EFFICACY OF PHYSIOTHERAPEUTIC INTERVENTION IN RUNNERS IN SPORTS: A REVIEW STUDY
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ma102401220855
Larissa Gonçalves Garbossa1; Maria Eduarda Barbosa de Souza1; Talita Nayara Marçal1; Amanda Sanna de Carvalho Pereira1; Rosilda Teixeira da Silva Rossi1; Laryssa Santos Garve1; Bianca da Silva Gois Paris1; Bruno Fernando de Souza Tavares.2
Resumo:
INTRODUÇÃO: A incidência de lesões esportivas varia por tipo de esporte, tempo de prática e competitividade. Em 2018-19, a Austrália gastou aproximadamente 1,2 bilhão AUD no tratamento de lesões esportivas, destacando o impacto financeiro. A prevalência de lesões nos membros inferiores entre corredores varia de 19,4% a 79,3%, ressaltando a necessidade de prevenção eficaz. Treinamentos intensivos podem levar a lesões; a prevenção é fundamental para manter a performance a longo prazo. METODOLOGIA: A revisão, realizada entre Outubro e Dezembro de 2024, envolveu a pesquisa em bases científicas PubMed, Scopus, Cochrane Library e LILACS. Estudos entre 2019 e 2024 utilizando com os seguintes descritores: Serviços de Fisioterapia AND Corrida AND Tratamento, em português, inglês e espanhol. RESULTADOS: Foram encontrados 1.143 artigos na pesquisa, após a exclusão de estudos duplicados e com animais, foram elegidos 230 que correspondiam aos critérios. Destes, foram extraídos 9 artigos lidos na íntegra e apenas 5 artigos atenderam aos critérios de inclusão na revisão. DISCUSSÃO: Intervenções fisioterapêuticas são essenciais na prevenção e tratamento de lesões em corredores, com técnicas como crioterapia e massagem mostrando-se eficazes. Programas personalizados de treinamento, incluindo avaliações nutricionais, melhoram a cicatrização e desempenho dos atletas. CONCLUSÃO: Novos estudos são necessários para ampliar o conhecimento e validar estratégias existentes.
Palavras-Chaves: Corrida, Fisioterapia, Tratamento
Abstract:
INTRODUCTION: The incidence of sports injuries varies by type of sport, duration of practice, and competitiveness. In 2018-19, Australia spent approximately 1.2 billion AUD on treating sports injuries, highlighting the financial impact. The prevalence of lower limb injuries among runners ranges from 19.4% to 79.3%, emphasizing the need for effective prevention. Intensive training can lead to injuries; prevention is crucial to maintain long-term performance. METHODOLOGY: The review, conducted between October and December 2024, involved research in scientific databases such as PubMed, Scopus, Cochrane Library, and LILACS. Studies between 2019 and 2024 using the following descriptors: Physical Therapy Services AND Running AND Treatment, in Portuguese, English, and Spanish. RESULTS: A total of 1,143 articles were found in the search. After excluding duplicate studies and those involving animals, 230 met the criteria. Of these, 9 articles were read in full, and only 5 articles met the inclusion criteria for the review. DISCUSSION: Physiotherapeutic interventions are essential in the prevention and treatment of injuries in runners, with techniques such as cryotherapy and massage proving effective. Personalized training programs, including nutritional assessments, improve athletes’ healing and performance. CONCLUSION: New studies are needed to expand knowledge and validate existing strategies.
Keywords: Running, Physiotherapy, Treatment
INTRODUÇÃO
A incidência de determinadas lesões esportivas pode variar de acordo com uma série de fatores como, o tipo de esporte praticado, o tempo da prática esportiva e a presença ou não de caráter competitivo durante a prática (Prieto-González et al., 2021). Um estudo realizado na Austrália relatou que em 2018-19, aproximadamente 1,2 bilhão AUD foram gastos no tratamento de lesões causadas pela atividade física, destacando o significativo impacto financeiro das lesões esportivas, o que contrasta com as economias substanciais decorrentes do aumento da atividade física (Docking, 2024). Outro estudo mostra que a prevalência de lesões nos membros inferiores relacionadas à corrida em corredores varia entre 19,4% e 79,3%. Essa variação destaca o risco significativo de lesões associadas à corrida, enfatizando a necessidade de estratégias de prevenção eficazes e técnicas de treinamento adequadas (Głąbień et al., 2024).
