REABILITAÇÃO MULTIPROFISSIONAL NO PÓS-ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

MULTIDISCIPLINARY REHABILITATION AFTER STROKE: AN INTEGRATIVE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202502091213


Simone Aparecida Teodoro1
Flávia Martins da Silva Von Glehn2


Resumo

O acidente vascular cerebral (AVC) é uma das principais causas de incapacidade no mundo, resultando em déficits, cognitivos, motores e sensoriais que comprometem a independência dos indivíduos acometidos. A reabilitação multiprofissional tem se mostrado uma estratégia fundamental para minimizar as sequelas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Diante disso, este estudo teve como objetivo identificar as principais estratégias multiprofissionais de reabilitação utilizadas no tratamento pós-AVC, avaliando sua eficácia na recuperação funcional e na adesão ao tratamento. Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, baseada na análise de estudos publicados nos últimos cinco anos (2020-2025), selecionados a partir de bases de dados científicas. Foram incluídos artigos empíricos que abordaram intervenções terapêuticas voltadas para a reabilitação cognitiva, motora e funcional, excluindo-se pacientes com declínio cognitivos severos, artigos duplicados, publicações indisponíveis em texto completo e revisões que não apresentassem dados originais. Os resultados evidenciaram que abordagens como psicologia, fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia e, sobretudo, suporte psicológico desempenha um papel essencial na recuperação destes pacientes. Estratégias tecnológicas, como órteses impressas em 3D, estimulação elétrica funcional e treino cognitivo computadorizado, demonstraram impacto positivo na neuroplasticidade e na independência funcional. Além disso, fatores como motivação, suporte social e adesão ao tratamento foram determinantes para o sucesso da reabilitação. Conclui-se que a reabilitação multiprofissional é indispensável no tratamento pós-AVC, sendo necessário aprimorar políticas públicas e estratégias de engajamento para garantir maior acessibilidade e eficácia das intervenções.

Palavras-chave: Reabilitação multiprofissional; Acidente Vascular Cerebral; Qualidade de Vida; Funcionalidade; Estratégias Terapêuticas.

1 INTRODUÇÃO

O acidente vascular cerebral (AVC) é um evento neurológico grave e uma das principais causas de morbidade e mortalidade no mundo, sendo responsável por sequelas motoras, cognitivas, sensoriais e emocionais que impactam diretamente a qualidade de vida dos indivíduos acometidos (ROCHA et al., 2022). De acordo com dados epidemiológicos, o AVC pode ser classificado em dois tipos principais: isquêmico, responsável por cerca de 85% dos casos e caracterizado pela interrupção do fluxo sanguíneo cerebral devido à obstrução arterial; e hemorrágico, que ocorre quando há ruptura de um vaso sanguíneo, resultando em hemorragia intracerebral (CARDOSO et al., 2024).

As sequelas resultantes de um AVC variam conforme a localização e extensão da lesão cerebral, podendo comprometer a funcionalidade do paciente e sua capacidade de realizar atividades cotidianas (KRUGER, LEGAL e LOPES, 2022). Entre os déficits mais comuns estão a hemiparesia, perda da coordenação motora, dificuldades na comunicação e deglutição, além de comprometimentos cognitivos, como déficits de memória, atenção e funções executivas (FERRO, LINS e FILHO, 2023). Diante da complexidade das consequências do AVC, a reabilitação torna-se um processo essencial para recuperar habilidades e maximizar a independência do paciente, promovendo sua reintegração social e melhoria da qualidade de vida (TERTYSHNAYA et al., 2021).

A reabilitação multiprofissional no pós-AVC envolve uma abordagem integrada, na qual diferentes especialidades atuam de forma conjunta para otimizar o processo de recuperação do paciente. O tratamento abrange desde a recuperação cognitiva até a reabilitação motora, sendo fundamental para minimizar as sequelas e melhorar a funcionalidade do indivíduo (ZHAROVA et al., 2022). Entre as principais áreas envolvidas no processo de reabilitação, destacam-se a psicologia, a terapia ocupacional, fisioterapia, a fonoaudiologia e a neuropsicológica, além da assistência médica especializada (BALTAR et al., 2020).

A reabilitação das funções cognitivas auxilia na recuperação das dificuldades motoras, além da atenção, memória, linguagem e funções executivas, o que possibilita a autonomia do paciente em suas atividades diárias (MORAES et al., 2024). A terapia ocupacional desempenha um papel fundamental na reabilitação dessas funções, utilizando técnicas que estimulam a neuroplasticidade e favorecem a recuperação cognitiva (KRUGER, LEGAL e LOPES, 2022). Ferramentas tecnológicas, como realidade virtual, biofeedback e estimulação transcraniana, têm sido amplamente utilizadas para potencializar os resultados da reabilitação cognitiva, promovendo a readaptação dos pacientes ás suas rotinas (ZHAROVA et al., 2022).

A recuperação motora é um componente crítico do tratamento pós-AVC, pois muitos pacientes apresentam dificuldades na mobilidade e controle motor, o que impacta diretamente sua independência (CONFORTO et al., 2021). A fisioterapia é essencial para estimular a recuperação da força muscular, melhorar a coordenação e favorecer a plasticidade neural por meio de exercícios terapêuticos, treino de marcha e reeducação neuromuscular (BALTAR et al., 2020). Estudos indicam que a combinação da fisioterapia com estimulação elétrica neuromuscular e estimulação magnética transcraniana pode potencializar os ganhos funcionais, promovendo uma recuperação mais eficiente dos movimentos (MORAES, FERREIRA e DINIZ, 2023).

Outro aspecto relevante da reabilitação multiprofissional no pós-AVC é o tratamento das alterações na deglutição, conhecidas como disfagia, que podem levar a complicações graves, como pneumonia aspirativa e desnutrição (CARNABY et al., 2020). A fonoaudiologia tem um papel essencial na recuperação dessas funções, empregando exercícios específicos para fortalecimento muscular e técnicas de estimulação elétrica neuromuscular para reabilitação da deglutição (CARNABY et al., 2020). O treinamento da musculatura orofaríngea e a adaptação alimentar são estratégias fundamentais para garantir uma alimentação segura e eficaz, minimizando riscos associados (BARREIRA et al., 2023).

