FATORES MOTIVADORES PARA A PREFERÊNCIA DO BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA EM DETRIMENTO DA LICENCIATURA NA CIDADE DE SÃO LOURENÇO – MINAS GERAIS

Factors Influencing the Preference for a Bachelor’s Degree in Physical Education Instead of a Licentiate Degree in Physical Education in São Lourenço – Minas Gerais

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102501131979


Yago Silva Salviano¹
Johnny Neri Rezende²
Sergio Ribeiro Barbosa³


RESUMO

No Brasil, estima-se que o número de ingressantes em cursos de bacharelado tenha sido mais de três vezes maior que em cursos de licenciatura em 2023. O objeto do estudo foi investigar os fatores que motivam a escolha do Bacharelado em Educação Física em detrimento da Licenciatura. Trata-se de um estudo observacional de cunho transversal realizado com 70 alunos, homens e mulheres, de diversos períodos do curso de bacharelado em Educação Física de uma faculdade do sul de Minas, que participaram de forma voluntária do estudo, respondendo ao Questionário de Preferências de Formação em Educação Física e a um questionário sociodemográfico. Os resultados indicam que aspectos relacionados à percepção de desvalorização da profissão do licenciado em Educação Física estiveram entre as mais frequentemente queixadas. Além disso, os alunos consideraram que o bacharelado oferece um maior campo de atuação em relação a licenciatura. As experiências prévias em aulas de educação física não foram capazes de explicar a escolha entre as modalidades e grande parte da amostra relatou desejo de cursar a licenciatura após completar a formação em bacharelado. Acredita-se que o governo possa propor medidas sociais e salariais que solucionem essa desvalorização, como a criação de um piso salarial mais elevado e/ou aumento no número de vagas para docentes em concursos públicos, bem como trazer de volta a Licenciatura Plena, que abrange todas as áreas da Educação Física, para que não haja necessidade de escolhas prévias de atuação.

Palavras-chave: Educação Física; Licenciatura; Ensino Superior.

ABSTRACT

In Brazil, it is estimated that the number of students enrolling in bachelor’s degree programs was more than three times higher than in teaching degree programs in 2023. This study aimed to understand the reasons why students prefer a Bachelor’s Degree in Physical Education over a Licentiate Degree. This is a cross-sectional observational study conducted with 70 male and female students from different semesters of the Bachelor’s Degree in Physical Education at a college in southern Minas Gerais. Participants voluntarily took part by completing the Physical Education Training Preferences Questionnaire and a sociodemographic survey. The results indicate that aspects related to the perceived devaluation of the teaching profession in Physical Education were among the most frequently reported complaints. Students also believed that a bachelor’s degree provides broader career opportunities compared to a teaching degree. Previous experiences in physical education classes were not sufficient to explain the choice between the two types of programs. Furthermore, a significant portion of the sample expressed interest in pursuing a licentiate degree after completing their bachelor’s studies. It is believed that the government could address this issue by implementing social and salary-related measures, such as raising the minimum wage or increasing the availability of teaching positions in public institutions. Additionally, reintroducing the Full Licentiate Degree, which integrates all areas of Physical Education, could eliminate the need for students to make early career choices.

Keywords: Physical Education; Teaching Degree; Higher Education.

INTRODUÇÃO

O estudo de Almeida, Tartuce e Nunes (2014) realizado com jovens estudantes do 3° ano do Ensino Médio de oito cidades brasileiras mostrou que, mesmo há dez anos, os formandos já não apresentavam interesse em ingressar em cursos de licenciatura. Nele, 83% da amostra afirmava com clareza o fato de não ter a intenção de ser professor e 32% dos alunos diziam que até pensaram na docência, mas acabaram desistindo da ideia. Os autores relatam ainda que as principais justificativas encontradas para tal foram a baixa remuneração, as más condições de trabalho, o fato de terem que lidar com alunos rebeldes e a falta de reconhecimento social da profissão.

Pesquisas mais recentes mostram que a escolha por cursos de bacharelado se mantém forte devido à percepção de maior prestígio e oportunidades profissionais, especialmente em áreas fora do ensino. (FOLLE, A.; FARIAS, G. O.; BOSCATTO, J. D.; NASCIMENTO, J. V., 2020).

