USE OF LASER TECHNOLOGY IN ORAL SURGERIES: APPLICATIONS AND BENEFITS
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202501301834
André de Almeida Agra Omena1; Guilherme Sátyro Albuquerque Filgueira1; Maria Izabel Medeiros Barreto1; Juliana Carvalho de Paula1; Nicole Emanuela Galvão1; Walter César de Oliveira Barbosa Júnior2; Alexandre Herval Andrade Fonseca Filho3;Matheus Harllen Gonçalves Veríssimo4; Jeniffer Lorrayne Gonçalves Silva5; Raquel Palmeira Araújo Medeiros da Nóbrega6; Layane Kerlly Carvalho Minervino6; Jeova Mateus dos Santos Azevedo6; Ocimar Lopes de Oliveira7; Rhuann Ayran Castro Borburema8
Resumo
A fotobiomodulação (PBM) tem se destacado como uma abordagem terapêutica complementar em odontologia, especialmente no manejo pós-cirúrgico de extrações dentárias e complicações associadas, como osteíte alveolar e parestesia do nervo alveolar inferior. Utilizando lasers de baixa intensidade nos comprimentos de onda vermelho e infravermelho, a PBM promove alívio da dor, redução do edema e trismo, além de acelerar a cicatrização de tecidos e a regeneração neural. A eficácia da PBM varia conforme o protocolo utilizado, incluindo o local de aplicação, tempo de exposição e número de sessões, com resultados promissores relatados em apenas uma única aplicação no dia da cirurgia. Para esta pesquisa, foram utilizadas as bases de dados eletrônica: U.S National Library of Medicine (PubMed), Scientific Electronic Library Online (SciELO), ScienceDirect e LILACS. Além disso, foram utilizados dois descritores para a composição da chave de pesquisa, sendo os seguintes (MeSH/DeCS). Após as pesquisas, foi observado que a PBM demonstra potencial significativo na odontologia para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e otimizar a recuperação pós-cirúrgica, mas sua incorporação ampla à prática clínica exige mais evidências científicas e ajustes nos protocolos existentes.
Palavras-chave: Terapia a laser. Cirurgia bucal. Odontologia.
Abstract
Photobiomodulation (PBM) has been highlighted as a complementary therapeutic approach in dentistry, especially in the postoperative management of dental extractions and associated complications such as alveolar osteitis and inferior alveolar nerve paresthesia. Using low-intensity lasers in the red and infrared wavelengths, PBM promotes pain relief, reduction of edema and trismus, as well as accelerating tissue healing and neural regeneration. The effectiveness of PBM varies according to the protocol used, including the place of application, exposure time and number of sessions, with promising results reported in only one application on the day of surgery. For this research, the electronic databases were used: U.S National Library of Medicine (PubMed), Scientific Electronic Library Online (SciELO), ScienceDirect and Lilacs. In addition, two descriptors were used for the composition of the search key, being the following (MeSH/DeCS). After the research, it was observed that PBM demonstrates significant potential in dentistry to improve patients’ quality of life and optimize post-operative recoverysurgical, but its broad incorporation into clinical practice requires more scientific evidence and adjustments to existing protocols. Keywords: Laser Therapy. Oral surgery. Dentistry.
1 INTRODUÇÃO
Niels Ryberg Finsen, reconhecido como o pioneiro da fototerapia moderna, foi o primeiro a relatar o emprego da luz ultravioleta no tratamento do lúpus vulgar, conquista que lhe rendeu o Prêmio Nobel em 1903. A aplicação desses equipamentos na área médica e odontológica impulsionou uma variedade significativa de avanços nos domínios da fotobiologia e fotomedicina. Com os resultados promissores relatados sobre a irradiação com terapia a laser de baixa intensidade (LLLT) em estudos celulares e experimentos com animais, os protocolos de pesquisa voltados para tratamentos em seres humanos começaram a ganhar destaque em meados dos anos 1970. Pela primeira vez, o Quarto Congresso da Sociedade Internacional de Lasers em Cirurgia e Medicina, realizado em Tóquio em 1981, incluiu uma seção específica dedicada à acupuntura a laser. Na medicina tradicional chinesa, lasers de
HeNe ou lasers de hélio neônio, foram aplicados para acupuntura, tratamentos locais para feridas e analgesia durante extrações dentárias, especialmente em casos envolvendo molares inferiores, além de procedimentos cirúrgicos alveolares, como na ocorrência de osteíte alveolar (Kahraman, 2004).