A saúde mental dos pacientes pós-AVC também merece atenção, uma vez que muitos desenvolvem transtornos psicológicos, como depressão e ansiedade, que podem impactar negativamente sua adesão ao tratamento e qualidade de vida (FERRO, LINS e FILHO, 2023). A intervenção psicológica e a reabilitação neuropsicológica são fundamentais para auxiliar no enfrentamento das dificuldades emocionais e favorecer o engajamento no processo de recuperação (ROCHA et al., 2022). Estratégias como treinamento de habilidades socioemocionais têm demonstrado benefícios significativos na redução de sintomas depressivos e na promoção do bem-estar dos pacientes (TERTYSHNAYA et al., 2021).

Apesar dos avanços nas estratégias de reabilitação multiprofissional, ainda existem desafios significativos na implementação dessas abordagens, especialmente em relação à acessibilidade aos serviços especializados e à adesão dos pacientes ao tratamento (TERTYSHNAYA et al., 2021). Muitos indivíduos enfrentam dificuldades financeiras e estruturais para dar continuidade à reabilitação, o que pode comprometer os resultados a longo prazo. Além disso, a necessidade de integração entre os diferentes profissionais da saúde exige uma abordagem coordenada e personalizada, garantindo que as intervenções sejam eficazes e adaptadas às necessidades individuais dos pacientes (ZHAROVA et al., 2022).

Diante da relevância do tema e da necessidade de aprimoramento das estratégias de reabilitação multiprofissional no pós-AVC, este estudo tem como objetivo principal identificar as principais abordagens terapêuticas utilizadas na reabilitação desses pacientes além de: analisar a efetividade das diferentes estratégias terapêuticas na recuperação cognitiva, motora e funcional; identificar os desafios na adesão ao tratamento reabilitador; e avaliar o impacto da reabilitação na qualidade de vida dos pacientes pós-AVC.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Fatores de Risco para o Acidente Vascular Cerebral

O acidente vascular cerebral (AVC) é influenciado por uma série de fatores de risco modificáveis e não modificáveis. A compreensão desses fatores é essencial para a prevenção primária e secundária da doença, reduzindo sua incidência e impacto na qualidade de vida dos indivíduos acometidos (VIEIRA et al., 2020).

Entre os fatores de risco não modificáveis, destacam-se a idade, o sexo e a predisposição genética. O envelhecimento é um dos principais determinantes do AVC, visto que a incidência da doença aumenta exponencialmente com o avanço da idade devido à maior predisposição para aterosclerose e disfunção endotelial (BARREIRA et al., 2023). Além disso, homens apresentam maior risco de sofrer um AVC ao longo da vida, embora as mulheres, quando acometidas, tendam a apresentar desfechos mais graves, o que pode estar relacionado a fatores hormonais e maior longevidade (KRUGER; LEGAL; LOPES, 2022). A hereditariedade também desempenha um papel significativo, uma vez que indivíduos com histórico familiar da doença apresentam risco aumentado, especialmente quando há presença de comorbidades associadas, como hipertensão arterial e diabetes mellitus (ROCHA et al., 2022).

Dentre os fatores modificáveis, a hipertensão arterial é considerada o principal fator de risco para o AVC. Estudos apontam que o controle adequado da pressão arterial pode reduzir substancialmente a incidência da doença, uma vez que a hipertensão contribui para o comprometimento da integridade vascular, favorecendo o desenvolvimento de eventos isquêmicos e hemorrágicos (ZHANG et al., 2020). O diabetes mellitus também é um fator relevante, pois a hiperglicemia crônica está associada ao aumento da rigidez arterial, à disfunção endotelial e ao favorecimento da aterosclerose, elevando significativamente o risco de eventos cerebrovasculares (NASCIMENTO et al., 2023).

A dislipidemia, caracterizada por níveis elevados de colesterol e triglicerídeos, contribui para a formação de placas ateroscleróticas que podem obstruir o fluxo sanguíneo cerebral, aumentando o risco de AVC isquêmico. O manejo adequado da dislipidemia, por meio de hábitos alimentares saudáveis e uso de estatinas, tem sido associado à redução da incidência de eventos cerebrovasculares (KIM et al., 2020). O tabagismo, por sua vez, acelera o processo de aterosclerose, promove a inflamação vascular e aumenta a agregação plaquetária, tornando-se um fator de risco significativo para o AVC. Pacientes fumantes apresentam um risco duas vezes maior de sofrer um evento cerebrovascular quando comparados a não fumantes, e a cessação do tabagismo está diretamente associada à redução desse risco (ZHAROVA et al., 2022).

O sedentarismo e a obesidade são fatores de risco importantes, pois contribuem para o desenvolvimento de hipertensão arterial, diabetes mellitus e dislipidemia, aumentando o risco de eventos vasculares. A prática regular de atividade física tem um impacto positivo na prevenção do AVC, pois melhora a função cardiovascular, reduz a resistência à insulina e favorece a perda de peso, contribuindo para a manutenção da saúde vascular (TAN; LI; WANG, 2023). Além disso, a alimentação inadequada, rica em gorduras saturadas, sódio e açúcares refinados, tem sido associada ao aumento do risco de AVC, enquanto uma dieta equilibrada, rica em fibras, frutas e vegetais, pode atuar como fator protetor (MAHMOOD et al., 2022).

O consumo excessivo de álcool também tem sido identificado como um fator de risco para o AVC, especialmente quando associado a padrões de consumo episódico e abusivo. O álcool pode induzir aumentos transitórios da pressão arterial, predispor a arritmias cardíacas e contribuir para a inflamação vascular, fatores que elevam a probabilidade de eventos cerebrovasculares (FERRO; LINS; FILHO, 2023). A adesão a hábitos saudáveis e o acompanhamento médico regular são fundamentais para a redução dos riscos e prevenção do AVC.

Dessa forma, a identificação e o manejo adequado dos fatores de risco para o AVC são essenciais para reduzir a incidência da doença e minimizar suas consequências. Estratégias de prevenção devem ser amplamente disseminadas, com foco na adoção de um estilo de vida saudável, controle de comorbidades e acompanhamento médico contínuo, garantindo uma abordagem eficaz na redução dos impactos do AVC na população (VIEIRA et al., 2020).