O esporte de rendimento ou de competição exige dos atletas, ao longo dos anos, o máximo do seu rendimento ou performance, para obtenção de resultados expressivos. Para atingir os resultados, são utilizados treinamentos estressantes, em que o corpo, às vezes, não suporta tanta solicitação e se lesiona (Terokhina; Dudnil; Remeshevskiy, 2023). Para que esses problemas não ocorram, o melhor tratamento é a prevenção, através da utilização de equipamentos eficazes, treinamentos corretos, individualizados e preparados por profissionais qualificados, o que permitirá a obtenção de resultados expressivos por longo tempo, sem lesionar o corpo e limitar essa prática (Liu et al., 2023).
A corrida é um esporte amplamente praticado tanto por amadores quanto por profissionais, oferecendo inúmeros benefícios para a saúde física e mental. Atletas amadores geralmente começam a correr como uma forma de melhorar a qualidade de vida, reduzir o estresse e manter a forma física (Ruta et al., 2024). Por outro lado, corredores profissionais e maratonistas dedicam-se a treinamentos intensivos e específicos para alcançar alto desempenho e competir em níveis elevados. Estudos mostram que a prática regular da corrida melhora a capacidade cardiovascular, aumenta a resistência muscular e promove a liberação de endorfinas, contribuindo para o bem-estar geral (Nikolaidis; Knechtle, 2024).
Além disso, a corrida pode ser adaptada a diferentes níveis de habilidade e objetivos, tornando-se uma atividade inclusiva e acessível para todos. De acordo com um estudo descritivo e exploratório sobre a corrida de rua, os praticantes relatam melhorias significativas na qualidade de vida, incluindo aspectos como a saúde física, mental e social (Freitas; Sedorko, 2021). A corrida de rua, em particular, proporciona um senso de comunidade e pertencimento, incentivando a interação social e o apoio mútuo entre os corredores (Yang; Ju; Tian, 2022).
A prática regular de exercícios físicos é fundamental na promoção da saúde geral e funcional, tornando evidente que é essencial não apenas para melhorar a qualidade de vida, mas também para a manter a saúde a longo prazo (Kalfin; Yuningsih; Prabowo, 2024). Além de promover o bem-estar físico, psicológico e social, o exercício físico é reconhecido como uma estratégia eficaz na prevenção de doenças crônicas, como doenças cardíacas, diabetes e problemas musculoesqueléticos (Fairag et al., 2024).
No caso dos corredores, que englobam desde amadores até maratonistas profissionais, o esporte exige uma combinação de resistência, técnica e força, o que pode colocar grande pressão sobre o corpo, especialmente nas articulações e músculos (Boullosa et al., 2020). Para esses atletas, o treinamento intensivo e a longa duração das corridas, como em maratonas, podem aumentar o risco de lesões, como tendinites, fraturas por estresse e lesões musculares (Scheer et al., 2021).
A fisioterapia, nesse contexto, não só auxilia na recuperação dessas lesões, mas também desempenha um papel preventivo, ajudando tanto os corredores amadores quanto os profissionais a otimizar seu desempenho e a minimizar o risco de problemas musculoesqueléticos, sendo essencial para garantir a durabilidade da prática esportiva desses atletas (Leppänen et al., 2024).
Nesse contexto, a atuação do fisioterapeuta é além da simples reabilitação de lesões. Este profissional é essencial para a melhoria do desempenho esportivo, aplicando intervenções específicas que visam melhorar a funcionalidade, a resistência e a resistência muscular do atleta (Alshabrami et al., 2024). A prevenção de lesões também ocupa uma parte significativa de sua atuação, sendo a educação sobre o uso adequado do corpo durante a prática esportiva e a realização de exercícios preventivos a chave para evitar danos musculoesqueléticos (Emery; Pasanen, 2019). A formação acadêmica do fisioterapeuta, deve abranger uma variedade de conhecimentos e práticas, garantindo que o profissional esteja apto a atuar de forma eficaz em diferentes condições (Timmerberg et al., 2022).
