BACTERIAL PROFILE OF INFECTIONS ASSOCIATED WITH HEALTH SERVICES AT A UNIVERSITY HOSPITAL OF THE SÃO FRANCISCO VALLEY (EBSERH-UNIVASF)
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202501172103
Bárbara do Nascimento Pereira1; Deivison Miranda da Silva1; Marcos Vinícius da Cruz Silva1; Débora Maira Messias Leal do Nascimento2; Lílian Filadelfa Lima dos Santos Leal3; Ianderson de Siqueira Martins4; Ney Penalva Filho5; Jorge Messias Leal do Nascimento6
RESUMO: De acordo com a ANVISA, as principais Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) são infecções cuja aquisição está relacionada a um procedimento assistencial. Acredita-se que pelo menos um milhão de casos de IRAS por ano estão associadas às internações de pacientes e cirurgias mais invasivas, deixando exposto a qualquer tipo de contaminação. Objetivo: o estudo atual objetivou avaliar e traçar o perfil das amostras coletadas do Hospital universitário do estado de Pernambuco (HU – EBSERH), Petrolina – PE. Método: Trata- se de um estudo do tipo retrospectivo, de caráter descritivo e com abordagem quantitativa envolvendo a análise do perfil microbiológico das amostras coletadas no período de janeiro a dezembro de 2020-2024 pelo laboratório de Análises Clínicas do Hospital Universitário. Os dados foram tabulados em planilhas do Excel®, sendo feita a análise descritiva com valores percentuais e absolutos. As identificações bacterianas e os antibiogramas foram realizados através do sistema automatizado BD Phoenix ™, seguindo a metodologia do Clinical and Laboratory Standards Institute. Resultados: Das amostras coletadas apenas 36 apresentaram crescimento bacteriano satisfatório, sendo as amostras de secreções traqueais a que mais teve crescimento microbiano. Os patógenos com maior prevalência foram: Klebsiella Pneumoniae, Escherichia coli e a Pseudomonas aeruginosa, que são três bactérias gram negativas que compartilham de mecanismos de defesa similares Conclusão: O conhecimento destes dados microbiológicos é fundamental, pois permite a elaboração de medidas preventivas e a realização de profilaxias efetivas, diminuindo as taxas de mortalidade, o tempo de internação e na tomada de decisões quanto à antibioticoterapia empírica.
Palavras-chave: Infecção hospitalar, bactérias, resistência bacteriana, hospital universitário
ABSTRACT:
Objective: the current study aimed to evaluate and profile the samples collected from the University Hospital of the State of Pernambuco (HU – EBSERH), Petrolina – PE. Method: This is a retrospective, descriptive study with a quantitative approach involving the analysis of the microbiological profile of samples collected from January to December 2020-2024 by the Clinical Analysis laboratory of the University Hospital. The data were tabulated in Excel® spreadsheets, with descriptive analysis carried out with percentage and absolute values. Bacterial identifications and antibiograms were performed using the BD Phoenix™ automated system, following the methodology of the Clinical and Laboratory Standards Institute. Results: A total of 36 samples were collected, which were positive for bacterial findings. The most prevalent pathogens were: Pseudomonas Aeruginosa, Klebsiella Pneumoniae, Enterobacter cloacae, Staphylococcus Aureus and Staphylococcus Epidermidis. Conclusion: Knowledge of these microbiological data is fundamental, as it allows the development of preventive measures and effective prophylaxis, reducing mortality rates, length of stay and decision-making regarding empirical antibiotic therapy.
Keywords: Hospital infection, bacteria, bacterial resistance, university hospital
INTRODUÇÃO
Os hospitais em geral estão suscetíveis às infecções microbiológicas por diversas espécies bacterianas e em diferentes setores, até mesmo na Unidade de Terapia Intensiva – UTI, que possui pacientes já fragilizados, o que potencializa o número expressivo de mortes destes pacientes (PERNA et al., 2015). Dentre os fatores que podem ser destacados sobre as Infecções Hospitalares – IH, o setor de UTI é o que possui as maiores prevalências descritas de infecções, o trato respiratório é um dos sítios de infecção mais afetados e as bactérias gram-positivas são geralmente identificadas em maior número, (POZZATO E PARISI, 2018).