Diversos sistemas de laser estão em uso atualmente para fins de estimulação, sendo essencial avaliar com atenção as características de cada dispositivo antes de escolhê-lo para aplicações experimentais ou clínicas. Por meio da regulação da distribuição de calor nos tecidos, o laser pode gerar efeitos físicos controlados, pois a subexposição ou a superexposição à radiação laser pode impactar significativamente os resultados experimentais, onde a ausência de uma descrição detalhada dos parâmetros de LLL empregados nas pesquisas pode justificar parte das inconsistências e controvérsias presentes nesse campo (Kahraman, 2004). Quanto aos efeitos sistêmicos da terapia a laser de baixa intensidade (LLLT), as respostas iniciais manifestam-se na região irradiada, enquanto uma resposta secundária é considerada sistêmica. Isso ocorre devido ao transporte de fotoprodutos induzidos pela LLLT por meio do sangue e do sistema linfático. Esses fotoprodutos, que incluem prostaglandinas, encefalinas e endorfinas, são acreditados como agentes cujo impacto pode durar de várias horas até semanas. A reparação de feridas, um dos aspectos mais investigados da terapia a laser de baixa intensidade (LLLT), sendo um processo multifacetado que envolve respostas tanto locais quanto sistêmicas (Kahraman, 2004). Graças à tecnologia da terapia fotodinâmica, que se baseia na combinação de luz com comprimento de onda específico e um fotossensibilizador atóxico para produzir radicais livres de oxigênio, é possível eliminar bactérias patogênicas, além de exercer ação anti-inflamatória e esterilizante. Essa abordagem tem se mostrado eficaz no processo de cicatrização e no tratamento de infecções orais clinicamente significativas, como mucosite, infecções em canais radiculares, periodontite, cáries, peri-implantite, entre outras. Onde esse processo mobiliza diversos tipos de células, enzimas, fatores de crescimento e outras moléculas bioativas (Sun et al., 2024).
Sun et al. (2024) conduziram um ensaio clínico randomizado e controlado para avaliar o efeito da terapia fotodinâmica (PDT) na cicatrização de tecidos moles, na dor pós-extração e nas alterações radiográficas da densidade óssea e da altura óssea em alvéolos de extração de molares com periodontite, onde resultados experimentais in vitro relacionados à terapia fotodinâmica (PDT) mostram que a PDT mediada por azul de metileno pode promover a proliferação de fibroblastos gengivais humanos, promovendo assim a cicatrização de feridas desempenhando um papel crucial na promoção do bem-estar e da qualidade de vida dos pacientes.
A odontologia está passando por uma mudança em relação ao uso de narcóticos, motivada pelo aumento dos casos de abuso de opioides. Os profissionais têm incorporado alternativas, como analgésicos, corticosteróides e antibióticos. Embora esses medicamentos ofereçam opções eficazes de tratamento não-narcótico, nem sempre são adequados para todas as populações de pacientes. Nesse contexto, destaca-se a importância da terapia de fotobiomodulação (PBM) como uma alternativa promissora. Entende-se que as complicações decorrentes de extrações dentárias podem incluir inflamação exagerada, dor pós-operatória, edema e trismo. O processo de extração dentária desencadeia eventos biológicos que impactam imediatamente as estruturas dos tecidos moles e ósseos. Esses procedimentos estimulam a liberação de mediadores inflamatórios, causam danos aos tecidos e ativam nociceptores, efeitos que podem ser modulados pela terapia de fotobiomodulação (Sourvanos et al., 2023).