É primordial considerar a relevância e a eficácia das intervenções fisioterapêuticas em corredores, um dos grupos de atletas mais disposto a lesões devido à natureza repetitiva de seus treinos (Mellinger; Neurohr, 2019). Estudos recentes demonstram que as abordagens fisioterapêuticas, como o fortalecimento muscular, alongamento e correção de biomecânica, desempenham um papel vital na recuperação de lesões comuns entre corredores, como as lesões no joelho, tendinites e lesões musculares (Ziegelmeyer, 2019). Além disso, essas intervenções não só aceleram a recuperação, mas também contribuem de maneira significativa para a prevenção de novos episódios lesivos, permitindo que os corredores retomem sua rotina de treinos com maior segurança e eficiência (Wu et al., 2024).
Dessa forma, o objetivo deste estudo é analisar a literatura existente sobre a eficácia das intervenções fisioterapêuticas em corredores com foco em sua contribuição para a recuperação das lesões e para a melhoria do desempenho esportivo. Através de uma análise crítica das práticas e das evidências científicas mais recentes, busca-se entender de que maneira a fisioterapia pode ser aplicada de forma personalizada para atender às necessidades dos corredores, otimizando tanto sua saúde funcional quanto seu desempenho atlético.
METODOLOGIA
A revisão foi realizada nos meses de Outubro a Dezembro de 2024, por meio da pesquisa em bases de dados científicas, incluindo PubMed, Scopus, Cochrane Library e LILACS utilizando com os seguintes descritores em ciências da saúde DeCS/MeSH e operadores booleanos padronizados: Serviços de Fisioterapia AND Corrida AND Tratamento, em português, inglês e espanhol. A seleção incluiu estudos publicados entre 2019 e 2024 que abordassem a intervenções da fisioterapia no âmbito esportivo.
A seleção dos estudos e extração dos dados ocorreu em três momentos: primeiramente os estudos foram analisados pelo título e resumo, incluindo aqueles que fossem estudos clínicos randomizados, meta-análises, e estudos de coorte que avaliem intervenções fisioterapêuticas em atletas. Os critérios de exclusão se deram ao estudos que não envolvessem população atlética de corredores, convalescença e intervenções fora do escopo da fisioterapia. O processo de revisão foi realizado pela plataforma do software RayyanⓇ, através da seleção de estudos, extração de dados e avaliação da qualidade metodológica para classificação e organização (Ng et al., 2024).
A seleção dos estudos e extração dos dados se deu por três etapas: primeiramente os estudos foram analisados pelo título e resumo, incluindo aqueles que: 1) Teriam algum estudo relacionado a intervenções da Fisioterapia; 2) Que estivesse inserido em corridas e/ou maratonas de corrida; 3) estivesse relacionado ao tratamento ou atuação no esporte dos atletas de corrida; 4) publicado em português ou espanhol ou inglês. Foram excluídos os estudos: 1) que não passaram por peer-review (revisão por partes), como também editorial, letters (cartas), resenhas ou book reviews (resenha de livros) e pré-print (Pré impressão); 2) com população que não fosse exclusivamente de atletas relacionados a corrida; 3) que foram aplicados em profissionais de saúde; 4) referente a animais.
Na segunda etapa, após a inclusão dos artigos por meio do título e resumo, os estudos foram analisados, separados e categorizados por intervenções fisioterápicas, de atletas que participaram de corridas no âmbito esportivo; e na sequência foram incluídos somente aqueles que apresentavam os três itens juntos.
No total foram encontrados 1.143 artigos na pesquisa e, após a exclusão dos 7 artigos duplicados, 26 de estudo com animais, foram dispostos 1.110 artigos elegíveis dos quais 230 correspondiam aos critérios. Destes, foram extraídos 9 artigos lidos na íntegra para a elegibilidade. Durante a revisão do texto completo, 5 artigos atenderam aos critérios de inclusão na revisão. A figura 1 (fluxograma) ilustra o processo de busca.
Figura 1. Fluxograma PRISMA do processo de seleção dos estudos.
Elaborado pelos autores
RESULTADOS
Os estudos analisados fornecem uma visão abrangente sobre a eficácia das intervenções fisioterapêuticas em corredores, abordando tanto a prevenção quanto o tratamento de lesões.