2.2 Estratégias Terapêuticas na Reabilitação Multiprofissional Pós-AVC

O acidente vascular cerebral (AVC) é uma das principais causas de incapacidade funcional no mundo, afetando a cognição, a mobilidade e a qualidade de vida dos indivíduos acometidos (VIEIRA et al., 2020). A reabilitação multiprofissional surge como uma abordagem essencial para minimizar as sequelas, promover a neuroplasticidade e possibilitar a reinserção social e funcional dos pacientes. O tratamento deve ser iniciado o mais cedo possível, adaptado às necessidades individuais e conduzido por uma equipe interdisciplinar composta por psicólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, neuropsicólogos e demais profissionais da saúde (SOUZA et al., 2025).

A recuperação cognitiva deve ser priorizada, visto que déficits de memória, atenção e funções executivas são comuns em pacientes pós-AVC e podem comprometer significativamente a independência funcional (LARA, 2021). A reabilitação neuropsicológica visa restaurar essas habilidades por meio de intervenções estruturadas, como o treino cognitivo e o uso de plataformas digitais para estimulação cerebral (CÂMARA et al., 2022). O NeuroAiReh@b, por exemplo, é uma ferramenta inovadora que utiliza exercícios gamificados para estimular habilidades cognitivas, promovendo a plasticidade neuronal e potencializando a recuperação dos pacientes (CÂMARA et al., 2022). O treinamento cognitivo sistemático tem demonstrado benefícios significativos na melhora da memória de trabalho, da atenção sustentada e do planejamento, permitindo que os pacientes readquiram maior autonomia no cotidiano.

Outro aspecto fundamental da reabilitação multiprofissional no pós-AVC é a reabilitação da linguagem e da deglutição, frequentemente comprometidas após o evento vascular cerebral. A afasia, caracterizada por dificuldades na expressão e compreensão da linguagem, pode limitar significativamente a comunicação do paciente e sua interação social (LARA, 2021). A fonoaudiologia emprega técnicas como a estimulação elétrica neuromuscular e exercícios de repetição fonética para restaurar a funcionalidade da comunicação oral (CÂMARA et al., 2022). No que diz respeito à disfagia, o uso de biofeedback e treinamento motor específico tem mostrado eficácia na reabilitação da musculatura orofaríngea, reduzindo o risco de aspiração e complicações nutricionais (VIEIRA et al., 2020).

A recuperação motora é uma das áreas que apresentam dificuldades no tratamento pós-AVC, visto que grande parte dos pacientes sofrem de algum grau de hemiparesia ou hemiplegia, o que compromete a funcionalidade e a autonomia (VIEIRA et al., 2020). A fisioterapia tem um papel central nesse processo, utilizando abordagens baseadas na repetição de movimentos, no fortalecimento muscular e na estimulação elétrica funcional (SOUZA et al., 2025). Técnicas como a Imagética Motora, que consiste na ativação cerebral por meio da visualização de movimentos, demonstram eficácia na recuperação neuromotora, uma vez que estimulam áreas corticais relacionadas ao movimento, favorecendo a reorganização neuronal (SOUZA et al., 2025). A combinação dessa técnica com dispositivos robóticos, como a luva robótica, tem sido uma alternativa promissora para pacientes com déficit motor severo, ampliando o controle dos movimentos finos e melhorando a funcionalidade dos membros superiores.

Além da fisioterapia, a terapia ocupacional desempenha um papel fundamental na reabilitação motora e funcional, proporcionando aos pacientes a readaptação nas atividades diárias. A utilização de órteses biomecânicas desenvolvidas por tecnologia de impressão 3D tem se mostrado uma abordagem custo-efetiva para otimizar a recuperação motora, oferecendo suporte à estabilização articular e facilitando a execução de tarefas básicas, como segurar objetos e manipular utensílios (JÚNIOR et al., 2024). Esses dispositivos personalizados permitem um ajuste ergonômico adequado, promovendo maior conforto e adesão ao tratamento.

A integração dessas diferentes estratégias terapêuticas dentro de um modelo de reabilitação multiprofissional é essencial para otimizar a recuperação dos pacientes pós-AVC. Estudos indicam que a combinação de técnicas de reabilitação neuropsicológica, fonoaudiologia e fisioterapêutica resulta em melhores desfechos funcionais e maior qualidade de vida para os indivíduos acometidos (VIEIRA et al., 2020; SOUZA et al., 2025). A adesão ao tratamento e a continuidade das intervenções ao longo do tempo são fatores determinantes para o sucesso da reabilitação, sendo necessário um acompanhamento longitudinal para garantir a manutenção dos ganhos obtidos.

2.3 Fatores que Influenciam a Adesão ao Tratamento Reabilitador

A adesão ao tratamento reabilitador no pós-acidente vascular cerebral (AVC) é um fator determinante para o sucesso da recuperação funcional e a melhora da qualidade de vida dos pacientes (ZHANG et al., 2020). O processo de reabilitação exige um compromisso contínuo por parte do paciente e de sua rede de apoio, uma vez que a manutenção das atividades terapêuticas a longo prazo está diretamente relacionada à recuperação da mobilidade, e independência nas atividades diárias (MAHMOOD et al., 2022). No entanto, diversos fatores podem influenciar a adesão ao tratamento, incluindo questões motivacionais, sociais, econômicas e estruturais (TAN, LI e WANG, 2023).

A motivação do paciente é um dos principais fatores que influenciam a adesão à reabilitação. Estudos indicam que indivíduos com níveis elevados de motivação intrínseca apresentam maior comprometimento com a realização dos exercícios prescritos, resultando em melhores desfechos clínicos e funcionais (TAN, LI e WANG, 2023). Entretanto, a perda de motivação ao longo do tratamento pode ser uma barreira significativa, especialmente em idosos que enfrentam dificuldades motoras severas ou baixa percepção de progresso.

A reabilitação motivacional pode ser promovida por meio de técnicas que estimulem o engajamento ativo do paciente, como a definição de metas individualizadas, a gamificação das terapias e o uso de dispositivos tecnológicos para monitoramento do progresso (LEVY et al., 2021). A utilização de tablets para acompanhar programas domiciliares de reabilitação, por exemplo, tem demonstrado eficácia na melhoria da adesão ao tratamento, uma vez que permite um feedback contínuo e um maior senso de autonomia por parte do paciente (LEVY et al., 2021). Além disso, a inclusão de treinamentos que fortaleçam a autoconfiança e a percepção de autoeficácia pode contribuir para um maior comprometimento com o processo reabilitador.