A remoção de terceiros molares é um dos procedimentos cirúrgicos mais comuns na prática de cirurgia oral e maxilofacial. Os primeiros dias após a cirurgia são marcados por uma resposta inflamatória intensa, frequentemente associada a dor aguda, edema facial e trismo, o que pode impactar negativamente a qualidade de vida dos pacientes. Para facilitar a análise da dificuldade cirúrgica, Winter, Pell e Gregory desenvolveram sistemas de classificação baseados na posição dos terceiros molares no osso mandibular. Além disso, fatores como o tempo de duração do procedimento, a técnica empregada, a confiança do paciente no cirurgião, bem como a habilidade e experiência do profissional, desempenham papéis fundamentais no sucesso da cirurgia. Diversas estratégias são utilizadas para minimizar as complicações pós-operatórias e proporcionar maior conforto aos pacientes. Entre essas medidas estão o uso de antibióticos e anti-inflamatórios prescritos, crioterapia, aplicação de fibrina rica em plaquetas e leucócitos (L-PRF), ozonoterapia e, por fim, o foco desta revisão, a fotobiomodulação (PBM) com laser de baixa intensidade (Camolesi et al., 2024).
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA
A terapia de fotobiomodulação (PBM) pode ser prescrita através dos seguintes meios parâmetros: comprimento de onda (nm), potência do laser (W), tempo de tratamento (segundos), área do feixe e tamanho do ponto (cm2) e fluência (J/cm2). Otimizar essas configurações para propriedades ópticas específicas do tecido irá entregar uma dose de luz recebida no local alvo pretendido. Ng et al. (2018) conduziram um estudo para analisar a quantidade de energia perdida durante a penetração do laser através do osso alveolar humano. A pesquisa incluiu 27 alvéolos de extração e revelou que cada milímetro de espessura óssea resultava em uma redução de 6,81% na energia do laser. Compreender como ajustar a prescrição com base na profundidade de penetração (atenuação) pode auxiliar na definição de protocolos de dosagem mais precisos, direcionados a alvos biomoleculares, como o coeficiente de absorção da hemoglobina. Especificamente, quando o oxigênio está ligado à hemoglobina, a penetração do laser na faixa do vermelho visível (500 a 600 nm) atinge seu pico em uma profundidade superficial de 0,6 mm, apresentando um declínio progressivo até 2,0 mm. Assim, Ng e colaboradores também observaram que, quando o oxigênio está desacoplado da hemoglobina, o laser na faixa do infravermelho próximo (800 nm) penetra até 2,0 mm de profundidade, mantendo-se constante até alcançar 3,0 mm.
Procedimentos cirúrgicos orais e maxilofaciais, como anestesia local, extração de terceiros molares, colocação de implantes, cirurgia ortognática e fixação interna de fraturas, podem resultar em lesões ao nervo trigêmeo. Apesar de geralmente a cirurgia de remoção de terceiros molares inferiores ser considerada segura, esse procedimento pode ocasionar diversas complicações neurológicas, entre essas complicações, o dano ao nervo lingual e ao nervo alveolar inferior (IAN), sendo que danos no (IAN) é mais recorrente (Mancini et al., 2024). A parestesia secundária pode ser transitória ou permanente, mas impacta significativamente a qualidade de vida dos pacientes, interferindo em atividades como comer e beber, além de levar à mordida involuntária do lábio inferior devido à perda de sensibilidade. Em alguns casos, os pacientes podem desenvolver dor neuropática, e, infelizmente, apenas uma parcela deles apresenta recuperação espontânea. Diante disso, é essencial adotar intervenções terapêuticas apropriadas para tratar e aliviar as alterações sensoriais causadas pela lesão nervosa. Assim como existem classificações para danos nervosos, há diversas abordagens terapêuticas disponíveis, incluindo o uso de medicamentos, estimulação elétrica, acupuntura, fisioterapia, microneurocirurgia e a aplicação da fotobiomodulação (Ma et al., 2023). A Terapia de Fotobiomodulação (PBM) utilizando laser infravermelho, aplicada de forma extraoral ou em combinação com aplicações intraorais e extraorais em uma única sessão no pós-operatório imediato, tem demonstrado eficácia como complemento aos cuidados tradicionais para reduzir a dor e o edema após a remoção de terceiros molares. No entanto, é importante interpretar esses resultados com prudência, pois os intervalos de predição mostraram uma variabilidade que inclui desde os efeitos esperados até resultados nulos ou contrários à significância na redução de dor, edema e trismo (Camolesi et al., 2024).
