atuam no sistema nervoso central, modulando neurotransmissores, especialmente a dopamina, que está frequentemente associada aos sintomas psicóticos.
Os antipsicóticos típicos foram os primeiros agentes utilizados para o tratamento de sintomas psicóticos e agem predominantemente nos receptores de dopamina, reduzindo alucinações e delírios. No entanto, esses medicamentos podem provocar efeitos colaterais motores, como rigidez muscular e tremores, que limitam seu uso e tolerabilidade em alguns pacientes (Keltner; Folks, 2005).
Já os antipsicóticos atípicos, introduzidos a partir dos anos 1990, possuem uma ação mais ampla, incluindo a modulação de receptores de serotonina, o que lhes confere uma eficácia ampliada e menos efeitos colaterais motores em comparação aos típicos. Devido a esses benefícios, os antipsicóticos atípicos são frequentemente preferidos no tratamento a longo prazo, permitindo uma abordagem mais tolerável e adaptada às necessidades do paciente, visando à estabilidade e melhoria da qualidade de vida (Keltner; Folks, 2005).
A escolha do antipsicótico deve ser individualizada, considerando os sintomas apresentados, o histórico médico do paciente e sua tolerância a diferentes medicações (Sadock et al., 2015). Embora eficazes, podem apresentar uma variedade de efeitos colaterais que influenciam diretamente a adesão ao tratamento. Entre os efeitos mais comuns estão ganho de peso, sedação, sintomas motores, como tremores e rigidez muscular, além de alterações metabólicas. Esses efeitos colaterais, especialmente em tratamentos prolongados, podem ser desgastantes e reduzir a disposição do paciente em continuar com a medicação. A falta de adesão, muitas vezes motivada por esses desconfortos, representa um desafio para a eficácia terapêutica a longo prazo (Sadock et al., 2015).
Portanto, é essencial que profissionais de saúde monitorem e ajustem o tratamento conforme necessário, buscando o equilíbrio entre a eficácia dos antipsicóticos e a minimização dos efeitos colaterais para facilitar a continuidade do uso e, consequentemente, uma recuperação mais estável e sustentável (Sadock et al., 2015).
Além dos antipsicóticos, estabilizadores de humor e ansiolíticos são frequentemente incorporados ao tratamento para complementar o controle dos sintomas e otimizar os resultados terapêuticos, especialmente em casos onde há oscilações de humor intensas ou altos níveis de ansiedade associados à crise psicótica. Essa abordagem combinada pode ser fundamental para alcançar uma estabilização mais ampla e sustentável dos sintomas, atendendo melhor às necessidades individuais de cada paciente (Meltzer, 1986).
A psicanálise aborda a crise psicótica de uma maneira distinta das abordagens tradicionais, que frequentemente focam na sintomatologia e no controle imediato dos sintomas. Para a ciência psicanalítica ela é vista como um momento de desorganização psíquica extrema, mas também como uma oportunidade para investigar os conflitos internos e as dinâmicas inconscientes que podem ter contribuído para o surto psicótico.
A abordagem das crises psicóticas exige uma intervenção integrada e coordenada, onde cada profissional da equipe multidisciplinar contribui com sua expertise específica para oferecer um tratamento mais completo e eficaz A importância de uma equipe multidisciplinar não pode ser subestimada. A coordenação entre psiquiatras, psicólogos, enfermeiros e outros profissionais é essencial para garantir um cuidado holístico e eficaz (Sadock et al., 2015).
A coordenação entre esses diferentes profissionais é crucial, pois a crise afeta o sujeito de várias formas — em termos de saúde mental, física, emocional e social. Cada membro da equipe contribui para a compreensão das necessidades do paciente. Além disso, o trabalho conjunto possibilita a troca de informações essenciais sobre o progresso do caso, garantindo que o tratamento seja ajustado conforme necessário, de maneira integrada.
