REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202501230805
Mirele Ferreira Brandão de Freitas;
Wesley Cardoso Ferraz;
Wilmer Pereira Onofrio
RESUMO
O estudo se concentra em como o aplicativo pode dinamizar o processo de ensino-aprendizagem, ao mesmo tempo em que identifica suas limitações e riscos, como a dependência excessiva e a superficialidade no entendimento dos conceitos matemáticos. Além disso, o papel do professor como mediador é destacado como crucial para o uso eficaz do Photomath, garantindo que a tecnologia seja utilizada como complemento e não como substituto da prática tradicional. Com base em uma revisão bibliográfica, o artigo oferece sugestões para a formação de professores e a integração consciente de tecnologias no ensino de matemática, propondo também direções para futuros estudos.
Palavras-chave: Photomath, Formação de professores, Ensino de matemática.
ABSTRACT
The study focuses on how the app can enhance the teaching-learning process while identifying its limitations and risks, such as over-dependence and superficial understanding of mathematical concepts. Additionally, the teacher’s role as a mediator is emphasized as crucial for the effective use of Photomath, ensuring that technology is used as a complement rather than a substitute for traditional practices. Based on a literature review, the article offers suggestions for teacher training and the conscious integration of technologies in math teaching, while also proposing directions for future research.
Keywords: Photomath, Teacher training, Mathematics teaching.
1 INTRODUÇÃO
No Brasil, a formação de professores tem sido um tema amplamente debatido no campo da educação, especialmente diante das crescentes demandas por melhorias nos processos de ensino e aprendizagem, que acompanham o desenvolvimento tecnológico e as novas necessidades da sociedade. No contexto da educação matemática, a preparação de docentes assume um papel desafiador, uma vez que envolve não apenas o domínio dos conteúdos disciplinares, mas também a habilidade de utilizar métodos e ferramentas inovadoras que facilitem a aprendizagem dos alunos.
A formação inicial e continuada de professores, portanto, precisa atender a essas exigências, proporcionando aos docentes o suporte necessário para integrar criticamente a tecnologia às práticas pedagógicas. Nesse sentido, uma questão crucial emerge: como formar professores capazes de utilizar adequadamente ferramentas tecnológicas no ensino de matemática, mantendo uma abordagem pedagógica que favoreça a compreensão e o desenvolvimento crítico dos alunos?
Com o avanço da tecnologia, ferramentas digitais tornaram-se parte integrante do cenário educacional, promovendo novas formas de interação entre professores, alunos e conteúdos. No ensino de matemática, aplicativos como o Photomath têm ganhado destaque por sua capacidade de dinamizar o processo de ensino-aprendizagem, oferecendo soluções automatizadas para a resolução de problemas matemáticos.
O Photomath é um aplicativo que permite ao usuário escanear equações matemáticas e visualizar sua resolução passo a passo. Esse recurso tem potencial para ser utilizado não apenas como uma ferramenta de suporte aos alunos, mas também como um instrumento didático nas mãos dos professores, possibilitando a exploração de diferentes abordagens para a resolução de problemas. No entanto, a utilização de ferramentas como o Photomath em sala de aula suscita uma série de questionamentos: o aplicativo favorece o aprendizado ou pode, ao contrário, comprometer a compreensão profunda dos conceitos matemáticos por parte dos alunos?
Diante dessa realidade, a problemática que guia este estudo se concentra em compreender de que forma a formação de professores pode se beneficiar do uso do aplicativo Photomath como uma ferramenta pedagógica, e quais são os limites e possibilidades dessa integração tecnológica no ensino de matemática.
A questão central que norteia a pesquisa pode ser formulada da seguinte maneira: De que forma o uso do Photomath no ensino de matemática pode contribuir para a formação de professores e para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem, considerando as especificidades do contexto educacional brasileiro?
A justificativa para este estudo se apoia na necessidade de investigar e refletir sobre a inclusão de tecnologias digitais na formação de professores, em especial no campo da educação matemática. Embora o uso de ferramentas tecnológicas esteja em ascensão, é necessário que essas ferramentas sejam aplicadas de forma consciente e crítica, visando não apenas facilitar o ensino, mas também promover o desenvolvimento de competências que permitam aos alunos raciocinar e compreender os conceitos de maneira independente.
Assim, analisar o uso do Photomath como um recurso pedagógico pode trazer contribuições significativas para o desenvolvimento de novas práticas formativas, bem como para a criação de estratégias que fortaleçam o papel mediador do professor no processo de ensino-aprendizagem. Além disso, o estudo pode auxiliar no debate sobre a formação de professores para o uso de tecnologias em sala de aula, um tema ainda pouco explorado, especialmente no contexto da educação matemática.
Os objetivos deste estudo podem ser divididos em dois principais grupos: o objetivo geral e os objetivos específicos. O objetivo geral consiste em analisar o impacto do uso do aplicativo Photomath na formação de professores de matemática e sua potencial contribuição para a melhoria das práticas pedagógicas no ensino desta disciplina.
Entre os objetivos específicos, destacam-se: (i) investigar o papel das tecnologias digitais no processo de formação de professores de matemática, com ênfase no uso do Photomath; (ii) discutir as vantagens e os desafios do uso do Photomath no ensino de matemática; e (iii) propor diretrizes para a integração do aplicativo em práticas pedagógicas que favoreçam o desenvolvimento crítico e autônomo dos alunos.
