ANÁLISE DO IMPACTO DA ALIMENTAÇÃO NA PREVENÇÃO E TRATAMENTO ONCOLÓGICO

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202501311542


Francisco Xavier Martins Bessa1


RESUMO 

A nutrição exerce uma influência significativa na saúde geral do paciente oncológico.  A presença de câncer frequentemente resulta em uma série de desafios nutricionais,  incluindo perda de apetite, alterações no metabolismo e efeitos adversos relacionados  ao tratamento, como náuseas e mucosite. Estas condições podem levar a uma  desnutrição severa, comprometendo a capacidade do organismo de responder de  forma eficaz às terapias. Objetivou-se, assim, averiguar o impacto da alimentação na  prevenção e no tratamento do câncer, examinando como intervenções nutricionais  podem influenciar a eficácia dos tratamentos oncológicos e melhorar a qualidade de  vida dos pacientes. Metodologicamente, tratou-se de uma revisão sistemática em  conjunto com uma pesquisa qualitativa. De modo complementar, utilizou-se de bases  documentais com foco em obras da última década (2014 até 2024). Concluiu-se que  a integração de uma abordagem nutricional assertiva, aliada a um suporte emocional  e estratégias preventivas robustas, é fundamental para o manejo otimizado do câncer.  Os resultados evidenciam a importância de uma prática nutricional bem estruturada e  o papel crítico da pesquisa contínua para aprimorar as intervenções e estratégias de  tratamento, promovendo a saúde e o bem-estar dos pacientes oncológicos. 

Palavras-chave: Nutrição Oncológica. Prevenção do Câncer. Intervenções  Dietéticas. Eficácia do Tratamento. Qualidade de Vida. 

1. INTRODUÇÃO  

O câncer advém como uma das principais preocupações de saúde global,  configurando-se como uma condição desafiadora, com implicações para a saúde  pública. A magnitude desse problema de saúde é evidenciada pelos dados  epidemiológicos que indicam uma alta taxa de incidência e mortalidade associada a  diversos tipos de câncer, afetando milhões de indivíduos em todo o mundo. A  Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o câncer seja responsável por  aproximadamente 10 milhões de mortes anualmente, o que representa quase uma em  cada seis mortes globalmente. Este cenário ressalta a urgência de abordar o câncer não apenas como uma condição curável, mas como uma questão multifacetada que  demanda uma abordagem abrangente. 

A complexidade do câncer deriva de sua natureza heterogênea e multifatorial.  Diversos fatores corroboram para o desenvolvimento e progressão da doença,  incluindo predisposições genéticas, exposições ambientais e comportamentos  individuais. A heterogeneidade das neoplasias, que se manifestam em diferentes  formas e estágios, exige uma abordagem de tratamento personalizada e adaptada a  cada tipo específico de câncer. Aliás, a resistência ao tratamento e a recidiva são  desafios constantes que enfatizam a necessidade de estratégias mais eficazes e  inovadoras (Sasada et al., 2015). 

Nesse ínterim, a pesquisa e o desenvolvimento de estratégias complementares  se tornam fundamentais. As abordagens convencionais, como cirurgia, radioterapia e  quimioterapia, têm demonstrado eficácia no controle do câncer, mas frequentemente  apresentam limitações, incluindo efeitos colaterais severos e variabilidade na resposta  dos pacientes. Para tanto, o advento de estratégias complementares, como  intervenções nutricionais e terapias adjuvantes, surge como uma alternativa  promissora para melhorar os resultados clínicos e a qualidade de vida dos pacientes.  A alimentação, por sua vez, dispõe de um papel basilar na modulação do ambiente  tumoral e na resposta do organismo ao tratamento, destacando-se como um campo  de interesse crescente na oncologia (Franco et al., 2021). 

Justifica-se a seleção desta temática uma vez que a evidência científica tem  sugerido que certos componentes alimentares e padrões dietéticos são impactantes  na modulação do risco e da progressão do câncer. Nutrientes como antioxidantes,  fibras, e compostos bioativos presentes em alimentos vegetais têm sido associados a  efeitos protetores contra a carcinogênese. Por exemplo, a ingestão adequada de  frutas e vegetais ricos em fitoquímicos têm sido correlacionada com uma redução no  risco de desenvolvimento de câncer em vários estudos epidemiológicos. Logo, a  implementação de estratégias nutricionais focadas na prevenção pode contribuir  significativamente para a redução da incidência de câncer, oferecendo uma  abordagem adicional e complementar à prevenção primária tradicional. 

Além disso, a nutrição também se mostra essencial no contexto do tratamento  oncológico. Durante o tratamento, as necessidades nutricionais dos pacientes podem  variar substancialmente. A ingestão de uma dieta balanceada pode auxiliar na  minimização dos efeitos adversos dos tratamentos e na promoção da recuperação. 

Intervenções nutricionais personalizadas, que atendem às necessidades específicas  de cada paciente, podem melhorar a eficácia do tratamento e reduzir o risco de  complicações associadas à desnutrição. A literatura aponta que a assistência  nutricional integrada ao tratamento oncológico pode resultar em melhor controle dos  efeitos colaterais, como fadiga e perda muscular, além de favorecer a recuperação  pós-tratamento. 

O objetivo geral é averiguar o impacto da alimentação na prevenção e no  tratamento do câncer, examinando como intervenções nutricionais podem influenciar  a eficácia dos tratamentos oncológicos e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.  Em relação aos objetivos específicos, tencionou-se caracterizar a relação entre  diferentes padrões alimentares e o risco de desenvolvimento de câncer, investigar  como a nutrição pode modificar a resposta aos tratamentos oncológicos e examinar  as diretrizes e práticas recomendadas para a alimentação de pacientes oncológicos,  considerando as melhores estratégias nutricionais para cada fase do tratamento e os  impactos dessas estratégias na saúde geral e bem-estar dos pacientes. 

