SARS-COV-2 E SUAS IMPLICAÇÕES A LONGO PRAZO: A SÍNDROME PÓS-COVID

SARS-COV-2 AND ITS LONG-TERM IMPLICATIONS: POST-COVID SYNDROME

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202502021933


Vitória Alvina Ferreira Lima Gomes Weba; Renan Castro de Andrade Barros Fonseca; Edvan Pimenta Figueiredo; Wanessa Anselmo de Lucena Castro; Thays Linhares de Melo; Josimar Cunha Rodrigues Junior; Maria de Pontes Camargo; Camilla Borja de Siqueira Diniz; Renata de Araújo Lins Bahia; Bruno Henrique Meira Almeida; Paulo Vinicius Leal Berredo; Luís Felipe Eidam Mendes; Igor Murad Schmitt; Iana Isabela Silva Pinto; Alana Dágila Cabral de Alencar.


Resumo

A pandemia de COVID-19, causada pelo SARS-CoV-2, teve um impacto global profundo, não apenas em termos de mortalidade, mas também nas consequências de longo prazo para a saúde de indivíduos que se recuperaram da infecção. Embora a maioria dos pacientes se recupere da infecção aguda em algumas semanas, muitos apresentam sintomas persistentes e debilitantes que podem durar meses após a resolução da infecção inicial. Esse quadro clínico tem sido denominado “Síndrome Pós-COVID”. O presente artigo tem como objetivo geral revisar as principais implicações da infecção por SARS-CoV-2 a longo prazo, com foco específico na Síndrome Pós-COVID. A pesquisa é fundamentada em uma revisão abrangente da literatura existente, para a coleta dos dados, foi utilizada a base de dados PubMed e Scielo, a pesquisa foi conduzida com os termos “COVID-19”, “Síndrome Pós-COVID”, “SARS-CoV-2”, aplicando o operador booleano “AND”. A partir da revisão da literatura, ficou evidente que a Síndrome Pós-COVID representa um desafio significativo para a saúde pública e para a recuperação de indivíduos que foram infectados pelo SARS-CoV-2, mesmo após a resolução da fase aguda da doença. Os sintomas persistentes, que afetam múltiplos sistemas do corpo, como o sistema respiratório, cardiovascular, neurológico e psiquiátrico, podem comprometer gravemente a qualidade de vida dos pacientes. A diversidade de manifestações e a falta de um diagnóstico claro dificultam o manejo da síndrome, exigindo um acompanhamento clínico cuidadoso e individualizado. Apesar dos avanços na compreensão dos mecanismos subjacentes à Síndrome Pós-COVID, ainda há muitas lacunas no tratamento e no manejo eficaz dessa condição. A literatura indica que uma abordagem multidisciplinar, que envolva médicos, fisioterapeutas, psicólogos e outros profissionais de saúde, é essencial para proporcionar uma recuperação mais eficiente. Além disso, mais pesquisas são necessárias para identificar tratamentos específicos e melhorar os protocolos de reabilitação, a fim de minimizar os impactos a longo prazo dessa síndrome em pacientes que passaram pela infecção por SARS-CoV-2.

Palavras-chave: COVID-19. Síndrome Pós-COVID. Prevenção.

1 INTRODUÇÃO

A pandemia de COVID-19, causada pelo SARS-CoV-2, teve um impacto global profundo, não apenas em termos de mortalidade, mas também nas consequências de longo prazo para a saúde de indivíduos que se recuperaram da infecção. Embora a maioria dos pacientes se recupere da infecção aguda em algumas semanas, muitos apresentam sintomas persistentes e debilitantes que podem durar meses após a resolução da infecção inicial. Esse quadro clínico tem sido denominado “Síndrome Pós-COVID”, ou COVID prolongado, e está afetando uma parcela significativa da população mundial. (WU, 2021).