Para alcançar esses objetivos, a metodologia adotada neste estudo será baseada em uma revisão bibliográfica, com o propósito de identificar e analisar estudos e pesquisas que abordem o uso de ferramentas tecnológicas no ensino de matemática, em especial o Photomath. A revisão bibliográfica permite uma análise aprofundada dos debates acadêmicos sobre o tema, possibilitando a construção de um panorama teórico que auxilie na compreensão dos impactos dessas tecnologias na formação de professores.
A revisão será realizada por meio da seleção de artigos, livros e outros materiais acadêmicos que tratem tanto da formação de professores quanto da utilização de tecnologias no ensino de matemática. Alinhado a isso, o estudo propõe a criação de um curso de formação para professores, utilizando o Photomath como ferramenta didática, destacando metodologias que promovam a aprendizagem ativa e o desenvolvimento de competências para a utilização crítica e reflexiva de tecnologias digitais no ensino de matemática. Ao longo deste processo, serão considerados tanto os aspectos positivos quanto as limitações identificadas nos estudos, permitindo uma discussão crítica acerca da aplicação do Photomath no contexto educacional brasileiro.
Este artigo, portanto, visa contribuir para o campo da educação matemática ao explorar como a formação de professores pode ser impactada pelo uso de tecnologias emergentes, como o Photomath, e quais são os desafios e oportunidades envolvidos nesse processo.
2. FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA
A formação de professores de matemática é um processo complexo que exige muito mais do que o simples domínio dos conteúdos específicos da disciplina. É fundamental que os professores também adquiram competências pedagógicas que os capacitem a mediar o aprendizado de forma eficaz, especialmente em um cenário marcado pela crescente incorporação de tecnologias digitais. No contexto atual, a educação precisa acompanhar as transformações tecnológicas, exigindo que a formação de professores vá além do tradicional, incorporando inovações pedagógicas que respondam às demandas do mundo contemporâneo. Assim, a formação docente não se limita ao ensino dos conteúdos matemáticos, mas envolve a capacidade de integrar práticas pedagógicas modernas que valorizem a interação e o engajamento dos alunos, com o suporte de ferramentas digitais.
A incorporação de tecnologias no ensino tem se tornado uma necessidade inegável, uma vez que essas ferramentas podem potencializar o aprendizado, tornando as aulas mais dinâmicas e interativas. No entanto, muitos professores ainda encontram dificuldades para utilizar tecnologias de forma eficaz. A falta de preparo adequado é um dos principais obstáculos para a integração das TICs no ensino de matemática. Nesse sentido, a formação continuada dos docentes assume um papel central, pois é através dessa capacitação que os professores podem desenvolver as habilidades necessárias para aplicar a tecnologia de forma pedagógica. Além de aprender a operar as ferramentas, os professores precisam compreender como essas tecnologias podem ser aliadas no processo de ensino-aprendizagem, promovendo uma educação mais interativa e acessível.
As competências que os professores de matemática precisam desenvolver vão muito além do conhecimento técnico da disciplina. Conforme destacam estudiosos como Saviani (2007) e Libâneo (1982), os professores devem ser capazes de transformar o conteúdo matemático em conhecimento que faça sentido para os alunos. Isso exige habilidades pedagógicas, como a criação de estratégias que promovam o pensamento lógico e crítico, além da resolução de problemas e do incentivo à autonomia dos alunos. Esses aspectos são fundamentais para que os alunos consigam aplicar os conhecimentos adquiridos em situações práticas. Além disso, os professores devem estar preparados para lidar com diferentes níveis de habilidade e estilos de aprendizagem, ajustando suas abordagens pedagógicas conforme as necessidades dos alunos.
Outra competência essencial é a capacidade de incorporar tecnologias de maneira eficiente nas práticas pedagógicas. O uso de softwares educacionais e outras ferramentas tecnológicas pode transformar a sala de aula em um ambiente mais colaborativo e estimulante, onde professores e alunos constroem o conhecimento de forma conjunta. Segundo Moran (2015), para que essa transformação seja efetiva, os professores precisam ser treinados para usar as tecnologias de forma que estas complementem e enriqueçam o aprendizado, e não apenas como um recurso superficial. É crucial que os professores saibam selecionar e utilizar as tecnologias adequadas, garantindo que elas estejam alinhadas aos objetivos pedagógicos e contribuam para o desenvolvimento das competências dos alunos.
A flexibilidade também é uma competência indispensável para os professores de matemática, especialmente no contexto atual em que a tecnologia oferece uma ampla gama de recursos educacionais. De acordo com Kenski (2017), a capacidade de adaptar os métodos de ensino de acordo com as necessidades específicas dos alunos é fundamental para garantir que a tecnologia seja usada de forma eficaz. Isso requer que os professores sejam capazes de identificar as ferramentas mais adequadas para cada contexto de aprendizado e utilizá-las de maneira que atenda às diferentes formas de absorção de conhecimento. Dessa forma, a formação docente deve priorizar o desenvolvimento de uma pedagogia flexível, onde o professor tenha a capacidade de personalizar o ensino e maximizar o potencial das ferramentas tecnológicas.
A formação de professores enfrenta desafios significativos na era digital, especialmente quando se trata da inclusão de novas tecnologias no processo de ensino-aprendizagem. Muitos professores ainda demonstram resistência em adotar ferramentas tecnológicas, principalmente devido à falta de preparo adequado para utilizá-las de maneira eficaz. Conforme afirma Valente (2019), essa resistência está relacionada a uma sensação de despreparo e insegurança quanto ao uso das tecnologias em sala de aula. Além disso, as dificuldades de infraestrutura, como a falta de equipamentos e internet de qualidade nas escolas, também são barreiras significativas para a implementação de uma educação digital. Para enfrentar esses desafios, é essencial que os programas de formação continuada ofereçam o suporte necessário para que os professores desenvolvam as competências tecnológicas e pedagógicas adequadas, criando um ambiente favorável à adoção de práticas inovadoras.
