REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102501241249
Paulo Ruan De Andrade Rodrigues
Orientação: Prof. Dra. Keyla Brandão Costa
Coorientadora: MS. Rafaella Fernanda Lauria de Souza
1 INTRODUÇÃO
O câncer de mama é uma das neoplasias mais comuns em mulheres em todo o mundo, representando uma significativa carga de morbidade e mortalidade (WHO, 2021). De acordo com dados epidemiológicos globais, é estimado que em torno de 2,3 milhões de novos casos foram diagnosticados em 2020, com uma taxa de mortalidade de aproximadamente 685 mil óbitos (Bray et al., 2018). No Brasil, o câncer de mama também é uma preocupação de saúde pública, sendo o tipo mais comum entre as mulheres, com uma incidência de cerca de 66.280 casos novos por ano, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA, 2021). Em Recife, uma das principais cidades do nordeste brasileiro, as taxas de incidência e mortalidade também refletem a realidade nacional, com um número considerável de casos diagnosticados anualmente.
Caracterizada pelo crescimento anormal de células malignas no tecido mamário, o câncer de mama pode se apresentar de diversas formas, desde pequenos nódulos indolores até tumores de tamanho considerável que causam deformidades na mama. Além disso, é uma doença que pode se manifestar de maneira assintomática em estágios iniciais, tornando o diagnóstico precoce um desafio crucial. Entre os sinais e sintomas mais comuns estão a presença de nódulos palpáveis na mama, alterações na pele da mama, retrações, secreções mamárias anormais e dor (American Cancer Society, 2021).
A mastectomia, que é a remoção cirúrgica total ou parcial da mama, é frequentemente indicada como parte do tratamento para o câncer de mama, especialmente em estágios avançados da doença (National Cancer Institute, 2024). Apesar de ser um procedimento necessário para combater a doença, a mastectomia pode ter um impacto significativo na qualidade de vida das mulheres, afetando sua autoestima, imagem corporal e mobilidade (Silva & Faria, 2020).
Nesse contexto, a prática de atividade física tem se mostrado uma estratégia importante não apenas para promover a recuperação física pós-cirúrgica, mas também para melhorar a saúde mental, a autoconfiança e a mobilidade das pacientes após a mastectomia (Courneya et al., 2007).
O exercício físico é uma prática essencial para a manutenção da saúde e o bem-estar, sendo amplamente reconhecido por seus benefícios tanto para a saúde física quanto mental. Ele promove a melhoria da condição cardiovascular, muscular e óssea, além de ser fundamental na prevenção e tratamento de várias doenças crônicas. No contexto da reabilitação pós-cirúrgica, como após a mastectomia, o exercício físico desempenha um papel ainda mais significativo, auxiliando na recuperação da funcionalidade e qualidade de vida. Estudos recentes, como o conduzido por Souza et al. (2021), demonstram que a prática regular de exercícios pode ser eficaz na recuperação da amplitude de movimento do ombro e na diminuição do risco de linfedema, complicações comuns após a mastectomia.
Além disso, o trabalho de Silva et al. (2022) aponta que a atividade física regular, especialmente programas de exercícios supervisionados, pode reduzir sintomas de depressão e ansiedade, proporcionando uma melhora no bem-estar psicológico das pacientes. A inclusão de exercícios físicos também tem mostrado benefícios na melhoria da qualidade do sono e da capacidade funcional, facilitando a reintegração social e a realização de atividades cotidianas (Ferreira et al., 2023). Portanto, a implementação de programas de exercícios físicos adaptados e supervisionados é crucial para a recuperação física e psicológica, além de promover o bem-estar das mulheres após a mastectomia.
A mastectomia, procedimento cirúrgico frequentemente necessário no tratamento do câncer de mama, pode acarretar diversas consequências osteomioarticulares significativas, afetando a mobilidade articular e a qualidade de vida das pacientes. Estudos brasileiros apontam que uma das principais consequências é a redução da amplitude de movimento do ombro, frequentemente observada após a cirurgia, o que pode resultar em dor crônica e dificuldade para realizar atividades diárias (Ferreira et al., 2020).