Sendo assim, a seguinte questão-problema norteia esta pesquisa: como a  alimentação pode influenciar a prevenção do câncer e a eficácia dos tratamentos  oncológicos, e quais são as melhores práticas nutricionais para melhorar a saúde e a  qualidade de vida dos pacientes? 

2. METODOLOGIA  

Metodologicamente, adotou-se uma revisão sistemática com abordagem  exploratória e comparativa, fundamentada em uma pesquisa qualitativa. Foram  utilizados documentos e publicações científicas, priorizando obras publicadas na  última década. 

Na seleção dos materiais, foram excluídos artigos que não apresentavam  relação com o tema central, que não atendiam ao recorte temporal estabelecido, ou  que não estavam disponíveis em português ou inglês. Também foram descartados  trabalhos incompletos ou fragmentados. 

Nesse contexto, o método comparativo foi empregado para analisar fenômenos  análogos de diferentes áreas ou meios, buscando identificar elementos comuns. Essa  abordagem possui ampla aplicabilidade em diversos campos do conhecimento, especialmente nas ciências sociais, permitindo análises de grandes grupos  populacionais em contextos distintos. 

A abordagem qualitativa foi valorizada pela flexibilidade que oferece, permitindo  aos pesquisadores explorarem novos enfoques e delinear estudos inovadores. A  pesquisa documental, por sua vez, destacou-se como uma ferramenta importante  para a coleta de dados, sendo capaz de agregar novos insights e interpretações a  partir de fontes já existentes. Os documentos, frequentemente, fornecem bases úteis  para investigações qualitativas, contribuindo para análises aprofundadas. 

Foram utilizados artigos científicos e documentos de autores nacionais e  internacionais, publicados majoritariamente após 2014, obtidos em bases de dados  como Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Google Acadêmico. Os termos de  busca incluíram “nutrição oncológica”, “prevenção do câncer”, “intervenções  dietéticas”, “eficácia do tratamento” e “qualidade de vida”. 

A Figura 1 dimensiona o fluxograma de busca dos trabalhos em conjunto com  a descrição do processo de seleção e análise dos materiais utilizados nesta pesquisa:  

Figura 1 – Fluxograma de Busca dos Trabalhos

Fonte: Elaborado pelo autor (2025). 

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO  

O câncer é um grupo heterogêneo de doenças caracterizadas pelo crescimento  desordenado e descontrolado de células que, em última instância, pode levar à  formação de tumores malignos. Esse crescimento anômalo resulta da alteração no  material genético das células, que provoca a perda de controle sobre a divisão celular  e a capacidade de invadir tecidos adjacentes ou metastizar para outras partes do  corpo. A classificação do câncer é realizada com base no tipo de célula ou tecido em  que o câncer se origina, bem como no comportamento biológico do tumor. As  principais categorias abrangem os carcinomas, que se originam dos epitélios;  sarcomas, que derivam dos tecidos mesodérmicos como ossos e músculos; linfomas  e leucemias, que afetam os tecidos hematopoiéticos e linfáticos. Além disso, a  classificação também considera o grau de diferenciação das células tumorais e o  estágio de progressão da doença (Franco et al., 2021). 

A etiologia do câncer é multifatorial, partindo de uma interação complexa entre  fatores genéticos e ambientais. Fatores de risco bem estabelecidos incluem exposição  a agentes carcinogênicos como produtos químicos, radiação e agentes infecciosos,  além de comportamentos e condições de vida, como tabagismo, consumo excessivo  de álcool e dieta inadequada. O papel da genética é significativo, uma vez que  mutações em genes específicos podem predispor indivíduos ao desenvolvimento de  câncer. Contudo, a maioria dos cânceres ocasiona da interação entre predisposições genéticas e fatores ambientais, sugerindo que a modificação de comportamentos de  risco e a redução da exposição a agentes carcinogênicos podem reduzir a incidência  de câncer (Lima et al., 2023). 

O diagnóstico precoce do câncer é elementar para melhorar os prognósticos e  aumentar as chances de tratamento bem-sucedido. A detecção antecipada permite a  intervenção em estágios iniciais da doença, quando as opções terapêuticas são mais  eficazes e menos invasivas. Métodos de diagnóstico precoce incluem exames de  triagem, como mamografias para câncer de mama e colonoscopias para câncer  colorretal. O tratamento precoce também pode reduzir a necessidade de terapias  agressivas e minimizar o impacto negativo na qualidade de vida dos pacientes.  Portanto, programas de rastreamento e campanhas de conscientização  desempenham um papel vital na detecção precoce e no manejo eficaz do câncer. 

A nutrição é o processo pelo qual o organismo obtém e utiliza os nutrientes  necessários para manter a saúde, promover o crescimento e reparar tecidos. Esse  processo abrange a ingestão, digestão, absorção e metabolismo de alimentos. A  nutrição adequada é essencial para o funcionamento eficiente do corpo humano,  influenciando diretamente a capacidade de manter a homeostase, prevenir doenças e  promover o bem-estar geral. A ciência da nutrição também explora como os alimentos  e seus componentes interagem com os processos biológicos e metabólicos do corpo  (Sasada et al., 2015).  

Os nutrientes essenciais são substâncias que o corpo não pode sintetizar em  quantidades adequadas e, portanto, devem ser obtidas através da dieta. Estes  incluem macronutrientes como carboidratos, proteínas e gorduras, que fornecem a  energia e os blocos construtores necessários para as funções corporais.  Micronutrientes, como vitaminas e minerais, são necessários em menores  quantidades, mas apresentam papeis críticos em processos metabólicos, manutenção  da função imunológica e proteção contra doenças. Por exemplo, vitaminas A, C e E  atuam como antioxidantes, ajudando a proteger as células contra danos oxidativos  que podem contribuir para o desenvolvimento de doenças crônicas, incluindo câncer  (Franco et al., 2021). 

