REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202501102130
CANDIDO, Rafaela da Silva1
COSTA, Mariana Antonia Souza da2
PERRI, Ana Laura Silveira3
SILVA, Gabriel de Deus4
QUEIROZ, Ana Paula Dossi de Guimarães5
RESUMO
Introdução: Com o aumento da longevidade, surge o desafio do cuidado para as condições de dependência e incapacidade, decorrentes, muitas vezes, das doenças crônicas. Assim, a função de cuidador é, em grande parte, desempenhada pelos próprios familiares que assumem a responsabilidade de prover o bem-estar do dependente. Ao cuidar, o familiar tende a negligenciar a própria saúde, razão pela qual ações voltadas a quem desempenha esse papel são necessárias. Objetivo: Relatar a experiência de acadêmicos de medicina da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) no planejamento e execução de ações sobre cuidados e qualidade de vida do binômio cuidador-acamado. Métodos: O artigo trata da vivência de acadêmicos de medicina durante a realização de um estágio na Atenção Primária à Saúde. Por meio de visitas à comunidade, o grupo escolheu uma família para desenvolver ações de educação em saúde. A partir do histórico do caso, elaboraram um genograma e desenvolveram uma intervenção educativa abordando o autocuidado para o membro cuidador. Resultados: Durante as visitas os acadêmicos perceberam que os cuidadores de pacientes acamados sofriam com problemas físicos e psicológicos devido à responsabilidade de cuidar. A situação evidenciou sentimentos de isolamento, depressão e falta de motivação. Além da intervenção realizada com a família, os acadêmicos desenvolveram um projeto de extensão contínuo para que ações como esta tenham permanência na comunidade. Conclusão: As visitas à comunidade possibilitaram aos acadêmicos a compreensão da dinâmica familiar e sua influência no processo saúde-doença. Além disso, a experiência desenvolveu a capacidade crítica e criativa para lidar com situações que exigem conhecimentos para além da técnica na prática médica.
Palavras-chave: Educação em Saúde; Sobrecarga do Cuidador; Autocuidado.
Introduction: With increased longevity, the challenge of providing care for dependency and disability conditions arises, often resulting from chronic diseases. Thus, caregiving responsibilities are largely assumed by family members themselves, who take on the duty of ensuring the well-being of the dependent individual. In doing so, family caregivers tend to neglect their own health, which highlights the need for actions focused on supporting those in this role. Objective: To report the experience of medical students from the Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) in planning and implementing actions to improve the care and quality of life for both caregivers and bedridden patients. Methods: This article describes the experiences of medical students during a Primary Health Care internship. Through community visits, the group selected a family to carry out health education actions. Based on the case history, they developed a genogram and implemented an educational intervention focusing on self-care for the caregiver. Results: During the visits, the students observed that caregivers of bedridden patients experienced physical and psychological challenges due to their caregiving responsibilities. The situation revealed feelings of isolation, depression, and lack of motivation. Beyond the intervention with the family, the students developed an ongoing extension project to ensure the sustainability of similar actions within the community. Conclusion: The community visits allowed the students to understand family dynamics and their influence on the health-disease process. Additionally, this experience fostered critical and creative thinking skills essential for addressing situations that require knowledge beyond technical expertise in medical practice.
Keywords: Health Education; Caregiver Burden; Self-Care.
INTRODUÇÃO
O número de pessoas acima de 65 anos vem aumentando significativamente e, em 2022 o percentual dessa faixa etária era de 10,9%, 57,4% maior quando comparado a 2010 (14.081.447) (IBGE, 2022). Nesse contexto, as doenças crônicas e suas complicações aumentam proporcionalmente, debilitando a saúde do idoso, que pode tornar-se dependente de cuidados especiais e, em muitos casos, integrais.
Diante dessas necessidades, a família passa a ser a principal responsável por garantir qualidade de vida, cuidado integral, apoio e satisfação das necessidades básicas do dependente. O cuidador precisa desempenhar os cuidados que garantam conforto ao necessitado e ainda possuir capacidade mental e física para lidar com o estresse, fadiga e possíveis problemas de saúde decorrentes da sobrecarga de responsabilidades acumuladas. Ocorre que, na maioria das vezes, ao cuidar, o familiar acaba por negligenciar a própria saúde, frequentemente manifestando sintomas físicos, como dores musculares, cefaleia tensional, fadiga crônica e distúrbios do sono, além de sintomas psicológicos, como depressão, ansiedade e dificuldades para dormir (CASTRO; FLESCH; CARVALHO, 2019).
