TRANSTORNO BIPOLAR: A EFICÁCIA DA TERAPIA COMBINADA NO MANEJO DE EPISÓDIOS MANÍACOS E DEPRESSIVOS

BIPOLAR DISORDER: THE EFFICACY OF COMBINED THERAPY IN MANAGING MANIAC AND DEPRESSIVE EPISODES

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202501241631


Layra Nobrega Silva1, Maria Laís Sousa Alencar Pereira2, Patrick Dean Pereira de Sousa Santos3, Cleidyara de Jesus Brito Bacelar Viana Andrade4, Matheus Moises Veras5, Carlos Eduardo Domingues dos Santos6, Lucas Soares Guimarães7, Mirela Paiva Maciel8, João Victor Frota Rebouças9, João Victor Marinho Pereira10, Thales dos Santos Pires de Carvalho11, Ana Lucia Fatuch e Silva12, Hellen Samilly Sudre Mattos13, Isadora Filgueiras Santos Morato14, Gislayne Fontenele Albuquerque Lourenço15


RESUMO

O transtorno bipolar é uma condição psiquiátrica caracterizada por alterações extremas de humor, que variam entre episódios de mania e depressão. O manejo do transtorno bipolar tem sido um tópico central de pesquisa ao longo das últimas décadas. Tradicionalmente, o tratamento para a condição envolve o uso de medicações, como estabilizadores de humor e antidepressivos. Contudo, muitos pacientes não alcançam uma remissão completa com o uso isolado de fármacos.  O presente artigo tem como objetivo geral avaliar a eficácia da terapia combinada no manejo de episódios maníacos e depressivos no transtorno bipolar. A pesquisa é fundamentada em uma revisão abrangente da literatura existente, para a coleta dos dados, foi utilizada a base de dados PubMed e Scielo, a pesquisa foi conduzida com os termos “Transtorno Bipolar”, “Terapia Combinada”, “Episódios Maníacos e Depressivos”, aplicando o operador booleano “AND”. A revisão bibliográfica demonstrou que a terapia combinada, envolvendo tanto o uso de medicamentos estabilizadores de humor quanto intervenções psicoterapêuticas, apresenta uma eficácia significativa no manejo dos episódios maníacos e depressivos do transtorno bipolar. Os estudos revisados indicam que essa abordagem integrada não só ajuda a reduzir a frequência e a intensidade dos episódios, mas também promove uma melhor estabilidade emocional a longo prazo. Além disso, a combinação de tratamentos tem se mostrado eficaz na prevenção de recaídas e na melhoria da qualidade de vida dos pacientes, contribuindo para o funcionamento social e profissional. Entretanto, é importante destacar que a resposta ao tratamento pode variar de paciente para paciente, sendo influenciada por fatores como a gravidade da doença, comorbidades e a adesão ao tratamento. A personalização da terapia, com a escolha adequada dos tratamentos e o monitoramento contínuo, é essencial para maximizar os benefícios da terapia combinada. Com base nos resultados observados, é possível concluir que a combinação de abordagens farmacológicas e psicoterapêuticas representa uma estratégia promissora para o manejo do transtorno bipolar, demandando mais estudos e melhorias nos protocolos de tratamento para otimizar os resultados clínicos.

Palavras-chave: Transtorno Bipolar. Terapia Combinada. Episódios Maníacos e Depressivos.

1 INTRODUÇÃO

O transtorno bipolar é uma condição psiquiátrica caracterizada por alterações extremas de humor, que variam entre episódios de mania e depressão. Essas flutuações emocionais podem afetar profundamente a qualidade de vida dos indivíduos, interferindo em suas relações pessoais, profissionais e sociais. A forma de manifestação e a intensidade dos episódios podem variar de pessoa para pessoa, tornando o diagnóstico e o tratamento desafiadores para os profissionais de saúde. (BOSAIPO, BORGES, JURUENA, 2017).

O manejo do transtorno bipolar tem sido um tópico central de pesquisa ao longo das últimas décadas. Tradicionalmente, o tratamento para a condição envolve o uso de medicações, como estabilizadores de humor e antidepressivos. Contudo, muitos pacientes não alcançam uma remissão completa com o uso isolado de fármacos. Isso tem levado à exploração de abordagens terapêuticas complementares, como a psicoterapia, que tem se mostrado útil no controle dos sintomas e na prevenção de recaídas. (PORTO et al, 2023).

A terapia combinada, que envolve a associação de medicamentos e terapias psicológicas, vem ganhando destaque como uma abordagem eficaz no tratamento do transtorno bipolar. Estudos sugerem que a combinação de intervenções farmacológicas com técnicas psicoterapêuticas pode proporcionar uma abordagem mais abrangente e eficaz, tratando tanto os aspectos biológicos quanto os psicológicos da doença. Essa estratégia visa não apenas aliviar os sintomas agudos, mas também promover a estabilização emocional a longo prazo. (MIKLOWITZ, 2016).