A dieta tem um papel primário na prevenção e manejo de doenças crônicas.  Estudos têm mostrado que padrões alimentares específicos, como dietas ricas em  frutas, vegetais, grãos integrais e baixas em gorduras saturadas e açúcares, estão  associados a um menor risco de doenças crônicas, incluindo câncer, doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2. A relação entre dieta e doenças crônicas é  mediada por diversos mecanismos, como a modulação da inflamação, o controle do  peso corporal e a regulação dos níveis de glicose no sangue. Portanto, promover uma  alimentação equilibrada e rica em nutrientes é uma estratégia eficaz para a prevenção  e controle dessas condições, além de contribuir para a manutenção da saúde ao longo  da vida. 

Os antioxidantes são primários na prevenção do câncer ao proteger as células  contra o estresse oxidativo, que resulta da produção excessiva de radicais livres.  Estes radicais livres podem causar danos ao DNA, proteínas e lipídios, contribuindo  para o desenvolvimento de mutações celulares e subsequentes carcinogênese.  Antioxidantes como as vitaminas C e E, o selênio e os compostos fenólicos presentes  em frutas e vegetais neutralizam os radicais livres, reduzindo o potencial de dano  celular. Estudos como de Silva et al. (2014) têm mostrado que uma dieta rica em  alimentos antioxidantes pode diminuir o risco de vários tipos de câncer, uma vez que  ajuda a manter a integridade do DNA e a prevenir a proliferação descontrolada de  células. Entretanto, é essencial observar que o efeito protetor dos antioxidantes deve  ser compreendido no contexto de uma dieta equilibrada, uma vez que o excesso de  suplementação pode ter efeitos adversos. 

As fibras alimentares contribuem para a saúde intestinal ao promover a  regularidade do trânsito intestinal e a formação de fezes mais volumosas, o que pode  reduzir o tempo de contato entre carcinógenos e a mucosa intestinal. Aliás, as fibras  dietéticas, especialmente as solúveis, fermentam no cólon para formar ácidos graxos  de cadeia curta, que têm efeitos benéficos sobre a saúde intestinal, como a modulação  do pH intestinal e a promoção da proliferação de bactérias benéficas. Já as vitaminas  como a A, C e E têm propriedades antioxidantes que protegem as células do estresse  oxidativo. A vitamina D, por sua vez, tem sido associada à regulação do crescimento  celular e à redução do risco de câncer, particularmente o câncer de mama e próstata.  Minerais como o zinco e o selênio também são essenciais para a função imunológica  e a reparação do DNA, desempenhando um papel preventivo significativo contra a  carcinogênese. A deficiência desses micronutrientes pode comprometer a resposta  imunológica e a integridade celular, aumentando a suscetibilidade ao câncer. Nesta  lógica, garantir uma ingestão adequada de vitaminas e minerais é fundamental para a  prevenção do câncer e para a manutenção da saúde geral (Sasada et al., 2015).

A dieta mediterrânea, caracterizada por uma alta ingestão de frutas, vegetais,  grãos integrais, legumes, nozes e azeite de oliva, tem sido associada a um menor  risco de desenvolvimento de câncer. Este padrão alimentar é rico em antioxidantes,  fibras e gorduras monoinsaturadas, todos os quais têm propriedades benéficas para  a saúde. Não obstante, o consumo moderado de peixe e vinho tinto, presentes nesta  dieta, também contribui para os seus efeitos protetores. A dieta mediterrânea promove  a redução da inflamação e o controle do peso corporal, fatores que estão intimamente  ligados ao risco de câncer. Estudos demonstram que a adesão a esse estilo de  alimentação está associada a uma redução significativa na incidência de vários tipos  de câncer, reforçando sua importância como uma estratégia nutricional eficaz na  prevenção oncológica (Malhão et al., 2023). 

As dietas vegetariana e vegana, ao excluírem carnes e, no caso da dieta  vegana, todos os produtos de origem animal, têm sido estudadas por seus efeitos na  prevenção do câncer. Estas dietas tendem a ser ricas em frutas, vegetais, grãos  integrais e leguminosas, e baixas em gorduras saturadas e carnes processadas, o que  pode reduzir o risco de câncer. Estudos mostram que dietas baseadas em plantas  estão associadas a um menor risco de vários tipos de câncer, incluindo câncer de  mama e próstata. A elevada ingestão de fitoquímicos, fibras e antioxidantes,  combinada com a baixa ingestão de produtos carcinogênicos como carnes  processadas, contribui para os benefícios observados. Porém, é devido que indivíduos  que seguem essas dietas estejam atentos a possíveis deficiências nutricionais e  façam escolhas alimentares adequadas para garantir a ingestão suficiente de  nutrientes essenciais (Malhão et al., 2023). 

Os fitoquímicos, por sua parte, são compostos bioativos encontrados em  plantas que têm sido associados à redução do risco de câncer. Eles incluem  flavonoides, carotenoides, e outros compostos fenólicos que possuem propriedades  antioxidantes e anti-inflamatórias. O consumo de alimentos ricos em fitoquímicos,  como frutas cítricas, berries, vegetais de folhas verdes e especiarias como açafrão e  gengibre, pode oferecer proteção contra a carcinogênese. Estes compostos atuam  através de diversos mecanismos, incluindo a modulação da expressão gênica, a  inibição da proliferação celular e a promoção da apoptose em células cancerosas. A  evidência científica apoia que uma dieta rica em fitoquímicos pode contribuir  significativamente para a prevenção do câncer, sublinhando a importância de uma  dieta diversificada e rica em alimentos vegetais (Sasada et al., 2015). 

Assim, a incorporação de estratégias nutricionais específicas e a escolha de  dietas baseadas em evidências podem desempenhar um papel fundamental na  prevenção do câncer e na promoção da saúde geral (Franco et al., 2021). 