Tabela 1. Resumo dos estudos incluídos sobre Fisioterapia, Corrida e Tratamento. (n=5)
Autores | Título | Objetivo | Desenho do estudo | Participantes/seleção do estudo | Domínio | Principais conclusões |
Bunn et al. (2020) | The effect of different physical therapy procedures in ultramarathons | Investigar os efeitos de curto prazo de três procedimentos de fisioterapia na redução da dor aguda em corredores durante a Ultramaratona Rio 24h: massoterapia, CWI e alongamento. | Estudo retrospectivo e pragmático | Os participantes deste estudo foram atletas inscritos nas três edições da Ultramaratona Rio 24h (2013, 2014 e 2015), homens e mulheres, civis e militares (n = 602). | Competência da massoterapia, CWI e alongamento na redução de dor aguda em corredores | O uso das técnicas isoladamente mostrou efeito positivos na redução da dor aguda dos corredores participantes da Ultramaratona Rio 24h |
Hammer; Spitzer; Springer (2021) | Backward Running on a Negative Slope as a Treatment for Achilles Tendinopathy in Runners: A Feasibility Pilot Study | Avaliar a viabilidade de um programa BR em uma inclinação negativa como uma opção de tratamento para AT em corredores. | Estudo piloto de viabilidade prospectivo de braço único. | Foram selecionados 15 participantes maiores de 18 e menores de 70 anos, que foram diagnosticado com AT por um cirurgião o ortopédico (ES) de acordo com dor não traumática e sensibilidade no tendão de Aquiles e relato de diminuição dos níveis de atividade secundária à dor no tendão de Aquiles (duração dos sintomas > 12 semanas), histórico de corrida pelo menos uma vez por semana nos últimos 3 meses | Tratamento para tendinopatia do tendão de Aquiles através da BR em uma esteira com inclinação negativa de 8° | Os resultados mostram que a BR em uma inclinação negativa é um mecanismo possível para tratar corredoressofrendo de AT |
Lempke et al. (2023) | Clinical assessment, treatment, and referral trends for adolescent runners seeking care at an injured runners’ clinic | Avaliar tendências de diagnóstico, tratamento e encaminhamento para corredores adolescentes que buscam atendimento para lesões relacionadas à corrida (IRRs) em uma clínica especializada em medicina de corrida. | Revisão retrospectiva de prontuários de 392 corredores adolescentes (2.326 encontros) que buscaram atendimento para RRIs entre os anos de 2011 e 2021. | Os pacientes deste estudo são adolescentes entre 10 a 17 anos que foram diagnosticados com uma RRI atual e procuraram atendimento na clínica. | O cenário de diagnóstico, tratamento e encaminhamento para corredores adolescentes que procuram atendimento em um hospital afiliado, Clínica de Corredores Feridos | Os principais métodos de avaliação e tratamento foram testes manuais, fisioterapia, uso de órteses e suplementos nutricionais. Ressalta que lesões na canela demandam mais recursos clínicos para esses pacientes. |
Toresdahl et al. (2019) | A Randomized Study of a Strength Training Program to Prevent Injuries in Runners of the New York City Marathon | Avaliar o efeito de um programa de treinamento de força autodirigido na incidência de lesões por uso excessivo resultando em não conclusão da maratona em uma coorte de corredores treinando para sua primeira maratona. | Ensaio prospectivo randomizado | Corredores de maratona pela primeira vez que se registraram para a Maratona da Cidade de Nova York. Os participantes era fisicamente aptos, com pelo menos 18 anos de idade, sem uma lesão atual, totalizando em 720 corredores participantes do estudo iniciaram a corrida, 310 no grupo de observação e 273 no treinamento de força | Efeitos de um programa de treinamento | O programa de treinamento de força autodirigido não resultou em uma redução significativa na incidência de lesões ou melhora no tempo médio de conclusão. |
WEI et al. (2024) | Influence of foot strike patterns and cadences on patellofemoral joint stress in male runners with patellofemoral pain | Investigar o efeito da interação do padrão de pisada e cadência no ângulo e momento da articulação do joelho, e as medidas de desfecho secundárias de interesse foram calcular o estresse da articulação patelofemoral em corredores do sexo masculino com PFP | Estudo transversal | Vinte corredores participantes do sexo masculino com PFP foram recrutados neste estudo, com idade entre 18 e 45 anos, que corressem pelo menos 15 km por semana antes da inscrição e que relataram dor no joelho de pelo menos 3/10 na escala visual analógica | Efeito dos padrões de pisada e cadência em corredores | Correr com cadência preferencial de +10% e padrão FFS pode reduzir a carga na articulação patelofemoral em corredores do sexo masculino com PFP. A combinação do padrão FFS e +10% de cadência preferida pode maximizar a redução do estresse da articulação patelofemoral. |
Fonte: elaborada pelos autores.