As IH são um problema grave de saúde pública, sobretudo porque podem agravar a saúde dos pacientes internados nas unidades de saúde, a notificação dos casos de infecção, utilização correta de EPI’S e medidas preventivas são medidas essenciais para mitigar tais infecções (SILVA E RODRIGUES, 2023). A ampla disseminação de bactérias nestes ambientes faz necessário o uso de terapia por antibióticos em muitos casos, medicamentos específicos para infecções bacterianas e que possuem amplos mecanismos, como de inibição da síntese da parede celular, dos ácidos nucleicos, de síntese proteica, desorganização da membrana, dentre outros, (COSTA E SILVA JUNIOR, 2017).
A implantação de protocolos firmes e sérios para a prescrição de antibióticos, visando a redução de danos à saúde do paciente, não favorecimento a resistência bacterianas e também a redução de custo para as unidades de saúde são essenciais (LARA et al., 2017), os profissionais da saúde em geral, tais como farmacêuticos, enfermeiros, médicos, dentre outros estão inseridos neste processo e devem estar cientes das condutas corretas e medidas necessárias que favoreçam a redução das taxas de resistência bacteriana (FERREIRA et al., 2023).
Assim, o objetivo do trabalho foi elucidar a incidência bacteriana de diferentes setores e também de diferentes tipos de amostras de pacientes do Hospital Universitário – HU da Univasf, além de determinar o perfil de resistência e sensibilidade destes descritos frente aos principais antibióticos utilizados.
METODOLOGIA
Esta pesquisa trata-se de um estudo retrospectivo e descritivo com abordagem social quantitativa, inicialmente análise foi realizada utilizando dados provenientes de pacientes internados no Hospital Universitário do Sertão do Vale do São Francisco (HU-EBSERH), que conta com o perfil assistencial de hospital geral de média e alta complexidade à comunidade adulta, com dimensionamento dos serviços assistenciais e de ensino e pesquisa, cujos dados foram coletados por meio de impressos laboratoriais do próprio serviço do hospital. Foram analisados exames de secreções de feridas, secreção de ferida operatória, uroculturas, hemoculturas e fragmentos de tecidos, de pacientes internados em setores diversificados do hospital, como: bloco cirúrgico, sala de medicação, sala de observação da urgência/emergência, no período de fevereiro de 2019 a abril de 2023.
O equipamento utilizado para o processamento das análises foi o Phoenix, responsável por identificar as espécies clinicamente significantes, seguidos pelos seus perfis de sensibilidade e resistência, os microrganismos foram classificados com base no perfil de suscetibilidade, separando-os em microrganismos resistentes (R), sensíveis (S) e intermediários (I). Posteriormente, os dados obtidos foram tabulados em EXCEL e gerados gráficos, para melhor organização e visualização do panorama bacteriano, Assim foi possível mensurar as principais espécies, suas prevalências e relação com os principais antibióticos utilizados, sendo assim possível avaliar a incidência bacteriana em pacientes internados nas salas de observa do Hospital Universitário – HU.
RESULTADOS
Foram fornecidos 36 impressos laboratoriais provenientes das amostras de secreção traqueal, síntese, fragmentos ósseos, fragmentos de tecidos, fluidos biológicos e partes moles de pacientes admitidos nos setores do bloco cirúrgico, sala de observação da urgência e emergência, sala de medicação do HU-UNIVASF, nos 36 resultados analisados foram possíveis isolar dezessete espécies bacterianas diferentes em trinta e três amostras.
Gráfico 1: Incidência bacteriana geral das amostras das coletadas nos setores do bloco cirúrgico, sala de observação de urgência e emergência, sala de medicação do HU-UNIVASF.
As amostras de secreções traqueais provenientes dos setores do hospital universitário representam 24% das amostras analisadas, das culturas bacterianas positivas foi possível isolar oito microrganismos de seis espécies bacterianas: Klebsiella pneumoniae, Klebsiella aerogenes, Aeromonas veroni, Pseudomonas aeruginosa, Enterobacter clocae, Acinetobacter baumannii.
Gráfico 2: Incidência bacteriana geral das amostras de secreções traqueais coletadas nos setores do bloco cirúrgico, sala de observação de urgência e emergência, sala de medicação do HU-UNIVASF.