A avaliação dos resultados de um tratamento neste contexto envolve a observação da redução dos sintomas psicóticos, como delírios, alucinações e desorganização do pensamento, que são as manifestações mais marcantes da crise. A combinação de intervenções farmacológicas e psicoterapêuticas tem se mostrado eficaz na diminuição desses sintomas, promovendo a estabilização do paciente e possibilitando a retomada de uma maior organização psíquica.
Em conjunto, essas abordagens tendem a promover a recuperação do paciente, oferecendo uma redução significativa dos sintomas psicóticos, enquanto se busca garantir a estabilidade emocional e funcional a longo prazo. A eficácia do tratamento, portanto, depende de uma combinação de fatores, como a escolha do medicamento, o acompanhamento contínuo e o suporte psicoterapêutico, sendo a integração desses elementos elementar para uma resposta terapêutica bem-sucedida.
A melhora na funcionalidade do paciente após o tratamento é um dos principais objetivos terapêuticos, visando a recuperação da capacidade do indivíduo de funcionar de forma autônoma e adaptativa em sua vida cotidiana. A reintegração social é uma parte fundamental desse processo, já que muitas vezes as crises psicóticas resultam em um isolamento significativo. Através de uma abordagem integrada, busca-se restabelecer a confiança do sujeito em suas próprias habilidades e possibilitar sua participação ativa na sociedade.
A adesão ao tratamento é um fator crucial que influencia diretamente os resultados a longo prazo na gestão das crises psicóticas (Lewis et al., 2003). Pacientes que seguem corretamente as orientações terapêuticas, tanto no uso de medicamentos como nas sessões de psicoterapia, tendem a experimentar uma recuperação mais estável e uma redução significativa dos sintomas.
A falta de adesão, por outro lado, pode levar à reincidência dos sintomas psicóticos, dificultando a reintegração social e funcional do indivíduo. O sucesso do tratamento está intrinsecamente relacionado à capacidade de o paciente confiar no plano terapêutico, o que implica não apenas na eficácia do tratamento em si, mas também em sua aceitação e compreensão das intervenções propostas.
A personalização do tratamento, considerando as necessidades e preferências individuais, desempenha um papel decisivo nesse processo. Ao adaptar a abordagem terapêutica ao contexto do paciente, seja em relação aos medicamentos prescritos ou às técnicas psicoterapêuticas utilizadas, os profissionais aumentam a probabilidade de adesão e engajamento por parte do paciente, o que pode ser um diferencial significativo no sucesso da intervenção.
A psicanálise se destaca como uma abordagem teórica e terapêutica relevante no contexto das crises psicóticas, oferecendo uma compreensão profunda das experiências subjetivas dos pacientes e permitindo intervenções que vão além da mera sintomatologia. A importância da psicanálise nesse contexto é evidenciada pelo seu foco na exploração dos conflitos intrapsíquicos e na busca por compreender a lógica interna das manifestações psicóticas (Báez, 2007; 2008).
A teoria das pulsões, um dos pilares da psicanálise, pode ser aplicada para entender as motivações subjacentes que são capazes de contribuir para o desenvolvimento de uma crise psicótica (Meltzer, 1973). A teoria das pulsões de Freud propõe que a psique humana é regida por forças instintivas, chamadas pulsões, que são direcionadas a satisfazer necessidades primárias. Quando essas pulsões não são adequadamente integradas ou controladas pelo ego, podem resultar em distúrbios psíquicos graves.
No contexto das crises psicóticas, as pulsões podem se tornar tão intensas e desorganizadas que o ego não consegue manter o controle, o que pode resultar na explosão de conteúdos inconscientes, como delírios e alucinações. A psicanálise, portanto, entende a psicose como uma tentativa do sujeito de lidar com pulsões não resolvidas de uma maneira perturbadora, evidenciando o conflito entre o consciente e o inconsciente.
Segundo Meltzer (1973), a crise psicótica pode ocorrer quando o sujeito, incapaz de canalizar suas pulsões de maneira adequada, acaba se envolvendo em um processo de regressão onde suas forças psíquicas são liberadas de forma caótica, resultando em uma completa desorganização do sentido de si e do mundo.