DISCUSSÃO
O estudo de Toresdahl et al. (2019) teve como objetivo avaliar se um programa de treinamento de força de 12 semanas poderia reduzir a taxa de lesões por uso excessivo em corredores da Maratona de Nova York. Os resultados mostraram que a incidência de lesões graves foi de 8,9%, enquanto as lesões leves foram de 48,5%. No entanto, não houve diferença significativa na taxa de lesões graves entre os grupos de treinamento e observação, concluindo-se que o programa de treinamento de força não reduziu a incidência de lesões por uso excessivo.
No estudo de Sampietro et al. (2023) foram incluídos 10 artigos com um total de 7960 corredores. Entretanto, não há evidências sólidas de que uma estratégia seja significativamente mais eficaz do que outras na redução da incidência de lesões em corredores. Programas individualizados e multicomponentes focados no neuromuscular e correção da corrida, monitorados por profissionais, mostraram-se promissores, mas outros estudos são necessários para conclusões confiáveis (Sampietro et al., 2023).
A pesquisa de Lempke et al. (2023) teve como objetivo avaliar as tendências de diagnóstico, tratamento e encaminhamento para corredores adolescentes com lesões relacionadas à corrida (RRIs) ao longo de um período de 10 anos (2011-2021). A maioria dos pacientes recebeu avaliações manuais ou testes especiais, sendo as lesões na canela as mais comuns e que exigiram mais recursos clínicos. Na pesquisa de Deshmukh Jr; Phansopkar; Wanjari (2022) mostrou que tratamento fisioterapêutico personalizado, é eficaz na redução da dor e na melhoria da capacidade funcional e mobilidade em atletas com síndrome do estresse tibial medial (MTSS). Após duas semanas de tratamento, o paciente apresentou melhora significativa na dor e na função, com redução da sensibilidade e aumento da amplitude de movimento, corroborando com o estudo anterior.
Ainda na pesquisa de Lempke et al. (2023) houve um aumento nas avaliações nutricionais e intervenções após 2015, coincidindo com novas recomendações de saúde esportiva. As visitas clínicas para lesões na canela exigiram mais recursos clínicos, e houve mudanças nas abordagens de avaliação e tratamento para incluir mais considerações nutricionais e fisiológicas. As intervenções nutricionais não são comumente padronizadas na reabilitação, mas são essenciais para a recuperação. Há necessidade de avaliações nutricionais e estratégias para melhorar a cicatrização, particularmente para lesões como lesões na canela, que requerem cuidados abrangentes, colaborando com a hipótese da pesquisa de Lempke et al. (2023) (Smith-Ryan et al., 2020).
No estudo de Hammer, Spitzer e Springer (2021), foi investigada a viabilidade de um programa de corrida para trás em uma inclinação negativa como opção de tratamento para tendinopatia de Aquiles em corredores. Dos 15 pacientes recrutados, 14 completaram o protocolo sem eventos adversos. A maioria dos participantes alcançou suas metas funcionais relacionadas à corrida, com um aumento significativo no tempo médio de corrida para a frente e melhoria nas pontuações da escala de avaliação. Um estudo relatou o aumento significativo na distância percorrida no teste de condicionamento físico (+189 ± 133 m) após 10 semanas, indicando melhorias nas metas funcionais relacionadas à corrida, correlacionando os achados de Hammer, Spitzer e Springer (2021). No entanto, detalhes específicos sobre o tempo médio de execução e as pontuações da escala de avaliação não foram fornecidos (Stevinson et al., 2020).