Segundo Santos e Lima (2021), a rigidez articular e a diminuição da força muscular são comuns após a mastectomia, exacerbadas pela presença de linfedema, o que pode levar a um impacto negativo na funcionalidade e na mobilidade geral da paciente. Além disso, Ribeiro et al. (2022) destacam que a limitação na mobilidade articular pode contribuir para o desenvolvimento de distúrbios posturais e compensatórios, que, por sua vez, podem causar desconforto e complicações musculoesqueléticas adicionais. Portanto, a abordagem de reabilitação que inclui exercícios físicos e terapias específicas é essencial para mitigar essas consequências e promover a recuperação funcional completa.
Estudar a relação entre o nível de atividade física e a mobilidade articular em mulheres pós-mastectomizadas é crucial, pois pode fornecer compreensões valiosas para a reabilitação e a melhoria da qualidade de vida dessas pacientes. A mastectomia frequentemente resulta em limitações significativas na mobilidade articular do ombro e do braço, impactando a funcionalidade e o bem-estar das mulheres (Zhou et al., 2022). Evidências recentes demonstram que a atividade física regular pode ser uma intervenção eficaz para suavizar essas limitações e promover a recuperação (Schmitz et al., 2019; Cormie et al., 2021).
Programas de exercícios direcionados têm mostrado benefícios na restauração da amplitude de movimento e na redução da dor (Dieli-Conwright et al., 2020). Assim, entender melhor essa relação é essencial para desenvolver protocolos de reabilitação personalizados, melhorar a qualidade de vida e apoiar a recuperação integral das mulheres após a mastectomia.
Diante do exposto acima, apresentamos o seguinte problema de pesquisa: Qual a relação entre nível de atividades físicas e o nível de mobilidade articular em mulheres com câncer pós-mastectomizadas? Como objetivo, esta pesquisa se propõe a analisar a relação entre nível de atividade física e nível de mobilidade articular em mulheres com câncer que passaram por mastectomia.
2. METODOLOGIA
Esta pesquisa configura-se como uma revisão integrativa da literatura, cujo objetivo é sintetizar e analisar criticamente os estudos disponíveis sobre a relação entre atividade física e mobilidade articular em mulheres pós-mastectomizadas. A revisão integrativa segue as seguintes etapas:
1. Identificação do problema de pesquisa: Qual a relação entre o nível de atividade física e a mobilidade articular em mulheres que passaram por mastectomia?
2. Busca na literatura: Foram utilizadas bases de dados como PubMed, SciELO e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), empregando descritores como ‘atividade física’, ‘mobilidade articular’, ‘mastectomia’ e ‘câncer de mama’, com os operadores booleanos AND e OR.
3. Seleção dos estudos: Aplicação dos critérios de inclusão e exclusão previamente definidos para selecionar estudos relevantes e recentes.
4. Extração e categorização dos dados: Dados extraídos foram organizados em categorias temáticas para análise.
5. Avaliação crítica: Os estudos selecionados foram avaliados quanto à qualidade metodológica e relevância dos achados.
6. Síntese dos resultados: A partir da análise temática, os dados foram organizados de forma narrativa e/ou em tabelas para sumarizar os principais achados.
Este estudo configura-se como uma revisão bibliográfica descritiva, cujo propósito é investigar a literatura existente sobre o impacto da atividade física na mobilidade articular e na funcionalidade do ombro em mulheres que passaram por mastectomia.
Optou-se pela revisão integrativa em virtude de sua capacidade de sintetizar e realizar uma análise crítica de estudos prévios, proporcionando uma visão consolidada das evidências sobre os efeitos da atividade física na reabilitação de mulheres pós-mastectomizadas. Ademais, essa abordagem possibilita identificar lacunas na literatura e sugerir novas direções para investigações futuras (Petticrew; Roberts, 2006).
A revisão foi conduzida por meio da análise de artigos científicos, publicações em periódicos e outros materiais relevantes disponíveis nas principais bases de dados, tais como PubMed, SciELO e BVS (Biblioteca Virtual em Saúde).
Foi realizado um levantamento de referências utilizando palavras-chave como atividade física AND mobilidade articular AND mastectomia AND exercício AND câncer de mama (em português e inglês).
