ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DAS INTERNAÇÕES HOSPITALARES EM DECORRÊNCIA DE FRATURA DE MEMBROS INFERIORES EM 2021, NO BRASIL

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102501131963


Ana Victoria Martins Lima
Daniela Christ Rodrigues
Izane Caroline Borba Pires
Lívia Bicudo Teixeira Carvalho
Vitória Carolina Bitencourt da Silva
Yara Fernanda da Costa Nascimento


Objetivo

Definir o perfil epidemiológico dos pacientes em internação hospitalar com o diagnóstico de fratura de perna, bem como os principais fatores de risco que predispõem a uma maior taxa de mortalidade

Métodos

Foi realizado um estudo epidemiológico, observacional, analítico, de corte transversal com dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH-DATASUS) referentes a internações ocorridas entre janeiro e dezembro de 2021.

Compuseram a amostra indivíduos de todas as idades cujo diagnóstico principal da autorização de internação hospitalar (AIH) tenha sido preenchido com o grupo S82 da CID-10 (fratura da perna incluindo tornozelo). Dados ausentes foram mantidos no banco de dados e quantificados nas variáveis que estavam presentes.

As variáveis categóricas foram sumarizadas por meio de frequências absolutas (n) e relativas (%) e as variáveis numéricas por meio de média e desvio padrão (DP) ou medianas e intervalos interquartis (IQR), dependendo do tipo de distribuição no teste de Shapiro-Wilk.

Todas as análises estatísticas foram realizadas no software R 4.1.3 e foi considerado diferença estatisticamente significante quando p-valor < 0,05.

Resultados (corrigido):

A análise das internações hospitalares decorrentes de fraturas de Membros Inferiores (MMII), demonstrada na Tabela I, constatou que as variáveis não consideradas fatores de risco para tal desfecho, embora sejam necessárias para a avaliação, foram sexo, região e mês.

Assim, ao investigar a relação da ocorrência de fraturas de MMII com o sexo do paciente, observou-se que dentre o total de 146.204 mil vítimas, 97.451 mil (66,96%) ocorreu nos homens. Consequentemente, quando comparado o desfecho da internação, em alta ou em óbito, com o sexo do indivíduo, pôde-se analisar que 66,95% das altas e 70,14% dos óbitos ocorreram também no sexo masculino.

Ademais, na análise da distribuição de fraturas nas regiões do Brasil, as que mais ocorreram, em ordem decrescente, foram: Sudeste (42,94%), Nordeste (25,59%), Sul (16,17%), Centro Oeste (9,11%) e Norte (7,19%). Nesse cenário, o Sudeste destacou-se devido a 42,94% das altas e 45,80% dos óbitos do país ocorrerem em tal região.

Na avaliação dos dados referentes aos meses do ano que ocorrem as internações hospitalares, destacou-se a maior frequência no mês de Agosto, totalizando 10,11% dos casos registrados no ano. Em contrapartida, o mês com menor prevalência foi em Dezembro, com apenas 3,29% dos casos.

Posto isso, as variáveis que são consideradas fatores de risco para ocorrência de fraturas de MMII designam-se pela faixa etária, o caráter de internação, o tempo de internação e o diagnóstico.

Portanto, a análise da faixa etária demonstrou que 50,92% dos indivíduos obtinham entre 0 a 39 anos e que 50,99% das altas também ocorreu em tais pacientes. Porém, em relação aos desfechos de óbito, dentre todas as idades, a faixa etária de 40 anos ou mais foi a mais prevalente, totalizando 76,81% das mortes decorrentes de fraturas de MMII.

Além disso, na investigação dos caracteres de internação, a urgência ocorreu em 87,80% dos casos, seguido do caráter eletivo, com prevalência de 12,20%. Desse modo, 87,78% das altas e 96,68% dos óbitos como desfecho das internações ocorreram no caráter de urgência.

Ao analisar-se o tempo de internação, houve prevalência, com 61,02% dos casos, naqueles que permaneceram internados até 3 dias, assim como o maior número de alta ocorreu dentre tais pacientes, configurando 61,06% desses desfechos positivos. Em contrapartida, 53,04% dos óbitos ocorreram nos pacientes que ficaram 4 dias ou mais internados.

Por fim, dentre os 11 diagnósticos realizados, os que mais ocorreram foram o de fratura da diáfise da tíbia (24,84%), seguido de fratura do maléolo lateral (16,07%), fratura de outras partes da perna (15,46%), fratura de extremidade proximal da tíbia (11,75%) e fratura de extremidade distal da tíbia (8,92%), como pode ser visto no Gráfico 2. O diagnóstico de “fratura de diáfise da tíbia”, nesse cenário, teve a maior prevalência tanto de alta quanto de óbito, obtendo 24,82% de todos os pacientes que foram liberados e 32,17% dos que evoluíram para morte.

Tabela 1. Dados epidemiológicos sobre os pacientes internados com fratura de perna em 2021, no Brasil.

Gráfico 1. Região da residência com a quantidade de pacientes internados e o tempo de internação em 2021, no Brasil.

Gráfico 2. Tipo de diagnóstico e a quantidade de pacientes acometidos por fratura de pernas em 2021, no Brasil.

Conclusão

O estudo epidemiológico, observacional, analítico, de corte transversal com dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH-DATASUS) referentes a internações ocorridas entre janeiro e dezembro de 2021 permitiu concluir o perfil de pacientes acometidos por fraturas de perna hospitalizados. Assim, foi observado um predomínio do sexo masculino, sendo também os que mais teve óbito comparado com o sexo feminino. Em relação a distribuição de fraturas de perna nas regiões do Brasil, a região sudeste apresentou destaque em número de internações e óbitos. Em relação à temporalidade, o mês de agosto é o mês que mais obteve internações com o diagnóstico em questão. Observou-se uma maior taxa de mortalidade referente aos pacientes que apresentavam mais de 4 dias de internação. A análise o caráter de internação entre eletivo e urgência, esta se destacou como o principal caráter e como a que mais apresentou óbito dos entre os pacientes. Dentre os procedimentos realizados, houve uma prevalência de tratamentos cirúrgicos de fratura de diáfise da tíbia, tratamento cirúrgico de fratura bimaleolar/ trimaleolar/ da fratura- luxação do tornozelo e tornozelo unimaleolar. E por fim, quanto aos locais mais acometidos pelas fraturas ósseas os principais acometidos e também cursando com um maior número de óbitos foram as fraturas da diáfise da tíbia, seguido da fratura de maléolo lateral e de outras partes da perna, fratura de extremidade proximal e distal da tíbia.