CÂNCER DE COLO UTERINO: ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO E DIAGNÓSTICO PRECOCE


CERVICAL CANCER: PREVENTION STRATEGIES AND EARLY DIAGNOSIS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202502112150


Carla Guerra Brugnera; Marciely Maria de Lima Abreu; Ana Gabriela Vasconcelos Cisne; Maurício Medeiros de Freitas Neto; Yasmim Figueiredo Pereira; Gabriel Augusto Mattei Battisti; Bárbara de Pinho Prisco Damasceno; Gabriel Fernandes Murad; Catiane Ferreira Santana; Carlos Daniel Spindola Melo; Marcos Gonçalves Amorim Dos Santos Filho; Lys Ponte Moreira Baratta; Guilherme Sousa Batista; Antonio Victor Azevedo Sena; Ana Paula Rodrigues da Silva e Silva


Resumo

O câncer de colo uterino é um dos tipos mais comuns entre as mulheres, especialmente em países em desenvolvimento. A detecção precoce e a prevenção são, portanto, cruciais para reduzir o impacto desse câncer, salvar vidas e melhorar a qualidade do atendimento à saúde feminina. O presente artigo tem como objetivo geral analisar as estratégias atuais de prevenção e diagnóstico precoce do câncer de colo uterino. A pesquisa é fundamentada em uma revisão abrangente da literatura existente, para a coleta dos dados, foi utilizada a base de dados PubMed e Scielo, a pesquisa foi conduzida com os termos “Câncer de Colo Uterino”,  “Diagnóstico Precoce”, “Prevenção do Câncer”, aplicando o operador booleano “AND”. A revisão bibliográfica revelou que as estratégias de prevenção e diagnóstico precoce do câncer de colo uterino têm mostrado avanços significativos nos últimos anos, principalmente com a introdução da vacinação contra o HPV e a ampliação do uso de exames de rastreamento, como o Papanicolau e o teste de HPV. Esses métodos têm sido cruciais na redução da mortalidade e na detecção de lesões precoces, que podem ser tratadas de forma eficaz e com altas taxas de cura. No entanto, ainda existem desafios significativos, especialmente em regiões com limitações no acesso a cuidados de saúde e na conscientização sobre a importância dessas práticas preventivas. Portanto, é fundamental continuar a investir na implementação de políticas públicas que ampliem o acesso à vacinação, aos exames de rastreamento e às tecnologias diagnósticas, além de promover campanhas de educação em saúde para aumentar a adesão da população. A detecção precoce e a prevenção continuam sendo as ferramentas mais eficazes para o controle do câncer de colo uterino, e sua difusão em nível global tem o potencial de salvar milhares de vidas e reduzir a carga dessa doença nas próximas gerações.

Palavras-chave: Câncer de Colo Uterino. Diagnóstico Precoce. Prevenção do Câncer.

1 INTRODUÇÃO

O câncer de colo uterino é um dos tipos mais comuns entre as mulheres, especialmente em países em desenvolvimento. Estima-se que, globalmente, milhões de casos novos sejam diagnosticados anualmente, representando uma das principais causas de morte entre as mulheres. A sua alta taxa de mortalidade pode ser atribuída ao diagnóstico tardio, uma vez que, em estágios iniciais, a doença pode não apresentar sintomas evidentes. A detecção precoce e a prevenção são, portanto, cruciais para reduzir o impacto desse câncer, salvar vidas e melhorar a qualidade do atendimento à saúde feminina. (SANTOS et al, 2015).

A infecção persistente por tipos de vírus do papiloma humano (HPV) é o principal fator de risco para o câncer de colo uterino. O HPV é um vírus altamente contagioso, e embora a maioria das infecções seja eliminada pelo sistema imunológico, as infecções persistentes podem levar ao desenvolvimento de lesões pré-cancerígenas. Portanto, a vacinação contra o HPV, juntamente com exames regulares, como o Papanicolau (ou exame de citologia cervical), são as principais ferramentas na estratégia de prevenção primária e secundária da doença. (MORAIS et al, 2021).

Nos últimos anos, a medicina tem avançado significativamente em relação às formas de diagnóstico e tratamento do câncer de colo uterino. Além da triagem regular, novas tecnologias e abordagens, como a colposcopia e a testagem do HPV, têm proporcionado uma detecção mais precisa e eficaz das lesões precoces, permitindo intervenções em estágios iniciais, quando as chances de cura são mais altas. Esses avanços têm sido fundamentais para melhorar os índices de sobrevida e reduzir a mortalidade por câncer cervical. (DE PAULA et al, 2019).

Portanto, o objetivo deste artigo é analisar as estratégias atuais de prevenção e diagnóstico precoce do câncer de colo uterino, com ênfase na importância da vacinação contra o HPV, na realização de exames preventivos regulares e na utilização de tecnologias mais recentes no diagnóstico precoce, visando à redução da incidência e da mortalidade associadas a essa neoplasia.