Para assegurar a qualidade da revisão, foram estabelecidos critérios rigorosos de inclusão e exclusão, detalhados a seguir:
Critérios de Inclusão:
Tipo de Estudo: Somente estudos primários, como ensaios clínicos randomizados, estudos de coorte, e estudos transversais, que abordam a atividade física como intervenção para a mobilidade articular e a funcionalidade do ombro em mulheres que passaram por mastectomia.
População: Mulheres adultas (≥18 anos) que passaram por mastectomia, unilateral ou bilateral com ou sem outras intervenções (radioterapia, quimioterapia), e que participaram de programas de reabilitação física, com foco específico na mobilidade articular do ombro.
Ano de Publicação: Estudos publicados entre 2017 a 2024, para garantir que a revisão inclua as pesquisas mais atuais sobre a intervenção de atividade física na recuperação pós-mastectomia.
Intervenção: Pesquisas que investigam os efeitos da atividade física (como exercícios de resistência, flexibilidade e fortalecimento muscular) sobre a mobilidade articular e funcionalidade do ombro em mulheres pós-mastectomizadas.
Idioma: Apenas estudos publicados em português, inglês ou espanhol, para garantir a acessibilidade e qualidade da análise.
3 RESULTADOS DA REVISÃO INTEGRATIVA
3.1 Patomecânica do Câncer de Mama
O câncer de mama é uma das formas mais comuns de câncer entre mulheres em todo o mundo, com uma prevalência alarmante. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se que em 2022 tenham ocorrido cerca de 66 mil novos casos no Brasil. A identificação precoce desempenha um papel fundamental na melhoria dos resultados do tratamento e na redução da mortalidade associada a essa doença. A conscientização sobre os sinais e sintomas do câncer de mama, como a presença de nódulos, alterações na pele da mama, secreção mamária anormal e mudanças no formato ou tamanho do seio, é essencial. Além disso, a realização regular de auto exames das mamas e exames clínicos periódicos são importantes para detectar qualquer alteração suspeita e encaminhar para avaliação médica adequada. Essas práticas são apoiadas por diretrizes de organizações de saúde reconhecidas, como o INCA e a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O câncer de mama é uma preocupação de saúde global, afetando milhões de mulheres em todo o mundo a cada ano. No Brasil, dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) indicam que o câncer de mama foi responsável por mais de 18 mil óbitos em 2020. Na cidade do Recife, estima-se que a taxa de incidência seja de 80 casos a cada 100 mil mulheres, de acordo com o Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde do Recife (INCA, 2022). Estratégias de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento são implementadas em níveis nacional e local para lidar com essa questão de saúde pública. Tais iniciativas são respaldadas por estudos epidemiológicos e relatórios de vigilância do câncer produzidos por instituições como o INCA e a Secretaria de Saúde do Recife.
A mastectomia completa, que envolve a remoção cirúrgica total da mama afetada pelo câncer, é frequentemente parte do tratamento para estágios avançados da doença. Segundo dados do Registro Hospitalar de Câncer (RHC) do INCA, cerca de 60% das mulheres diagnosticadas com câncer de mama no Brasil passam por mastectomia. Essa abordagem cirúrgica busca eliminar o tumor e prevenir sua disseminação para outros tecidos ou órgãos. As indicações para mastectomia completa são baseadas em critérios clínicos e patológicos específicos, que são avaliados pela equipe multidisciplinar envolvida no cuidado do paciente. Diretrizes clínicas atualizadas, incluindo aquelas emitidas pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), fornecem orientações para a seleção apropriada de pacientes para essa intervenção cirúrgica.
Após a mastectomia completa, muitas mulheres enfrentam desafios relacionados à funcionalidade e à mobilidade dos membros superiores do lado operado. Dados do Departamento de Fisioterapia do INCA indicam que até 70% das mulheres submetidas à mastectomia apresentam algum grau de disfunção do ombro no pós-operatório. Programas de reabilitação e fisioterapia desempenham um papel crucial na recuperação física e emocional dessas pacientes. Exercícios terapêuticos específicos, incluindo aqueles que visam fortalecer os músculos do braço e do ombro, são prescritos para restaurar a amplitude de movimento e promover a independência funcional. Estudos científicos recentes, assim como diretrizes de reabilitação pós-mastectomia, fornecem evidências para essas intervenções. A atuação de fisioterapeutas especializados nesse contexto é essencial para garantir uma abordagem abrangente e eficaz no cuidado pós-operatório dessas pacientes.