Outro obstáculo é a conciliação entre as metodologias tradicionais e as novas abordagens que integram o uso de tecnologias. Como aponta Lévy (2018), muitos professores ainda se apegam a métodos tradicionais de ensino, o que pode dificultar a introdução de novas práticas pedagógicas mediadas pela tecnologia. Para superar essa barreira, é necessário que os professores recebam orientação adequada sobre como equilibrar as abordagens tradicionais e modernas, de forma que as tecnologias complementem e não substituam as práticas pedagógicas já consolidadas. A formação docente deve, portanto, promover uma reflexão sobre a melhor forma de integrar essas ferramentas, de modo que contribuam para o enriquecimento do aprendizado.
Além disso, a utilização de tecnologias deve ser acompanhada de uma reflexão crítica sobre seus resultados. O uso indiscriminado de ferramentas tecnológicas, sem uma análise cuidadosa de seus efeitos no aprendizado, pode resultar em uma superficialidade na educação. Segundo Pretto (2020), os professores devem ser capacitados para utilizar as tecnologias de forma consciente, sempre com o objetivo de promover um aprendizado significativo. A formação continuada precisa enfatizar a importância de uma pedagogia crítica, onde as tecnologias sejam vistas como ferramentas para enriquecer o pensamento crítico dos alunos, e não como fins em si mesmas.
A integração de novas tecnologias na formação continuada dos professores de matemática é um passo crucial para a transformação do ensino. Como observa Papert (1996), o uso de aplicativos, softwares e outras ferramentas digitais pode tornar as aulas mais envolventes, ajudando a criar um ambiente de aprendizado mais dinâmico. No entanto, para que essa transformação seja eficaz, é fundamental que os professores recebam a formação necessária para utilizar essas tecnologias de maneira pedagógica. A formação continuada deve incluir tanto o conhecimento técnico sobre as ferramentas quanto o desenvolvimento de uma compreensão mais ampla de como integrá-las ao planejamento pedagógico.
Essa formação deve também ser vista como um processo colaborativo. Os professores devem ser incentivados a trabalhar em conjunto, trocando experiências e aprendendo com outros profissionais sobre as melhores maneiras de utilizar a tecnologia em sala de aula. De acordo com Freire (1997), a colaboração entre professores pode promover uma aprendizagem mais profunda e efetiva, onde as tecnologias são exploradas de maneira criativa e inovadora. A formação continuada deve, portanto, criar oportunidades para que os professores participem de redes colaborativas e compartilhem boas práticas.
Por fim, é essencial que a formação continuada aborde a questão da avaliação do uso das tecnologias em sala de aula. Como sugere Masetto (2012), os professores precisam ser capazes de refletir criticamente sobre os resultados de suas práticas pedagógicas mediadas pela tecnologia, ajustando suas abordagens conforme necessário. Dessa forma, a formação deve fornecer ferramentas para que os professores desenvolvam uma avaliação contínua e reflexiva, garantindo que o uso da tecnologia esteja de fato contribuindo para o aprendizado dos alunos.
3. O APLICATIVO PHOTOMATH E SUA APLICAÇÃO NO ENSINO DE MATEMÁTICA
O Photomath é um aplicativo desenvolvido com o propósito de auxiliar na resolução de problemas matemáticos, oferecendo explicações detalhadas passo a passo para uma ampla gama de equações e expressões. Seu funcionamento é baseado em reconhecimento óptico de caracteres (OCR), permitindo que os usuários escaneiem equações por meio da câmera de seus dispositivos móveis e obtenham rapidamente a solução completa (Cardoso et al., 2021). Desde seu lançamento, o Photomath tem se mostrado uma ferramenta valiosa tanto para estudantes quanto para educadores, oferecendo um suporte adicional ao processo de aprendizagem, especialmente em tempos de avanço tecnológico e ensino híbrido.
Além de simplesmente fornecer a solução final, o Photomath detalha todo o processo de resolução, ajudando os usuários a compreenderem cada etapa envolvida. Essa funcionalidade é de grande relevância no ensino de matemática, pois enfatiza a importância do raciocínio lógico e da compreensão dos procedimentos, não apenas do resultado final. Isso contribui para o desenvolvimento de uma aprendizagem mais completa e significativa, permitindo que os alunos adquiram uma visão mais ampla sobre diferentes abordagens para resolver o mesmo problema (Tangonan, 2023). A apresentação de múltiplos métodos de resolução pelo aplicativo também incentiva os alunos a explorarem diversas estratégias, ampliando suas habilidades cognitivas e de resolução de problemas.
Um estudo realizado por Balili (2019) com alunos do ensino médio em aulas de álgebra demonstrou que aqueles que utilizaram o aplicativo em atividades guiadas obtiveram um desempenho significativamente superior em comparação com aqueles que seguiram métodos tradicionais. O estudo concluiu que o Photomath ajuda a simplificar conceitos complexos, promovendo uma interação mais ativa dos alunos com o conteúdo, o que resulta em um melhor entendimento das matérias e uma maior confiança para lidar com desafios matemáticos.
Contudo, há debates acerca dos limites do uso do Photomath na educação. Latham (2020) adverte que o uso excessivo de aplicativos como o Photomath pode resultar na dependência dos alunos, comprometendo o desenvolvimento de habilidades essenciais, como o cálculo manual e a resolução independente de problemas. Portanto, é fundamental que os professores incentivem o uso equilibrado do aplicativo, assegurando que ele seja um complemento ao aprendizado, e não um substituto das práticas convencionais (Igcasama et al., 2020). Isso requer uma abordagem pedagógica que valorize o aprendizado ativo e o desenvolvimento da autonomia dos estudantes.