Nas últimas décadas, diversos pesquisadores relataram que o laser de baixa intensidade possui a capacidade de estimular e tratar lesões nervosas sem provocar efeitos térmicos, com o objetivo de aliviar a dor, promover a regeneração tecidual e reduzir a inflamação. Embora o mecanismo exato ainda seja motivo de debate, estudos demonstraram que a aplicação do laser de baixa intensidade aumenta a produção de beta-endorfina, melhora a neurotransmissão e o fluxo sanguíneo, facilitando a drenagem de mediadores inflamatórios da família do ácido araquidônico e sua regulação subsequente. Além disso, acelera a cicatrização tecidual, a regeneração óssea e a recuperação funcional dos nervos. O laser também pode reparar danos ao DNA, estimular a atividade enzimática, desencadear cascatas terapêuticas, regular processos fotoquímicos e ativar o sistema imunológico. Há ainda a teoria de que a radiação laser promove a reinervação tecidual ao penetrar nos axônios ou nas células de Schwann adjacentes, estimulando o metabolismo de tecidos neurossensoriais lesionados e incentivando a produção de proteínas relacionadas ao crescimento de nervos vizinhos intactos (Ma et al., 2023).
A terapia a laser de baixa intensidade tem sido utilizada no manejo da perda sensorial parcial em pacientes com lesões iatrogênicas do nervo alveolar inferior. A aplicação do laser, tanto antes quanto após procedimentos cirúrgicos, como osteotomias sagitais divididas, demonstrou potencial para acelerar o processo de recuperação sensorial (Coulthard et al., 2014). A PMB como método não invasivo e pode ser considerada a opção de tratamento inicial para todas as lesões nervosas. O reparo microcirúrgico deve ser reservado como alternativa de última instância para os casos em que a terapia laser não resulte em resolução completa (Alharbi et al., 2024). A fotobiomodulação tem sido amplamente empregada na promoção da reparação de tecidos orais, utilizando lasers com comprimentos de onda no infravermelho (830 nm) e no vermelho (660 nm). Os lasers na faixa do infravermelho possuem maior capacidade de penetração nos tecidos, sendo mais indicados para tratar lesões mais profundas, como defeitos ósseos. Por outro lado, os lasers de comprimento de onda vermelho, devido à sua menor penetrabilidade, são recomendados para o tratamento de lesões superficiais, como a mucosite (Pereira et al., 2024). As pesquisas conduzidas por Sierra et al. (2016) evidenciaram uma redução significativa no edema e no trismo associados às extrações de terceiros molares quando a terapia de fotobiomodulação foi utilizada. O protocolo consistiu na aplicação de laser vermelho diretamente no alvéolo pós-extração e de laser infravermelho na região extraoral.
A osteíte alveolar (OA), também conhecida como alveolite seca, é uma complicação comum, especialmente associada à extração de terceiros molares inferiores. Ela é caracterizada por dor intensa no local da extração e nas áreas adjacentes, que geralmente aumenta entre 1 e 3 dias após o procedimento. Essa condição está acompanhada pela desintegração parcial ou total do coágulo sanguíneo no alvéolo, podendo ou não estar associada à halitose evidente. Em relação à etiopatogenia, a OA é atribuída à fibrinólise parcial ou total, desencadeada por substâncias ativadoras diretas (fisiológicas) ou indiretas (não fisiológicas). Após o trauma cirúrgico, as células ósseas do alvéolo liberam ativadores diretos, enquanto os ativadores indiretos são produzidos por bactérias presentes na região. Os tratamentos para OA foram classificados em invasivos e não invasivos, com base na abordagem utilizada. Procedimentos invasivos incluem intervenções como curetagem óssea ou sutura, enquanto os não invasivos não envolvem essas medidas, independentemente da necessidade de anestesia local. Além disso, os tratamentos foram subdivididos em alta e baixa complexidade. Tratamentos de alta complexidade exigem equipamentos específicos e treinamento especializado, como o uso de laser ou fibrina rica em plaquetas (PRF). A terapia a laser de baixa intensidade (LLLT) tem se mostrado altamente eficaz no manejo da OA, sem a necessidade de aplicação de produtos terapêuticos dentro do alvéolo. Os lasers utilizados na odontologia operam com comprimentos de onda entre 635 e 950 nm. Apesar de os mecanismos precisos de alívio da dor induzida pela LLLT ainda não serem completamente compreendidos, acredita-se que seus efeitos estejam relacionados ao aumento da produção de neurotransmissores opioides endógenos e à melhora da circulação sanguínea local, promovida pela aceleração das reações redox celulares.