3.2 Atividade Física, Mobilidade Articular e Câncer
A atividade física e o fortalecimento muscular são componentes essenciais para a promoção da saúde e do bem-estar. A atividade física é definida como qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos, que resulta em gasto energético acima dos níveis de repouso (Lima et al., 2021). Já o fortalecimento muscular refere-se ao processo de aumento da força e resistência dos músculos por meio do treinamento progressivo de cargas. Essas práticas têm sido associadas não apenas à melhoria da composição corporal e da capacidade funcional, mas também à redução do risco de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e osteoporose (Malta et al., 2020).
A demografia da prática de atividade física tem sido objeto de interesse em estudos epidemiológicos recentes. Evidências sugerem que a adesão à atividade física varia significativamente entre diferentes grupos demográficos, incluindo idade, gênero, nível socioeconômico e local de residência (Sá et al., 2020;). Por exemplo, enquanto os jovens tendem a ser mais ativos fisicamente, os idosos enfrentam maiores desafios para manter um estilo de vida ativo devido a questões como a diminuição da capacidade física e doenças crônicas. Além disso, disparidades socioeconômicas e ambientais também influenciam a participação em atividades físicas, destacando a necessidade de estratégias de promoção da saúde mais inclusivas e acessíveis ( Tavares et al., 2019).
A prática regular de atividade física desempenha um papel fundamental na promoção da mobilidade articular e na prevenção de disfunções musculoesqueléticas. O movimento regular das articulações durante atividades físicas variadas contribui para a preservação da amplitude de movimento, flexibilidade e estabilidade articular (Franco et al., 2020). Contudo, exercícios específicos de mobilidade, como alongamentos e exercícios de flexibilidade, podem ajudar a reduzir a rigidez muscular e a prevenir lesões relacionadas à falta de mobilidade. Portanto, integrar atividades que promovam a mobilidade articular em programas de exercícios é crucial para manter a saúde musculoesquelética e a qualidade de vida ao longo do tempo ( Gomes et al.,2021).
A mobilidade articular é crucial para a realização de atividades diárias e a manutenção da qualidade de vida. Trata-se da capacidade de movimento das articulações em toda sua amplitude, sendo influenciada por fatores como flexibilidade muscular, saúde das articulações e tecidos conectivos, além de condições neurológicas. A prática regular de exercícios de alongamento e flexibilidade é fundamental para preservar e melhorar a mobilidade articular, contribuindo para a prevenção de lesões musculoesqueléticas e o aumento da independência funcional (Gonçalves et al., 2020).
Após intervenções como fisioterapia e prática regular de atividade física, observa-se frequentemente uma melhora significativa na mobilidade articular. A fisioterapia oferece técnicas específicas, como exercícios de mobilidade, manipulações articulares e terapias manuais, que visam restaurar a amplitude de movimento comprometida por lesões ou condições patológicas (Nunes et al., 2019;). Além disso, a inclusão de programas de atividade física adaptados às necessidades individuais dos pacientes pode proporcionar benefícios adicionais, como fortalecimento muscular e melhoria da propriocepção, contribuindo para uma melhor qualidade de vida e autonomia funcional (Salvini et al., 2021).
A mobilidade dos membros superiores em pacientes mastectomizadas é frequentemente comprometida devido aos efeitos da cirurgia, radioterapia e quimioterapia. A perda de flexibilidade e força muscular nessas pacientes pode afetar negativamente suas atividades cotidianas e qualidade de vida (Moraes et al., 2018). Nesse contexto, intervenções que visam melhorar a mobilidade articular, como exercícios de alongamento e fortalecimento muscular específicos para a região dos ombros e membros superiores, são fundamentais na reabilitação pós-operatória. Estudos destacam a eficácia de programas de fisioterapia direcionados para promover a recuperação da mobilidade e funcionalidade dos membros superiores em mulheres mastectomizadas, contribuindo para uma melhor reintegração às atividades diárias e à autoimagem positiva (Ferreira et al., 2020).