No contexto prático, muitos professores têm adotado o Photomath como um recurso complementar ao ensino tradicional, especialmente durante o período de ensino remoto e híbrido, que se tornou comum durante a pandemia de COVID-19. Segundo Cardoso, Lança e Souza (2021), a integração do Photomath como ferramenta pedagógica foi essencial para manter os alunos envolvidos nas aulas de matemática, mesmo à distância. O aplicativo forneceu o suporte necessário para que os alunos conseguissem lidar com exercícios mais complexos, garantindo a continuidade do aprendizado em um momento de desafios educacionais sem precedentes.
Além disso, o Photomath se revela um importante recurso de reforço, permitindo que os estudantes revisem os conceitos em casa e no seu próprio ritmo. Para alunos que enfrentam dificuldades em acompanhar a aula ou precisam de mais tempo para dominar certos tópicos, o aplicativo oferece uma solução personalizada que pode melhorar a compreensão e aumentar a confiança (Capinding, 2023).
Esse tipo de suporte individualizado é crucial para promover uma aprendizagem inclusiva, na qual todos os alunos tenham a oportunidade de progredir em suas habilidades matemáticas.
Entretanto, como alertam Muslimah et al. (2023), o uso do Photomath deve ser sempre equilibrado. Embora seja uma ferramenta eficiente para resolver problemas matemáticos, o risco de os alunos dependerem exclusivamente das respostas fornecidas pelo aplicativo pode levar a um aprendizado superficial. Assim, é fundamental que os professores integrem o uso do Photomath em estratégias pedagógicas que estimulem o pensamento crítico e a construção de conhecimentos sólidos, assegurando que os alunos estejam ativamente envolvidos no processo de aprendizado e no desenvolvimento de suas próprias habilidades.
Por fim, o Photomath, quando utilizado de forma equilibrada e planejada, pode ser um poderoso aliado dos professores. Ele possibilita que os docentes liberem tempo durante as aulas, permitindo que enfoquem na explicação de conceitos mais complexos enquanto o aplicativo lida com cálculos técnicos e rotineiros (Balili, 2019). Esse uso otimizado da tecnologia cria um ambiente de sala de aula mais dinâmico e interativo, no qual o professor pode assumir o papel de facilitador do conhecimento, promovendo um aprendizado mais colaborativo e centrado nas necessidades individuais dos alunos.
3.1 POTENCIAL DO PHOTOMATH COMO FERRAMENTA EDUCACIONAL
O Photomath tem se destacado como uma ferramenta de grande valor educacional, especialmente no campo da matemática. Sua principal funcionalidade, que consiste em fornecer soluções detalhadas e passo a passo para problemas matemáticos, contribui significativamente para o aprendizado dos estudantes. Isso ocorre porque o aplicativo não apenas apresenta as respostas, mas também revela o raciocínio por trás de cada solução, facilitando uma compreensão mais aprofundada dos conceitos matemáticos. Igcasama et al. (2020) argumentam que essa abordagem é particularmente relevante em disciplinas como álgebra e cálculo, onde o entendimento dos processos é tão importante quanto as respostas em si. Essa metodologia de aprendizagem torna o Photomath uma ferramenta poderosa para aprimorar a compreensão matemática dos alunos.
Uma das maiores vantagens do Photomath é sua capacidade de promover a autonomia dos estudantes no processo de aprendizado. O aplicativo oferece a oportunidade de os alunos resolverem problemas fora do ambiente escolar, sem a necessidade de uma supervisão constante. Isso favorece o aprendizado autodirigido, incentivando os alunos a desenvolverem confiança em suas habilidades de resolução de problemas. Tangonan (2023) destaca que essa autonomia é fundamental para o desenvolvimento de competências críticas, especialmente em uma disciplina como a matemática, que exige prática constante e raciocínio lógico.
A capacidade de os alunos resolverem problemas por conta própria é uma habilidade valiosa que o Photomath pode ajudar a cultivar, proporcionando uma independência acadêmica crescente.
Além disso, o Photomath tem mostrado impacto positivo no desempenho dos estudantes em avaliações. Estudos comparativos apontam que os alunos que utilizam o aplicativo frequentemente apresentam uma melhora considerável em suas notas, em comparação com aqueles que seguem métodos tradicionais de ensino. Balili (2019) sugere que isso está diretamente relacionado à clareza das explicações fornecidas pelo aplicativo, que facilita a assimilação dos conceitos matemáticos. O uso do Photomath, portanto, não apenas auxilia na resolução de problemas específicos, mas também aprimora a capacidade geral de aprendizado dos estudantes, o que se reflete em seu desempenho acadêmico.
Por outro lado, é importante que o uso do Photomath seja monitorado por educadores para evitar o risco de uma dependência excessiva da ferramenta. Latham (2020) ressalta que, se utilizado de forma inadequada, o aplicativo pode impedir que os alunos desenvolvam suas habilidades de resolução de problemas de forma autônoma. Muitos estudantes podem se limitar a seguir as respostas geradas pelo aplicativo, sem se aprofundar nos conceitos por trás das soluções. Assim, é crucial que os professores integrem o Photomath de maneira equilibrada em suas estratégias pedagógicas, garantindo que ele seja usado como um recurso complementar e não como uma substituição total do esforço intelectual necessário para o aprendizado.