A presença de uma rede de apoio estruturada é fundamental para garantir a adesão ao tratamento reabilitador. Pacientes que contam com suporte familiar e social adequado tendem a apresentar melhores resultados na recuperação funcional, uma vez que recebem incentivo e assistência para a realização das terapias prescritas (ZHANG et al., 2020). A família desempenha um papel essencial nesse processo, auxiliando no transporte para consultas, no acompanhamento das sessões terapêuticas e na adaptação do ambiente doméstico para facilitar a execução dos exercícios.

Por outro lado, a ausência de suporte social pode ser um fator limitante na adesão ao tratamento. Muitos pacientes enfrentam isolamento social e dificuldades emocionais, o que pode levar a um menor engajamento com a reabilitação (TAN, LI e WANG, 2023). Nesse contexto, a implementação de grupos de apoio e programas de reabilitação comunitária pode ser uma alternativa viável para promover a socialização e o compartilhamento de experiências entre indivíduos em recuperação.

A disponibilidade de serviços especializados e a facilidade de acesso às terapias são fatores determinantes na continuidade do tratamento. Pacientes que residem em áreas com infraestrutura limitada podem enfrentar dificuldades na realização das sessões terapêuticas, resultando em uma adesão reduzida (MAHMOOD et al., 2022). Em países de baixa e média renda, a falta de centros de reabilitação acessíveis representa um desafio significativo, pois muitas famílias não possuem recursos financeiros para custear o transporte ou sessões particulares com profissionais de fisioterapia e terapia ocupacional (MAHMOOD et al., 2022).

Uma alternativa para mitigar esses desafios é o desenvolvimento de programas de reabilitação domiciliar, que possibilitem a realização das terapias sem a necessidade de deslocamento frequente. A adesão aos exercícios domiciliares, no entanto, pode ser afetada pela ausência de monitoramento contínuo e pelo baixo nível de instrução sobre a correta execução dos movimentos (LEVY et al., 2021). Dessa forma, o acompanhamento remoto por meio de aplicativos e videoconferências tem sido proposto como uma solução para manter a adesão ao tratamento em regiões com menor acesso a serviços especializados.

Outro aspecto fundamental na reabilitação pós-AVC é a adesão ao tratamento medicamentoso, especialmente em pacientes que necessitam de controle rigoroso da pressão arterial e de outros fatores de risco cardiovasculares (KIM et al., 2020). A falta de adesão à medicação pode resultar em complicações graves, incluindo novos episódios de AVC e piora do quadro clínico geral.

Estudos demonstram que a adesão à terapia medicamentosa é influenciada por fatores como nível socioeconômico, acesso a medicamentos e compreensão da importância do tratamento (KIM et al., 2020). Pacientes que recebem suporte educacional e acompanhamento contínuo apresentam maior probabilidade de seguir corretamente as prescrições médicas. Estratégias como o uso de lembretes eletrônicos e a supervisão de cuidadores são eficazes para garantir a regularidade da administração dos medicamentos e reduzir o risco de descontinuidade do tratamento (ZHANG et al., 2020).

A saúde mental dos pacientes pós-AVC é essencial na adesão ao tratamento reabilitador. Muitos indivíduos desenvolvem sintomas depressivos, ansiedade e baixa autoestima, o que pode comprometer sua motivação para a realização das terapias (TAN, LI e WANG, 2023). A depressão pós-AVC está associada a menores taxas de engajamento com as atividades terapêuticas, impactando negativamente a recuperação funcional e a qualidade de vida.

A identificação precoce de transtornos psicológicos é essencial para a implementação de intervenções adequadas, incluindo suporte psicoterapêutico e tratamento medicamentoso quando necessário (KIM et al., 2020). Programas de reabilitação que incorporam assistência psicológica demonstram maior eficácia na melhoria da adesão ao tratamento e na promoção do bem-estar emocional dos pacientes.

2.4 Impacto da Reabilitação Multiprofissional na Qualidade de Vida dos Pacientes Pós-AVC

O acidente vascular cerebral (AVC) é uma das principais causas de incapacidade funcional e comprometimento da qualidade de vida em nível global (FÁBRIS e MARTINS, 2022). As sequelas do AVC podem afetar múltiplas dimensões da vida do paciente, incluindo aspecto cognitivos, emocionais, motores e sociais, tornando fundamental a adoção de estratégias eficazes de reabilitação multiprofissional (JACOBINA et al., 2022). A reabilitação tem como principal objetivo promover a recuperação funcional, permitindo que o indivíduo readquira autonomia para realizar atividades diárias e participe ativamente da sociedade (GENTILINI et al., 2022).

A qualidade de vida no contexto pós-AVC está intrinsecamente ligada ao nível de independência funcional do paciente, ou seja, à sua capacidade de planejar e desempenhar tarefas cotidianas sem a necessidade de assistência contínua (NASCIMENTO et al., 2023). O comprometimento dessas funções pode levar a um impacto negativo significativo, não apenas no bem-estar psicológico, mas também na saúde física e social do indivíduo. Por isso, a abordagem multiprofissional na reabilitação torna-se essencial para otimizar os ganhos funcionais e promover melhorias na qualidade de vida desses pacientes (JACOBINA et al., 2022).

Os déficits cognitivos têm um impacto direto na capacidade de planejamento, memória e atenção, o que inclui a dificuldade de recuperação motora enfrentada por muitos pacientes no pós-AVC (KAZINCZI et al., 2024). A reabilitação neuropsicológica tem sido amplamente estudada como uma estratégia para minimizar esses impactos, utilizando abordagens como o treinamento cognitivo computadorizado e a estimulação cerebral não invasiva (KAZINCZI et al., 2024). A estimulação transcraniana por corrente contínua (tDCS) e os programas de treinamento cognitivo computadorizado demonstraram eficácia na melhora da memória operacional e na recuperação das funções executivas em indivíduos pós-AVC (KAZINCZI et al., 2024). Essas intervenções atuam na modulação da atividade neuronal, promovendo a plasticidade cerebral e favorecendo a restauração de circuitos cognitivos prejudicados. O impacto dessas técnicas na qualidade de vida é evidente, uma vez que a recuperação das funções cognitivas permite uma maior independência e melhora na adaptação às exigências do cotidiano (KAZINCZI et al., 2024).