A psicanálise enfatiza o papel do inconsciente nas crises psicóticas, considerando como os conteúdos inconscientes podem se manifestar de forma desorganizada e perturbadora durante esses episódios (Freud, 1915). O inconsciente desempenha um papel central na teoria psicanalítica, sendo visto como o reservatório de desejos reprimidos, memórias traumáticas e conflitos não resolvidos.
Durante uma crise, os conteúdos inconscientes podem emergir, desafiando a capacidade do ego de integrá-los de maneira coerente. Freud (1915) argumentou que as manifestações psicóticas, como delírios e alucinações, podem ser compreendidas como tentativas do sujeito de lidar com conteúdos do inconsciente que não conseguem ser simbolizados ou integrados de maneira adequada.
Em uma crise psicótica, o inconsciente, ao invés de ser mediado pelo ego, se manifesta de forma direta e sem a devida organização. Isso resulta em uma dissociação da realidade, onde o paciente experimenta um rompimento com a percepção ordinária do mundo e consigo mesmo. A psicanálise sugere que esses conteúdos inconscientes são descarregados de forma abrupta, causando distúrbios graves na experiência de realidade do paciente.
As relações de objeto, por sua vez, são fundamentais para compreender como as experiências relacionais da infância e as dinâmicas familiares influenciam o desenvolvimento de padrões de defesa e a vulnerabilidade a crises psicóticas (Steiner, 1993). As relações de objeto, conceito desenvolvido por Melanie Klein (1957) e outros teóricos psicanalíticos, referem-se às maneiras como o indivíduo internaliza e se relaciona com os outros ao longo de sua vida.
Durante a infância, as relações iniciais com os cuidadores primários – geralmente os pais – desempenham um papel fundamental na formação das estruturas psíquicas e na formação de um senso de identidade. A psicanálise considera que as experiências relacionais da infância, bem como os padrões de defesa desenvolvidos ao longo da vida, podem influenciar profundamente a vulnerabilidade do indivíduo à psicose.
Durante uma crise psicótica, esses padrões de relação podem se tornar distorcidos e desencadear uma regressão significativa nos processos psíquicos do paciente. Segundo Steiner (1993), as dificuldades nas primeiras relações de objeto podem levar o indivíduo a uma falta de capacidade de diferenciar o Eu do outro, o que pode culminar em experiências psicóticas de despersonalização ou delírios de perseguição. A psicanálise vê as relações de objeto como uma chave para entender a dinâmica interna do paciente psicótico.
Outro termo integrante são os mecanismos de defesa, estratégias inconscientes que o ego utiliza para proteger-se de ansiedade e de conflitos internos. Em contextos de estresse psíquico intenso, como uma crise psicótica, os mecanismos de defesa podem se tornar mais primitivos e desadaptativos, resultando em uma distorção ainda maior da realidade percebida pelo paciente. Mecanismos como a negação, a projeção e a dissociação podem desempenhar um papel crucial no desenvolvimento de sintomas psicóticos.
O delírio e as alucinações, na visão psicanalítica, são vistas como formas de simbolização distorcidas e defensivas frente a conteúdos inconscientes que emergem de maneira incontrolável. Lacan (1953) argumenta que o sujeito psicótico, ao entrar em contato com o real (o que não pode ser simbolizado), desenvolve esses fenômenos como uma tentativa de restaurar a coesão psíquica.
Para Lacan, a psicose é essencialmente uma falha na estruturação do sujeito no “estádio do espelho”, processo fundamental pelo qual a criança se reconhece como um sujeito distinto, o que contribui para a formação do “eu”. Quando essa falha ocorre, a psique não consegue organizar a percepção de si mesma, o que se manifesta como distúrbios de identidade e percepção de realidade.