Com relação aos efeitos da terapia fotodinâmica na recuperação de alvéolos após a extração de molares em pacientes com periodontite, ensaios clínicos randomizados controlados demonstram que a terapia fotodinâmica é eficaz na redução de microrganismos e de fatores inflamatórios presentes nas bolsas periodontais. Além disso, a combinação da TFD com o laser de baixa potência no pós-operatório imediato mostrou significativa redução da dor. O uso isolado da TFD para tratar alvéolos de extração foi associado à diminuição do inchaço e da temperatura na área da ferida cirúrgica. Apesar de a TFD apresentar potencial para favorecer a cicatrização de tecidos moles, os estudos não evidenciaram benefícios adicionais na regeneração dos alvéolos de dentes extraídos que estavam comprometidos por periodontite (Xulin et al., 2024).
3 METODOLOGIA
Esta revisão integrativa da literatura possui uma metodologia qualitativa, sendo baseada em Sourvanos, Alharbi, Mancini e Pereira, e no desenvolvimento da seguinte pergunta de pesquisa: Como o laser é utilizado nas cirurgias orais e quais são os principais benefícios associados à sua aplicação ? Para isto, foram utilizadas as bases de dados eletrônica: U. S. National Library of Medicine (PubMed), Scientific Electronic Library Online (SciELO), Cochrane Library, Literatura LatinoAmericana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Science Direct para pesquisar e identificar estudos que respondessem à pergunta norteadora desta revisão integrativa da literatura. A base de dados foi pesquisada para estudos realizados entre 2015 e 2025. Obtemos um total de 249 artigos, onde dentro dessa quantidade foram excluídos 230 e selecionados 19 artigos para esta pesquisa. Esta revisão integrativa baseou-se em três etapas: Na primeira etapa foi o estabelecimento dos descritores para ambas as bases de dados, sendo uma com a utilização de MeSHterms (PubMed) e DeCS/MeSH (BVS). Em seguida, na segunda etapa, foi feita uma busca avançada nas bases e análise do quantitativo dos artigos científicos presentes na íntegra. Logo em seguida, na terceira etapa, foram selecionados os artigos que se adequaram aos critérios de elegibilidade estabelecidos pelos pesquisadores, a fim de responder à pergunta norteadora estabelecida no início desta metodologia. Em seguida, os pesquisadores selecionaram os trabalhos com análise no título e resumo, com base nos critérios de elegibilidade. Os critérios de elegibilidade foram os seguintes: artigos publicados em português e inglês; artigos que se adequem à temática. Também foi utilizado o sistema de formulário avançado para busca e seleção dos artigos utilizando conector booleano “AND”. Em seguida, artigos que preencheram os critérios de elegibilidade foram identificados e incluídos na revisão.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS
Na revisão de escopo conduzida por Sourvanes et al. (2023), foram analisados 22 artigos que investigaram o uso da Terapia por Fotobiomodulação (PBM) no tratamento pós-cirúrgico de extrações dentárias. Os autores observaram que o tempo de aplicação da PBM variou significativamente, de 17,1 a 900 segundos por sessão, dependendo do protocolo adotado e dos comprimentos de onda utilizados. A aplicação de luz PBM após extrações dentárias demonstrou potencial para reduzir a dor e acelerar a cicatrização clínica das feridas. A duração específica de cada aplicação, assim como a eficácia na redução da dor e na reparação tecidual, varia conforme o dispositivo e o comprimento de onda empregados. Embora os resultados sejam promissores, mais estudos são necessários para esclarecer as diferenças nos parâmetros de irradiação e no tempo de aplicação, particularmente em comprimentos de onda vermelhos e infravermelhos próximos. Evidências indicam que a PBM com dispositivos de infravermelho próximo (808 nm) tem mostrado efeitos positivos na cicatrização de feridas ósseas. Os achados dessa revisão de escopo oferecem uma visão geral das evidências emergentes, sugerindo que investigações adicionais podem fortalecer o suporte científico para a aplicação da PBM na odontologia.