Ao submeter os patógenos isolados provenientes da sala de observação ao teste de perfil susceptibilidade, a Klebsiella pneumoniae apresentou sensibilidade apenas para amicacina, resultado intermediário com a tigeciclina e resistência a maioria dos fármacos como ampicilina, cefepima, cefoxitina, ceftriaxona, ciprofloxacino , ertapenem, gentamicina, imipenem, levofloxacino, meropenem, piperacilina+tazobactam, ampicilina+sulbactam e trimetoprim+sulfametoxazol. Ao testar a Acinetobacter baumannii, nota-se que a mesma apresentou resistência ao trimetoprim+sulfametoxazol, piperacilina+tazobactam, meropenem, levofloxacino, imipenem, gentamicina, ciprofloxacino, ceftazidima, cefepima e amicacina, não apresentou sensibilidade a nenhum dos fármacos testados tendo apenas um resultado intermediário com a ampicilina+sulbactam.
Ao analisar as amostras de secreções traqueais coletadas no setor do bloco cirúrgico foi isolados os microrganismos: Acinetobacter baumannii, Escherichia coli, Klebsiella aerogenes, Enterobacter clocae, Aeromonas veronii e Pseudomonas aeruginosa. Acinetobacter baumannii. A Klebsiella aerogenes foi sensível a cefepima, ciprofloxacino, gentamicina, imipenem, daptomicina, piperacilina+tazobactam, amicacina, tigeciclina, ceftriaxona e foi resistente a ertapenem, meropenem, cefazolina, cefoxitina, ampicilina e ampicilina+sulbactam, Já a Pseudomonas aeruginosa apresentou resistência a ceftazidima, ciprofloxacino, gentamicina, levofloxacina, piperacilina+tazobactam e foi sensível apenas a cefepima, imipenem e a amicacina.
Ao ser realizado o teste de susceptibilidade na Escherichia coli se mostrou resistente a cefepima, ciprofloxacino, ceftriaxona, ertapenem, gentamicina, imipenem, meropenem, piperacilina+sulfametoxazol resistente apenas a ampicilina, a trimetoprim+sulfametoxazol e a ampicilina+sulbactam ficou em intermediário, a Acinetobacter baumannii e a Aeromonas veronii apresentou sensibilidade a todos antibióticos testados não tendo resistência, a Enterobacter cloacae foi sensível a cefepima, ciprofloxacino, ceftriaxona, ertapenem, gentamicina, imipenem, meropenem, piperacilina+tazobactam, amicacina, trimetoprim+sulfametoxazol e apresentou resistência somente à ampicilina, ampicilina+sulbactam, cefazolina e cefoxitina.
As amostras de secreções pós operatórias provenientes dos setores do hospital universitário representam 21% das amostras analisadas, das culturas bacterianas positivas foi possível isolar sete microrganismos de seis espécies bacterianas: Klebsiella aerogenes, Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella pneumoniae (1), Staphylococcus aureus , Streptococcus constellatus e Klebsiella pneumoniae (2).
Gráfico 3: Incidência bacteriana geral das amostras de secreções pós-operatórias coletadas nos setores do bloco cirúrgico, sala de observação de urgência e emergência, sala de medicação do HU-UNIVASF.
Ao submeter os microrganismos isolados das amostras coletadas na sala de observação ao teste de susceptibilidade, a K. aerogenes se mostrou sensível ao a amicacina, cefepima, ceftriaxona, ciprofloxacino, ertapenem, gentamicina, imipenem, meropenem, piperacilina-tazobactam e trimetoprim-sulfametoxazol e resistência aos fármacos como ampicilina, ampicilina-sulbactam, cefazolina, cefoxitina, tigeciclina. A E. coli apresentou resultados similares a K. aerogenes com os demais antimicrobianos com exceção sendo sensibilidade a tigeciclina, resistência ao trimetoprim-sulfametoxazol e o resultado intermediário a ampicilina-sulbactam. A P. aeruginosa isolada neste setor demonstrou sensibilidade a maioria dos antibióticos testados sendo resistente apenas ao imipenem, fármaco que pertence à classe dos carbapenêmicos.