De acordo com Silva (2017), ao dedicar-se integralmente aos cuidados de um familiar acamado, o cuidador passa por um processo de isolamento social devido às múltiplas tarefas que demanda tempo integral, resultando na perda de amigos e cônjuges e em alterações nos relacionamentos familiares corroborando para um quadro de sobrecarga psicológica que podem se apresentar com ansiedade, insônia e medo. Além do quadro depressivo, a sobrecarga se manifesta em sintomas físicos, como fadiga muscular, dores articulares e, em alguns casos, lesões decorrentes da falta de manejo e técnica adequada. Segundo Silva et al. (2017), os cuidadores relatam que não possuem conhecimento suficiente para assumir essa função e não estão preparados para enfrentar as tensões e esforços decorrentes do processo de cuidar, sentindo-se desesperados em determinadas situações, sem saber como começá-las nem como terminá-las. Dessa forma, a falta de conhecimento e preparo auxiliam para o comprometimento da saúde do cuidador, que não está apto para lidar diariamente com a rotina integral de cuidados para com uma pessoa acamada.
Nessa perspectiva, a Atenção Primária de Saúde (APS) apresenta-se como fundamental na prevenção e manutenção de bem-estar para aquele que necessita de cuidados e para o cuidador familiar, seja oferecendo a identificação precoce em possíveis problemas de saúde física e mental do cuidador, seja fornecendo orientações de como cuidar da sua própria saúde, desempenhando sua responsabilidade sem colocar sua saúde em risco.
Este artigo tem por objetivo relatar a experiência de acadêmicos de medicina, da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), no planejamento e execução de ação educativa em saúde sobre a importância de cuidados para com os cuidadores informais e sua qualidade de vida.
Com a finalidade de tentar amenizar esse problema, que tem tendência a aumentar cada vez mais com o aumento da longevidade de vida e, consequentemente, do número de casos de pacientes acamados com passar dos anos, o grupo de acadêmicos junto a equipe da Estratégia de Saúde da Família (ESF) do bairro Jardim Colibri, elaborou o projeto de extensão universitária “Mãos Dadas”, visando a melhoria da qualidade de vida do cuidador informal, centrado na região atendida pela UBS Bem-Te-Vi.
MÉTODOS
Tipo de estudo
Trata-se de um relato sobre a experiência de acadêmicos do terceiro semestre do curso de medicina da UFGD, durante o desenvolvimento de atividades práticas na APS. As ações envolveram o conhecimento de uma Unidade Básica de Saúde (UBS), seus funcionários e da comunidade atendida.
Caracterização do local de estudo
O município de Dourados, Mato Grosso do Sul, possui uma população idosa de 21.357 pessoas (IBGE, 2022) e 3800 pacientes acamados (Prefeitura de Dourados, 2023) . O serviço da Atenção Primária à Saúde do local conta com o programa “Melhor em Casa”, o qual possui uma equipe multiprofissional especializada com médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e nutricionista. O programa tem o intuito de evitar a sobrecarga do Sistema Único de Saúde (SUS) com internações de pessoas que necessitam de cuidados especializados, levando até a residência do paciente atendimento em saúde, prevenção e tratamento de doenças e reabilitação. O programa faz parte do SAD (Serviço de Atenção Domiciliar) do Governo Federal, sendo referência na região.
Apesar de toda atenção à pessoa acamada, os cuidados com o cuidador familiar são praticamente escassos. Assim, não havendo auxílio para esse cuidador, a sobrecarga das funções corroboram para o seu adoecimento, impactando diretamente a qualidade de vida do cuidador e do núcleo familiar.