Rodrigues et al. (2023) analisaram 21 artigos para avaliar a eficácia da terapia com laser de baixa intensidade no tratamento da parestesia do nervo alveolar inferior (NAI), um nervo que percorre o corpo da mandíbula e está suscetível a lesões durante a extração de terceiros molares inferiores. Os estudos destacaram a eficácia terapêutica da laserterapia, com pacientes relatando melhora sensorial já a partir da terceira sessão. Observou-se que o laser de baixa potência emite luz no espectro de 600 a 1000 nm, sendo esse o principal mecanismo para promover a regeneração e restauração da função neural em casos de lesões no NAI. Resultados positivos foram registrados com o uso de lasers de baixa intensidade (potência de 100 mW e energia de 3 a 4 J) e suplementação com complexo B, como no caso de uma paciente cujo nervo mandibular foi manipulado durante a cirurgia de ressecção de ceratocisto odontogênico. Após 15 sessões de laserterapia, realizadas três vezes por semana, nenhuma sequela foi observada. Foi enfatizado que a laserterapia de baixa intensidade é eficaz no tratamento de parestesias pós-operatórias, apresentando resultados significativos desde a primeira sessão. Lasers com comprimento de onda infravermelho de 808 nm mostraram-se particularmente eficientes em acelerar a recuperação das fibras nervosas, superando outros métodos disponíveis para tratar parestesias. A revisão de literatura evidenciou que a terapia com laser de baixa intensidade proporciona uma recuperação sensorial eficaz do NAI. Além disso, alguns autores, utilizando a escala visual analógica, destacaram os resultados significativos obtidos ao longo do tratamento.
Pereira et al. (2024) conduziram um ensaio clínico randomizado, duplo-cego, envolvendo 20 pacientes submetidos à extração de quatro terceiros molares. Os alvéolos pós extração foram tratados com dois protocolos distintos: PBMT-IE, que consistiu na aplicação de laser vermelho diretamente no alvéolo e irradiação transcutânea com laser infravermelho, e PBMT-I, que utilizou laser de duplo comprimento de onda aplicado de forma intraoral. Os pacientes foram avaliados clinicamente nos períodos de 3, 7, 14, 30 e 90 dias após a cirurgia. Os diferentes protocolos de PBMT com duplo comprimento de onda apresentaram resultados semelhantes, sem que nenhum dos dois demonstrasse superioridade em relação ao outro. Diante disso, a hipótese nula do estudo foi aceita, uma vez que não foram observadas diferenças significativas entre as variáveis avaliadas nos locais tratados com PBMT-I e PBMT IE, segundo a percepção dos avaliadores e dos pacientes. Vale ressaltar que um estudo anterior realizado por Pereira et al. (2022) mostrou benefícios ao comparar o protocolo PBMT I com a ausência de fotobiomodulação no lado controle, observando redução de edema e melhoria no reparo de tecidos moles associados à extração de molares inferiores. No entanto, embora os efeitos positivos da PBMT tenham sido previamente demonstrados, os resultados deste estudo indicam que não há diferenças significativas ao comparar os diferentes protocolos de aplicação de PBMT.
No estudo conduzido por Sierra et al. (2016), sessenta participantes foram divididos aleatoriamente em cinco grupos, considerando o tipo de terapia a laser aplicada no pós operatório (irradiação intraoral ou extraoral com laser de 660 nm; irradiação intraoral ou extraoral com laser de 808 nm; e irradiação simulada como controle). Dois avaliadores cegos realizaram medições do inchaço facial e da abertura bucal (indicando trismo) nos dias dois e sete após a cirurgia. Os resultados mostraram uma interação estatisticamente significativa entre o local de aplicação e o comprimento de onda utilizado. Foi observado que o inchaço e o trismo diminuíram quando o laser vermelho (660 nm) foi aplicado de forma intraoral ouquando o laser infravermelho (808 nm) foi utilizado de forma extraoral. Análises dentro dos grupos indicaram que o laser de 808 nm aplicado extraoralmente proporcionou uma maior redução do inchaço facial e do trismo no pós-operatório. Entretanto, comparações entre os grupos não identificaram diferenças estatisticamente significativas. Além disso, o trismo foi menor quando o laser vermelho foi aplicado intraoralmente em comparação à aplicação extraoral. No caso do laser infravermelho, a aplicação extraoral foi mais eficaz. Esses achados sugerem que os resultados relacionados ao inchaço e ao trismo podem variar conforme a combinação entre o comprimento de onda e o local de aplicação do laser.