O bem-estar psicológico dos pacientes pós-AVC também deve ser considerado na avaliação da qualidade de vida. Sintomas de depressão e ansiedade são frequentes nesse público e podem comprometer significativamente a adesão ao tratamento e a recuperação funcional (JACOBINA et al., 2022). Programas de suporte emocional, incluindo terapias individuais e grupais, são essenciais para auxiliar os pacientes no enfrentamento das dificuldades emocionais, promovendo uma melhor qualidade de vida e maior engajamento com a reabilitação (FÁBRIS e MARTINS, 2022).

A fisioterapia é considerada fundamental na restauração da mobilidade, utilizando técnicas de fortalecimento muscular, reeducação postural e treino de marcha para melhorar a funcionalidade dos pacientes (FÁBRIS e MARTINS, 2022). Paralelamente, a terapia ocupacional auxilia na readaptação às atividades da vida diária, promovendo a autonomia e facilitando o retorno a rotinas laborais e domésticas (GENTILINI et al., 2022). O suporte fonoaudiológico, por sua vez, é fundamental para a reabilitação da comunicação e da deglutição, melhorando a alimentação e reduzindo o risco de complicações secundárias, como desnutrição e aspiração pulmonar (JACOBINA et al., 2022).

O impacto dessas abordagens multiprofissionais reflete-se diretamente na melhoria dos escores de independência funcional e na qualidade de vida dos pacientes. Estudos indicam que indivíduos que recebem assistência reabilitadora contínua apresentam progressos significativos na autonomia, reduzindo a necessidade de cuidadores e favorecendo uma reintegração mais eficaz na comunidade (NASCIMENTO et al., 2023).

A reabilitação multiprofissional tem demonstrado impactos positivos significativos na recuperação da independência funcional de pacientes pós-AVC (GENTILINI et al., 2022). O Índice de Independência Funcional (IIF), utilizado para avaliar a capacidade dos pacientes de realizar atividades como planejamentos, locomoção, alimentação, higiene pessoal e comunicação, mostra avanços expressivos em indivíduos submetidos a programas estruturados de reabilitação (NASCIMENTO et al., 2023).

A reabilitação multiprofissional não se restringe apenas à recuperação cognitiva e física, mas também abrange a reinserção social do paciente. Muitos indivíduos que sofrem um AVC enfrentam dificuldades para retornar às suas atividades profissionais e sociais, o que pode gerar isolamento e impacto negativo na autoestima (JACOBINA et al., 2022).

O suporte familiar e comunitário desempenha um papel essencial nesse contexto, proporcionando um ambiente de encorajamento e assistência para que o paciente se readapte à sua rotina (NASCIMENTO et al., 2023). A presença de cuidadores treinados e de grupos de apoio é um fator positivo na recuperação, pois favorece o compartilhamento de experiências e o suporte emocional, reduzindo a sensação de desamparo e solidão (GENTILINI et al., 2022).

Além disso, a acessibilidade aos serviços de reabilitação e à infraestrutura adaptada na sociedade são determinantes para o sucesso da reintegração do paciente (FÁBRIS e MARTINS, 2022). A implementação de políticas públicas voltadas à inclusão de pessoas com deficiência é essencial para garantir que esses indivíduos tenham oportunidades de participação social e profissional adequadas às suas condições.

2.5 O Papel do Psicólogo na Equipe Multidisciplinar na Prevenção e Reabilitação do Paciente Pós-AVC

A atuação do psicólogo na equipe multidisciplinar de prevenção e reabilitação do acidente vascular cerebral (AVC) tem se mostrado fundamental tanto na redução dos fatores de risco quanto na recuperação dos pacientes acometidos pela doença. O impacto cognitivo, emocional e físico do acidente vascular cerebral (AVC) exige uma abordagem integrada, a qual influencia diretamente no prognóstico e na qualidade de vida do indivíduo (JACOBINA et al., 2022).

Na prevenção, o psicólogo desempenha um papel essencial na identificação e no manejo de fatores cognitivos e emocionais que aumentam o risco de desenvolvimento do AVC, como o estresse crônico, a ansiedade e a depressão. Estudos indicam que níveis elevados de estresse psicológico estão associados ao aumento da pressão arterial, ao sedentarismo e ao tabagismo, fatores que elevam significativamente a incidência da doença (ZHANG et al., 2020). Dessa forma, intervenções psicológicas focadas na educação em saúde, na gestão emocional e no desenvolvimento de hábitos saudáveis são fundamentais para a redução do risco cardiovascular (TAN; LI; WANG, 2023). Além disso, programas de modificação comportamental, além das técnicas cognitivas têm sido eficazes na adesão a mudanças no estilo de vida, auxiliando pacientes a cessarem o tabagismo, reduzirem o consumo de álcool e adotarem práticas alimentares e de exercício físico mais saudáveis (MAHMOOD et al., 2022).

No contexto da reabilitação, a participação do psicólogo é indispensável para minimizar os impactos cognitivos do AVC. Pacientes acometidos frequentemente desenvolvem transtornos psiquiátricos, como depressão e ansiedade, que podem comprometer a recuperação funcional e a adesão ao tratamento (FERRO; LINS; FILHO, 2023). A depressão pós-AVC é um dos principais fatores que prejudicam a reabilitação, pois reduz a motivação do paciente para participar das terapias de reabilitação cognitiva, física e ocupacional, dificultando a retomada das atividades diárias (VIEIRA et al., 2020). O suporte psicológico, por meio da escuta ativa, da psicoeducação e de estratégias de enfrentamento, contribui significativamente para a melhoria do estado emocional e para o engajamento do paciente no processo de reabilitação nas práticas terapêuticas (JACOBINA et al., 2022).

A atuação do psicólogo na equipe multiprofissional se estende a reabilitação cognitiva. Muitos pacientes pós-AVC apresentam déficits de atenção, memória e funções executivas, o que pode comprometer sua capacidade de autonomia e adaptação à nova realidade (CÂMARA et al., 2022). As intervenções baseadas em reabilitação neuropsicológica, incluindo o treino cognitivo computadorizado, demonstraram eficácia na melhora das funções cognitivas e na reintegração do paciente à vida cotidiana (KAZINCZI et al., 2024). Além disso, a estimulação cognitiva em conjunto com abordagens terapêuticas favorece a neuroplasticidade e otimiza o processo de reabilitação (LARA, 2021).