O Photomath também tem mostrado potencial para aumentar o engajamento dos estudantes, especialmente em tempos de ensino remoto. Durante a pandemia de COVID-19, quando as aulas presenciais foram interrompidas, o aplicativo foi amplamente utilizado como uma ferramenta de apoio para manter os alunos envolvidos com o conteúdo de matemática. Cardoso et al. (2021) apontam que o Photomath ajudou a manter a continuidade do aprendizado, mesmo com a ausência de interação direta com o professor. Essa flexibilidade é um dos maiores trunfos do aplicativo, tornando-o útil em contextos de ensino híbrido e remoto, onde o acompanhamento direto de um educador pode ser limitado.
Além disso, o Photomath se destaca por sua capacidade de atender a diferentes estilos de aprendizado. O aplicativo oferece várias maneiras de resolver um mesmo problema, permitindo que os alunos escolham a abordagem que melhor se adapta às suas preferências. Yin & Xiang (2024) observam que essa personalização do processo de aprendizado é um diferencial importante, pois garante que estudantes com diferentes necessidades e formas de pensar possam explorar os conceitos matemáticos de maneira que faça mais sentido para eles. Isso enriquece o aprendizado e oferece uma experiência mais inclusiva e eficaz.
No entanto, o Photomath deve ser integrado a uma metodologia pedagógica que enfatize o raciocínio crítico. Muslimah et al. (2023) defendem que o aplicativo só alcança seu verdadeiro potencial quando usado como complemento a práticas educativas que incentivam uma análise mais profunda dos conceitos matemáticos. A combinação do uso do aplicativo com atividades que estimulam o pensamento crítico pode resultar em um ensino mais completo e eficaz, sem comprometer o desenvolvimento das habilidades fundamentais de matemática.
Além disso, o Photomath tem mostrado ser útil para alunos com dificuldades específicas de aprendizado, ao oferecer orientações detalhadas que ajudam a reduzir a frustração ao lidar com problemas matemáticos mais complexos. Isso torna o processo de aprendizado mais acessível e menos intimidador para alunos que, de outra forma, teriam dificuldade em acompanhar o conteúdo (Igcasama et al., 2020). O suporte fornecido pelo aplicativo pode, assim, desempenhar um papel importante na inclusão de alunos com necessidades especiais no aprendizado matemático.
Outro aspecto relevante é o uso do Photomath como ferramenta de diagnóstico pelos professores. Ao identificar as partes dos processos matemáticos com as quais os alunos têm mais dificuldade, os docentes podem ajustar suas estratégias de ensino para focar nesses pontos críticos. Medrano et al. (2020) sugerem que o aplicativo pode ser uma ferramenta valiosa para professores identificarem lacunas no aprendizado dos alunos e, a partir daí, desenvolverem intervenções mais direcionadas e eficazes.
3.2 ESTUDOS SOBRE O USO DE APLICATIVOS NO ENSINO DE MATEMÁTICA
Os estudos sobre o uso de aplicativos no ensino de matemática mostram resultados promissores, sobretudo em relação à melhoria do desempenho acadêmico e ao aumento da motivação dos alunos. Segundo Etcuban e Pantinople (2018), a integração de aplicativos móveis nas aulas de matemática no ensino médio demonstrou não só um avanço nas avaliações, mas também um maior envolvimento dos alunos, que se sentiram mais estimulados a aprender quando a tecnologia foi combinada com métodos de ensino tradicionais. O uso de aplicativos parece criar um ambiente mais dinâmico e interativo, facilitando a aprendizagem e promovendo maior interesse nas atividades escolares.
Além disso, o impacto dos aplicativos no desenvolvimento de habilidades de resolução de problemas matemáticos também é significativo. Conforme Jupri et al. (2015), aplicativos focados em processos algébricos, como applets, auxiliam os alunos a visualizar operações abstratas, o que facilita a compreensão dos conceitos matemáticos. A interação oferecida por essas ferramentas contribui para uma aprendizagem mais prática e direta, proporcionando aos alunos uma experiência de estudo que vai além da mera memorização e favorece a experimentação e a exploração de diferentes métodos de resolução.
Em um estudo comparativo realizado por Haydon et al. (2012), foi observado que alunos com distúrbios emocionais tiveram melhor desempenho e maior retenção de informações quando utilizaram tablets em atividades matemáticas, em vez de planilhas tradicionais. Esse resultado sugere que a tecnologia, por ser uma ferramenta interativa e personalizada, pode atender melhor às necessidades individuais dos alunos, criando um ambiente de aprendizado mais inclusivo. O uso de dispositivos móveis se mostrou vantajoso ao permitir maior envolvimento dos estudantes durante as atividades, o que reflete diretamente na melhoria de seus resultados.
No ensino superior, Drigas e Pappas (2015) destacam que a aprendizagem por meio de aplicativos matemáticos facilita a adaptação dos alunos ao próprio ritmo de estudo, melhorando a absorção dos conteúdos. A flexibilidade proporcionada pelos aplicativos permite que os alunos revisem o material de forma independente, o que reforça sua compreensão e contribui para o aprofundamento de seus conhecimentos.
Obina (2022) relata que, para estudantes de ensino médio, o uso de aplicativos matemáticos tem um efeito positivo nos hábitos de estudo, levando a uma melhora no desempenho acadêmico. A pesquisa sugere que o uso constante de tecnologia durante o aprendizado ajuda a criar uma rotina de estudo mais organizada, o que, em última instância, se reflete nas notas dos alunos. O uso de aplicativos não só motiva os estudantes a estudar com mais frequência, como também torna o estudo mais acessível e prático, resultando em uma aprendizagem mais eficaz.