Neste contexto, o objetivo deste estudo é avaliar a eficácia da terapia combinada no manejo de episódios maníacos e depressivos no transtorno bipolar, analisando os benefícios dessa abordagem em comparação com tratamentos tradicionais isolados. Ao compreender melhor o impacto dessa combinação terapêutica, espera-se contribuir para a melhoria do tratamento e da qualidade de vida dos pacientes com transtorno bipolar.

2 METODOLOGIA

A pesquisa adotou uma metodologia que combina análise, descrição e exploração, fundamentada em uma revisão abrangente da literatura existente. O objetivo principal desta revisão é compilar, sintetizar e analisar os achados de estudos anteriores sobre miomas uterinos. Esse método integra informações já publicadas, oferecendo uma visão crítica e estruturada do conhecimento disponível. A abordagem metodológica combina diversas estratégias e tipos de pesquisa, possibilitando a avaliação da qualidade e coerência das evidências e a integração dos resultados (BOTELHO, DE ALMEIDA CUNHA, MACEDO, 2011).

Para a coleta dos dados, foi utilizada a base de dados PubMed e Scielo. Diversos tipos de publicações foram considerados, incluindo artigos acadêmicos, estudos e periódicos relevantes. A pesquisa foi conduzida com os termos “Transtorno Bipolar”, “Terapia Combinada”, “Episódios Maníacos e Depressivos”, aplicando o operador booleano “AND” para refinar os resultados. As estratégias de busca adotadas foram: “Transtorno Bipolar” AND “Terapia Combinada” AND “Episódios Maníacos e Depressivos”.

Os critérios para inclusão dos artigos foram: publicações originais, revisões sistemáticas, revisões integrativas ou relatos de casos, desde que fossem acessíveis gratuitamente e publicadas entre 2017 e 2024. Não houve restrições quanto à localização geográfica ou ao idioma das publicações. Foram excluídos artigos não científicos, bem como textos incompletos, resumos, monografias, dissertações e teses.

A seleção dos estudos seguiu critérios rigorosos de inclusão e exclusão. Após a definição desses critérios, foram realizadas buscas detalhadas nas bases de dados utilizando os descritores e operadores booleanos estabelecidos. Os estudos selecionados formam a base para os resultados apresentados neste trabalho.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A revisão bibliográfica revelou uma quantidade significativa de estudos que investigaram a eficácia da terapia combinada no tratamento do transtorno bipolar. Muitos desses estudos enfatizam que a combinação de medicamentos estabilizadores de humor com terapias psicológicas, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), pode ser mais eficaz do que o uso de medicamentos isolados. Diversos ensaios clínicos sugerem que a terapia combinada ajuda a reduzir a frequência e a intensidade dos episódios maníacos e depressivos, melhorando a estabilidade do humor a longo prazo. (SOLÉ et al, 2017).

Em relação aos episódios maníacos, os resultados apontam para uma redução significativa na intensidade dos sintomas quando os pacientes utilizam tanto medicação estabilizadora de humor quanto intervenções psicoterapêuticas. Alguns estudos demonstraram que, enquanto os estabilizadores de humor controlam os aspectos biológicos da condição, as terapias psicológicas auxiliam no enfrentamento de gatilhos emocionais e comportamentais, contribuindo para a manutenção do equilíbrio emocional dos pacientes. (ARNOLD et al, 2021).

No contexto dos episódios depressivos, a combinação de terapias farmacológicas com psicoterapias também se mostrou benéfica. A revisão identificou que a TCC é particularmente eficaz na redução de sintomas depressivos, proporcionando ao paciente ferramentas cognitivas para lidar com pensamentos negativos e distorcidos, comuns durante as fases depressivas. Estudos sugerem que essa abordagem combinada pode prevenir recaídas e melhorar o prognóstico a longo prazo. (MCCORMICK, MURRAY, MCNEW, 2015).

Além disso, a revisão indicou que, embora a terapia combinada seja eficaz para muitos pacientes, a resposta ao tratamento pode variar consideravelmente. Pacientes com formas mais graves de transtorno bipolar ou com comorbidades psiquiátricas podem apresentar uma resposta menos favorável. No entanto, a personalização do tratamento, com ajustes nas medicações e na escolha da terapia psicológica, tem demonstrado melhorar os resultados em grupos mais difíceis de tratar. (TONDO, H. VAZQUEZ, J. BALDESSARINI, 2017).

Outro ponto relevante observado na revisão foi a importância da adesão ao tratamento. Alguns estudos ressaltaram que a terapia combinada pode ser desafiadora em termos de adesão, especialmente devido à complexidade do regime de medicação e à necessidade de sessões terapêuticas regulares. Isso pode resultar em uma taxa de abandono relativamente alta. No entanto, quando os pacientes mantêm a adesão, os resultados são consistentemente positivos. (KATO, 2019).

Ademais, a revisão também apontou que a terapia combinada tem um impacto positivo na qualidade de vida dos pacientes. Ao melhorar o controle dos episódios e reduzir a frequência de crises, os pacientes conseguem retomar suas atividades cotidianas com maior funcionalidade. A redução dos sintomas maníacos e depressivos está diretamente associada a uma melhoria no funcionamento social e profissional, o que reflete positivamente na saúde mental geral do paciente. (YATHAM et al, 2018).