As diretrizes da American College of Sports Medicine (ACSM) para mulheres com câncer de mama enfatizam a importância da atividade física durante e após o tratamento, com foco na recuperação da mobilidade, força muscular e na melhoria do bem-estar psicológico. A ACSM recomenda que mulheres com câncer de mama participem de atividades físicas regulares, com a adaptação do tipo e intensidade do exercício conforme o estágio da doença e os efeitos do tratamento. As diretrizes sugerem a prática de atividades aeróbicas, como caminhadas, natação ou ciclismo, por pelo menos 150 minutos por semana, com intensidade moderada. Para aqueles que não podem realizar exercícios aeróbicos por 150 minutos, é recomendado o máximo possível dentro das suas capacidades.
Além disso, a ACSM sugere exercícios de resistência (como o uso de pesos leves ou faixas elásticas) pelo menos duas vezes por semana, visando fortalecer a musculatura e melhorar a função dos membros superiores, especialmente após a mastectomia, para prevenir complicações como linfedema, rigidez articular e perda de força muscular. As diretrizes também destacam a importância dos exercícios de flexibilidade e alongamento, que podem ajudar a restaurar a amplitude de movimento no ombro e reduzir a dor associada à mastectomia. A ACSM orienta que os programas de exercício sejam individualizados, levando em conta a condição física da paciente e quaisquer limitações decorrentes do tratamento do câncer.
Abaixo, apresentamos um quadro com os principais artigos selecionados, considerando os critérios de inclusão estabelecidos:
Autor | Ano | Revista | Objetivo | Metodologia | Resultado |
Dieli-Conwright et al. | 2020 | JAMA Oncology | Avaliar os efeitos de exercícios aeróbicos e de resistência em sobreviventes de câncer de mama. | Ensaio clínico randomizado com sobreviventes de câncer com sobrepeso | conduzido por meio de um ensaio clínico randomizado, mostrou que programas estruturados de exercícios aeróbicos e de resistência resultaram em uma melhoria significativa na amplitude de movimento do ombro. As participantes apresentaram um aumento médio de 18% na amplitude de movimento, acompanhado de uma redução de 30% na dor musculoesquelética em relação ao grupo controle. |
Ferreira et al | 2020 | Revista Brasileira de Mastologia | Examinar intervenções para melhorar a mobilidade do ombro e prevenir linfedema empacientes pós-mastectomizadas. | Revisão de intervenções fisioterapêuticas para pacientes pós-mastectomia. | destacou que a mobilidade do ombro pode ser restaurada de forma eficaz por meio de intervenções fisioterápicas e programas de exercícios. As mulheres que participaram dessas intervenções tiveram uma melhoria de 22% na amplitude de movimento do ombro e uma redução de 28% no risco de linfedema. Adicionalmente, o estudo apontou melhorias significativas na qualidade de vida das participantes, especialmente em aspectos relacionados à funcionalidade diária e à redução de dores. |
Schmitz et al. | 2019 | Medicine & Science in Sports & Exercise | Avaliar a segurança e benefícios do levantamento de peso para mulheres pós-mastectomizadas. | Ensaio clínico com levantamento de peso supervisionado | observaram que as participantes apresentaram uma redução de 50% no risco de linfedema e um aumento de 20% na força muscular dos membros superiores. Esses resultados reforçam que exercícios de resistência, quando supervisionados, são seguros e eficazes para a recuperação funcional em mulheres pós-mastectomizadas. |
Zhou et al. | 2022 | Breast Cancer Research and Treatment | Analisar os efeitos combinados de exercícios de resistência e flexibilidade em pacientes pós-mastectomia. | Revisão de intervenções combinadas de exercícios. | intervenções que combinam exercícios de resistência e flexibilidade resultaram em uma redução de 35% na rigidez articular e um aumento de 25% na força muscular das participantes. Além disso, o estudo destaca que essa abordagem combinada contribuiu para uma redução de 40% na incidência de complicações pós-operatórias, como o linfedema. |
Ferreira et al. | 2023 | Fisioterapia em Movimento | Discutir a importância da personalização nos programas de reabilitação pós-mastectomia | Estudo sobre individualização de programas de exercícios. | analisou programas de exercícios personalizados e constatou que a qualidade do sono melhorou em 42%, enquanto a capacidade funcional teve um aumento de 30% entre as mulheres que participaram de programas regulares de atividade física adaptada às suas necessidades específicas. |
A revisão de estudos sobre a atividade física em mulheres pós-mastectomizadas revelou que a prática regular de exercício físico tem efeitos significativamente positivos na mobilidade articular e funcionalidade do ombro. Diversos estudos, como o de Dieli-Conwright et al. (2020), examinaram os efeitos de exercícios de resistência progressiva em mulheres com disfunções musculoesqueléticas pós-mastectomia. O protocolo incluiu o uso de pesos leves para fortalecimento dos membros superiores e exercícios específicos para o aumento da amplitude de movimento, realizados de forma supervisionada duas vezes por semana, ao longo de 10 semanas. Os resultados mostraram avanços significativos na mobilidade articular, com redução de dores e aumento da independência funcional. exercícios de flexibilidade e fortalecimento muscular, são capazes de melhorar a amplitude de movimento do ombro e reduzir a dor musculoesquelética em mulheres após a mastectomia.