Outro estudo, de Kiger et al. (2012), investigou o impacto de intervenções com o uso de aplicativos de matemática no terceiro ano do ensino fundamental. Os resultados indicaram que os alunos que utilizaram esses recursos demonstraram maior interesse nas aulas, o que resultou em uma melhoria significativa no desempenho em avaliações, particularmente em tópicos como frações. Essa descoberta reforça a ideia de que a tecnologia pode atuar como um catalisador de interesse nas disciplinas mais complexas, facilitando a assimilação de conceitos pelos alunos mais jovens.
Hirsh-Pasek et al. (2015) ressaltam que a eficácia dos aplicativos educacionais depende de como são desenhados. Eles defendem que o design dos aplicativos deve seguir princípios científicos de aprendizagem, promovendo interatividade e envolvimento ativo dos estudantes.
Como apontam Hirsh-Pasek et al. (2015, p. 4),
“aplicativos educacionais eficazes devem ser baseados em princípios da ciência da aprendizagem, proporcionando interatividade e um envolvimento ativo dos alunos, o que é fundamental para o desenvolvimento de competências cognitivas em matemática.”
Aplicativos que apenas transmitem conteúdo de forma passiva não têm o mesmo impacto positivo que aqueles que estimulam a participação ativa do aluno, o que sugere que a qualidade da ferramenta utilizada é um fator crucial no sucesso da tecnologia como recurso pedagógico.
A integração da tecnologia no ensino de matemática também é analisada por Kaput et al. (2020), que argumentam que aplicativos estão se tornando elementos centrais no currículo escolar. A utilização dessas ferramentas, segundo os autores, pode ajudar a reduzir as disparidades no aprendizado, especialmente para alunos que enfrentam dificuldades com disciplinas exatas. A personalização proporcionada pelos aplicativos permite um acompanhamento mais detalhado do progresso dos alunos, favorecendo intervenções pedagógicas mais eficazes.
McKevett et al. (2020) investigam a eficácia de aplicativos na compreensão de frações, utilizando ferramentas como o Motion Math. Os resultados mostraram que a interação com os problemas matemáticos através de aplicativos ajudou os alunos a desenvolver uma compreensão mais profunda dos conceitos, sugerindo que a gamificação e o uso de interfaces interativas podem tornar a aprendizagem de tópicos complexos mais acessível e divertida.
Por fim, Ok e Bryant (2016) analisaram o impacto do uso de iPads no ensino de multiplicação para alunos com dificuldades de aprendizado. A pesquisa demonstrou que os aplicativos melhoraram não apenas a fluência dos alunos nas operações matemáticas, mas também aumentaram sua confiança em lidar com os conceitos. Isso sugere que o uso da tecnologia pode ser uma ferramenta poderosa para aumentar a autoestima dos alunos em relação às disciplinas matemáticas, além de melhorar o desempenho acadêmico.
4. Vantagens e Limitações do Uso do Photomath no Processo de Ensino-Aprendizagem
Para os professores, o Photomath também atua como uma ferramenta de avaliação eficiente, facilitando a correção automática de exercícios e permitindo que mais tempo seja dedicado a discussões profundas sobre o conteúdo (Daguinotan et al., 2024). Essa funcionalidade auxilia os educadores na identificação de padrões recorrentes de erros entre os alunos, fornecendo dados valiosos para ajustes nas abordagens didáticas e, consequentemente, para o aprimoramento do processo de ensino-aprendizagem.
Contudo, é importante destacar que o uso do Photomath não pode substituir o papel fundamental do professor no processo educativo. A presença de um mediador qualificado é essencial para orientar os alunos no uso adequado da ferramenta, evitando que eles se tornem dependentes do aplicativo sem desenvolver o raciocínio crítico necessário (Tangonan, 2023). A integração equilibrada entre o Photomath e a instrução direta é vital para garantir que os alunos não apenas resolvam os problemas, mas também compreendam os fundamentos por trás das soluções.
Para estudantes com dificuldades específicas, o Photomath pode ser uma ferramenta de reforço poderosa. Ele permite que esses alunos acompanhem o ritmo da turma de forma mais eficaz, minimizando a frustração associada a problemas complexos. Isso é especialmente útil para alunos com necessidades especiais, pois o aplicativo proporciona explicações claras e acessíveis sobre diferentes abordagens de resolução de problemas (Igcasama et al., 2020). Dessa forma, os alunos podem explorar múltiplos caminhos para entender os conceitos matemáticos.
O Photomath mostrou-se ainda mais valioso em contextos de ensino remoto ou híbrido, como ocorreu durante a pandemia de COVID-19. Professores relataram que o uso do aplicativo ajudou a manter os alunos conectados ao conteúdo e motivados, mesmo com a distância física (Capinding, 2023). Isso demonstra a versatilidade da ferramenta em diferentes ambientes educacionais e a sua capacidade de apoiar a continuidade do aprendizado fora da sala de aula tradicional.
Por fim, o uso do Photomath contribui para o desenvolvimento de habilidades metacognitivas dos alunos, uma vez que estimula a reflexão sobre os passos adotados para resolver os problemas matemáticos. Essa prática é fundamental para a formação de alunos mais independentes e capazes de aplicar o conhecimento matemático de maneira prática em outras áreas da vida (Webel & Otten, 2015). O aprendizado não se limita à resolução mecânica de equações, mas envolve a construção de uma compreensão mais profunda e crítica da matemática.