Os cincos microrganismos isolados das amostras de secreção pós operatória da sala de medição apresentaram o seguinte perfil de resistência e sensibilidade: a K .pneumoniae (1) apresentou houve sensibilidade para cefepima, cefoxitina, ceftriaxona, ciprofloxacina, ertapenem, gentamicina, imipenem, meropenem, piperacilina-tazobactam e trimetoprim-sulfametoxazol, resistência para ampicilina, e sendo intermediário a tigeciclina; a K. pneumoniae (2) demonstrou sensibilidade a cefepima, ceftriaxona, cefoxitina, ciprofloxacina, ertapenem, gentamicina, imipenem, meropenem, piperacilina + tazobactam, tigeciclina e trimetoprim-sulfametoxazol, sendo resistente somente ampicilina. Para a S. aureus. houve sensibilidade para daptomicina, linezolid, minociclina, oxacilina, rifampicina, tigeciclina, trimetoprim-sulfametoxazol e vancomicina, resistência para ampicilina, clindamicina, eritromicina e penicilina. Já para a S. Constellatus. houve sensibilidade para cefepima, cefotaxima, cloranfenicol, daptomicina, levofloxacina, linezolid, penicilina e vancomicina e nenhum resultado intermediário ou resistente aos fármacos testados.
As amostras de síntese provenientes dos setores do hospital universitário representam 21% das amostras analisadas, das culturas bacterianas positivas foi possível isolar seis microrganismos de 5 espécies bacterianas: Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli, Staphylococcus aureus (1), Staphylococcus epidermidis, Staphylococcus aureus (2) e a Citrobacter amalonaticus.
Gráfico 4: Incidência bacteriana geral das amostras de síntese coletadas nos setores do bloco cirúrgico, sala de observação de urgência e emergência, sala de medicação do HU-UNIVASF.
Ao submeter os patógenos isoladas do bloco cirúrgico constatou-se que a E. coli apresentou sensibilidade aos antibióticos: cefepima, ceftriaxona, ciprofloxacino, gentamicina, ertapenem, imipenem, meropenem, piperacilina+tazobactam, trimetoprim+sulfametoxazol, tigeciclina porém foi possível notar a resistência apenas a ampicilina, cefoxitina e sendo a ampicilina+sulbactam ficou em intermediário. A P. aeruginosa apresentou sensibilidade ao uso ceftazidima, ciprofloxacino, gentamicina, ciprofloxacino, gentamicina, levofloxacina, imipenem, meropenem, piperacilina+tazobactam e não apresentou resistência. Já a C. amalonaticus apresentou resistência a cefepima, piperacilina+tazobactam, ertapenem, ampicilina, cefazolina, cefoxitina, ceftriaxona, piperacilina+tazobactam e foi sensível ao ciprofloxacino, gentamicina, imipenem, meropenem, amicacina, tigeciclina, trimetoprim+sulfametoxazol e a ampicilina+sulbactam, imipenem e meropenem apresentaram resultados intermediários. A S. aureus (1) demonstrou sensibilidade ao linezolide, ceftarolina, daptomicina, oxacilina e minociclina, rifampicina, tigeciclina, vancomicina e trimetoprim+sulfametoxazol e apresentou resistência somente à clindamicina, eritromicina, penicilina G e ampicilina.
Ao analisar os isolados das amostras de síntese oriundas da sala de observação, observou-se que a S. aureus (2) demonstrou sensibilidade para clindamicina, daptomicina, eritromicina, linezolida, minociclina, oxacilina, rifampicina, tigeciclina e vancomicina, mas sendo resistente a trimetoprim-sulfametoxazol, penicilina G, ceftarolina e ampicilina.
As amostras de partes moles provenientes do setor do bloco cirúrgico do hospital universitário representam 9,9% das amostras analisadas, das culturas bacterianas positivas foi possível isolar três espécies bacterianas: Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus haemolyticus e Pseudomonas putida.
Gráfico 4: Incidência bacteriana geral das amostras de partes moles coletadas nos setores do bloco cirúrgico do HU-UNIVASF.
Ao submeter a Pseudomonas aeruginosa ao antibiograma, a mesmaapresentou sensibilidade aos antimicrobianos como a amicacina, cefepima, ceftazidima, ciprofloxacino, levofloxacino, meropenem, imipenem, gentamicina e piperacilina+tazobactam, e não apresentou 100% de resistência a nenhuma das drogas testadas. Entretanto ao testar a Staphylococcus haemolyticus a mesma apresentou resistência a ampicilina, oxacilina, clindamicina, eritromicina, penicilina G, rifampicina, trimetoprim+sulfametoxazol e sendo sensível apenas ao linezolida, daptomicina e a vancomicina. A Pseudomonas putida demonstrou sensibilidade à amicacina, gentamicina, ciprofloxacino, imipenem, levofloxacina, sendo resistente a cefepima, meropenem, trimetoprim+sulfametoxazol, já a ceftazidima e piperacilina+tazobactam teve um resultado intermediário.