A Síndrome Pós-COVID abrange uma ampla gama de sintomas, incluindo fadiga extrema, dificuldade de concentração, dor muscular, problemas respiratórios, alterações cardíacas, distúrbios psiquiátricos, entre outros. Esses sintomas, frequentemente debilitantes, podem afetar a qualidade de vida e a capacidade funcional dos indivíduos, tornando a recuperação um desafio contínuo. Estudos sugerem que as manifestações clínicas dessa síndrome podem variar entre os pacientes, dependendo de fatores como idade, comorbidades pré-existentes e a gravidade da infecção inicial. (SILVEIRA et al, 2021).

Apesar dos esforços para entender melhor a fisiopatologia da Síndrome Pós-COVID, ainda há muito a ser descoberto sobre as causas subjacentes e as melhores abordagens terapêuticas. Acredita-se que a resposta imunológica exacerbada e os danos aos órgãos causados pelo SARS-CoV-2 possam ser fatores importantes na persistência dos sintomas a longo prazo. Além disso, a interação entre os efeitos diretos do vírus e as complicações resultantes de medidas de controle, como a hospitalização prolongada e o uso de ventilação mecânica, também pode contribuir para o desenvolvimento da síndrome. (REBÊLO et al, 2022).

Este artigo tem como objetivo revisar as principais implicações da infecção por SARS-CoV-2 a longo prazo, com foco específico na Síndrome Pós-COVID. Através da análise da literatura científica atual, busca-se compreender os mecanismos envolvidos no desenvolvimento dessa síndrome, as suas manifestações clínicas e as estratégias de tratamento que têm sido adotadas para melhorar a qualidade de vida dos pacientes afetados.

2 METODOLOGIA

A pesquisa adotou uma metodologia que combina análise, descrição e exploração, fundamentada em uma revisão abrangente da literatura existente. O objetivo principal desta revisão é compilar, sintetizar e analisar os achados de estudos anteriores sobre miomas uterinos. Esse método integra informações já publicadas, oferecendo uma visão crítica e estruturada do conhecimento disponível. A abordagem metodológica combina diversas estratégias e tipos de pesquisa, possibilitando a avaliação da qualidade e coerência das evidências e a integração dos resultados (BOTELHO, DE ALMEIDA CUNHA, MACEDO, 2011).

Para a coleta dos dados, foi utilizada a base de dados PubMed e Scielo. Diversos tipos de publicações foram considerados, incluindo artigos acadêmicos, estudos e periódicos relevantes. A pesquisa foi conduzida com os termos “COVID-19”, “Síndrome Pós-COVID”, “SARS-CoV-2”, aplicando o operador booleano “AND” para refinar os resultados. As estratégias de busca adotadas foram: “COVID-19” AND “SARS-CoV-2” AND “Síndrome Pós-COVID”.

Os critérios para inclusão dos artigos foram: publicações originais, revisões sistemáticas, revisões integrativas ou relatos de casos, desde que fossem acessíveis gratuitamente e publicadas entre 2017 e 2024. Não houve restrições quanto à localização geográfica ou ao idioma das publicações. Foram excluídos artigos não científicos, bem como textos incompletos, resumos, monografias, dissertações e teses.

A seleção dos estudos seguiu critérios rigorosos de inclusão e exclusão. Após a definição desses critérios, foram realizadas buscas detalhadas nas bases de dados utilizando os descritores e operadores booleanos estabelecidos. Os estudos selecionados formam a base para os resultados apresentados neste trabalho.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A revisão bibliográfica sobre a Síndrome Pós-COVID indica que, embora a maioria dos indivíduos com COVID-19 se recupere da infecção aguda, uma parcela significativa de pacientes continua a apresentar sintomas debilitantes por semanas ou até meses após a recuperação inicial. Esses sintomas, coletivamente conhecidos como Síndrome Pós-COVID, podem afetar diversas áreas do corpo, incluindo o sistema respiratório, cardiovascular, neurológico e psicológico, e têm sido observados tanto em pacientes com formas graves quanto leves da doença. A literatura científica sugere que cerca de 10% a 30% dos pacientes que se recuperam de COVID-19 apresentam sintomas persistentes. (SILVA, 2022).

