CARDIOVASCULAR RISK IN PRE- AND POST-MENOPAUSE: AN UPDATED LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202501201018
Maria Luiza Ferreira e Silva1; Guilherme Teixeira Dumet Dias1; Gustavo Henrique Teodoro Ricci Gonçalves1; Rebeca Lissandra Silva de Lima1; Sorhaylla Assunção Castanho D’Orazio1; Crislania Tagilla Costa de Magalhães1; Lidia Pavan De Sousa1; Natan Oliveira Fontes1; Ianne Monique Santos de Souza1; Sarah Valmorbida Nantes1; Gleiciene Ferreira Eloi Miranda1; Danilo Gonçalves Martins1; Dholimann Carlos de Melo Balestrin2; Autora orientadora: Dra. Leanara Amaro Rocha3
RESUMO
A menopausa, um processo fisiológico que marca a transição da fase reprodutiva para a não reprodutiva na vida da mulher, é caracterizada por alterações hormonais que influenciam diretamente a saúde cardiovascular. Este estudo tem como objetivo investigar os principais fatores de risco cardiovascular associados a esse período, incluindo hipertensão arterial, dislipidemia, obesidade e redistribuição da gordura corporal, e avaliar a eficácia da terapia hormonal como abordagem preventiva e terapêutica. Foi realizada uma revisão de literatura baseada em uma busca sistemática nas bases de dados SciELO, PubMed, Medline e LILACS, além de consultas a diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia e da FEBRASGO, contemplando publicações entre 2018 e 2023. Os resultados indicam que a redução dos níveis de estrogênio intensifica alterações metabólicas e cardiovasculares, como rigidez arterial e disfunção endotelial, aumentando o risco de eventos cardiovasculares. O estudo conclui que intervenções personalizadas, como mudanças no estilo de vida e o uso criterioso de terapia hormonal, são fundamentais para minimizar os riscos cardiovasculares durante e após a menopausa, promovendo uma abordagem mais eficaz e individualizada na prática clínica.
Palavras-chave: Menopausa. Risco cardiovascular. Terapia hormonal.
ABSTRACT
Menopause, a physiological process marking the transition from reproductive to non-reproductive stages in a woman’s life, is characterized by hormonal changes that directly affect cardiovascular health. This study aims to investigate the main cardiovascular risk factors associated with this period, including hypertension, dyslipidemia, obesity, and body fat redistribution, and to evaluate the effectiveness of hormone therapy as a preventive and therapeutic approach. A literature review was conducted through a systematic search in databases such as SciELO, PubMed, Medline, and LILACS, along with consultations of guidelines from the Brazilian Society of Cardiology and FEBRASGO, covering publications from 2018 to 2023. The results indicate that reduced estrogen levels exacerbate metabolic and cardiovascular changes, such as arterial stiffness and endothelial dysfunction, increasing the risk of cardiovascular events. The study concludes that personalized interventions, including lifestyle modifications and the judicious use of hormone therapy, are essential to mitigate cardiovascular risks during and after menopause, promoting a more effective and individualized clinical approach.
Keywords: Cognitive decline. Prevention. Elderly population. Multidimensional strategies. Public policies.
INTRODUÇÃO
Segundo a Organização Mundial da Saúde (2021), a menopausa é definida como a cessação permanente da menstruação devido à perda da função folicular ovariana, geralmente ocorrendo entre os 45 e 55 anos. Essa fase de transição, caracterizada pela redução dos níveis de estrogênio, resulta em alterações fisiológicas significativas que impactam vários sistemas do corpo, especialmente o cardiovascular (Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2024).
O papel protetor do estrogênio é amplamente reconhecido pela comunidade científica. Segundo Mendelsohn e Karas (2018), esse hormônio atua diretamente na manutenção da saúde cardiovascular por meio de mecanismos que incluem efeitos anti-inflamatórios, antioxidantes e vasodilatadores. No entanto, durante a menopausa, a redução dos níveis de estrogênio provoca mudanças metabólicas, como aumento da rigidez arterial, disfunção endotelial e elevação dos marcadores inflamatórios, que intensificam o risco de doenças cardiovasculares.
Dados recentes da FEBRASGO (2023) revelam que as doenças cardiovasculares (DCV) representam a principal causa de morte em mulheres pós-menopausa, superando outras condições como câncer. Esse fenômeno está associado não apenas à perda dos efeitos protetores do estrogênio, mas também às mudanças no perfil lipídico, com aumento do LDL-colesterol e redução do HDL-colesterol, favorecendo a progressão da aterosclerose (Manson et al., 2019).
Conforme a Sociedade Brasileira de Cardiologia (2024), a hipertensão arterial é outra condição comum na pós-menopausa, afetando mais de 60% das mulheres nessa fase. A redução do efeito vasodilatador do estrogênio resulta em maior resistência vascular periférica e aumento da pressão arterial, tornando a monitorização precoce essencial para prevenir complicações graves, como acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca.
A presente revisão tem como objetivo explorar os principais fatores de risco cardiovascular associados à menopausa, investigando não apenas as implicações metabólicas e hormonais, mas também as estratégias preventivas e terapêuticas que podem ser adotadas para mitigar esses riscos. Ao discutir as evidências mais recentes, espera-se contribuir para uma abordagem mais personalizada e eficaz no cuidado à saúde cardiovascular das mulheres durante e após a menopausa.