Outro aspecto fundamental da atuação do psicólogo é o suporte à família e cuidadores. O AVC não impacta apenas o paciente, mas também seus familiares, que frequentemente assumem o papel de cuidadores primários e enfrentam sobrecarga emocional e física. O apoio psicológico é essencial para preparar a família para os desafios da reabilitação, fornecendo estratégias para lidar com o estresse, melhorar a comunicação com o paciente e promover um ambiente favorável à recuperação (NASCIMENTO et al., 2023). A orientação aos cuidadores reduz os níveis de exaustão e favorece um cuidado mais humanizado e eficiente (JACOBINA et al., 2022).

Dessa forma, a presença do psicólogo na equipe multidisciplinar é indispensável na reabilitação pós-AVC. Por meio do manejo de fatores cognitivos e emocionais, da promoção da adesão ao tratamento e do suporte cognitivo e familiar, o profissional de psicologia contribui para a recuperação global do paciente, melhorando sua qualidade de vida e reduzindo os riscos de recorrência da doença (VIEIRA et al., 2020). Portanto, a inclusão de estratégias psicológicas nos programas de reabilitação multiprofissional deve ser incentivada, garantindo uma abordagem integral e eficaz para o tratamento pós-AVC.

3 METODOLOGIA

Este estudo utilizou a metodologia de revisão integrativa qualitativa, permitindo consolidar, integrar, sintetizar e analisar criticamente as evidências disponíveis na literatura, com o objetivo de identificar as principais estratégias multiprofissionais de reabilitação utilizadas em pacientes no pós-AVC. Foram analisadas as abordagens terapêuticas aplicadas na reabilitação e sua contribuição para melhores resultados na recuperação funcional desses pacientes, incluindo a relevância da participação dos profissionais de psicologia nesse processo, bem como a identificação de lacunas e propostas para pesquisas futuras.

Para a seleção dos estudos incluídos nesta revisão, foram considerados artigos empíricos que abordassem intervenções multiprofissional, voltadas para reabilitação cognitiva, motora e funcional com pesquisas publicadas em periódicos revisados por pares e estudos realizados nos últimos cinco anos (2020-2025), garantindo a atualidade das informações analisadas.

Foram excluídos da revisão estudos que envolviam pacientes com declínio cognitivo severo, artigos duplicados, publicações indisponíveis em texto completo e revisões que não apresentassem dados originais.

A pesquisa foi conduzida entre julho de 2024 e fevereiro de 2025, incluindo publicações nos idiomas português e inglês. A busca foi realizada em bases de dados eletrônicas como a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), com acesso à Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), do Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME), além dos portais Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Google Scholar.

Foram utilizados descritores em Ciências da Saúde (DeCS), combinados com operadores booleanos “AND” e “OR”, incluindo os termos: “Acidente Vascular Cerebral”, “Reabilitação Multiprofissional”, “Qualidade de Vida”, “Funcionalidade” e “Estratégias Terapêuticas” O processo de seleção envolveu uma triagem inicial dos títulos e resumos dos artigos encontrados, seguida pela leitura dos textos completos dos artigos que atendiam aos critérios de inclusão.

A análise dos dados consistiu na extração de informações relevantes de cada estudo, incluindo o tipo de intervenção, a população estudada, os métodos de avaliação e os principais resultados obtidos. A síntese dos achados foi descrita por meio de uma análise qualitativa dos dados extraídos, destacando as principais estratégias de reabilitação e sua eficácia. Essa metodologia assegurou uma abordagem abrangente e crítica das intervenções de reabilitação multiprofissional, possibilitando uma visão mais aprofundada sobre suas contribuições na recuperação funcional de pacientes pós-AVC.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A análise dos estudos selecionados permitiu avaliar o impacto da reabilitação multiprofissional na recuperação funcional, na adesão ao tratamento e na qualidade de vida de pacientes pós-AVC. As pesquisas revisadas abrangem diferentes abordagens terapêuticas, incluindo psicologia, terapia ocupacional, fisioterapia, intervenções tecnológicas e neuropsicológicas, além de fatores que influenciam a adesão ao tratamento. O Quadro 1 apresenta um resumo das principais características dos estudos analisados, destacando seus objetivos, métodos, resultados e conclusões. A partir dessas evidências, o presente estudo discute as contribuições da reabilitação multiprofissional e confronta os achados das pesquisas revisadas, destacando convergências, divergências e desafios no campo da reabilitação pós-AVC.

Quadro 1. Resumo dos estudos discutidos.