Entre os sintomas mais comuns da Síndrome Pós-COVID estão a fadiga crônica, dificuldade de concentração, dor muscular, dor nas articulações e dispneia (dificuldade para respirar). Além disso, distúrbios psiquiátricos, como depressão, ansiedade e síndrome do pânico, também têm sido relatados com frequência entre os pacientes afetados. Estudos apontam que a fadiga intensa é um dos sintomas mais prevalentes, e sua persistência pode ser debilitante, interferindo significativamente na capacidade de realização das atividades diárias. (CARRILLO-ESPER, 2022).

Estudos revelam que a gravidade da infecção inicial não parece ser o único fator determinante para o desenvolvimento da Síndrome Pós-COVID. Pacientes que apresentaram formas leves ou moderadas de COVID-19 também têm relatado sintomas persistentes, o que sugere que o mecanismo subjacente pode ser multifatorial. Fatores como a resposta imunológica exacerbada, a inflamação sistêmica e a disfunção endotelial parecem desempenhar um papel importante na manifestação dessa síndrome. Além disso, indivíduos com comorbidades, como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares, podem estar mais predispostos a desenvolver sintomas persistentes. (MILL, POLESE, 2023).

A literatura também destaca o impacto da Síndrome Pós-COVID no sistema nervoso central. Pacientes frequentemente relatam dificuldades cognitivas, incluindo perda de memória, dificuldades de concentração e sensação de “nevoa mental” (brain fog). Esses sintomas neurológicos têm sido associados a alterações na função cerebral, possivelmente devido à resposta inflamatória sistêmica ou a danos diretos ao tecido cerebral causados pela infecção. Além disso, distúrbios do sono, como insônia e apneia do sono, têm sido comumente relatados, agravando ainda mais o quadro clínico. (HIERREZUELO ROJAS, CARDERO CASTILLO, CARBÓ CISNERO, 2022).

Os efeitos cardiovasculares da Síndrome Pós-COVID também são de grande preocupação. Pacientes têm relatado sintomas como taquicardia, dor no peito e falta de ar, mesmo após a recuperação da infecção inicial. A revisão da literatura sugere que a inflamação cardíaca, a lesão endotelial e a trombose podem ser responsáveis pelos sintomas cardíacos observados. Além disso, houve um aumento significativo de casos de miocardite e arritmias em pacientes pós-COVID, o que exige monitoramento contínuo para detectar possíveis complicações cardiovasculares. (GALLEGOS et al, 2022).

Em relação aos métodos de diagnóstico, não há consenso sobre os testes específicos que devem ser utilizados para diagnosticar a Síndrome Pós-COVID, uma vez que a variedade de sintomas torna o diagnóstico clínico desafiador. A abordagem diagnóstica, na maioria das vezes, envolve a exclusão de outras condições médicas, além da avaliação clínica dos sintomas. Exames de imagem, como tomografia computadorizada de tórax e ressonância magnética, são utilizados para investigar possíveis danos aos órgãos afetados, mas nem sempre fornecem resultados definitivos. (COSTA et al, 2024).

O tratamento da Síndrome Pós-COVID é ainda um campo em evolução, com várias abordagens sendo testadas para aliviar os sintomas persistentes. A literatura sugere que o tratamento deve ser individualizado, com base nos sintomas predominantes de cada paciente. Abordagens farmacológicas incluem o uso de antidepressivos e ansiolíticos para os sintomas psiquiátricos, além de medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos para dor muscular e articular. A reabilitação física, a fisioterapia respiratória e os programas de exercícios graduais têm mostrado benefícios significativos na melhoria da qualidade de vida dos pacientes. (CAROD-ARTAL, 2021).

A recuperação da Síndrome Pós-COVID pode ser um processo longo e gradual. Estudos indicam que, embora a maioria dos pacientes experimente alguma melhora ao longo do tempo, alguns continuam a apresentar sintomas debilitantes por meses após a infecção. A educação em saúde, a promoção de cuidados médicos multidisciplinares e o apoio psicológico são essenciais para a reabilitação e o bem-estar dos pacientes afetados. A implementação de programas de suporte contínuo e acompanhamento médico a longo prazo é fundamental para garantir uma recuperação adequada. (SCHARF, ANAYA, 2023).