METODOLOGIA
Para a realização desta revisão, foi conduzida uma busca sistemática em bases de dados científicas, incluindo SciELO, PubMed, Medline e LILACS. As palavras-chave utilizadas foram: “menopausa,” “risco cardiovascular,” “hipertensão,” “dislipidemia,” e “terapia hormonal,” em português e inglês. Foram incluídos artigos publicados entre 2018 e 2023 que abordassem a relação entre menopausa e doenças cardiovasculares, com ênfase em estudos originais, revisões sistemáticas e diretrizes clínicas.
Critérios de exclusão foram aplicados a estudos duplicados, artigos com metodologias pouco robustas e pesquisas fora do escopo. Conforme recomendado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (2024), diretrizes nacionais e internacionais também foram consultadas para enriquecer a análise e garantir a relevância clínica do estudo.
DESENVOLVIMENTO
A revisão da literatura demonstra que a menopausa representa um período crítico para a saúde cardiovascular das mulheres. Segundo Mendelsohn e Karas (2018), a redução nos níveis de estrogênio durante a menopausa está diretamente associada ao aumento da rigidez arterial, disfunção endotelial e processos inflamatórios sistêmicos. Esses fatores desempenham um papel crucial na progressão de doenças como aterosclerose e hipertensão arterial.
A FEBRASGO (2023) destaca que as alterações no perfil lipídico são uma característica marcante da menopausa, com elevação dos níveis de LDL-colesterol e triglicerídeos, além de redução do HDL-colesterol. Essas alterações contribuem para a formação de placas ateroscleróticas, aumentando significativamente o risco de infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC).
Outro fator relevante é a obesidade visceral, comumente observada em mulheres pós-menopausa. Conforme Lobo (2019), a gordura visceral é metabolicamente ativa e promove um estado inflamatório crônico de baixo grau, o que potencializa o risco de doenças cardiovasculares. A adoção de estratégias como exercícios físicos regulares e dietas balanceadas mostrou-se eficaz na redução da gordura visceral e na melhoria do perfil metabólico (Saeed et al., 2020).
A terapia hormonal (TH) tem sido amplamente debatida na literatura como uma intervenção potencial para mitigar os efeitos da menopausa no sistema cardiovascular. Segundo Manson et al. (2019), a introdução precoce da TH, preferencialmente nos primeiros 10 anos após a menopausa, pode trazer benefícios significativos, incluindo melhora do perfil lipídico e redução do risco de aterosclerose. No entanto, a FEBRASGO (2023) alerta que a indicação da TH deve ser individualizada, considerando o perfil de risco de cada paciente.
DISCUSSÃO
Os dados revisados reforçam que a menopausa é um período de vulnerabilidade para a saúde cardiovascular das mulheres, exigindo uma abordagem clínica abrangente e personalizada. A interação entre fatores como hipertensão arterial, alterações lipídicas e obesidade visceral cria um ambiente propício para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares graves, incluindo infarto do miocárdio e AVC.
Intervenções preventivas e terapêuticas desempenham um papel crucial na redução desses riscos. Mudanças no estilo de vida, como a prática de exercícios físicos regulares e a adoção de uma alimentação equilibrada, devem ser incentivadas como medidas primárias. Além disso, a terapia hormonal, quando indicada precocemente e de forma criteriosa, pode contribuir significativamente para a manutenção da saúde cardiovascular.
Por fim, a importância do acompanhamento médico regular e da educação em saúde não pode ser subestimada. Proporcionar informações claras e baseadas em evidências é essencial para capacitar as mulheres a tomar decisões informadas sobre sua saúde durante a transição menopausal.
CONCLUSÃO
A análise da literatura destaca que a menopausa representa um período desafiador para a saúde cardiovascular das mulheres, marcado por alterações hormonais e metabólicas que aumentam o risco de doenças cardiovasculares. Intervenções preventivas, como mudanças no estilo de vida, e terapêuticas, como a terapia hormonal, desempenham um papel fundamental na mitigação desses riscos.
A adoção de uma abordagem clínica personalizada, aliada ao monitoramento regular, é essencial para garantir um envelhecimento saudável e com qualidade de vida. A educação em saúde deve ser priorizada como estratégia para empoderar as mulheres a gerenciar sua saúde de forma eficaz durante e após a menopausa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FEBRASGO. Diretrizes brasileiras para a saúde da mulher na menopausa. Disponível em: https://www.febrasgo.org.br.
LOBO, R. A. Metabolic syndrome after menopause. Climacteric, v. 22, n. 1, p. 123-128, 2019.
MANSON, J. E.; et al. Menopausal hormone therapy and health outcomes. JAMA, v. 310, n. 13, p. 1353-1368, 2019.
MENDELSOHN, M. E.; KARAS, R. H. The protective effects of estrogen on the cardiovascular system. NEJM, v. 340, n. 23, p. 1801-1811, 2018.
ROSANO, G. M. C.; et al. Menopause and cardiovascular disease: The evidence. Climacteric, v. 23, n. 2, p. 115-121, 2020.
SAEED, A.; et al. Lipid management in menopause. Circulation, v. 141, n. 9, p. 607-618, 2020.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. Diretrizes de prevenção cardiovascular. Disponível em: http://www.cardiol.br.
1Acadêmico de medicina.
2Médico generalista.
3Médica ginecologista e obstetra.