Bunn et al. (2020) analisaram os efeitos dos procedimentos de fisioterapia na redução da dor aguda em corredores e investigaram o impacto das condições climáticas no número de visitas à fisioterapia durante a Ultramaratona Rio 24h. Um total de 1.995 atendimentos foi realizado em 602 atletas, e a dor final diminuiu significativamente em relação à dor inicial para os três tratamentos (massoterapia, crioterapia e alongamento), sem diferenças significativas entre os grupos. As condições ambientais não influenciaram o número de visitas à fisioterapia, concluindo que massoterapia, crioterapia e alongamento são tratamentos eficazes para a redução da dor aguda durante ultramaratonas. Uma pesquisa demonstrou que crioimersão e a massagem desportiva parecem ser técnicas eficazes na recuperação de atletas após exercícios físicos, podendo ser aliadas dos fisioterapeutas esportivos na prevenção e reabilitação de atletas, corroborando com o estudo anterior (Rocha et al., 2019). Em outro estudo realizado o alongamento não mostrou efeitos significativos na redução da dor muscular, a crioterapia foi eficaz na redução da dor e inflamação e a massagem reduziu a dor muscular melhorando a circulação e acelerando a recuperação (Nahon; Lopes; Neto, 2021).
Por fim, o estudo de Wei et al. (2024) investigou o efeito da combinação do padrão de batida do pé e da cadência na articulação do joelho e no estresse da articulação patelofemoral em corredores masculinos com dor femoropatelar (PFP). Os participantes foram instruídos a alterar seu padrão de batida do pé para a parte anterior do pé (FFS) e a aumentar a cadência de corrida em 10%. Os resultados mostraram que aumentar a cadência resultou em menor ângulo de flexão do joelho e menor momento de rotação interna do joelho.
A combinação do padrão FFS e aumento de 10% na cadência reduziu significativamente o estresse da articulação patelofemoral em comparação com o padrão de batida do calcanhar e a cadência preferida. Concluiu-se que correr com um aumento de 10% na cadência e com o padrão FFS pode reduzir a carga na articulação patelofemoral em corredores masculinos com PFP, oferecendo uma estratégia simples para gerenciar a PFP. No artigo de CHANG; CEN (2024) indica evidências moderadas de que a adoção de um padrão de ataque no antepé (FFS) e o aumento da taxa de passo podem reduzir a carga da articulação patelofemoral (PFJ), potencialmente aliviando a dor patelofemoral (PFP) em corredores, apoiando a estratégia de modificar a técnica de corrida, sugerindo um possível caminho para novas pesquisas a respeito do FFS.
Em resumo, os estudos analisados sublinham a importância das intervenções fisioterapêuticas tanto na prevenção quanto no tratamento de lesões em corredores, destacando a necessidade de programas personalizados e bem estruturados. A fisioterapia, com suas diversas abordagens, mostra-se eficaz na redução da dor aguda, prevenção de lesões e promoção da recuperação funcional, contribuindo significativamente para a saúde e o desempenho dos corredores.
CONCLUSÃO
A análise dos estudos destaca a importância das intervenções fisioterapêuticas na prevenção e tratamento de lesões em corredores. Embora algumas abordagens como alongamento não tenham mostrado eficácia significativa, técnicas como crioterapia e massagem se mostraram promissoras na redução da dor e na promoção da recuperação. A personalização dos programas de treinamento, incluindo avaliações nutricionais e estratégias específicas, é essencial para melhorar a cicatrização e o desempenho dos atletas.
No geral, a fisioterapia oferece uma variedade de métodos eficazes para a reabilitação e prevenção de lesões, contribuindo significativamente para a saúde e a performance dos corredores. Entretanto, é crucial realizar novos estudos para ampliar o conhecimento sobre o tema e validar as estratégias existentes. Pesquisas adicionais podem explorar diferentes abordagens, avaliar a eficácia a longo prazo das intervenções e desenvolver protocolos personalizados que considerem variáveis individuais. Isso permitirá um avanço significativo na área e contribuirá para a melhoria contínua dos cuidados e da recuperação dos corredores.
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1Acadêmico do Curso de Fisioterapia do UniCV
2Professor Orientador do Curso de Fisioterapia do UniCV . E-mail: prof_brunotavares@unicv.edu.br