A análise de diversos estudos longitudinais mostrou que, com o tempo, a terapia combinada tem mostrado ser mais eficaz em prevenir recaídas do que o tratamento medicamentoso isolado. Em muitos casos, a combinação de terapias ajudou a diminuir o número e a severidade das hospitalizações, proporcionando uma maior estabilidade para os pacientes a longo prazo. A prevenção de novos episódios maníacos e depressivos é considerada um dos maiores benefícios dessa abordagem terapêutica. (HARRISON et al, 2016).

Finalmente, a revisão também observou que a eficácia da terapia combinada depende de uma série de fatores, incluindo a escolha adequada do tratamento para cada paciente, a presença de apoio psicossocial e a gestão eficaz das comorbidades. É fundamental que o plano terapêutico seja individualizado, levando em consideração as particularidades de cada paciente, para garantir a melhor resposta ao tratamento e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida. (DIAZ et al, 2021).

4 CONCLUSÃO

A revisão bibliográfica demonstrou que a terapia combinada, envolvendo tanto o uso de medicamentos estabilizadores de humor quanto intervenções psicoterapêuticas, apresenta uma eficácia significativa no manejo dos episódios maníacos e depressivos do transtorno bipolar. Os estudos revisados indicam que essa abordagem integrada não só ajuda a reduzir a frequência e a intensidade dos episódios, mas também promove uma melhor estabilidade emocional a longo prazo. Além disso, a combinação de tratamentos tem se mostrado eficaz na prevenção de recaídas e na melhoria da qualidade de vida dos pacientes, contribuindo para o funcionamento social e profissional.

Entretanto, é importante destacar que a resposta ao tratamento pode variar de paciente para paciente, sendo influenciada por fatores como a gravidade da doença, comorbidades e a adesão ao tratamento. A personalização da terapia, com a escolha adequada dos tratamentos e o monitoramento contínuo, é essencial para maximizar os benefícios da terapia combinada. Com base nos resultados observados, é possível concluir que a combinação de abordagens farmacológicas e psicoterapêuticas representa uma estratégia promissora para o manejo do transtorno bipolar, demandando mais estudos e melhorias nos protocolos de tratamento para otimizar os resultados clínicos.

REFERÊNCIAS

ARNOLD, Ivan et al. Old age bipolar disorder—epidemiology, aetiology and treatment. Medicina, v. 57, n. 6, p. 587, 2021.

BOSAIPO, Nayanne Beckmann; BORGES, Vinícius Ferreira; JURUENA, Mario Francisco. Transtorno bipolar: uma revisão dos aspectos conceituais e clínicos. Medicina (Ribeirão Preto), v. 50, n. 1, p. 72-84, 2017.

BOTELHO, Louise Lira Roedel; DE ALMEIDA CUNHA, Cristiano Castro; MACEDO, Marcelo. O método da revisão integrativa nos estudos organizacionais. Gestão e sociedade, v. 5, n. 11, p. 121-136, 2011.

DIAZ, Alexandre P. et al. Treatment-resistant bipolar depression: concepts and challenges for novel interventions. Brazilian Journal of Psychiatry, v. 44, n. 2, p. 178-186, 2021.

HARRISON, Paul J. et al. Innovative approaches to bipolar disorder and its treatment. Annals of the New York Academy of Sciences, v. 1366, n. 1, p. 76-89, 2016.

KATO, Tadafumi. Current understanding of bipolar disorder: Toward integration of biological basis and treatment strategies. Psychiatry and clinical neurosciences, v. 73, n. 9, p. 526-540, 2019.

MCCORMICK, Ursula; MURRAY, Bethany; MCNEW, Brittany. Diagnosis and treatment of patients with bipolar disorder: A review for advanced practice nurses. Journal of the American Association of Nurse Practitioners, v. 27, n. 9, p. 530-542, 2015.

MIKLOWITZ, David J. Transtorno bipolar. DH Barlow, Manual clínico dos transtornos psicológicos: tratamento passo a passo, p. 461-500, 2016.

PORTO, Eluíza Ramos Silva Nogueira et al. Uma abordagem geral do transtorno bipolar. Revista Eletrônica Acervo Médico, v. 23, n. 5, p. e12829-e12829, 2023.

SOLÉ, Brisa et al. Cognitive impairment in bipolar disorder: treatment and prevention strategies. International Journal of Neuropsychopharmacology, v. 20, n. 8, p. 670-680, 2017.

TONDO, Leonardo; H. VAZQUEZ, Gustavo; J. BALDESSARINI, Ross. Depression and mania in bipolar disorder. Current neuropharmacology, v. 15, n. 3, p. 353-358, 2017.

YATHAM, Lakshmi N. et al. Canadian Network for Mood and Anxiety Treatments (CANMAT) and International Society for Bipolar Disorders (ISBD) 2018 guidelines for the management of patients with bipolar disorder. Bipolar disorders, v. 20, n. 2, p. 97-170, 2018.