No momento, os dados do último Censo do Ensino Superior (MEC/INEP, 2023) nos mostram que o número de ingressantes em cursos gerais de bacharelado foi mais de 3x maior que em cursos de licenciatura em 2023 e indicam que, mesmo com aumento da busca por essa área em relação aos últimos anos, os cursos de bacharelado seguem com maior demanda entre a população.

Teóricos da área acreditam que a explicação para esta baixa procura pela licenciatura esteja relacionada às funestas condições de trabalho dos professores e à sua má remuneração (ASCOM ADUFG-SINDICATO, 2023). Com isso, o governo afirmou a criação de um programa de incentivo financeiro aos acadêmicos de licenciatura, como uma adaptação do já conhecido “Pé-de-Meia”, que por enquanto abrange apenas estudantes do Ensino Médio (VIEIRA, 2024). O novo Pé-de-Meia prevê uma bolsa de mais de R$ 500,00 para alunos de licenciatura matriculados em universidades federais, como forma de contribuir para a formação de cada vez mais professores (VIEIRA, 2024). Segundo Vieira (2024), estuda-se ainda a possibilidade de se utilizar o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) como forma de selecionar professores para lecionar nos colégios públicos brasileiros.

A licenciatura em Educação Física apresenta algumas vantagens como o custo-benefício do curso, a alta demanda de professores no mercado de trabalho, a vasta gama de especializações, a flexibilidade de atuação dentro do meio escolar, acadêmico e autônomo e a possibilidade de realizar concursos públicos na área, que permite que o indivíduo receba um salário que pode até mesmo superar o valor de R$ 6.000,00. Ainda assim segue as tendências do mercado superior e está em menor procura (UNOPAR, 2020).

Conforme Ghilardi (1998), a criação do bacharelado fez com que a grade curricular dos cursos de Educação Física passasse por uma reestruturação que objetivava a preparação de seus discentes para as novas demandas do mercado de trabalho, que já não estavam mais exclusivamente nas escolas, dividindo os concluintes em professores (licenciados) e profissionais (bacharéis). Isso fez com que os indivíduos que possuíssem algum interesse em cursar uma faculdade de Educação Física tivessem que escolher superficial e previamente a área em que gostariam de exercer sua profissão.

O estudo de Rodrigues e Forell (2023) diz que a escolha dos acadêmicos de Educação Física por uma área ou outra advém da sua relação prévia com o esporte, seja ela na escola ou nas brincadeiras e práticas infanto-juvenis. Ainda mais, acredita-se que a decisão de seguir a licenciatura ou o bacharelado em Educação Física é influenciada por aspectos extras, mas que poucos estudos conseguiram de fato apresentar descritivamente dados que possam auxiliar a entender essa tomada de decisão pelo acadêmico.

Por tal, o presente estudo assume como objetivo identificar os fatores que levam os ingressantes de cursos de Educação Física do Sul de Minas Gerais a escolherem o bacharelado em detrimento da licenciatura.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo observacional de cunho transversal. Os dados foram coletados por estudantes em nível superior do curso de formação em Educação Física. Homens e mulheres, alunos de diversos períodos do curso de bacharelado em Educação Física de uma faculdade do Sul de Minas compuseram a amostra, participando de forma voluntária do estudo.

Este estudo seguiu respeitando integralmente os princípios éticos nacionais e internacionais estabelecidos na Declaração de Helsinque e com as prerrogativas do CEP/CONEP quanto a pesquisas que objetivam o aprofundamento teórico de situações que emergem espontânea e contingencialmente na prática profissional, sem a revelação de dados que possam identificar o sujeito (VAN DELDEN & VAN DER GRAAF, 2017; INSTITUTO FEDERAL GOIANIA, 2022).

Para identificar as principais causas para a alta procura do curso de bacharelado em Educação Física em detrimento do curso de licenciatura, um questionário denominado de Questionário de Preferências de Formação em Educação Física foi utilizado (Apêndice I). O questionário foi elaborado pelos presentes autores (mediante a carência de estudos específicos da temática) e aprovado por professores universitários com formação em licenciatura plena e com titulação mínima de mestre.