As espécies bacterianas Staphylococcus epidermidis e Staphylococcus aureus foram isoladas uma vez cada, quando analisados os isolamentos de amostras de fragmentos ósseos dos pacientes em sala de observação da urgência e emergência do HU-UNIVASF.
Gráfico 5: Incidência bacteriana geral das amostras de fragmentos ósseos coletadas no setor da sala de observação do HU-UNIVASF.
Avaliadas as resistências aos fármacos, a S.aureus demonstrou resistência a diversos antibióticos, tais como ampicilina, ceftarolina, Penicilina G e trimetoprim-sulfametoxazol, entretanto tem sensibilidade para clindamicina, daptomicina, eritromicina, linezolida, minociclina, oxacilina, rifampicina, tigeciclina e vancomicina. S. epidermidis demonstrou perfil muito semelhante, excetuando apenas aos fármacos ceftarolina e tigeciclina que para S.epidermidis tiveram perfil de sensibilidade/resistência indefinidos.
As amostras de fragmentos de tecidos proveniente da sala de medicação do hospital universitário representam 3,3% das amostras analisadas, apenas uma cultura foi positiva para crescimento bacteriano onde se isolou duas enterobactérias da mesma espécie: a Klebsiella pneumoniae.
Gráfico 6: Incidência bacteriana geral das amostras de fragmentos de tecidos coletados no setor da sala de medicação do HU-UNIVASF.
Ao analisar o perfil de resistência duas culturas de Klebsiella pneumoniae foi possível obter os seguintes resultados: a primeira cultura de K. pneumoniae obteve o resultado de sensibilidade para os antibióticos; ampicilina-sulbactam, cefepima, cefoxitina, ceftriaxona, ertapenem, gentamicina, imipenem, meropenem, piperacilina-tazobactam, foi resistente aos seguintes antibióticos: ampicilina, ciprofloxacina, levofloxacina, tigeciclina e trimetoprim-sulfametoxazol não apresentando resultado intermediário para as drogas testadas. Já para a segunda cultura de K. pneumoniae. obteve sensibilidade para amicacina, cefoxitina, ertapenem, imipenem, meropenem, tigeciclina e cefepima sendo resistente para ceftriaxona, ciprofloxacina, gentamicina, levofloxacina e trimetoprim-sulfametoxazol apresentando intermediário apenas para tigeciclina.
As amostras de secreção de feridas proveniente da sala de medicação do hospital universitário representam 9,9% das amostras analisadas, apenas três culturas apresentaram crescimento bacteriano onde se isolou: Enterobacter Cloacae, Kluyvera Ascorbata e Staphylococcus epidermidis.
Gráfico 7: Incidência bacteriana geral das amostras de secreção de feridas coletadas no setor da sala de medicação do HU-UNIVASF.
Ao verificar o perfil de resistência dos patógenos citados acima foi possível observar que a E. cloacae obteve sensibilidade para cefepima, ceftriaxona, ciprofloxacino, ertapenem, gentamicina, imipenem, meropenem, piperacilina-tazobactam, tigeciclina, trimetoprim-sulfametoxazol, sendo resistente para ampicilina, ampicilina-sulbactam, cefazolina e cefoxitina. Para a Kluyvera Ascorbata obteve sensibilidade para cefepima, ceftriaxona, ciprofloxacina, ertapenem, gentamicina, imipenem, meropenem, piperacilina + tazobactam, tigeciclina, trimetoprim-sulfametoxazol, sendo resistente para ampicilina, cefazolina e cefoxitina Por fim, para a Staphylococcus Epidermis, obteve sensibilidade para daptomicina, eritromicina, linezolid, minociclina, oxacilina, rifampicina, tigeciclina, trimetoprim-sulfametoxazol. e vancomicina sendo resistente para ampicilina e penicilina.
As amostras de hemoculturas provenientes da sala de medicação do hospital universitário representam 6,6% das amostras analisadas, apenas duas culturas foram positivas para crescimento bacteriano onde se isolou: a Klebsiella pneumoniae e a Citrobacter koseri.
Gráfico 8: Incidência bacteriana geral das amostras de hemoculturas coletadas no setor da sala de medicação do HU-UNIVASF.