2 METODOLOGIA

A pesquisa adotou uma metodologia que combina análise, descrição e exploração, fundamentada em uma revisão abrangente da literatura existente. O objetivo principal desta revisão é compilar, sintetizar e analisar os achados de estudos anteriores sobre miomas uterinos. Esse método integra informações já publicadas, oferecendo uma visão crítica e estruturada do conhecimento disponível. A abordagem metodológica combina diversas estratégias e tipos de pesquisa, possibilitando a avaliação da qualidade e coerência das evidências e a integração dos resultados (BOTELHO, DE ALMEIDA CUNHA, MACEDO, 2011).

Para a coleta dos dados, foi utilizada a base de dados PubMed e Scielo. Diversos tipos de publicações foram considerados, incluindo artigos acadêmicos, estudos e periódicos relevantes. A pesquisa foi conduzida com os termos “”Câncer de Colo Uterino”,  “Diagnóstico Precoce”, “Prevenção do Câncer”, aplicando o operador booleano “AND” para refinar os resultados. As estratégias de busca adotadas foram: “Câncer de Colo Uterino” AND “Diagnóstico Precoce”, e “Câncer de Colo Uterino”  AND “Prevenção do Câncer”.

Os critérios para inclusão dos artigos foram: publicações originais, revisões sistemáticas, revisões integrativas ou relatos de casos, desde que fossem acessíveis gratuitamente e publicadas entre 2017 e 2024. Não houve restrições quanto à localização geográfica ou ao idioma das publicações. Foram excluídos artigos não científicos, bem como textos incompletos, resumos, monografias, dissertações e teses.

A seleção dos estudos seguiu critérios rigorosos de inclusão e exclusão. Após a definição desses critérios, foram realizadas buscas detalhadas nas bases de dados utilizando os descritores e operadores booleanos estabelecidos. Os estudos selecionados formam a base para os resultados apresentados neste trabalho.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados obtidos nesta revisão bibliográfica mostram que as estratégias de prevenção do câncer de colo uterino têm se expandido e se aprimorado ao longo dos anos. A principal abordagem para a prevenção primária ainda é a vacinação contra o HPV, que demonstrou eficácia significativa na redução da incidência de infecções persistentes e lesões pré-cancerígenas. Estudos revisados indicam que programas de vacinação em larga escala têm contribuído de forma substancial para a diminuição do número de casos, especialmente entre adolescentes e mulheres jovens. (GIRIANELLI, GAMARRA, AZEVEDO E SILVA, 2014).

Em relação à prevenção secundária, os exames de rastreamento, como o Papanicolau, continuam sendo a principal ferramenta para a detecção precoce do câncer cervical. A literatura destaca que a implementação de programas de rastreamento em países com acesso a cuidados de saúde tem gerado uma redução significativa na mortalidade por câncer de colo uterino. No entanto, em locais com infraestrutura limitada, a adesão a esses exames ainda é um desafio, o que pode comprometer a efetividade das estratégias de detecção precoce. (CARVALHO et al, 2018).

Além do Papanicolau, a pesquisa aponta para a crescente utilização do teste de HPV, que oferece uma alternativa ou complemento ao exame citológico tradicional. Estudos revisados demonstram que o teste de HPV tem uma sensibilidade superior à do Papanicolau na detecção de lesões precoces e, quando realizado periodicamente, pode detectar infecções que têm maior risco de progressão para câncer. A combinação desses exames tem se mostrado eficaz na redução das taxas de mortalidade, principalmente quando realizada de forma regular e em mulheres acima de 30 anos. (BARCELOS et al, 2017).

Outro avanço significativo mencionado na revisão diz respeito à colposcopia, que tem sido amplamente utilizada após resultados anormais em exames de rastreamento. A literatura sugere que a colposcopia, associada à biópsia, tem aumentado a precisão no diagnóstico das lesões do colo uterino. Com essa técnica, é possível realizar intervenções mais direcionadas e eficazes, tratando precocemente lesões que poderiam evoluir para o câncer invasivo. (RENNA, SILVA, 2018).

Além disso, o uso de tecnologias de imagem, como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética, tem avançado na avaliação do câncer de colo uterino em estágios mais avançados, permitindo uma melhor estadiagem e planejamento do tratamento. No entanto, esses métodos são mais indicados em cenários onde há suspeita de invasão tumoral, sendo complementares aos exames de rastreamento na fase inicial da doença. (TSIKOURAS et al, 2016).

A revisão também aponta para a importância da educação em saúde e da conscientização sobre a prevenção do câncer de colo uterino. Estudos analisados indicam que programas educativos, principalmente em escolas e campanhas públicas, desempenham um papel fundamental na adesão às vacinas contra o HPV e na procura regular por exames preventivos. A conscientização tem mostrado um aumento nas taxas de vacinação e de exames de rastreamento, o que é essencial para o sucesso das políticas de prevenção. (BEDELL et al, 2020).