Um total de 11 perguntas (Q1 – Q11) foi direcionado para entender as justificativas de preferências. O acadêmico responderia cada questão com a utilização de uma escala Likert, contendo 5 opções de respostas: Discordo totalmente, discordo, não concordo nem discordo, concordo, concordo totalmente. Ao final, uma décima segunda pergunta solicitou aos alunos que destacassem as três que mais teriam a capacidade de responder a sua não escolha inicial pela modalidade de licenciatura.

Para a caracterização da amostra, variáveis sociodemográficas também foram coletadas. Uma questão específica sobre a motivação principal pelo curso de bacharelado também foi somada ao estudo. Alunos previamente formados em licenciatura, que cursavam essa modalidade e/ou que não aceitaram participar de forma voluntária do estudo não foram incluídos na amostra.

O programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) 20.0 foi utilizado na interpretação dos dados. Para a análise exploratória das informações da amostra em geral empregou-se estatística descritiva, com frequência, média e desvio padrão, quando apropriado. O programa Microsoft Excel foi utilizado para a construção dos gráficos.

RESULTADOS

            Um total de 70 alunos participou do estudo. 53% eram do sexo masculino e 77,1% de formação em escolas públicas. Todas as variáveis de caracterização da amostra podem ser visualizadas na Tabela 01. Destacamos que as parcelas mais significativas dos alunos revelaram a escolha pelo bacharelado com base no interesse pelos esportes (41,4%) e por poder trabalhar em academia e centros de treinamento (42,9%). O interesse por saúde recebeu 12,9% das justificativas.

Tabela 01 Análise descritiva da amostra estudada.

SexoMasculino53 (75,7%)
Feminino17 (24,3%)
Idade (anos) 22,4 (±4,1)
Formação em escolaPública54 (77,1%)
Privada12 (17,1%)
Ano de conclusão do ensino médio2021 – 2332 (45,0%)
2018 – 2025 (35,71%)
2017 ou antes11 (15,71%)
Período acadêmico 4 (±2,0)
Motivação para realizar o curso de bacharelado em educação físicaInteresse pelo esporte29 (41,4%)
Saúde, bem-estar e reabilitação9 (12,9%)
Ginástica e Artes Corporal0
Academias e centros de treinamento30 (42,9%)
Estética (hipertrofia e emagrecimento)2 (2,9%)

            As respostas dadas ao Questionário de Preferências de Formação em Educação Física são exibidas na Tabela 02. Aspectos relacionados à percepção de desvalorização da profissão do licenciado em Educação Física estiveram entre as mais frequentemente queixadas (Q1 e Q2). Além disso, os alunos consideraram que o bacharelado oferece um maior campo de atuação em relação à licenciatura (Q8 e Q11).

            Verificamos também que as experiências prévias em aulas de educação física não foram capazes de explicar a escolha entre as modalidades (Q4 – Q6). Por fim, e curiosamente, grande parcela dos alunos da amostra relatou desejo de cursar a licenciatura após completar a formação em bacharelado (Q9).

Tabela 02: Opiniões acerca da atuação na área de licenciatura.