4.1 LIMITAÇÕES E POSSÍVEIS RISCOS NO USO DO APLICATIVO PHOTOMATH
Apesar dos benefícios proporcionados pelo Photomath, como maior autonomia e flexibilidade para o estudo da matemática, o uso desse aplicativo também apresenta certas limitações e riscos que merecem atenção. Um dos principais problemas é o risco de dependência excessiva dos alunos em relação ao aplicativo. Segundo Jacinto (2021), quando os estudantes utilizam o aplicativo de forma indiscriminada para resolver questões matemáticas, podem acabar negligenciando a prática manual e o exercício do raciocínio lógico, o que é essencial para o desenvolvimento de habilidades mais profundas e complexas. Essa dependência pode prejudicar o aprendizado, especialmente em áreas onde a compreensão do processo é tão importante quanto a obtenção da resposta.
Outro risco associado ao uso do Photomath está relacionado à dificuldade dos alunos em compreender os processos matemáticos subjacentes às soluções apresentadas. Giroto, Poker e Omote (2012) destacam que o uso constante do aplicativo pode levar os estudantes a seguir mecanicamente as instruções sem realmente entender os conceitos envolvidos. Isso pode resultar em lacunas significativas no aprendizado, fazendo com que os alunos tenham dificuldades em aplicar os conceitos matemáticos em diferentes contextos, comprometendo assim o desenvolvimento de uma compreensão sólida e abrangente da matéria.
Além disso, Tracz (2013) alerta para o perigo de os alunos se tornarem “preguiçosos” em relação à realização de cálculos por conta própria, confiando inteiramente no aplicativo para resolver problemas. Isso pode gerar um entendimento superficial da matemática, especialmente em tópicos mais avançados como sistemas de equações e cálculo diferencial, nos quais a compreensão dos princípios fundamentais é crucial. Essa superficialidade no aprendizado pode prejudicar o desempenho dos alunos em níveis mais avançados de estudo, onde a capacidade de interpretar e manipular conceitos abstratos se torna indispensável.
Outro aspecto crítico do uso do Photomath é a possibilidade de seu uso inadequado durante avaliações. Torres Neto e Costa (2023) mencionam que o acesso ao aplicativo durante atividades não supervisionadas, como as realizadas fora da sala de aula, pode comprometer a integridade das avaliações. Isso pode levar a resultados enganosos, nos quais as notas dos alunos não refletem com precisão seu real nível de entendimento dos conteúdos. Esse descompasso pode criar uma falsa impressão de domínio das matérias, mascarando dificuldades que poderiam ser tratadas com uma abordagem pedagógica mais cuidadosa e individualizada.
Além disso, o Photomath não oferece explicações detalhadas ou pedagogicamente adaptadas, o que limita sua eficácia em fornecer um aprendizado profundo. De acordo com Araújo et al. (2021), embora o aplicativo seja eficiente em fornecer soluções para equações, ele não substitui o papel do professor, que pode adaptar suas explicações às necessidades individuais dos alunos e oferecer um acompanhamento mais personalizado. Sem essa mediação humana, os alunos podem perder oportunidades valiosas de esclarecimento e aprofundamento de conceitos, especialmente quando enfrentam dificuldades específicas.
Outro ponto de limitação técnica do Photomath é sua dificuldade em resolver problemas mais complexos. Silva e Rêgo (2020) observam que o aplicativo encontra dificuldades ao lidar com questões que envolvem múltiplas variáveis ou funções mais avançadas, restringindo, portanto, sua aplicabilidade em níveis superiores de ensino. Essa limitação pode frustar os alunos que estão em busca de soluções para problemas mais desafiadores e complexos, especialmente em áreas como o ensino médio avançado ou o nível universitário.
Por fim, os professores desempenham um papel crucial na mediação do uso do Photomath. Costa (2020) destaca que os docentes precisam estar preparados para guiar os alunos no uso apropriado da tecnologia, garantindo que ela seja utilizada de maneira educativa e construtiva, e não apenas como uma ferramenta para obter respostas rápidas. A mediação docente é essencial para que os alunos desenvolvam uma compreensão profunda dos conceitos e utilizem o aplicativo como um recurso auxiliar no aprendizado, e não como um atalho que prejudique o desenvolvimento de suas habilidades matemáticas.
4.2 A IMPORTÂNCIA DO PAPEL MEDIADOR DO PROFESSOR
O papel do professor como mediador no processo de ensino-aprendizagem é crucial, especialmente com a crescente integração de tecnologias, como o Photomath, em sala de aula. O professor mediador não é apenas um transmissor de conhecimento, mas atua como um facilitador do aprendizado, ajudando os alunos a desenvolverem habilidades de resolução de problemas e pensamento crítico (Dias & Coelho, 2021). Nesse contexto, o professor deve incentivar os alunos a não dependerem exclusivamente das respostas fornecidas pelo aplicativo, mas sim a utilizarem as ferramentas tecnológicas como apoio na construção do conhecimento.
A mediação do professor também envolve a criação de estratégias pedagógicas que conectem o uso de tecnologias às necessidades individuais dos alunos. Moran (2000) argumenta que, ao adotar uma postura mediadora, o professor consegue estimular a curiosidade e o desejo de aprender dos alunos, levando-os a questionar e explorar os conceitos de forma mais profunda. Assim, o uso do Photomath pode ser mais eficaz quando integrado a uma prática pedagógica que promova a compreensão dos processos matemáticos, ao invés de apenas focar nos resultados.
Além disso, o professor mediador desempenha um papel fundamental na promoção da reflexão crítica. De acordo com Feuerstein (2014), a mediação não deve ser passiva, mas sim ativa, ajudando os alunos a relacionar os conceitos matemáticos com suas experiências anteriores e aplicá-los em diferentes contextos. Esse tipo de abordagem é essencial para garantir que o uso de tecnologias como o Photomath não comprometa o desenvolvimento da autonomia dos alunos no aprendizado da matemática.
