REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202502122255
Ana Luiza Barbosa; Welleson Feitosa Gazel; Juliana Araújo do Prado Franco; Belisa Buzelli de Queiroz; Leticia Namie Kishi; Paulo Fernando Katsuo Ogatha Ito; Caio Ferrante Pasquini; Marjorie Albergoni Inohira; Tainá Soares Leite Santos; Lígia Luana Freire da Silva
Introdução: A doença cardiovascular permanece como principal causa de mortalidade em pacientes com diabetes, que apresentam pior prognóstico após o infarto agudo do miocárdio (IAM) em comparação com indivíduos com metabolismo normal da glicose. Esses pacientes demandam terapias que reduzam de forma mais efetiva os riscos de desfechos cardiovasculares e metabólicos adversos. Objetivos: O objetivo foi realizar a avaliação da taxa de prevalência de IAM associados ou não à DM, no Brasil, entre os anos de 2002 a 2012. Metodologia: O estudo em questão é um levantamento epidemiológico de natureza ecológica, descritiva, transversal e retrospectiva. Os dados analisados foram obtidos a partir de casos novos registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). A pesquisa abrangeu óbitos por infarto agudo do miocárdio (IAM) ocorridos entre 2002 e 2012, no Brasil, sendo as variáveis analisadas: o ano de ocorrência do IAM, faixa etária, sexo e a presença de diabetes mellitus (DM). Resultados: Entre os anos de 2002 e 2012, foram registrados 498.452 casos de infarto agudo do miocárdio (IAM). Desses, 42.585 ocorreram em indivíduos com diabetes mellitus (DM), sendo 25.507 (59,89%) em mulheres e 17.081 (40,10%) em homens. Nos indivíduos sem DM, foram contabilizados 455.864 casos de IAM, dos quais 297.970 (65,36%) ocorreram em mulheres e 157.894 (34,63%) em homens. Em relação à distribuição por faixa etária, os pacientes com DM apresentaram maior prevalência de IAM na faixa de 60 a 69 anos, com 13.146 casos (30%), seguidos pela faixa de 50 a 59 anos, com 12.294 casos (28,86%). Conclusão: A análise evidenciou que o infarto agudo do miocárdio (IAM) permanece sendo uma condição de alta prevalência na população, sendo significativamente impactado pela presença de diabetes mellitus (DM). Pacientes com DM apresentaram maior prevalência de IAM em mulheres e em faixas etárias mais avançadas, especialmente entre 60 a 69 anos. Esses achados reforçam a necessidade de estratégias terapêuticas mais eficazes e direcionadas para mitigar os riscos cardiovasculares e metabólicos em populações vulneráveis, particularmente em indivíduos com DM.
Palavras-chaves: “Infarto Agudo do Miocárdio”; “Diabetes Mellitus” ; “Doenças Cardiovasculares”.