4 CONCLUSÃO

A Síndrome Pós-COVID representa um desafio significativo para a saúde pública e para a recuperação de indivíduos que foram infectados pelo SARS-CoV-2, mesmo após a resolução da fase aguda da doença. Os sintomas persistentes, que afetam múltiplos sistemas do corpo, como o sistema respiratório, cardiovascular, neurológico e psiquiátrico, podem comprometer gravemente a qualidade de vida dos pacientes. A diversidade de manifestações e a falta de um diagnóstico claro dificultam o manejo da síndrome, exigindo um acompanhamento clínico cuidadoso e individualizado.

Apesar dos avanços na compreensão dos mecanismos subjacentes à Síndrome Pós-COVID, ainda há muitas lacunas no tratamento e no manejo eficaz dessa condição. A literatura indica que uma abordagem multidisciplinar, que envolva médicos, fisioterapeutas, psicólogos e outros profissionais de saúde, é essencial para proporcionar uma recuperação mais eficiente. Além disso, mais pesquisas são necessárias para identificar tratamentos específicos e melhorar os protocolos de reabilitação, a fim de minimizar os impactos a longo prazo dessa síndrome em pacientes que passaram pela infecção por SARS-CoV-2.

REFERÊNCIAS

BOTELHO, Louise Lira Roedel; DE ALMEIDA CUNHA, Cristiano Castro; MACEDO, Marcelo. O método da revisão integrativa nos estudos organizacionais. Gestão e sociedade, v. 5, n. 11, p. 121-136, 2011.

CARRILLO-ESPER, Raúl. Síndrome pos-COVID-19. Gaceta médica de México, v. 158, n. 3, p. 121-123, 2022.

CAROD-ARTAL, Francisco J. Post-COVID-19 syndrome: epidemiology, diagnostic criteria and pathogenic mechanisms involved. Rev Neurol, v. 72, n. 11, p. 384-396, 2021.

COSTA, Mariana Lúcia Correia Ramos et al. Síndrome pós-COVID-19 e qualidade de vida em mulheres. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, v. 24, p. e20230267, 2024.

GALLEGOS, Miguel et al. ¿ Qué es el síndrome pos-COVID-19? Definición y actualización. Gaceta médica de México, v. 158, n. 6, p. 451-455, 2022.

HIERREZUELO ROJAS, Naifi; CARDERO CASTILLO, Frank; CARBÓ CISNERO, Yaquelin. Síndrome pos-COVID en pacientes con enfermedad por coronavirus. Revista Cubana de Medicina, v. 61, n. 1, 2022.

MILL, José Geraldo; POLESE, Jéssica. Síndrome Pós-COVID ou COVID Longa: Um Novo Desafio para o Sistema de Saúde. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 120, n. 11, p. e20230750, 2023.

REBÊLO, Veruska Cronemberger Nogueira et al. Síndrome pós Covid-19: estudo de caso. Research, Society and Development, v. 11, n. 2, p. e43811225969-e43811225969, 2022.

SCHARF, Rüdiger E.; ANAYA, Juan-Manuel. Post-COVID syndrome in adults—an overview. Viruses, v. 15, n. 3, p. 675, 2023.

SILVA, Cibele Cristine Berto Marques da. Reabilitação pulmonar em pacientes com síndrome pós-COVID-19. Fisioterapia e Pesquisa, v. 29, n. 1, p. 1-3, 2022.

SILVEIRA, Mércia Alexandra Amorim et al. Aspectos das manifestações da síndrome pós-COVID-19: uma revisão narrativa. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 13, n. 12, p. e9286-e9286, 2021.

WU, Mariana. Síndrome pós-Covid-19–Revisão de Literatura. Revista Biociências, v. 27, n. 1, p. 1-14, 2021.