Em relação ao tratamento, a revisão indica que a detecção precoce tem um impacto significativo nas taxas de cura e nos tratamentos menos invasivos. Mulheres diagnosticadas precocemente com lesões de baixo grau podem ser tratadas com terapias conservadoras, enquanto aquelas com lesões invasivas exigem tratamentos mais agressivos, como a histerectomia. A literatura destaca que, em estágios iniciais, a taxa de cura é de quase 100%, o que evidencia a importância da detecção precoce para a redução da mortalidade. (MUSUNURU et al, 2021).

Por fim, as estratégias de prevenção e diagnóstico precoce do câncer de colo uterino apresentam resultados positivos, mas ainda enfrentam desafios relacionados à adesão e à implementação em contextos de recursos limitados. A combinação de vacinação, rastreamento regular e novas tecnologias diagnósticas é a abordagem mais eficaz para reduzir a incidência e a mortalidade do câncer cervical, embora haja necessidade de maior investimento em educação e infraestrutura para garantir que essas estratégias alcancem todas as populações, independentemente do contexto socioeconômico. (LOPEZ et al, 2017).

4 CONCLUSÃO

Em conclusão, as estratégias de prevenção e diagnóstico precoce do câncer de colo uterino têm mostrado avanços significativos nos últimos anos, principalmente com a introdução da vacinação contra o HPV e a ampliação do uso de exames de rastreamento, como o Papanicolau e o teste de HPV. Esses métodos têm sido cruciais na redução da mortalidade e na detecção de lesões precoces, que podem ser tratadas de forma eficaz e com altas taxas de cura. No entanto, ainda existem desafios significativos, especialmente em regiões com limitações no acesso a cuidados de saúde e na conscientização sobre a importância dessas práticas preventivas.

Portanto, é fundamental continuar a investir na implementação de políticas públicas que ampliem o acesso à vacinação, aos exames de rastreamento e às tecnologias diagnósticas, além de promover campanhas de educação em saúde para aumentar a adesão da população. A detecção precoce e a prevenção continuam sendo as ferramentas mais eficazes para o controle do câncer de colo uterino, e sua difusão em nível global tem o potencial de salvar milhares de vidas e reduzir a carga dessa doença nas próximas gerações.

REFERÊNCIAS

BARCELOS, Mara Rejane Barroso et al. Qualidade do rastreamento do câncer de colo uterino no Brasil: avaliação externa do PMAQ. Revista de Saúde Pública, v. 51, p. 67, 2017.

BEDELL, Sarah L. et al. Cervical cancer screening: past, present, and future. Sexual medicine reviews, v. 8, n. 1, p. 28-37, 2020.

BOTELHO, Louise Lira Roedel; DE ALMEIDA CUNHA, Cristiano Castro; MACEDO, Marcelo. O método da revisão integrativa nos estudos organizacionais. Gestão e sociedade, v. 5, n. 11, p. 121-136, 2011.

CARVALHO, Priscila Guedes de et al. Trajetórias assistenciais de mulheres entre diagnóstico e início de tratamento do câncer de colo uterino. Saúde em Debate, v. 42, p. 687-701, 2018.

DE PAULA, Tamires Corrêa et al. Detecção precoce e prevenção do câncer de colo uterino: saberes e práticas educativas. Enfermagem em Foco, v. 10, n. 2, 2019.

GIRIANELLI, Vania Reis; GAMARRA, Carmen Justina; AZEVEDO E SILVA, Gulnar. Os grandes contrastes na mortalidade por câncer do colo uterino e de mama no Brasil. Revista de Saúde Pública, v. 48, p. 459-467, 2014.

LOPEZ, Melissa S. et al. Cervical cancer prevention and treatment in Latin America. Journal of surgical oncology, v. 115, n. 5, p. 615-618, 2017.

MORAIS, Isabela da Silva Mota et al. A importância do exame preventivo na detecção precoce do câncer de colo uterino: uma revisão de literatura. Revista Eletrônica Acervo Enfermagem, v. 10, p. e6472-e6472, 2021.

MUSUNURU, Hima Bindu et al. Advances in management of locally advanced cervical cancer. Indian Journal of Medical Research, v. 154, n. 2, p. 248-261, 2021.

RENNA, Nelson Luiz; SILVA, Gulnar Azevedo e. Tendências temporais e fatores associados ao diagnóstico em estágio avançado de câncer do colo uterino: análise dos dados dos registros hospitalares de câncer no Brasil, 2000-2012. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 27, n. 2, p. e2017285, 2018.

SANTOS, Alanda Maria Rodrigues et al. Câncer de colo uterino: conhecimento e comportamento de mulheres para prevenção. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, v. 28, n. 2, p. 153-159, 2015.

TSIKOURAS, Panagiotis et al. Cervical cancer: screening, diagnosis and staging. J buon, v. 21, n. 2, p. 320-325, 2016.