Desenvolvimento da ação
Os acadêmicos realizaram visitas domiciliares com os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) com o intuito de selecionar uma família para ser foco das ações educativas. Escolhida a família, os acadêmicos elaboraram um genograma, a partir da descrição de casos pela própria família. O genograma e a discrição são essenciais para que seja entendida a organização da família estudada e para que haja compreensão das raízes dos problemas apresentados por ela, permitindo aos alunos uma maior precisão na proposta de ações que possam ser mais efetivas para, se não sanar, amenizar esses problemas, Através do genograma, é possível visualizar de maneira clara e organizada as relações familiares e os eventos significativos que impactam a saúde dos membros da família” (MUNIZ; EISENSTEIN, 2009.)
Constatou-se que a principal problemática da família acompanhada, assim como das demais situadas na região, era a carência de qualidade de vida para os cuidadores, resultando na proposta de um projeto de extensão para que alunos de medicina assumam temporariamente as responsabilidades dos cuidadores, proporcionando-lhes tempo para cuidar de sua própria saúde. A intervenção foi pensada especialmente pelo acompanhamento da família em destaque, cuja cuidadora enfrentava desafios de falta de tempo para o autocuidado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As visitas domiciliares mostraram aos acadêmicos de medicina a vulnerabilidade dos cuidadores frente ao isolamento, depressão e a falta de motivação, realçando a necessidade de um olhar mais atento a esse grupo que precisa de cuidados especiais. Os acadêmicos escolheram para a intervenção, a família da Senhora F. Contudo, as demais visitas também tiveram grande importância. Os alunos puderam observar e interagir com pacientes em seus ambientes familiares, o que proporcionou uma compreensão mais abrangente dos desafios enfrentados por aqueles que lidam com condições médicas crônicas ou agudas em casa.
Legenda: Acadêmicos nas intervenções
A família da Senhora F.
Esta família vive no bairro de abrangência da UBS, em uma casa que é alugada pelo filho da Sra. F.. A casa possui três quartos, uma sala, cozinha, dois banheiros e uma área no fundo, com algumas árvores frutíferas. É localizada em uma rua com pavimentação e com coleta regular de lixo. Residem na mesma casa a Sra. F. e seu cônjuge, um filho e o avô da Sra. F. A Sra. F. tem 50 anos de idade. Em sua infância, passou por diversas situações traumáticas, uma vez que sua criação ficou sob os cuidados de sua avó, que acreditava ser sua mãe, até os os 12 anos de idade. Em determinado momento, a avó da Sra. F. adoeceu e lhe contou que sua mãe, na verdade, era quem ela acreditava ser sua irmã. A partir disso, Sra. F. soube que sua mãe biológica sofreu um abuso sexual que culminou em sua gestação. Além da relação conflituosa com a mãe biológica, Sra. F. foi vítima de abuso sexual pelo seu avô, Sr. C., este faz parte de seu convívio diário e está sob seus cuidados.
Atualmente, a Sra. F. está afastada de seu trabalho por Depressão Profunda e Síndrome do Pânico, patologias que foram diagnosticadas. Faz acompanhamento junto a um psiquiatra e a uma psicóloga. A rotina da Sra. F. é extremamente exaustiva. Ela cuida de sua neta e de dois sobrinhos, também cuida de todos os afazeres do lar, além de cuidar do avô, Sr. C. – que está enfermo e possui dificuldades de locomoção. A Sra. F. possui diagnóstico de Diabetes Emocional– a qual não faz tratamento–, Depressão Profunda, Transtorno de Ansiedade Generalizada e Transtorno Afetivo Bipolar. Estes, apesar de ter acompanhamento psiquiátrico, revela não tomar as medicações, exceto quando está em crise. Relata também que faz sessões de psicoterapia a cada 15 dias.
O Sr. B. tem 54 anos e é cônjuge da Sra. F.. Ele contribui com a renda familiar trabalhando informalmente como técnico de um time de futebol. Atualmente o Sr. B. não pode exercer outras funções que auxiliam nas despesas e no cuidado da casa devido à uma hérnia, a qual é necessária intervenção cirúrgica. No entanto, para a realização da cirurgia é preciso possuir um bom controle glicêmico, o que tem sido um empecilho no avanço da resolução de sua condição.