Q1A profissão de professor escolar é atualmente uma profissão desvalorizada dentro da EducaçãoDiscordo Totalmente0
Discordo6 (8,6%)
Não concordo nem discordo6 (8,6%)
Concordo36 (51,4%)
Concordo totalmente22 (31,4%)
Q2Sinto que a sociedade valoriza mais o profissional de Educação Física no ambiente não escolarDiscordo Totalmente1 (1,4%)
Discordo7 (10,0%)
Não concordo nem discordo7 (10,0%)
Concordo30 (42,9%)
Concordo totalmente25 (35,7%)
Q3A remuneração no campo da licenciatura é menor em relação ao do bacharelado.Discordo Totalmente3 (4,3%)
Discordo11 (15,7%)
Não concordo nem discordo28 (40,0%)
Concordo21 (30,0%)
Concordo totalmente7 (10%)
Q4Não tive boas experiências na aula de educação física escolar.Discordo Totalmente14 (20%)
Discordo25 (35,7%)
Não concordo nem discordo14 (20,0%)
Concordo10 (14,3%)
Concordo totalmente7 (10,0%)
Q5Tive aulas de educação física escolar de baixa qualidade.Discordo Totalmente1 (8,6%)
Discordo22 (31,4%)
Não concordo nem discordo15 (21,4%)
Concordo18 (25,7%)
Concordo totalmente9 (12,9%)
Q6A qualidade das aulas de educação física escolar que vivenciei me influenciaram a não escolher a Licenciatura.Discordo Totalmente13 (18,6%)
Discordo30 (42,9%)
Não concordo nem discordo14 (20,0%)
Concordo9 (12,9%)
Concordo totalmente4 (5,7%)
Q7As condições de trabalho na escola não são favoráveis (materiais, espaços, carga horária).Discordo Totalmente2 (2,9%)
Discordo8 (11,4%)
Não concordo nem discordo11 (15,7%)
Concordo39 (55,7%)
Concordo totalmente10 (14,3%)
Q8Sinto que a formação em licenciatura me limitaria na escolha de áreas de atuação.Discordo Totalmente4 (5,7%)
Discordo10 (14,3%)
Não concordo nem discordo14 (20,0%)
Concordo27 (38,6%)
Concordo totalmente15 (21,4%)
Q9Tenho interesse em complementar minha formação de bacharel com a licenciatura futuramente.Discordo Totalmente4 (5,7%)
Discordo5 (7,1%)
Não concordo nem discordo4 (5,7%)
Concordo23 (32,9%)
Concordo totalmente34 (48,6%)
Q10A profissão de professor de Educação Física oferece estabilidade financeira.Discordo Totalmente2 (2,9%)
Discordo5 (7,1%)
Não concordo nem discordo16 (22,9%)
Concordo32 (45,7%)
Concordo totalmente15 (21,4%)
Q11O bacharelado oferece mais oportunidades de inovação e empreendedorismo em comparação com a licenciatura.Discordo Totalmente1 (1,4%)
Discordo1 (1,4%)
Não concordo nem discordo6 (8,6%)
Concordo33 (47,1%)
Concordo totalmente29 (41,4%)

Exibe-se na Figura 01 as frequências das respostas quando os acadêmicos foram questionados sobre quais teriam a capacidade de melhor responder a sua não escolha inicial pela modalidade de licenciatura. Q11 e Q1 receberam a maior importância. Já Q6, Q9 e Q10 foram as de menor relato.

Figura 01: Frequência de motivos para a não escolha de licenciatura.

DISCUSSÃO

A licenciatura em Educação Física tem sido uma área pouco procurada pelos alunos, apresentando um número de matrículas inferior ao do bacharelado (MEC/INEP, 2023). Schwerz et al. (2020) defendem que o aumento do número de vagas ofertadas em cursos de licenciatura poderia facilitar o acesso a esses cursos, permitindo a formação de mais professores. O autor propõe, inclusive, que o governo invista não apenas na fase acadêmica, mas também nas fases anterior (fornecendo uma base sólida para o ingresso no Ensino Superior) e posterior (garantindo direitos e uma carreira docente de qualidade). Tais medidas poderiam impactar positivamente não só a formação de professores de Educação Física, mas também de outras áreas do ensino.

Todavia, um olhar mais específico sobre a problemática deveria ser previamente trabalhado. Nosso estudo traz uma perspectiva diferenciada, analisando os motivos pelos quais a área escolar é percebida como menos atraente.

Inicialmente observa-se que parte do interesse dos acadêmicos pelo bacharelado recai sobre o interesse pelos esportes. Logo, um ponto importante para flexibilizar as escolhas pode ser o reforço de que o esporte pode ser trabalhado nas escolas contribuindo para seus fins pedagógicos, além de considerar fatores como motricidade, saúde e a competições escolares em si (TARDIN & ROMERO, 2020). Apesar de menor expressividade, o aspecto saúde recebeu 12,9% das justificativas. A pesquisa de Lopes et al. (2023) concluiu que os esportes e as atividades físicas voltadas à saúde têm sido interesse de muitos acadêmicos bacharelandos.       A escolha pela licenciatura em Educação Física muitas vezes reflete fatores motivacionais ligados ao desejo de usar o esporte como ferramenta pedagógica. Estudos recentes destacam a relevância de práticas esportivas escolares como incentivo ao desenvolvimento educacional e social. (ASSÍS et al., 2022).