A ingestão equilibrada de nutrientes é essencial para garantir que o organismo  do paciente tenha os recursos necessários para metabolizar os medicamentos e  promover a recuperação celular. Nutrientes como proteínas, vitaminas e minerais  estão envolvidos em processos metabólicos críticos que podem impactar diretamente  a resposta ao tratamento. Estudos indicam que deficiências nutricionais podem reduzir  a eficácia dos tratamentos e comprometer a recuperação, enfatizando a necessidade  de uma dieta bem planejada para otimizar os resultados terapêuticos. 

Os tratamentos oncológicos provocam, majoritariamente, efeitos colaterais  significativos, como náuseas, vômitos, perda de apetite e alterações no paladar. Uma  abordagem nutricional estratégica pode ajudar a mitigar esses efeitos adversos. Por  exemplo, a incorporação de alimentos com propriedades antieméticas pode ajudar a  reduzir as náuseas, enquanto a ingestão recorrente de refeições pequenas e ricas em  calorias pode auxiliar no controle da perda de peso e na manutenção da força. A  adaptação das escolhas alimentares e a implementação de técnicas nutricionais  específicas são cruciais para minimizar o impacto dos efeitos colaterais e manter a  saúde geral do paciente durante o tratamento (Lima et al., 2023). 

A nutrição adequada também é central para melhorar a qualidade de vida dos  pacientes oncológicos. Uma dieta equilibrada pode contribuir para o fortalecimento do  sistema imunológico, a manutenção da energia e a redução da fadiga, fatores que  impactam diretamente o bem-estar geral do paciente. Aliás, uma alimentação  adequada pode promover a recuperação mais rápida e reduzir a incidência de  complicações associadas ao tratamento. Ao proporcionar suporte nutricional  individualizado e adaptado às necessidades específicas dos pacientes, é possível  melhorar significativamente sua qualidade de vida durante o tratamento oncológico. 

A suplementação de nutrientes pode ser uma estratégia importante para  pacientes oncológicos que enfrentam deficiências nutricionais devido ao tratamento.  Suplementos de vitaminas e minerais, como vitamina D, zinco e ferro, podem auxiliar  na correção de deficiências e no suporte ao sistema imunológico. De modo  complementar, os suplementos proteicos podem ser recomendados para pacientes  que têm dificuldade em ingerir proteínas suficientes através da dieta. A escolha de  suplementos deve ser realizada com base em uma avaliação nutricional detalhada, garantindo que as necessidades individuais sejam atendidas sem causar efeitos  adversos ou interações com os tratamentos (Malhão et al., 2023). Dietas adaptadas são formuladas para atender às necessidades nutricionais  específicas dos pacientes oncológicos e podem incluir modificações para lidar com os  efeitos colaterais dos tratamentos. Essas dietas partem da incorporação de alimentos  que são suaves para o trato gastrointestinal e ricos em nutrientes. A personalização  das dietas é crucial, considerando fatores como preferências alimentares, tolerâncias  individuais e o estágio do tratamento. Uma abordagem dietética personalizada pode  melhorar a aceitação dos alimentos, promover uma ingestão calórica adequada e  apoiar a recuperação e o bem-estar geral (Lima et al., 2023). 

Quando a ingestão oral não é viável devido a efeitos colaterais graves ou  comprometimento da função digestiva, as dietas enterais e parenterais tornam-se  opções essenciais. A nutrição enteral, administrada por meio de sondas, proporciona  uma alternativa para pacientes que podem absorver nutrientes através do trato  gastrointestinal, mas têm dificuldade em consumir alimentos suficientes por via oral.  Por outro lado, a nutrição parenteral é utilizada quando a absorção intestinal é  comprometida, oferecendo nutrientes diretamente na corrente sanguínea. Ambas as  abordagens devem ser cuidadosamente planejadas e monitoradas para assegurar  que os pacientes recebam uma nutrição adequada e minimizem possíveis  complicações associadas (Teixeira et al., 2015). 

Neste prisma, a aplicação de estratégias nutricionais específicas, incluindo  suplementação, dietas adaptadas e métodos de nutrição enteral e parenteral, é  essencial para proporcionar um suporte abrangente e personalizado durante o  tratamento. A dieta anti-inflamatória baseia-se na premissa de que a inflamação  crônica pode contribuir para o desenvolvimento e progressão do câncer. Esta dieta é  composta por alimentos ricos em antioxidantes e compostos anti-inflamatórios, como  frutas, vegetais, grãos integrais, nozes e sementes. Os principais componentes  incluem ácidos graxos ômega-3, encontrados em peixes e sementes de linhaça, e  compostos bioativos presentes em ervas e especiarias como açafrão e gengibre.  Esses alimentos ajudam a reduzir os marcadores inflamatórios no organismo,  potencialmente influenciando a resposta tumoral e a eficácia dos tratamentos  oncológicos. 

Na prática clínica, a dieta anti-inflamatória é utilizada para complementar o  tratamento convencional do câncer, visando melhorar a saúde geral dos pacientes e potencialmente diminuir a inflamação associada ao tumor e aos efeitos colaterais dos  tratamentos. Estudos clínicos demonstram que a adesão a essa dieta pode resultar  em melhorias na qualidade de vida dos pacientes, redução de sintomas inflamatórios  e, em alguns casos, uma resposta mais positiva aos tratamentos. Porém, é primário  que a aplicação clínica seja individualizada, considerando as necessidades  nutricionais específicas e a condição geral de cada paciente (Malhão et al., 2023). 

A dieta cetogênica denota-se por uma alta ingestão de gorduras, moderada  ingestão de proteínas e baixa ingestão de carboidratos, o que induz um estado de  cetose no organismo. Durante a cetose, o corpo utiliza cetonas, derivadas das  gorduras, como principal fonte de energia, ao invés da glicose. Essa mudança  metabólica pode reduzir a disponibilidade de glicose para as células tumorais, que  frequentemente são dependentes de glicose para seu crescimento. A dieta cetogênica  tem sido estudada como uma potencial terapia adjuvante no tratamento do câncer  devido à sua capacidade de alterar o metabolismo energético das células cancerosas  (Lima et al., 2023). 