Em contraste, para Melanie Klein (1957), a psicose pode ser vista como uma defesa contra a destrutividade interna, onde as fantasias de destruição e o medo do “mundo interno” ameaçam a integridade do indivíduo. O delírio, nesse caso, funciona como uma tentativa de restaurar a paz interna, criando um “novo mundo” onde os objetos internos, muitas vezes persecutórios, podem ser controlados e manipulados.
Essa compreensão psicanalítica do delírio e das alucinações permite que o terapeuta trabalhe com o paciente na reconstrução de significados, ajudando a integrar essas experiências dissociadas e distorcidas de volta à consciência, o que pode contribuir para a recuperação e o fortalecimento do Ego.
Durante a crise psicótica, as intervenções psicanalíticas exigem adaptações nas técnicas tradicionais para garantir que o paciente possa se expressar e ser compreendido de maneira eficaz. A livre associação, uma das principais ferramentas da psicanálise, pode ser difícil de aplicar diretamente, dada a confusão mental do paciente. No entanto, ela pode ser adaptada para incluir formas de expressão mais acessíveis, como o desenho, a escrita ou outras formas de comunicação simbólica, dependendo das necessidades do paciente. A interpretação, outro método central da psicanálise, deve ser cuidadosa e gradual, evitando sobrecarregar o paciente com interpretações antes que ele esteja pronto para lidar com elas (Báez, 2007).
Além disso, a construção de uma aliança terapêutica segura é crucial durante a crise. O psicanalista deve ser capaz de estabelecer uma relação de confiança com o paciente, respeitando seus tempos e modos de comunicação. O espaço terapêutico deve ser acolhedor e livre de julgamentos, permitindo ao paciente explorar suas experiências sem medo de rejeição ou incompreensão. Isso implica em uma escuta atenta, com foco não apenas nas palavras, mas também nos gestos, nas emoções e nas expressões não verbais que o paciente possa usar para se comunicar.
Durante a fase aguda da crise, as sessões de psicanálise podem ser mais curtas e frequentes, com foco em acalmar o paciente e oferecer um espaço para que ele externalize seus pensamentos e sentimentos. Isso é fundamental para permitir que o paciente se sinta ouvido, um passo essencial para a recuperação. O analista, ao escutar com empatia e oferecer interpretações cuidadosas, pode ajudar o paciente a integrar suas experiências e a lidar com a intensidade da crise de uma forma mais estruturada.
Após a fase mais crítica, o processo psicanalítico pode se concentrar na reconstrução da narrativa pessoal do sujeito (Da Paz; Reimann, 2022). A análise de seus conflitos internos e a reinterpretação de suas experiências traumáticas podem ajudar o paciente a reintegrar-se à realidade, ao mesmo tempo em que promove uma maior compreensão de suas emoções e da origem de sua crise psicótica. Essa reconstrução de uma narrativa mais coesa e saudável é fundamental para o processo terapêutico, pois permite ao paciente fazer sentido de sua experiência psicótica e, gradualmente, restabelecer um equilíbrio psíquico duradouro.
A natureza prolongada do processo terapêutico psicanalítico pode ser um obstáculo quando se trata de intervenções emergenciais. A psicose, como fenômeno agudo, exige abordagens que possam ser mais imediatas e diretas. A psicanálise, por sua vez, exige tempo para o paciente elaborar seus conflitos inconscientes e reconstruir sua psique. Em momentos críticos, isso pode representar uma limitação significativa, sendo necessário um ajuste nas abordagens terapêuticas para responder de maneira mais eficaz às necessidades do paciente no curto prazo (Da Paz; Reimann, 2022).
Apesar de suas limitações, a psicanálise oferece uma compreensão profunda da experiência subjetiva do paciente, sendo uma ferramenta valiosa na intervenção em crises psicóticas. Muitas vezes, esses conflitos estão enraizados em experiências traumáticas precoces ou em dinâmicas familiares disfuncionais. Ao fornecer um espaço para o paciente explorar e elaborar esses conflitos, a psicanálise pode promover o autoconhecimento, permitindo que o paciente desenvolva um maior senso de controle sobre sua psique e, por conseguinte, sobre sua vida.