AUTORTÍTULOTIPO DE ESTUDORESULTADOSCONCLUSÃO
Câmara et al. (2022)Treino cognitivo no pós-AVC: estudo-piloto com a plataforma NeuroAiReh@bExperimental, pilotoMelhora significativa no MoCA e IAFAI após uso da plataforma.O treino cognitive via tablet melhora a cognição e funcionalidade de pacientes pós-AVC.
Kazinczi et al. (2024)Impacto do treinamento cognitivo e estimulação transcraniana na memória de trabalho pós-AVCRevisão sistemática, meta-análiseMelhorias no teste Digit Span Backward e Visual Span Forward. Insuficiência de estudos sobre tDCS.O treinamento cognitivo é eficaz na recuperação da memória de trabalho, mas mais estudos sobre tDCS são necessários.
Levy et al. (2021)Uso de tablets para monitoramento da reabilitação domiciliar pós-AVCRandomizado, controleMédia de 50,32 min/dia de exercícios. Sistema de monitoramento aceito pelos pacientes.Tablets são viáveis para monitorar exercícios domiciliares e melhorar a adesão ao tratamento.
Nascimento et al. (2023)Perfil clínico-funcional e qualidade de vida de pacientes neurológicos em reabilitaçãoProspectivo, transversal e quantitativoHouve aumento significativo da funcionalidade (p=0,011) e da autoavaliação da qualidade de vida, embora sem alteração estatística nos outros domínios.A reabilitação multiprofissional melhora a funcionalidade e a autopercepção da qualidade de vida dos pacientes neurológicos.
Jacobina et al. (2022)O impacto da intervenção de uma equipe multidisciplinar em saúde na qualidade de vida em paciente com AVC tardioRetrospectivo, estudo de casoMelhoras em equilíbrio e marcha foram observadas, porém sem alterações nos escores de dependência funcional.O trabalho multidisciplinar contribui para a funcionalidade, mas pode não ser suficiente para mudanças significativas em todos os aspectos do autocuidado.
Souza et al. (2025)Análise dos efeitos da ativação cerebral em pacientes pós-AVCExperimental, EEGA terapia FES+LR mostrou melhores resultados na ativação cerebral comparada à Imagética Motora.A combinação de estimulação elétrica funcional e luva robótica melhora a neuroplasticidade e a recuperação motora.
Júnior et al. (2024)Análise da custo-efetividade da órtese biomecânica por impressão 3D na reabilitação pós-AVCQuantitativo, descritivo, transversalEvolução da força muscular e fácil adaptação da órtese ao paciente.A impressão 3D permite a produção de órteses personalizadas, promovendo ganhos funcionais e custo-efetividade.
Vieira et al. (2020)Funcionalidade e qualidade de vida em pacientes pós-AVCQuantitativo, descritivo81% dos pacientes apresentavam algum grau de dependência no início da internação, com 38% em grau grave ou total. Após a reabilitação, 58% tornaram-se independentes.A fisioterapia e a abordagem multiprofissional são essenciais para melhorar a funcionalidade e qualidade de vida dos pacientes pós-AVC.
Fábris e Martins (2022)Avaliação funcional e da qualidade de vida de pacientes com sequela de AVC antes e após um programa de reabilitação.Descritivo, transversalO uso de escalas EQVE-AVE e FUGL-MEYER mostrou melhora significativa na qualidade de vida e funcionalidade dos pacientes após reabilitação precoce.A reabilitação multiprofissional precoce melhora a qualidade de vida e funcionalidade, facilitando a realização das atividades diárias.
Gentilini et al. (2022)Índice de independência funcional de pacientes pós-AVC submetidos a um programa de reabilitação multiprofissionalRetrospectivo, análise de prontuáriosA participação no programa aumentou a independência funcional, com diferença estatisticamente significativa (p < 0,001) entre os escores de admissão e alta.A reabilitação multiprofissional é eficaz na recuperação funcional e na autonomia dos pacientes pós-AVC.
Zhang et al. (2020)Fatores influenciadores no controle da pressão arterial e incapacidade pós-AVC isquêmicoCoorte, análise estruturalO sistema de lembretes aumentou a adesão ao tratamento e reduziu a incapacidade.O suporte contínuo melhora o comportamento em saúde e reduz a incapacidade pós-AVC.
Tan, Li e Wang (2023)Fatores que influenciam a motivação para reabilitação em idosos pós-AVCTransversal, quantitativoMotivação para reabilitação correlacionada a suporte social e percepção de progresso.Programas de reabilitação devem ser adaptados às necessidades e motivações dos pacientes.
Mahmood et al. (2022)Adesão aos exercícios domiciliares após AVC em países de baixa rendaRandomizado, controleMaior adesão no grupo experimental (p < 0,001). Melhora na mobilidade, mas sem impacto na qualidade de vida.Estratégias de adesão melhoram a prática de exercícios e mobilidade, mas não necessariamente a qualidade de vida.
Kim et al. (2020)Fatores que influenciam a adesão à medicação em sobreviventes de AVC isquêmicoObservacional, entrevistasAdesão melhor entre não fumantes, pacientes com mais medicações e com crenças positivas sobre o tratamento.O suporte ao paciente deve focar na adesão à medicação e mudanças no estilo de vida.

O impacto da reabilitação multiprofissional em pacientes pós-AVC tem sido amplamente estudado, com foco na recuperação funcional, na adesão ao tratamento e na qualidade de vida. As intervenções adotadas incluem desde a psicologia, terapia ocupacional, com dispositivos assistivos até estratégias tecnológicas e neuropsicológicas que visam otimizar a recuperação cognitiva e motora. Diferentes abordagens têm sido analisadas para compreender a efetividade desses tratamentos e os fatores que influenciam sua adesão e sucesso.

O recurso tecnológico mostrou-se relevante no treinamento cognitivo computadorizado. Câmara et al. (2022) avaliaram o impacto do uso da plataforma NeuroAiReh@b e identificaram melhorias significativas na memória, na atenção e nas funções executivas dos pacientes pós-AVC. De forma semelhante, Kazinczi et al. (2024) realizaram uma meta-análise sobre o efeito do treinamento cognitivo e da estimulação transcraniana por corrente contínua na memória operacional, evidenciando que a combinação dessas técnicas potencializa a recuperação cognitiva e a neuroplasticidade.

Em relação a funcionalidade e a qualidade de vida dos pacientes pós-AVC evidenciaram parâmetros essenciais para avaliar a efetividade das estratégias de reabilitação. Vieira et al. (2020) analisaram a recuperação funcional em pacientes pós-AVC e concluíram que a intervenção multiprofissional tem um impacto significativo na melhora da independência dos indivíduos, principalmente quando há adesão ao tratamento prolongado. De maneira semelhante, Fábris e Martins (2022) avaliaram pacientes antes e após um programa de reabilitação em um centro especializado e identificaram ganhos expressivos na mobilidade, na capacidade de realização de atividades diárias e na comunicação, fatores que impactam diretamente a qualidade de vida.

A reabilitação multiprofissional tem demonstrado benefícios consideráveis na independência dos pacientes. Gentilini et al. (2022) avaliaram o Índice de Independência Funcional (IIF) de indivíduos submetidos a um programa estruturado de reabilitação e verificaram uma melhora significativa na capacidade de realizar tarefas diárias sem assistência. Os achados corroboram os resultados apresentados por Nascimento et al. (2023), que destacaram a importância da continuidade da reabilitação para a manutenção da funcionalidade e do bem-estar nestes pacientes.

Entretanto, algumas dificuldades permanecem na recuperação funcional dos pacientes pós-AVC. Jacobina et al. (2022) identificaram que a intervenção tardia pode comprometer a recuperação, evidenciando que pacientes que iniciam a reabilitação precocemente apresentam melhores resultados funcionais. Isso reforça a necessidade de um atendimento rápido e eficaz para otimizar os benefícios da reabilitação multiprofissional.

O uso de tecnologias assistivas tem se mostrado um recurso valioso para potencializar os efeitos da reabilitação. Souza et al. (2025) analisaram os efeitos da ativação cerebral por eletroencefalografia em pacientes pós-AVC submetidos a imagética motora, estimulação elétrica funcional e ao uso de uma luva robótica, demonstrando que essas abordagens favorecem a reorganização cortical e promovem maior recuperação motora.