Aplicações clínicas da dieta cetogênica no tratamento oncológico têm mostrado  resultados variados. Alguns estudos indicam que a dieta cetogênica pode ajudar a  reduzir o crescimento tumoral e melhorar a resposta a tratamentos como a  quimioterapia e a radioterapia. Entretanto, a implementação clínica deve ser  cuidadosamente monitorada, já que a dieta pode levar a efeitos colaterais como  cetoacidose e deficiências nutricionais se não for bem equilibrada. A eficácia da dieta  cetogênica como terapia adjuvante ainda está sendo investigada e deve ser abordada  com cautela, levando em consideração o perfil metabólico e as necessidades  nutricionais individuais dos pacientes. 

A dieta low-FODMAP é projetada para reduzir a ingestão de carboidratos  fermentáveis, que podem causar sintomas gastrointestinais como inchaço, dor  abdominal e gases. FODMAP é um acrônimo que se refere a fermentáveis,  oligosacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e poliol, todos compostos que  podem ser mal absorvidos pelo intestino. Alimentos como trigo, laticínios e certos tipos  de frutas e vegetais são restringidos nesta dieta. A dieta low-FODMAP visa aliviar  sintomas gastrointestinais que podem ser exacerbados por tratamentos oncológicos  e, assim, melhorar o conforto e a adesão ao tratamento (Malhão et al., 2023). 

Em pacientes oncológicos que enfrentam efeitos colaterais gastrointestinais  devido ao tratamento, a dieta low-FODMAP pode proporcionar alívio significativo. 

Reduzir a ingestão de alimentos que fermentam no intestino pode diminuir sintomas  desconfortáveis, facilitando a ingestão de alimentos e a adesão ao tratamento. A  implementação dessa dieta deve ser supervisionada por profissionais de saúde para  assegurar que as necessidades nutricionais do paciente sejam adequadamente  atendidas enquanto se minimizam os efeitos adversos. Estudos sobre a eficácia da  dieta low-FODMAP em pacientes oncológicos estão em desenvolvimento e podem  fornecer mais evidências sobre seu impacto e benefícios na prática clínica (Lima et  al., 2023). 

Essas dietas específicas oferecem abordagens diferenciadas para o manejo  nutricional durante o tratamento oncológico, com o potencial de impactar a eficácia  dos tratamentos e a qualidade de vida dos pacientes. A seleção e aplicação dessas  dietas devem ser baseadas em evidências clínicas e adaptadas às necessidades  individuais dos pacientes. 

Neste panorama, o Quadro 1 demonstra cada um dos artigos selecionados  para compor esta revisão: 