Logo, o reforço da Educação Física escolar como capaz de promover saúde em jovens e adolescentes também poderia ser um tópico melhor explorado (BARBOSA, MASSAHUD, BARRETO, 2022).

Foi possível identificar que a percepção de desvalorização da profissão na área da Educação foi a variável que obteve o maior número de respostas “concordo” e “concordo totalmente” entre os participantes. A pesquisa de Adams (2022), realizada com coordenadores de cursos superiores de licenciatura em disciplinas das ciências da natureza, revelou que fatores como a falta de autonomia, reconhecimento, boa remuneração e possibilidade de progressão na carreira sustentam a desvalorização dos professores, incluindo os de Educação Física escolar. A autora sugere que o governo invista em melhores condições salariais e profissionais, contribuindo para a melhoria do ensino.

Os alunos participantes demonstraram acreditar que o bacharelado oferece um campo de atuação mais amplo em comparação à licenciatura. No entanto, o licenciado em Educação Física pode atuar no âmbito escolar, abrangendo toda a educação básica (do ensino infantil ao médio), em escolas públicas e privadas, com a responsabilidade de promover a prática esportiva e atividades físicas para os alunos (UNILEÃO, 2022). Essa informação deveria ser mais amplamente difundida entre os estudantes do ensino médio, inclusive por meio de seus professores de Educação Física, para que possam fazer escolhas mais informadas sobre o futuro.

As experiências prévias nas aulas de Educação Física e as ações dos professores escolares mostraram-se fatores de pouca influência na escolha dos alunos. Novas análises considerando variáveis explicativas como tipo de escola e maior caracterização das aulas de educação física vivenciadas poderiam permitir melhor leitura desses resultados. Ainda assim, o estudo de Silva, Chiminazzo e Fernandes (2021), realizado com estudantes do ensino médio de ambos os sexos, mostrou que a maioria (96%) participava das aulas de Educação Física, e apenas 9,2% relataram desmotivação em relação a essas atividades. O restante indicou sentir-se “motivado” ou “mais ou menos motivado”.

Apesar da baixa atratividade da licenciatura, mais de 88% da amostra considerou importante complementar a formação em bacharelado com a licenciatura. A pesquisa de Tulio, Santos e Nunes (2024) revelou que indivíduos recém-formados em Educação Física enfrentam dificuldades no mercado de trabalho, como má remuneração, desigualdade de gênero e altas exigências. Supõe-se que, devido a esses desafios, muitos alunos busquem complementar sua formação com a licenciatura ou o bacharelado, na esperança de aumentar suas chances de conseguir uma colocação digna no mercado.

Apesar dos resultados relevantes, este estudo apresenta algumas limitações que devem ser consideradas, como o tamanho reduzido da amostra, o que pode restringir a generalização dos resultados. Além disso, o fato de a pesquisa ter sido realizada em apenas uma instituição pode trazer insights locais, mas dificulta a extrapolação dos dados. Uma abordagem interessante seria aplicar o questionário também a alunos de licenciatura, permitindo identificar possíveis divergências entre as áreas e criar estratégias específicas para atrair e reter estudantes. Análises considerando subgrupos poderiam oferecer resultados ainda mais direcionados.

CONCLUSÃO

Aspectos como a desvalorização da profissão, a limitação do campo de atuação e a má remuneração no meio escolar se mostraram mais frequentes como motivadores para a escolha do bacharelado pelos alunos. Acredita-se que, para aumentar o interesse da população pelo ramo docente, o governo possa propor medidas sociais e salariais que solucionem essa desvalorização, como a criação de um piso salarial mais elevado e/ou aumento no número de vagas para docentes em concursos públicos. Outra medida cabível seria o retorno da Licenciatura Plena, que abrange todas as áreas da Educação Física, bacharelado e licenciatura, para que não haja necessidade de escolhas prévias de atuação por conta de limites de mercado.

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APÊNDICE

            Questionário utilizado na coleta de dados para o estudo.