Garola et al. (2021) realizou uma revisão sistemática para avaliar a eficácia de diferentes tratamentos no controle da dor associada à osteíte alveolar (OA). Os resultados indicaram que 56,4% dos tratamentos para OA foram classificados como não invasivos. Desses, 81,8% eram de baixa complexidade, enquanto 18,2% foram considerados de alta complexidade. Os demais 43,6% dos tratamentos foram classificados como invasivos, sendo 64,7% de baixa complexidade e 35,3% de alta complexidade. A média de pacientes que relataram ausência de dor após uma semana de tratamento foi de 85%, valor estabelecido como referência para recomendação. Entre os tratamentos avaliados, 53,8% atenderam aos critérios propostos para controle da dor. Além disso, 58,9% das intervenções exigiram pelo menos três procedimentos clínicos na consulta inicial, enquanto 69,2% necessitaram de pelo menos três sessões de tratamento no total. A terapia a laser de baixa intensidade (LLLT) destacou-se como um método altamente eficaz, sem a necessidade de inserção de produtos terapêuticos diretamente no alvéolo. O comprimento de onda utilizado nos lasers odontológicos varia entre 635 e 950 nm. Embora os mecanismos exatos pelos quais a LLLT alivia a dor ainda não sejam totalmente esclarecidos, seu potencial terapêutico é amplamente reconhecido.
5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
A fotobiomodulação (PBM) tem demonstrado resultados promissores como terapia complementar em tratamentos odontológicos, especialmente em cenários pós-cirúrgicos e complicações como osteíte alveolar e parestesia do nervo alveolar inferior. Diversos estudos destacam sua eficácia no alívio da dor, redução do edema e trismo, além de promover a reparação tecidual e neural. A aplicação da PBM, utilizando comprimentos de onda na faixa do vermelho e infravermelho, apresenta diferentes níveis de eficácia dependendo do protocolo adotado, do local de aplicação e do objetivo terapêutico.
Estudos, como o realizado por Sourvanos et al. (2023), identificaram que os protocolos para PBM após extração dentária variam amplamente, com tempos de aplicação entre 17,1 e 900 segundos e exigindo de 1 a 5 consultas pós-operatórias. No entanto, múltiplas sessões podem não ser viáveis em ambientes clínicos devido às limitações de agendamento e disponibilidade dos pacientes. Apesar disso, evidências apontam que uma única aplicação de PBM no dia da cirurgia pode ser suficiente para promover a redução da dor pós-operatória. Embora os mecanismos de ação da PBM, incluindo a aceleração da reação redox celular e a promoção de neurotransmissores opioides endógenos, sejam conhecidos, mais investigações são necessárias para estabelecer protocolos padronizados e definir os parâmetros ideais de aplicação. Antes de sua introdução ampla na prática clínica como tratamento de rotina em extrações dentárias, estudos adicionais são essenciais para determinar a frequência e o intervalo de consultas necessários para maximizar os benefícios da PBM.
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1Discente do Curso Superior de Odontologia do Centro Universitário – Unifacisa
2Graduado do Curso Superior de Odontologia do Centro Universitário – Unifacisa
3Graduado do Curso Superior de Odontologia da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública – EBMSP 4Graduado do Curso Superior de Odontologia da Universidade Estadual da Paraíba, Araruna 5Curso Superior de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais
6Discente do Curso Superior de Odontologia da Universidade Federal de Campina Grande, Patos
7Graduado do Curso Superior de Odontologia da Universidade Federal de Campina Grande, Patos
8Discente do Curso Superior de Odontologia da Faculdade Maurício de Nassau de Campina Grande
Autor correspondente: André de Almeida Agra Omena andre.aaomena@gmail.com