Quadro 1 – Artigos Selecionados para Compor a Revisão

TÍTULO AUTOR OBJETIVO RESULTADO
Percepção de  pacientes em  tratamento  oncológico  ambulatorial sobre  o ato de se  alimentar.Rodrigues et al.  (2020). Compreender a percepção de pacientes em tratamento oncológico ambulatorial sobre o ato de se alimentar, investigar as mudanças alimentares experimentadas durante o tratamento e analisar como esses pacientes enfrentam as restrições físicas e alimentares impostas pela doença e/ou tratamento.O estudo envolveu 24 pacientes oncológicos com idades variando de 29 a 80 anos, dos quais 70,8% eram adultos e 79,2% eram mulheres. A maioria dos participantes estava diagnosticada com câncer de mama (45,8%) e em tratamento pós-cirúrgico (58,3%). Os dados revelaram que as alterações fisiológicas e/ou sensoriais, decorrentes do tratamento oncológico, têm um impacto significativo na alimentação dos pacientes, levando a sentimentos de insatisfação e tristeza. Essas mudanças alimentares foram frequentemente associadas a uma deterioração na qualidade de vida dos pacientes. A maioria dos participantes relatou que a saúde comprometida e os efeitos adversos do tratamento, juntamente com as mudanças na dieta, resultaram em um impacto emocional considerável. Para enfrentar essas dificuldades, 95,2% dos pacientes buscaram apoio em fontes diversas, como religião, família, amigos ou profissionais de saúde.
Gastos federais  atuais e futuros  com os cânceres  atribuíveis aos  fatores de risco  relacionados à 
alimentação,  nutrição e  atividade física no  Brasil.
Malhão et al.  (2023).Verificar o impacto da exposição a fatores de risco relacionados ao câncer, como excesso de peso, baixo consumo de fibras alimentares, atividade física insuficiente, não aleitamento materno, consumo excessivo de carne vermelha e carne processada, e bebidas alcoólicas, sobre os gastos federais com o tratamento oncológico no SUS. Além disso, o estudo visou projetar os gastos em 2040 com base em diferentes cenários de redução da exposição a esses fatores de risco em 2030, e avaliar o potencial econômico das intervenções de prevenção primária.Os resultados 
evidenciaram que, em  2018, os fatores de  risco mencionados  foram responsáveis  por aproximadamente  R$ 338 milhões dos  gastos federais com  tratamento oncológico,  o que representa  cerca de 10% do total  de R$ 3,5 bilhões  gastos pelo SUS em  procedimentos 
relacionados ao  câncer. Esse valor  também corresponde  a 80% do orçamento  do Instituto Nacional  de Câncer (INCA) em  2018, evidenciando a  importância de investir  em estratégias para  reduzir a exposição a  esses fatores de risco.  A projeção para 2030  revelou que esses  fatores de risco  aumentarão sua  contribuição para os gastos, passando a  representar R$ 829  milhões, cerca de 14%  dos gastos totais  projetados de R$ 5,9  bilhões. Em 2018, os  fatores de risco com maior impacto 
financeiro foram a  atividade física 
insuficiente, o  consumo de álcool e o  excesso de peso  corporal. Para 2030,  os principais fatores  de risco previstos  serão o consumo de  álcool, carne  processada e  atividade física 
insuficiente no lazer. 
Câncer de mama  e alimentação:  percepções de  mulheres com  
histórico de câncer  de mama sobre o  papel da  alimentação na  
prevenção e no  tratamento.
Teixeira et al.  (2015).Explorar as percepções  das mulheres 
diagnosticadas com  câncer de mama sobre a  influência da alimentação  durante o tratamento da  doença.  Especificamente, buscou-se entender 
como essas mulheres  vivenciam e percebem as  mudanças alimentares  recomendadas e a  importância do 
acompanhamento  nutricional para a  qualidade de vida e  sobrevida após o  diagnóstico.
As mulheres com  câncer de mama participantes da Organização Não Governamental  
Amigas do Peito, em  João Pessoa, 
apresentaram um  padrão alimentar  inadequado antes do  diagnóstico. Muitas  relataram a falta de  informações e  orientações  nutricionais eficazes, o  que contribuiu para  práticas alimentares  que não favoreciam a  prevenção ou o  tratamento da doença.  Após a intervenção  nutricional, observou se uma mudança  significativa nos  hábitos alimentares  dessas mulheres, com  a adoção de práticas  mais saudáveis e  alinhadas às  recomendações  nutricionais para o  manejo do câncer. A  maioria das 
participantes  reconheceu que a  orientação nutricional  não apenas melhorou  a sua saúde geral,  mas também teve um  impacto positivo na  sua qualidade de vida  durante o tratamento.  As entrevistas  evidenciaram que a  inclusão da nutrição  na abordagem do  tratamento de câncer  de mama é central  para proporcionar um  suporte adicional que  pode influenciar a  sobrevida e o bem estar das pacientes.
Impactos da  utilização de  compostos  antioxidantes  como parte da 
terapia nutricional  do paciente  oncológico em  tratamento.
Pardinho et al.  (2020).O objetivo deste estudo  foi analisar os possíveis  impactos da utilização de  compostos bioativos 
antioxidantes como parte  da terapia nutricional em  pacientes oncológicos  submetidos a tratamento  quimioterápico e/ou 
radioterápico.  Especificamente,  buscou-se avaliar a  eficácia de vitaminas e  minerais antioxidantes,  como vitaminas A, C e E,  zinco e selênio, em 
amenizar os efeitos 
adversos associados aos  tratamentos  antineoplásicos.
Elencou-se que a  
suplementação oral de  compostos  antioxidantes, incluindo vitaminas A,  C e E e minerais como  zinco e selênio,  demonstrou, na  maioria dos casos,  resultados positivos na  redução dos efeitos  adversos da 
quimioterapia e  radioterapia. Entre os  achados, destacaram se os benefícios da  suplementação de  zinco em pacientes  com câncer de cabeça  e pescoço, onde foram  observadas melhorias  significativas nas 
condições  relacionadas à  cavidade oral. Embora  os resultados sejam  promissores,  evidenciando uma  possível mitigação dos  efeitos colaterais dos  tratamentos  oncológicos, a análise  também destacou a  necessidade de mais estudos rigorosos para  confirmar a eficácia e  segurança dessas 
suplementações. A  maioria dos estudos  revisados apresentou  limitações e  variabilidade nas  metodologias, o que  sugere a necessidade  de pesquisas  adicionais para  estabelecer diretrizes  claras e confiáveis  sobre o uso de  antioxidantes na  terapia nutricional de  pacientes oncológicos.
Alimentação e 
Oncologia: Percepções de  Pacientes em 
Tratamento Ambulatorial.
Santos et al.  (2019).O objetivo deste estudo foi identificar as percepções de pacientes com câncer em tratamento ambulatorial sobre a alimentação e a qualidade de vida, considerando o impacto do tratamento oncológico nas suas práticas alimentares e no bem-estar geral.O estudo englobou 24  pacientes com câncer  em tratamento 
oncológico, com  idades entre 29 e 80  anos, que estavam  sob acompanhamento  nutricional em um  ambulatório de Belém PA. A análise 
qualitativa dos dados  coletados através de  entrevistas revelou  que: A maioria dos  pacientes reconheceu  a importância de uma  alimentação  equilibrada para  minimizar os efeitos  colaterais do  tratamento oncológico  e contribuir para um  prognóstico favorável.  Muitos pacientes  acreditam que uma  dieta adequada pode  auxiliar na  recuperação e 
prevenir complicações  adicionais associadas  ao câncer e ao  tratamento. Apenas  um paciente 
demonstrou ceticismo  quanto à influência da  alimentação no
tratamento,  apresentando um  estado emocional  abatido e  desmotivado. Foi  observado que a  alimentação hospitalar  frequentemente não  atende às  necessidades e  preferências dos  pacientes, gerando  insatisfação e  
dificuldades em  manter um apetite  adequado. O apoio  emocional da equipe  multidisciplinar e da  família foi destacado  como crucial para  ajudar os pacientes a  lidarem com as  mudanças e desafios  impostos pelo  tratamento.
Análise da presença de alimentos com  
propriedades  funcionais nos cardápios de uma 
Unidade de Alimentação e Nutrição de um 
Hospital  Oncológico.
Estevam e  Lima (2020).Descrever a presença e a variedade de alimentos com propriedades funcionais nos cardápios das Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN) de um hospital oncológico em Muriaé-MG, para verificar o potencial desses alimentos na promoção da saúde e na prevenção do câncer.As Unidades de  
Alimentação e  Nutrição de um  hospital oncológico em  Muriaé-MG estão  incorporando uma boa  variedade de  alimentos com  
propriedades  funcionais em seus  cardápios. A presença  significativa de  alimentos como alho,  cebola, feijão, tomate,  cenoura e outros  
demonstra um esforço  para incluir alimentos  que podem auxiliar na  prevenção de câncer e  na manutenção da  saúde. No entanto, é  fundamental que as  ações preventivas  
relacionadas ao  câncer se tornem uma  parte regular e  sistemática da  administração  hospitalar, promovendo a saúde  pública e contribuindo  para a eficácia do  tratamento e a  qualidade de vida dos  pacientes.
Câncer infantil: 
percepções de cuidadoras sobre  alimentação,  
dinâmica familiar e emocional.
Oliveira et al. (2015).O objetivo deste consistiu em conhecer a percepção de cuidadoras sobre a alimentação, a dinâmica familiar e as questões emocionais de crianças e adolescentes com câncer.A percepção das mães  cuidadoras elucidou que o diagnóstico de câncer em crianças e  adolescentes tem 
repercussões  significativas na  alimentação, na  dinâmica familiar e no  estado emocional. As  mudanças na dinâmica familiar,  preocupações com a  alimentação e a influência de mitos  culturais são aspectos  críticos que  demandam adaptação  e estratégias de  manejo. É essencial  fornecer suporte  
adicional às famílias,  abordando tanto as  questões práticas  quanto emocionais  para melhorar a qualidade de vida das crianças e suas  cuidadoras durante o  tratamento.