O Sr. C. tem 93 anos e é avô da Sra. F.. É aposentado e depende dos cuidados da Sra. F. para alimentação, medicamentos e bem-estar. Sr. C possui diagnóstico de Câncer de Próstata, Mama e Pele. Realizou um procedimento cirúrgico na região pélvica a cerca de um ano e possui dificuldades em se locomover, necessitando assim do auxílio de um andador, mesmo após fazer fisioterapia.
O Sr. H. tem 30 anos e é filho da Sra. F.. Atualmente está desempregado. A Sra. F. relatou que ele possui diagnóstico de Vitiligo e Depressão, ocorrendo relutância em procurar ajuda especializada. Além disso, Sra. F. relata que seu filho não interage de maneira recorrente com os outros membros da família, preocupando-a.
A Sra. D. tem 33 anos e é filha da Sra. F.. Trabalha enquanto vendedora de uma linha de cosméticos. É graduada em Direito, porém não atua na área. Devido ao seu trabalho, o qual demanda viagens interestaduais, a Sra. F. é responsável por cuidar de sua neta B., de 7 anos. Não foi relatado alguma dificuldade ou empecilho para com a saúde destas.
Legenda: Genograma da família abordada.
(elaboração própria)
A partir da descrição do caso mencionado, nota-se que a saúde mental do cuidador familiar demanda maior atenção, uma vez que essas pessoas são constantemente sobrecarregadas. Bauab (2013) aponta que a falta de tempo para dedicar-se às questões e práticas pessoais é apontada como um dos aspectos mais estressantes do cuidado. Tal situação pode estar relacionada, ao fato de que, muitos cuidadores informais desempenham esta função sozinhos.
Por meio das visitas domiciliares, observou-se que os dependentes exigem muito do cuidador e que a maioria deles, membros da família, não estão preparados tanto física quanto psicologicamente para a realização do cuidado. Notam-se queixas frequentes desses cuidadores de isolamento, depressão, falta de motivação, entre outras, o que fez com que fosse direcionado um olhar mais atencioso sobre para esse grupo de pessoas que estavam necessitando de um cuidado especial e que não se enquadravam em nenhum tipo de nicho em que o Sistema Público de Saúde(SUS) pudesse oferecer o acolhimento necessário.
O alto percentual de pacientes acamados, idosos e/ou dependentes de cuidadores para a realização de atividades cotidianas básicas residindo nos entornos do bairro visitado implica uma demanda demasiada de tempo e recurso de familiares, que formam majoritariamente a rede de apoio e cuidados dos dependentes supracitados.
Muniz et. al (2016 p.181) denotam que os cuidadores, em sua maioria, exercem essa atividade sem ter recebido nenhum treinamento, utilizando um conhecimento empírico, de forma solitária e desgastante. Esta carga de atribuições diárias pode ao longo do tempo acarretar sobrecarga, que pode ser física ou emocional (GRATÃO et al., 2012). Estudos sobre as tarefas do cuidador e o impacto do cuidar em sua saúde mostram que esses costumam apresentar sintomas físicos – como hipertensão arterial, diabetes, dores lombares – e a condição emocional mais frequente é a depressão (CAMPOS e YAVO, 2016, p. 21).
Sendo assim, percebe-se que a questão da saúde mental dos cuidadores informais surge por maior amparo, uma vez que essas pessoas estão mais vulneráveis ao adoecimento pela sobrecarga ocupacional. Faz-se necessário a ampliação de políticas públicas voltadas à esse grupo, para que dessa maneira faça-se possível uma atuação digna e menos estressora.
Importante destacar a percepção dos acadêmicos acerca da dificuldade de acesso à informação. Muitos usuários do SUS são analfabetos ou semi-analfabetos e têm problemas para acessar os meios digitais e de comunicação. Uma vez que a Internet é o principal meio de veículo de divulgação de informações, nesse sentido salienta-se a inoperância estatal no que tange ao direito à informação desses indivíduos. Logo, apenas uma pequena parcela da população consegue efetivamente alcançar tratamento adequado, pois nota-se que a maior parte dos pacientes não recebe as devidas orientações sobre como realizar os procedimentos técnicos e os seus direitos em saúde.
Diante dessa realidade, a relevância das ações de educação em saúde torna-se evidente, visto que, ao fornecer informações sobre cuidados adequados e estratégias para lidar com toda a sobrecarga e exaustão, por meio da resiliência emocional, o cuidador será capaz de desempenhar suas funções sem colocar sua saúde em risco, de maneira mais saudável.