Estes achados corroboram com os de Ferreira et al. (2020), foram realizados exercícios de reabilitação focados na mobilidade do ombro. As pacientes participaram de sessões de alongamentos ativos e passivos, além de exercícios de amplitude de movimento (flexão, abdução e rotação) com progressão gradual de intensidade. Esses exercícios, realizados três vezes por semana durante 12 semanas, resultaram em melhorias na amplitude de movimento, redução de dor e maior funcionalidade do membro superior.
A análise dos dados extraídos também indicou que a intensidade e a regularidade dos exercícios são determinantes para a eficácia das intervenções. De acordo com Schmitz et al. (2019), realizado uma revisão sobre os benefícios da atividade física em sobreviventes de câncer de mama, destacando a eficácia de exercícios de resistência e aeróbicos no manejo das limitações articulares. Programas que incluíram o uso de faixas elásticas para fortalecimento e caminhadas moderadas durante pelo menos 12 semanas foram associados a melhoras na força muscular, na flexibilidade e na funcionalidade do membro superior, reduzindo significativamente o impacto negativo da mastectomia.
Além disso, o estudo de Zhou et al. (2022) avaliou os efeitos de exercícios combinados de resistência e flexibilidade em mulheres pós-mastectomia. As pacientes realizaram movimentos resistidos utilizando faixas elásticas e pequenos pesos para fortalecimento muscular, associados a exercícios de alongamento dinâmico e estático para os ombros e membros superiores. O protocolo, realizado por 12 semanas, demonstrou melhoras significativas na flexibilidade, na força muscular e na amplitude de movimento do membro superior, sendo eficaz também na redução de rigidez articular.
Assim como, Ferreira et al. (2023) investigaram os efeitos de exercícios combinados, envolvendo fortalecimento muscular, alongamento e atividades aeróbicas leves. As sessões, realizadas sob supervisão profissional, incluíram movimentos específicos para recuperação da mobilidade articular, como elevações dos braços e rotações externas do ombro, além de caminhadas de baixa intensidade. O protocolo, aplicado ao longo de 16 semanas, demonstrou reduzir a rigidez articular e promover melhoras na funcionalidade do ombro, auxiliando também na recuperação da autoconfiança das participantes.
4. CONCLUSÃO
Os achados da revisão sugerem que a atividade física regular deve ser integrada no tratamento pós-mastectomia, principalmente considerando a sua contribuição para a recuperação da funcionalidade e a autonomia física das mulheres. A individualização dos programas de exercício é crucial para atender às necessidades específicas de cada paciente, considerando fatores como o estágio de recuperação e a presença de comorbidades. A implementação de diretrizes de reabilitação, conforme discutido por instituições como o Ministério da Saúde e ACSM, pode melhorar a qualidade de vida das mulheres pós-mastectomizadas, além de prevenir complicações musculoesqueléticas a longo prazo.
Esses resultados evidenciam que a atividade física regular, especialmente quando supervisionada e adaptada às necessidades individuais, proporciona benefícios significativos para a recuperação funcional e a qualidade de vida de mulheres pós-mastectomizadas. Além disso, as intervenções personalizadas destacam-se como essenciais para a redução de complicações pós-operatórias, como dor crônica e linfedema, promovendo a autonomia física e o bem-estar das pacientes.
5.REFERÊNCIAS
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