Fonte: Elaborado pelo Autor (2025).  

A averiguação dos estudos revisados elucida um quadro robusto das  experiências e desafios enfrentados por pacientes e cuidadores, destacando a  importância da nutrição no manejo do câncer e seus impactos emocionais e familiares.  Assim, é válido discutir a convergência e divergência dos achados em relação à  percepção e experiência dos indivíduos envolvidos. 

Rodrigues et al. (2020) examinam a percepção dos pacientes em tratamento  oncológico ambulatorial sobre a alimentação, evidenciando que as alterações  fisiológicas e sensoriais associadas aos tratamentos oncológicos têm um impacto  profundo na alimentação e na qualidade de vida dos pacientes. A insatisfação alimentar e o impacto emocional dos tratamentos são preocupações recorrentes,  levando os pacientes a buscar apoio diversificado para enfrentar essas dificuldades.  Em consonância, Santos et al. (2019) também destacam o papel crucial da  alimentação na qualidade de vida dos pacientes, com ênfase na necessidade de uma  dieta equilibrada para minimizar os efeitos colaterais e contribuir para um prognóstico  favorável. Ambos os estudos sublinham a importância de um suporte nutricional  adequado e de um acompanhamento emocional contínuo para ajudar os pacientes a  lidarem com as mudanças impostas pelo tratamento. 

Contrapõe-se a isso o estudo de Malhão et al. (2023), que foca na perspectiva  econômica dos fatores de risco relacionados à alimentação, nutrição e atividade física  no contexto do câncer. Este estudo indica que os fatores de risco alimentares e  comportamentais têm um impacto significativo nos gastos federais com o tratamento  oncológico, indicando a necessidade urgente de estratégias preventivas eficazes. O  aumento projetado nos gastos até 2040 reforça a importância de intervenções que  possam reduzir a exposição a esses fatores de risco e, consequentemente, os custos  associados ao tratamento. Essa perspectiva econômica complementa a necessidade  identificada nos estudos clínicos de um suporte nutricional mais robusto e direcionado. 

No prisma das intervenções nutricionais, Teixeira et al. (2015) e Pardinho et al. (2020) abordam o papel da nutrição e dos compostos antioxidantes, respectivamente.  Teixeira et al. (2015) observam que a orientação nutricional pode melhorar  significativamente a saúde e a qualidade de vida de mulheres com câncer de mama,  evidenciando a eficácia de mudanças alimentares recomendadas durante o  tratamento. Paralelamente, Pardinho et al. (2020) investigam o impacto da  suplementação de compostos antioxidantes, mostrando benefícios potenciais na  mitigação dos efeitos adversos da quimioterapia e radioterapia. Embora a  suplementação antioxidante mostra promissora redução dos efeitos colaterais, a  necessidade de mais estudos rigorosos destaca a complexidade da eficácia e  segurança dessas intervenções. 

Por conseguinte, o estudo de Estevam e Lima (2020) sobre a presença de  alimentos com propriedades funcionais nos cardápios de um hospital oncológico em  Muriaé-MG aponta para uma prática positiva na incorporação de alimentos funcionais  que podem auxiliar na prevenção e tratamento do câncer. A inclusão de alimentos  como alho, cebola e feijão reflete uma abordagem proativa para promover a saúde  dos pacientes. Entretanto, é necessário que essa prática se torne parte integral da administração hospitalar, reforçando a importância da alimentação funcional na saúde  pública e na eficácia do tratamento. 

Já Oliveira et al. (2015) adicionam uma dimensão importante à discussão ao  abordar a percepção das cuidadoras sobre a alimentação e a dinâmica familiar. O  impacto do câncer na estrutura familiar e nas práticas alimentares, juntamente com a  influência de mitos culturais, ressalta a necessidade de estratégias adaptativas para  apoiar as famílias durante o tratamento. O suporte adicional às famílias e a  consideração das suas necessidades emocionais e práticas são fundamentais para  melhorar a qualidade de vida das crianças e suas cuidadoras. 

Neste enfoque, os estudos revisados destacam a interconexão entre  alimentação, suporte emocional e práticas de cuidado no contexto do câncer. A  percepção dos pacientes e cuidadores, combinada com a análise econômica e as  práticas nutricionais, revela a complexidade das necessidades e desafios enfrentados,  enfatizando a importância de uma abordagem integrada e multidimensional para a  gestão do câncer. 

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

No decorrer desta pesquisa, constatou-se que há uma grande influência da  alimentação e nutrição na experiência de pacientes oncológicos, evidenciando a  complexidade das interações entre dieta, tratamento e qualidade de vida. A  averiguação dos dados frisou resultados significativos que ressaltam a relevância da  prática nutricional para a gestão do câncer, tanto em termos de suporte físico quanto  emocional. 

Cada um dos objetivos propostos foi alcançado, conforme demonstrado pelos  resultados dos estudos analisados. As pesquisas evidenciam a necessidade de uma  abordagem integrada que considere tanto os aspectos nutricionais quanto emocionais  e econômicos do tratamento oncológico. 