Um outro ponto a ser discutido foram os conflitos apontados pela Sra. F. para com alguns profissionais da UBS Bem-Te-Vi. A Sra. E. descreveu que, devido a essas questões, deixou de buscar atendimento médico quando necessário para fazer acompanhamento de suas patologias. Por exemplo, ela não aderiu corretamente ao tratamento do Diabetes também por esses entraves. Tal situação denota a urgência da ampliação do treinamento para profissionais da área da saúde sobre como cuidar de maneira mais humanizada e sensível dos pacientes, corrigindo determinadas falhas e evitando que situações semelhantes aconteçam novamente.
Ainda sobre a importância da humanização na prática médica, constata-se que a inserção de acadêmicos na APS, desde os anos iniciais, é de grande importância para a formação dos alunos, futuros profissionais do SUS. Essa experiência prática oferece uma série de benefícios, tais como a compreensão do contexto social, o desenvolvimento da empatia e a valorização de ações preventivas. As visitas domiciliares oferecem aos estudantes a chance de compreender as relações familiares, sendo essa atividade crucial para uma abordagem mais holística da medicina, pois permite que os alunos considerem fatores sociais, econômicos e culturais na prestação de cuidados de saúde. (ALBUQUERQUE et al., 2007)
Além disso, ao interagir diretamente com os pacientes em seus ambientes domésticos, os acadêmicos podem desenvolver empatia e compreensão das necessidades individuais. Tal fator contribui para uma prática médica mais centrada no paciente e sensível às diferenças culturais. Dessa maneira, o estágio enfatiza a importância da prevenção de doenças e promoção da saúde, uma vez que os acadêmicos aprendem a identificar fatores de risco, educar a comunidade sobre práticas saudáveis e contribuir para a implementação de programas de prevenção. (NUNES, E. D. et al., 2010).
Os frutos da intervenção
Tendo isso em vista as várias necessidades dos cuidadores visitados, foi idealizado o projeto de extensão universitária “MÃOS DADAS”, desenvolvido por esses alunos, que está em processo de criação e implementação. Tendo em vista a importância da melhoria da qualidade de vida da população, tal projeto é voltado para o apoio centrado na atenção aos cuidadores residentes nas regiões atendidas pela UBS onde desenvolve-se o estágio. O projeto em questão visa direcionar a atenção aos cuidadores que acabam não sendo foco das ações direcionadas da Unidade Básica de Saúde, além de integrar suporte ao SUS no cuidado pormenorizado da assistência básica em saúde com cuidados informativos, de apoio e auxílio nas demandas da comunidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cada visita representou uma oportunidade única de aprendizado e contato com diversas situações clínicas. Em suma, pode-se observar a importância de ações de educação em saúde e da atenção primária, visto que essas atuam como base para que os cidadãos tenham o primeiro contato com o serviço de saúde. Nas visitas às UBS, foram observadas algumas dificuldades, em relação ao manejo de pacientes, a exemplo, falta de salas suficientes para atendimento de maneira adequada. Já nas residências dos pacientes, foram observadas dificuldades que os cuidadores enfrentam devido à rotina exaustiva, muitos relataram problemas psicológicos, falta de tempo para procurar o serviço de saúde, e nesse momento, o grupo se encontrou de “mãos atadas”, pois não sabia como ajudar de maneira efetiva, visando promover o bem-estar do cuidador.
Nesse sentido, o projeto de extensão que tem sido desenvolvido visa promover suporte aos cuidadores, para que estes tenham como praticar o autocuidado, acarretando melhorias na qualidade de vida. A experiência com as visitas e conhecer as famílias proporcionou diversos aprendizados, o mais marcante foi como os profissionais devem estar atentos ao redor, com um olhar minucioso para com o indivíduo e o contexto que este está inserido e como pequenos detalhes de cuidados básicos com a saúde podem melhorar a qualidade de vida do indivíduo.
Por fim, nas visitas a ideia principal era prestar suporte ao paciente que demandava cuidados, mas a partir desse olhar cuidadoso e crítico percebeu-se que quem realmente precisava de atenção em saúde eram os cuidadores, e assim foi pensado o Projeto de Extensão Mãos Dadas.