Outro aspecto importante é que o professor deve estar preparado para lidar com as limitações das tecnologias. Embora o Photomath ofereça soluções rápidas e precisas, Silva e Rêgo (2020) observam que ele não substitui o papel do professor em adaptar as explicações às dificuldades específicas dos alunos. O professor, portanto, precisa usar o aplicativo como uma ferramenta complementar, ajustando o ensino de acordo com as necessidades individuais.
O professor mediador também ajuda a estabelecer uma relação mais próxima com os alunos, o que pode melhorar o ambiente de aprendizado. Segundo Cortella (2018), o sucesso da mediação depende da capacidade do professor de entender as realidades dos alunos e de construir um ambiente de confiança, onde eles se sintam confortáveis para expressar dúvidas e enfrentar os desafios matemáticos.
Ao promover um ambiente de colaboração, o professor mediador encoraja o aprendizado entre pares. Haydt (2006) destaca que a mediação envolve não apenas a relação professor-aluno, mas também a interação entre os próprios alunos, o que contribui para o desenvolvimento de habilidades sociais e cognitivas. O uso do Photomath pode ser otimizado quando os alunos são incentivados a discutir as soluções oferecidas pelo aplicativo e a comparar diferentes abordagens para resolver problemas.
A mediação também é importante para garantir a equidade no acesso ao conhecimento. Möller (2015) observa que, ao mediar o processo de ensino, o professor pode garantir que todos os alunos, independentemente de suas habilidades ou origens, tenham a oportunidade de aprender e progredir. No contexto de tecnologias como o Photomath, isso significa garantir que o uso do aplicativo seja equilibrado, de forma a não favorecer apenas os alunos que já possuem habilidades matemáticas mais desenvolvidas.
Por fim, o professor mediador precisa estar sempre atento à evolução das tecnologias educacionais. Como aponta D’Ambrósio (2002), o papel do professor no futuro será cada vez mais de guia e facilitador, ajudando os alunos a navegarem pelo vasto campo de informações oferecido pelas novas tecnologias. No caso do Photomath, isso significa garantir que a ferramenta seja usada para complementar o aprendizado e não como um atalho para evitar o esforço cognitivo.
5. Considerações Finais
O uso do Photomath como ferramenta pedagógica no ensino de matemática apresenta tanto benefícios quanto desafios, mas, com a mediação adequada do professor, pode contribuir significativamente para o processo de ensino-aprendizagem. O aplicativo oferece uma solução prática e acessível para auxiliar alunos a resolverem problemas matemáticos e entenderem os processos envolvidos. No entanto, seu uso deve ser orientado de forma crítica, a fim de evitar que os alunos se tornem dependentes das respostas automáticas, comprometendo o desenvolvimento de suas habilidades de raciocínio lógico e autonomia. O papel do professor, portanto, continua sendo fundamental para garantir que o Photomath seja integrado de maneira eficaz às práticas educativas.
A inclusão do Photomath na formação de professores de matemática pode ser vista como uma oportunidade de preparar os futuros educadores para lidar com as novas demandas do ensino na era digital. O aplicativo proporciona aos professores em formação uma ferramenta prática que pode ser utilizada tanto para a resolução de problemas quanto para a análise de métodos de ensino que incorporem a tecnologia de forma eficiente. Ele também serve como um recurso útil para ajudar os docentes a explorar novas metodologias pedagógicas que integram o uso de tecnologias com o ensino tradicional. Dessa forma, o Photomath pode contribuir para o desenvolvimento de competências digitais e pedagógicas que são essenciais para o professor do século XXI.
Além disso, a prática com o Photomath permite que os professores desenvolvam uma visão crítica sobre o uso de ferramentas tecnológicas em sala de aula. Ao utilizá-lo durante a formação, eles podem refletir sobre as limitações e os riscos envolvidos no uso excessivo da tecnologia, preparando-se para orientar seus futuros alunos a usarem essas ferramentas de maneira responsável e eficaz. Isso fortalece a capacidade dos professores de mediar o uso do aplicativo, garantindo que ele sirva como um complemento ao aprendizado e não como uma substituição da prática de resolução de problemas.
Para futuros estudos, seria interessante explorar o impacto do uso prolongado do Photomath no desenvolvimento das habilidades de resolução de problemas em diferentes faixas etárias e níveis de ensino. Pesquisas que investiguem como os alunos aplicam os conceitos aprendidos com o auxílio do aplicativo em situações reais podem fornecer insights valiosos sobre sua eficácia a longo prazo. Além disso, estudos que analisem o impacto do Photomath em alunos com dificuldades de aprendizado podem ajudar a ajustar o uso da ferramenta para atender às necessidades de grupos específicos.
No âmbito das práticas educacionais, sugere-se que os professores adotem uma abordagem equilibrada, combinando o uso do Photomath com métodos tradicionais de ensino. É importante que as aulas não se tornem totalmente dependentes de ferramentas tecnológicas, mas que estas sejam usadas como suporte para aprofundar o entendimento dos conceitos. A formação continuada dos professores deve incluir a capacitação para o uso crítico de tecnologias educacionais, permitindo que os docentes façam escolhas informadas sobre quando e como utilizar o Photomath e outros aplicativos de maneira produtiva em suas práticas pedagógicas.
Ao longo dos próximos anos, espera-se que mais ferramentas tecnológicas surjam para apoiar o ensino de matemática. Portanto, é crucial que a pesquisa e o desenvolvimento na área da educação continuem a explorar a melhor forma de integrar essas inovações sem comprometer a qualidade do ensino e a autonomia dos alunos.
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