Em suma, a relevância da psicanálise para futuras intervenções em crises psicóticas é significativa. Considerar esta abordagem nas práticas terapêuticas pode enriquecer o tratamento de crises, promovendo uma visão mais completa da psicose e seus determinantes. Integrada a outras formas de tratamento, a ciência psicanalítica pode desempenhar um papel fundamental na recuperação do paciente, fornecendo os recursos necessários para a reintegração psíquica e emocional.
3 METODOLOGIA
Este trabalho adota uma metodologia de revisão bibliográfica com o intuito de explorar, com profundidade, os limites e as potencialidades da psicanálise no manejo de crises psicóticas. A revisão bibliográfica, como abordagem metodológica, permite examinar as teorias, conceitos e práticas existentes na literatura, discutindo e confrontando perspectivas teóricas para uma compreensão mais robusta do tema.
A pesquisa foca nas áreas de psicanálise e psicopatologia, com especial atenção à psicose e ao manejo das crises psicóticas, conforme compreendido pela psicanálise. Como objetivo, a revisão se orienta por uma análise de estudos relevantes que discutem a compreensão psicanalítica da psicose e suas intervenções, sem impor limites temporais rígidos, permitindo a inclusão de clássicos teóricos fundamentais (Freud, Lacan, Klein) e também de trabalhos contemporâneos. Estudos de diferentes contextos geográficos são considerados, desde que contribuam para a construção de uma visão ampla e aprofundada da aplicação psicanalítica frente à crise psicótica.
A seleção dos textos foi feita principalmente em bases de dados acadêmicas amplamente reconhecidas, como SciELO, PePsic e Google Scholar, que oferecem acesso a periódicos e estudos em psicanálise e psicologia. A pesquisa inclui estudos disponíveis em português, inglês e espanhol, visando uma cobertura abrangente de fontes que explorem o tema proposto sob diversas perspectivas culturais e acadêmicas.
Para localizar os estudos pertinentes, foram utilizados descritores que capturam os conceitos centrais da pesquisa. Os principais descritores incluídos foram: “Psicanálise e psicose”, “Crise psicótica e intervenção psicanalítica”, “Tratamento da psicose na psicanálise”, “Intervenção psicanalítica em crises psicóticas” e “Psicose, subjetividade e psicanálise”. Esses descritores foram aplicados nas buscas das bases de dados, permitindo identificar materiais que se alinham aos objetivos e à problemática do estudo.
Para garantir a relevância e a qualidade do material analisado, foram estabelecidos critérios específicos de inclusão e exclusão dos estudos. Os critérios de inclusão foram: estudos que abordem a psicose e a crise psicótica sob a ótica psicanalítica, com atenção especial aos conceitos de subjetividade, tratamento e intervenção; trabalhos que tragam contribuições teóricas substanciais para a compreensão da psicose segundo os principais autores da psicanálise, incluindo Clássicos e contemporâneos; e artigos e textos que discorrem sobre a prática e os desafios da intervenção psicanalítica em contextos de crise psicótica.
Os critérios de exclusão foram: estudos que não possuam uma metodologia clara ou apresentem inconsistências teóricas que comprometam a validade de suas conclusões; trabalhos que não se embasam nos principais autores e referências da psicanálise, considerando que esses são fundamentais para a profundidade do tema proposto; e textos que enfoquem a psicose exclusivamente sob uma perspectiva biológica ou neurocientífica, uma vez que o foco do trabalho é explorar a abordagem e as contribuições da psicanálise.
Os dados dos estudos selecionados foram organizados com base em fichamentos de conteúdo, um método que permite uma análise sistemática dos principais pontos, argumentos e conclusões. Os fichamentos incluem: autor e ano de publicação, metodologia empregada e estrutura, principais conceitos e contribuições teóricas para o entendimento da psicose e das crises psicóticas segundo a psicanálise, e conclusões e discussões principais dos autores, com foco em como essas ideias contribuem para o objetivo geral e os objetivos específicos da pesquisa. Esse processo de fichamento detalhado foi fundamental para identificar e organizar as ideias centrais dos autores e para construir uma base sólida para a discussão e análise crítica dos achados.