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, V.S.; et al. A Integração Ensino-serviço no Contexto dos Processos de Mudança na Formação Superior dos Profissionais da Saúde. Revista Brasileira de Educação Médica, Rio de Janeiro, v. 32, n. 3, p. 356-362, dez. 2007.
ANDRADE, J. et al. Universidade Federal do Triângulo Mineiro curso de especialização em atenção básica em saúde da família cuidando do cuidador: uma proposta para melhoria. [s.l: s.n.]. Disponível em:<https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/JULIANA-ANDRADE-AMUI. pd f>.
BAUAB, Juliana Pedroso. O cotidiano, a qualidade de vida e a sobrecarga de cuidadores de idosos em processo demencial de uma unidade escolar ambulatorial. Dissertação (Mestrado em Terapia Ocupacional) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2013.
BATISTA, E. V. M. et al. Grupo de Apoio a Cuidadores de Idosos: uma proposta de ação intersetorial para a promoção da saúde mental do cuidador e prevenção da violência contra o idoso. X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009.
MUNIZ, J. R.; EISENSTEIN, E.. Genograma: informações sobre família na (in)formação médica. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 33, n. 1, p. 72–79, jan. 2009.
CASTRO, Polyanna Freitas Albuquerque; FLESCH, Letícia Decimo; CARVALHO, Elcyana Bezerra. Modelos de atenção e suporte direcionados a um cuidador de idosos: uma revisão integrativa. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Rio de Janeiro, v. 22, n. 5, p. e210294, set./out. 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/tce/a/wbT7yCZMDVq5JMSGNbx7vvz/?lang=pt. Acesso em: 20 dez. 2023.
Censo: número de idosos no Brasil cresceu 57,4% em 12 anos. Disponível em: <https://www.gov.br/secom/pt-br/assuntos/noticias/2023/10/censo-2022-numero-de-idosos-na-p opulacao-do-pais-cresceu-57-4-em-12-anos#:~:text=Em%201980%2C%20o%20Brasil%20tinh a>. Acesso em: 21 dez. 2023.
Com “Melhor em Casa”, Prefeitura leva serviços de saúde até a residência de pacientes. Disponível em:<https://portal.dourados.ms.gov.br/index.php/com-melhor-em-casa-prefeitura-leva-servicos -de-saude-ate-a-residencia-de-pacientes/>. Acesso em: 21 dez. 2023.
DE SOUZA YAVO, Ivete; CAMPOS, Elisa Maria Parahyba. Cuidador e cuidado: o sujeito e suas relações no contexto da assistência domiciliar. Psicologia:teoria e prática, [S.L], v. 18, n. 1, p. 20-32, 30 abr. 2016. GN1 Genesis Network. http://dx.doi.org/10.15348/1980-6906/psicologia.v18n1p20-32.
GRATAO, Aline Cristina Martins et al. Sobrecarga e desconforto emocional em cuidadores de idosos.Texto & Contexto-Enfermagem, [S.L], v. 21, n. 2, p.304-312, jun. 2012. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0104-07072012000200007.
IBGE. Panorama do Censo 2022. Disponível em:<https://censo2022.ibge.gov.br/panorama/>. Acesso em: 21 dez. 2023
NUNES, E. D. et al. O campo da saúde coletiva na perspectiva das disciplinas. Ciência & Saúde Coletiva , Rio de Janeiro, v. 15, n. 4, p. 1917-1922. 2010. Disponível em:<http://bit.ly/2IsifwB>. Acesso em: 18. jan.2024
SILVA, Auricélia Costa; MAGALHÃES, Magnólia de Jesus Sousa. Knowledge and difficulties faced by caregivers about elderly bedridden/Conhecimento e dificuldades enfrentadas por cuidadores acerca de idosos acamados. Revista de Enfermagem da UFPI, v. 3, n. 1, p. 32-8, 2014.
SILVA, Juliana Andrade Amui. Cuidando do cuidador: uma proposta para melhoria de vida de cuidadores e acamados. 2017.
1Primeiro Autor
2Segundo Autor
3Coautor
4Coautor
5Orientador