INTRODUÇÃO:
A doença cardiovascular permanece como principal causa de mortalidade em pacientes com diabetes, que apresentam pior prognóstico após o infarto agudo do miocárdio (IAM) em comparação com indivíduos com metabolismo normal da glicose. Esses pacientes demandam terapias que reduzam de forma mais efetiva os riscos de desfechos cardiovasculares e metabólicos adversos. (James et al., 2024; Ajjan et al., 2023)
O diabetes mellitus é um fator de risco estabelecido para doença cardiovascular (DCV) e está fortemente associado ao aumento da incidência de infarto agudo do miocárdio (IAM) e à maior mortalidade pós-IAM em comparação com indivíduos sem diabetes. Esse risco excessivo decorre da interação complexa entre fatores de risco cardiometabólicos tradicionais, como hipertensão arterial, dislipidemia e obesidade, e fatores não tradicionais, incluindo resistência à insulina, variabilidade glicêmica e predisposição genética, que desempenham papéis fundamentais na fisiopatologia da aterosclerose e suas complicações cardiovasculares. (Ding et al., 2022)
Evidências crescentes sugerem diferenças significativas entre os sexos no impacto do diabetes sobre a mortalidade pós-IAM. Mulheres com diabetes apresentam risco aproximadamente três vezes maior de doença coronariana fatal em comparação com aquelas sem diabetes e um risco relativo ajustado mais elevado em relação aos homens com diabetes. No entanto, apesar dessas observações, os resultados dos estudos ainda são inconsistentes, sugerindo que variáveis como tempo de seguimento, heterogeneidade das populações estudadas e diferenças metodológicas podem influenciar os achados. (Ding et al., 2022)
Dessa forma, permanece incerto se o impacto diferencial do diabetes na mortalidade pós-IAM é um reflexo real de disparidades biológicas entre os sexos ou se é influenciado por fatores confundidores, como diferenças basais nos perfis de risco cardiometabólico. A ausência de uma análise abrangente que consolide as evidências disponíveis ressalta a necessidade de investigação adicional para compreender plenamente essa associação e otimizar estratégias terapêuticas personalizadas para essa população de alto risco.(Ding et al., 2022).
Objetivos: O objetivo foi realizar a avaliação da taxa de prevalência de IAM associados ou não à DM, no Brasil, entre os anos de 2002 a 2012.
Metodologia: O estudo em questão é um levantamento epidemiológico de natureza ecológica, descritiva, transversal e retrospectiva. Os dados analisados foram obtidos a partir de casos novos registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). A pesquisa abrangeu óbitos por infarto agudo do miocárdio (IAM) ocorridos entre 2002 e 2012, no Brasil, sendo as variáveis analisadas: o ano de ocorrência do IAM, faixa etária, sexo e a presença de diabetes mellitus (DM).
Resultados:
Entre os anos de 2002 e 2012, foram registrados 498.452 casos de infarto agudo do miocárdio (IAM). Desses, 42.585 ocorreram em indivíduos com diabetes mellitus (DM) (Tabela 1).
Tabela 1. Ocorrência de IAM em pacientes com e sem diabetes mellitus. Fonte: Datasus.
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Fonte: Datasus.
Os dados apresentaram: 25.507 (59,89%) em mulheres e 17.081 (40,10%) em homens. Nos indivíduos sem DM, foram contabilizados 455.864 casos de IAM, dos quais 297.970 (65,36%) ocorreram em mulheres e 157.894 (34,63%) em homens (Gráfico 1).
Gráfico 1. Distribuição dos IAM por sexo, com a presença ou ausência de Diabetes Mellitus. Fonte: Datasus.
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Fonte: Datasus.
Em relação à distribuição por faixa etária, os pacientes com DM apresentaram maior prevalência de IAM na faixa de 60 a 69 anos, com 13.146 casos (30%), seguidos pela faixa de 50 a 59 anos, com 12.294 casos (28,86%) (Gráfico 2 e Tabela 3).
Tabela 3 e Gráfico 2. Distribuição dos IAM por faixa etária, com e sem a presença de diabetes mellitus tipo 2.
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Fonte: Datasus.
Gráfico 2. Distribuição dos IAM por faixa etária, com e sem a presença de diabetes mellitus tipo 2.
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Fonte: Datasus.
Discussão:
I-) No estudo James et al., 2023:
O estudo de James et al. (2023) avaliou o impacto da dapagliflozina, um inibidor de SGLT2, em pacientes pós-infarto do miocárdio (IM). A medicação demonstrou benefício significativo no desfecho composto primário (razão de vitórias de 1,34; P < 0,001), sugerindo efeitos cardiometabólicos favoráveis. No entanto, não houve diferença estatisticamente significativa na redução de morte cardiovascular ou hospitalização por insuficiência cardíaca (HR 0,95; IC 95%, 0,64–1,40). A análise foi influenciada por ajustes metodológicos devido ao baixo número de eventos. A dapagliflozina apresentou um perfil de segurança favorável, reforçando seu potencial na otimização metabólica pós-IM, embora estudos mais amplos sejam necessários para confirmar seu impacto cardiovascular. Confirmando com todas as análises epidemiológicas demonstradas pelo presente estudo.