Para sintetizar os resultados, foi realizada uma síntese temática dos estudos revisados, categorizando as principais ideias e enfoques encontrados. Esse método qualitativo permitiu agrupar os estudos de acordo com suas contribuições para a compreensão da crise psicótica pela psicanálise e os desafios e potencialidades da intervenção psicanalítica. A síntese temática possibilitou uma visão abrangente das teorias e práticas discutidas na literatura, destacando tanto os avanços quanto as limitações dessa abordagem.
Após a síntese, foi realizada uma análise crítica dos achados, com o objetivo de discutir as convergências e divergências entre os autores, confrontando as perspectivas teóricas e práticas sobre o manejo psicanalítico das crises psicóticas. A análise buscou não apenas confirmar, mas também problematizar os conceitos e as abordagens identificadas, explorando as possibilidades de aplicação e os limites dessa prática no campo da saúde mental. Essa etapa de análise crítica é essencial para contextualizar as contribuições da psicanálise e destacar as nuances e complexidades do tratamento psicanalítico em cenários de crise psicótica.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho explorou a intervenção da psicanálise em crises psicóticas, com o objetivo de examinar os limites e as possibilidades dessa abordagem terapêutica em contextos críticos. A psicose, caracterizada por uma desconexão significativa com a realidade, foi analisada à luz da teoria psicanalítica, com foco na definição do transtorno, nas intervenções disponíveis e na aplicação da psicanálise como estratégia terapêutica.
Os resultados indicam que a psicanálise oferece uma compreensão profunda dos conflitos inconscientes que subjazem à psicose, desempenhando um papel significativo na intervenção a longo prazo. No entanto, sua aplicação em crises agudas enfrenta desafios substanciais. A combinação da psicanálise com abordagens mais imediatas, revelou-se uma estratégia promissora para um tratamento mais eficaz e abrangente.
Os objetivos do estudo incluíram definir a crise psicótica, avaliar os tratamentos e intervenções disponíveis e analisar os limites e as possibilidades da psicanálise. A definição de crise psicótica foi abordada a partir de conceitos freudianos e contemporâneos, destacando a importância da desintegração das defesas do ego. A revisão das intervenções mostrou que, embora a psicanálise ofereça insights teóricos valiosos, sua eficácia pode ser limitada por sua abordagem prolongada em crises agudas. A análise dos limites e possibilidades da psicanálise sugeriu que sua eficácia é potencializada quando combinada com outras formas de terapia.
Contudo, é importante reconhecer algumas limitações do estudo. A principal limitação é a dificuldade de generalizar os achados, uma vez que a eficácia da psicanálise pode variar conforme o contexto da crise e as características individuais dos pacientes. Além disso, o foco predominante na literatura pode ter restringido a inclusão de perspectivas práticas e dados empíricos mais recentes. Futuras pesquisas devem considerar uma análise mais prática e incorporar dados empíricos para complementar os insights teóricos.
Para avançar na compreensão da eficácia da psicanálise em crises psicóticas, recomendo investigar a integração desta com terapias emergentes e abordagens multifacetadas. Estudos futuros poderiam explorar a adaptação da psicanálise para contextos de crise aguda e avaliar o impacto de uma abordagem integrada no tratamento da psicose. Também é crucial investigar a formação e a capacitação de profissionais para utilizar a psicanálise em situações de emergência, o que pode fornecer diretrizes práticas e melhorar a eficácia terapêutica.
Este é um campo em constante evolução, observo que a psicanálise tem muito a contribuir, mas precisa ser ajustada e complementada para se adequar melhor às necessidades emergenciais. A discussão sobre como integrar diferentes abordagens e adaptar a psicanálise para situações agudas deve ser ampliada para promover um tratamento mais eficaz e completo.
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