Sugere-se que futuras pesquisas concentrem-se em áreas ainda pouco  exploradas, tais como a eficácia de intervenções nutricionais específicas em  diferentes tipos de câncer, o impacto a longo prazo das práticas alimentares no  prognóstico do câncer, e a validação de protocolos de suplementação antioxidante.  Para além disso, a investigação sobre estratégias de suporte familiar e a integração de práticas alimentares funcionais na rotina hospitalar prática pode oferecer novas  imersões para a melhoria das práticas clínicas e da qualidade de vida dos pacientes. Ademais, as informações obtidas entre alimentação e câncer contempla uma  complexa interconexão entre dietas específicas e o impacto no tratamento oncológico.  Os dados demonstram que a adoção de dietas anti-inflamatórias pode ajudar a mitigar  processos inflamatórios crônicos, que estão associados ao desenvolvimento e  progressão do câncer. Além disso, a dieta cetogênica, ao induzir cetose, pode reduzir  a disponibilidade de glicose para as células tumorais, sugerindo um potencial  benefício terapêutico. Porém, sua eficácia como terapia adjuvante requer uma  implementação cuidadosa e monitorada. A dieta low-FODMAP oferece uma solução  eficaz para aliviar sintomas gastrointestinais em pacientes oncológicos, facilitando a  adesão ao tratamento e melhorando a qualidade de vida. 

Os achados enfatizam que a nutrição é de grande valia na prevenção do  câncer, mas também no suporte ao tratamento e na gestão dos efeitos colaterais  associados. As dietas investigadas revelam potenciais benefícios específicos, embora  a sua aplicação deva ser adaptada às necessidades individuais dos pacientes e  acompanhada por profissionais qualificados. As evidências apontam para a  necessidade de mais estudos para confirmar a eficácia dessas abordagens e  compreender melhor seus mecanismos de ação. 

De modo complementar dietas específicas oferecem oportunidades para  melhorar os resultados dos tratamentos oncológicos e a qualidade de vida dos  pacientes, destacando a importância de uma prática nutricional bem-informada e  adaptada às necessidades individuais. A continuidade da pesquisa e a prática clínica  orientada por evidências são requeridas para otimizar o suporte nutricional em  oncologia. 

REFERÊNCIAS 

ESTEVAM, Elaine; LIMA, Bruna Castro Costa. Análise da presença de alimentos  com propriedades funcionais nos cardápios de uma Unidade de Alimentação e  Nutrição de um Hospital Oncológico. Revista Científica da Faminas, v. 15, n. 2,  2020. Disponível em: https://periodicos.faminas.edu.br/. Acesso em: 11 jan. 2025.  

FRANCO, Amanda de Araujo et al. Contributos da alimentação saudável como  estratégia de prevenção e enfrentamento do câncer: uma perspectiva da  enfermagem. RECIMA21-Revista Científica Multidisciplinar-ISSN 2675-6218, v. 2, n. 4, p. e24214-e24214, 2021. Disponível em: https://recima21.com.br/. Acesso em: 13 jan. 2025. 

LIMA, Larissa Darla Nogueira et al. A influência da alimentação na prevenção e  tratamento de Câncer de Cólon: uma revisão sistemática. Contribuciones a las  Ciencias Sociales, v. 16, n. 9, p. 15390-15401, 2023. Disponível em:  https://ojs.revistacontribuciones.com/. Acesso em: 26 jan. 2025. 

MALHÃO, Thainá Alves et al. Gastos federais atuais e futuros com os cânceres  atribuíveis aos fatores de risco relacionados à alimentação, nutrição e atividade  física no Brasil. 2023. Disponível em: https://proceedings.science/. Acesso em: 17 jan. 2025. 

OLIVEIRA, Mariana Rebouças de et al. Câncer infantil: percepções de cuidadoras  sobre alimentação, dinâmica familiar e emocional. Revista Brasileira em Promoção  da Saúde, v. 28, n. 4, p. 560-567, 2015. Disponível em: https://ojs.unifor.br/. Acesso  em: 25 jan. 2025. 

PARDINHO, Giovana Jorge Rosa et al. Impactos da utilização de compostos  antioxidantes como parte da terapia nutricional do paciente oncológico em  tratamento. Advances in nutritional sciences, v. 1 n. 1, p. 62-72, 2020. Disponível em:  http://repo.saocamilo-sp.br:8080/dspace/. Acesso em: 26 jan. 2025. 

RODRIGUES, Sabina Gonçalves et al. Percepção de pacientes em tratamento  oncológico ambulatorial sobre o ato de se alimentar. Revista Eletrônica Acervo  Saúde, n. 57, p. e3934-e3934, 2020. Disponível em: https://acervomais.com.br/.  Acesso em: 28 jan. 2025. 

SANTOS, Thaís de Oliveira Carvalho Granado et al. Alimentação e Oncologia:  Percepções de Pacientes em Tratamento Ambulatorial. 2019. Disponível em:  https://crn7.org/. Acesso em: 26 jan. 2025. 

SASADA, Isabel Nemoto Vergara et al. Prevenção de intercorrências  estomatológicas em oncologia pediátrica. RFO UPF, v. 20, n. 1, p. 105-109, 2015.  Disponível em: http://revodonto.bvsalud.org/. Acesso em: 26 jan. 2025. 

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TEIXEIRA, Ana Gabriela Mascarenhas da Silva et al. Câncer de mama e  alimentação: percepções de mulheres com histórico de câncer de mama sobre  o papel da alimentação na prevenção e no tratamento. 2015. Disponível em:  https://repositorio.ufpb.br/. Acesso em: 08 jan. 2025.


1Formação acadêmica mais alta com a área: Mestrado em Nutrição – Instituição de formação: Uniasselvi. E-mail: bessa@expressalimentacao.com.br