II-) No estudo Ajjar et al., 2023:
O estudo LIBERATES, de Ajjar et al. (2023), avaliou o impacto do monitoramento contínuo intermitente da glicemia (isCGM) em comparação com o automonitoramento capilar (SMBG) em pacientes com diabetes tipo 2 (DT2) e infarto do miocárdio (IM) recente. O isCGM aumentou marginalmente o tempo na faixa glicêmica (TIR) em 17 min/dia e reduziu significativamente o tempo em hipoglicemia (−80 min/dia). A redução na hemoglobina glicada (HbA1c) foi semelhante entre os grupos, mas o isCGM demonstrou maior estabilidade glicêmica e menor risco de eventos hipoglicêmicos.
A análise de desfechos clínicos indicou menor incidência de eventos adversos graves no grupo isCGM, mas o tamanho amostral limitado impede conclusões definitivas. O isCGM também se mostrou custo-efetivo e teve impacto positivo na qualidade de vida dos pacientes. No entanto, estudos adicionais são necessários para avaliar seus benefícios cardiovasculares a longo prazo e sua aplicabilidade em diferentes perfis de pacientes com DT2.
Os achados do estudo sugerem que o isCGM pode ser uma estratégia eficaz para reduzir a hipoglicemia e melhorar a segurança glicêmica em pacientes com DT2 e IM recente, reforçando a necessidade de investigações futuras para validar seu impacto na prática clínica. Reiterando a análise epidemiológica traçada pelo presente estudo.
III-) No estudo Ding et al., 2022:
O estudo de Ding et al. (2021) demonstrou que pacientes com diabetes apresentam maior mortalidade por todas as causas após IAM, independentemente do sexo. A análise ajustada revelou risco elevado no curto (RR 1,16-1,29), médio (RR 1,38-1,39) e longo prazo (RR 1,58-1,76), com tendência de aumento progressivo nos homens.
A persistência do risco reforça a necessidade de estratégias terapêuticas diferenciadas, incluindo controle glicêmico otimizado e uso de terapias cardioprotetoras. O manejo clínico deve considerar o impacto metabólico prolongado do diabetes e sua interação com o sexo para reduzir a mortalidade e melhorar o prognóstico desses pacientes. Corroborando com toda a análise epidemiológica demonstrada pelos resultados do atual estudo.
Conclusão:
A análise evidenciou que o infarto agudo do miocárdio (IAM) permanece sendo uma condição de alta prevalência na população, sendo significativamente impactado pela presença de diabetes mellitus (DM). Pacientes com DM apresentaram maior prevalência de IAM em mulheres e em faixas etárias mais avançadas, especialmente entre 60 a 69 anos. Esses achados reforçam a necessidade de estratégias terapêuticas mais eficazes e direcionadas para mitigar os riscos cardiovasculares e metabólicos em populações vulneráveis, particularmente em indivíduos com DM.
Referências Bibliográficas:
JAMES, Stefan et al. Dapagliflozin in myocardial infarction without diabetes or heart failure. NEJM evidence, v. 3, n. 2, p. EVIDoa2300286, 2024.
AJJAN, Ramzi A. et al. Multicenter randomized trial of intermittently scanned continuous glucose monitoring versus self-monitoring of blood glucose in individuals with type 2 diabetes and recent-onset acute myocardial infarction: results of the LIBERATES trial. Diabetes Care, v. 46, n. 2, p. 441-449, 2023.
DING, Qinglan et al. Sex-specific impact of diabetes on all-cause mortality among adults with acute myocardial infarction: An updated systematic review and meta-analysis, 1988-2021. Frontiers in Endocrinology, v. 13, p. 918095, 2022.