Ao ser submetido ao teste de susceptibilidade, a Citrobacter koseri apresentou sensibilidade aos antimicrobianos como: cefepima, cefoxitina, ceftriaxona, ciprofloxacina, ertapenem, gentamicina, imipenem, meropenem, piperacilina-tazobactam. e tigeciclina. Logo após, apresentou resistência a ampicilina, e de forma intermediário a ampicilina-sulbactam e cefazolina. Entretanto, ao testar a Klebsiella Pneumoniae, a mesma contabilizou sensibilidade a cefoxitina, ertapenem, gentamicina, imipenem, meropenem e tigeciclina. Apresentando também resistência para cefepima, ceftriaxona, ciprofloxacina, levofloxacina, piperacilina-tazobactam e trimetoprim-sulfametoxazol não apresentando intermediário mediante as drogas testadas.
DISCUSSÃO
De acordo com os dados analisados nas culturas oriundas das amostras de secreções traqueais apresentaram maior crescimento microbiano do que outros tipos de amostras coletadas no setor cirúrgico, tendo as bactérias Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli com maior prevalência entre os agentes etiológicos das infecções de sítio cirúrgico no HU-UNIVASF, segundo Santos et. al, 2021 foi possível observar um resultado similar em pacientes que passaram por cirurgias em um hospital de alta complexidade de traumatologia e ortopedia no nordeste do Brasil, onde 16% das ISC´s foram causados pela E. coli e P. aeruginosa.
Neste estudo a Klebsiella Pneumoniae foi o microrganismo com maior prevalência e com alta sensibilidade ao tratamento. A K. Pneumoniae é uma “super-bactéria” multirresistente que pode causar diferentes tipos de infecções associadas à assistência à saúde, incluindo pneumonia, infecções da corrente sanguínea e meningite. De acordo com Trabulsi, a bactéria Klebsiella é normalmente encontrada no intestino humano, onde não causa doenças, e também pode estar presente em fezes humanas (Trabulsi, 2011).
Segundo Sousa, em unidades de saúde, as infecções por Klebsiella geralmente ocorrem entre pacientes que estão recebendo tratamento para outras condições. O risco é aumentado entre aqueles internados que precisam de dispositivos como respiradores ou cateteres nas veias e quem requer longo tratamento antibiótico. Cada vez mais, a Klebsiella desenvolve alta resistência antimicrobiana. Mais recentemente, elas se tornaram capazes de resistir a uma classe de antibióticos conhecidos como carbapenêmicos (Sousa, 2019).
Quando bactérias como Klebsiella pneumoniae produzem uma enzima conhecida como carbapenemase (conhecida como organismos produtores de KPC), a classe de antibióticos chamados carbapenêmicos não funciona para matar as bactérias e tratar a infecção, colocando em risco a vida dos pacientes. Estas características favorecem o surgimento de cepas multirresistentes capazes de gerar infecções mais graves. O microrganismo predominante foi a Klebsiella pneumoniae, correspondendo a 83,3% dos isolados com sensibilidade diminuída aos carbapenêmicos. Apesar do papel de destaque da Klebsiella pneumoniae, com sua predisposição a causar infecções nosocomiais e a habilidade de acumular e transferir mecanismos de resistência, a Enterobacter Cloacae mostra também o isolamento deste microrganismo incidente dentre as coletas (Silva, 2024).
CONCLUSÃO
Nos últimos anos, enterobactérias resistentes aos carbapenêmicos têm sido cada vez mais reportadas em todo o mundo. Em particular, Klebsiella pneumoniae tem adquirido carbapenemases, reduzindo as opções de tratamento para infecções bacterianas. Esse estudo mostrou a detecção de dois tipos de carbapenemases de grande importância epidemiológica associadas a elementos genéticos móveis na instituição, reforçando a necessidade e a importância de uma vigilância constante para prevenir a disseminação dessas enzimas no ambiente hospitalar. (Magalhães et al., 2018). A resistência bacteriana tem vários mecanismos, na família Enterobacteriaceae o mais importante tem sido a produção de beta lactamases do tipo ESBL e KPC.
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1Discentes do Curso de Farmácia da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Juazeiro-BA
2Docente da Secretaria de Educação do estado da Bahia
3Docente da Faculdade Estácio IDOMED Juazeiro-BA
4Discente do curso de medicina pela Universidade Anhembi Morumbi Mooca-SP
5Docente em Gestão de Projetos
6Docente dos cursos da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Juazeiro-BA. jorge.nasicmento@ftc.edu.br