Além disso, o uso de órteses biomecânicas desenvolvidas por tecnologia de impressão 3D foi avaliado por Júnior et al. (2024), que demonstraram a custo-efetividade desses dispositivos na reabilitação motora. Os resultados indicaram que a adaptação personalizada das órteses melhora a funcionalidade e a adesão ao tratamento, contribuindo para a recuperação motora dos pacientes.

O uso de dispositivos móveis na reabilitação domiciliar também tem sido estudado. Levy et al. (2021) avaliaram a viabilidade da utilização de tablets para monitorar exercícios domiciliares de reabilitação dos membros superiores e constataram que essa estratégia melhora a adesão ao tratamento e promove maior engajamento dos pacientes.

A adesão ao tratamento reabilitador é um fator determinante para o sucesso da recuperação pós-AVC. Zhang et al. (2020) analisaram os fatores que influenciam o comportamento em saúde, o controle da pressão arterial e o nível de incapacidade em pacientes hipertensos após AVC isquêmico, demonstrando que a adesão ao tratamento está diretamente relacionada à compreensão da importância das intervenções e ao suporte oferecido pelos profissionais de saúde.

Tan, Li e Wang (2023) investigaram a motivação para a reabilitação em idosos pós-AVC e identificaram que fatores como suporte social, autoestima e percepção de progresso influenciam diretamente o comprometimento dos pacientes com o tratamento. Mahmood et al. (2022) avaliaram a adesão aos exercícios domiciliares em países de baixa e média renda e concluíram que barreiras econômicas e estruturais limitam a continuidade da reabilitação, evidenciando a necessidade de estratégias para garantir maior acessibilidade aos serviços de saúde.

No contexto da adesão ao tratamento medicamentoso, Kim et al. (2020) analisaram os fatores que influenciam a continuidade do uso de medicamentos por sobreviventes de AVC isquêmico na Coreia do Sul. Os resultados mostraram que pacientes com maior nível de escolaridade e acesso regular a serviços de saúde apresentaram melhores taxas de adesão, enquanto aqueles com menor suporte social demonstraram maior risco de interrupção do tratamento.

Os estudos analisados apresentam pontos convergentes e divergentes sobre a reabilitação multiprofissional pós-AVC. Em relação à recuperação funcional e qualidade de vida, há um consenso de que a reabilitação multiprofissional melhora a independência dos pacientes, conforme demonstrado por Vieira et al. (2020), Fábris e Martins (2022) e Gentilini et al. (2022). No entanto, Jacobina et al. (2022) alertam para a importância da intervenção precoce, indicando que o atraso no início do tratamento pode comprometer os resultados.

No que se refere às abordagens tecnológicas, Souza et al. (2025) e Júnior et al. (2024) destacam a eficácia de dispositivos robóticos e órteses impressas em 3D na recuperação motora, enquanto Câmara et al. (2022) e Kazinczi et al. (2024) enfatizam o impacto positivo do treinamento cognitivo e da estimulação cerebral na recuperação das funções cognitivas. O uso de tablets para monitoramento domiciliar, analisado por Levy et al. (2021), apresenta-se como uma alternativa viável para aumentar a adesão ao tratamento.

A adesão ao tratamento, segundo Zhang et al. (2020), Tan, Li e Wang (2023) e Mahmood et al. (2022), depende de fatores como suporte social, motivação e acessibilidade aos serviços de saúde. Esses achados reforçam a necessidade de estratégias personalizadas para aumentar o engajamento dos pacientes. Kim et al. (2020) acrescentam que a adesão ao tratamento medicamentoso é influenciada pelo nível socioeconômico e acesso aos serviços de saúde, evidenciando a importância de programas de acompanhamento contínuo.

Dessa forma, os resultados analisados demonstram que a reabilitação multiprofissional pós-AVC tem um impacto positivo na recuperação funcional e qualidade de vida dos pacientes, especialmente quando combinada com tecnologias assistivas e estratégias de engajamento para aumentar a adesão ao tratamento. No entanto, desafios como o acesso desigual aos serviços de saúde e a necessidade de personalização das intervenções continuam a ser questões fundamentais para garantir uma reabilitação eficaz.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 A reabilitação multiprofissional é fundamental para a recuperação funcional e a melhora da qualidade de vida de pacientes pós-AVC, contribuindo para a restauração da autonomia, a redução das sequelas cognitivas e motoras e o aprimoramento na adesão ao tratamento. As abordagens terapêuticas incluem métodos convencionais, como psicologia terapia ocupacional e fisioterapia, além de estratégias tecnológicas inovadoras, como órteses biomecânicas em impressão 3D, estimulação elétrica funcional, luvas robóticas e plataformas de treinamento cognitivo. Os achados também indicaram que fatores como suporte social, motivação do paciente e acessibilidade aos serviços de reabilitação influenciam diretamente a adesão ao tratamento e o sucesso das intervenções. A análise dos estudos revisados evidenciou que intervenções precoces e personalizadas, conduzidas por equipes interdisciplinares, apresentam resultados mais significativos na recuperação dos pacientes, proporcionando ganhos funcionais e maior independência nas atividades diárias.

Entretanto, as dificuldades persistem, incluindo a desigualdade no acesso aos serviços especializados, a necessidade de estratégias para aumentar o engajamento dos pacientes e a implementação de programas contínuos de reabilitação. Além disso, a falta de adesão à medicação e às terapias domiciliares destaca a importância de medidas educativas e de acompanhamento para garantir a eficácia do tratamento a longo prazo.

Diante disso, este estudo reforça a necessidade de investimentos em estratégias integradas de reabilitação, considerando a individualidade de cada paciente e promovendo abordagens que aliem tecnologia e suporte multiprofissional. O aprimoramento das políticas de saúde voltadas para a reabilitação pós-AVC, bem como o incentivo à pesquisa de novas intervenções terapêuticas, são fundamentais para garantir uma assistência mais eficaz e acessível a essa população.

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1Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências de Saúde – Escola de Superior de Ciência da Saúde, DF, Brasil E-mail: simone.psi.enfer@gmail.com.

2Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciência da Saúde – Escola Superior de Ciência da Saúde, DF, Brasil E-mail: flavianeuropsiqu@gmail.com.