EVALUATION OF THE QUALITY OF LIFE OF WOMEN LACEMAKERS IN A MUNICIPALITY IN THE STATE OF PIAUÍ
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202501091015
Pedro Jonathan Sousa Araujo1
Elídia Keila Oliveira Portela2
Gleydistone Araújo dos Santos2
Wellington Costa Souza2
Nívia Cecília Kruta de Araújo3
RESUMO
O estudo avaliou a qualidade de vida (QV) de mulheres rendeiras de uma associação em um município piauiense, por meio do questionário WHOQOL-bref. Trata-se de um estudo transversal de caráter exploratório, quantitativo e descritivo. Os resultados do WHOQOL-bref por domínios, facetas e qualidade de vida geral mostram que as participantes do estudo apresentaram boas médias em todos os domínios: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente. Foram encontrados escores significativos sobre a qualidade de vida das entrevistadas em relação aos domínios e pontuações do questionário, apontando alto índice de QV em todas as áreas analisadas, com destaque para o domínio de relações sociais, que se mostrou um dos melhores índices, atuando diretamente sobre a vida das entrevistadas, seguido pelos domínios físico, psicológico e ambiental, sendo o último o de menor relevância para a pesquisa por apresentar uma menor pontuação.
Palavras-chave: ambiente de trabalho, qualidade de vida, WHOQOL-bref
ABSTRACT
The study evaluated the quality of life (QoL) of women lacemakers from an association in a municipality in Piauí, using the WHOQOL-bref questionnaire. This is an exploratory, quantitative and descriptive cross-sectional study. The WHOQOL-bref results by domains, facets and overall quality of life show that the study participants had good averages in all domains: physical, psychological, social relations and environment. Significant scores were found on the quality of life of the interviewees in relation to the domains and scores of the questionnaire, pointing to a high QoL index in all areas analyzed, with emphasis on the domain of social relationships, which proved to be one of the best indexes, acting directly about the lives of the interviewees, followed by the physical, psychological and environmental domains, the latter being the least relevant for the research because it has a lower score.
Keywords: work environment, quality of life, WHOQOL-bref
1 INTRODUÇÃO
No Brasil a atividade artesanal ainda é uma importante fonte de desenvolvimento econômico, concentrando-se mais fortemente nas regiões Norte e Nordeste, segundo o portal da Empresa Brasileira de Comunicação – EBC. O artesanato é resultante da transformação da matéria prima, realizado de forma manual por um indivíduo associado a criatividade e habilidade individual e a uma cultura específica¹.
Nos dias atuais, o artesanato representa uma alternativa de trabalho e sobrevivência viável para considerável parcela da população rural². A cultura artesanal caracteriza-se pela realização de trabalhos e atividades adquiridas ao longo de gerações. O artesão é responsável por todos os métodos aplicados durante as etapas de produção artesanal³. O local e as condições de trabalho onde ocorre a produção do artesanato e os equipamentos utilizados na atividade geralmente são simples e inadequados para o trabalhador, fazendo com que ele tenha necessidade de se adaptar às condições impostas, ocasionando prejuízos na sua qualidade de vida4.
A atividade artesã das rendeiras é caracterizada pela fixação de linhas em uma almofada, recebendo em suas pontas pequenas peças de madeiras, denominadas bilros. A rendeira fixa um desenho como molde na almofada e os locais, os quais serão contornados pelas linhas, que são modelados com alfinetes que guiam os bilros até o surgimento do desenho desejado em forma de renda5.
As mulheres rendeiras organizam o seu tempo distribuindo as tarefas no dia a dia, obedecendo um ritmo ditado pelas atividades domésticas ou ainda pelo ciclo agrícola. Essa orientação do tempo pelas tarefas obedece a uma lógica própria de organização que é informada por um ritmo criado pelas necessidades diárias, assim, essas mulheres dividem o seu tempo entre a renda e as demais tarefas do seu cotidiano, ficando divididas entre as atividades em seus lares e o artesanato2.
Fazer renda é um processo que exige paciência, pois envolve movimentos lentos e repetitivos. Como as rendeiras trabalham ganhando pela sua produção, quanto maior for o tempo utilizado na feitura da renda, maiores serão os seus índices de lucratividade. Assim, as rendeiras reordenam as tarefas domésticas dando prioridade ao trabalho na renda. Dessa forma, esse tipo de ação pode gerar consequências sobre a qualidade de vida dessas mulheres, ocasionando uma espécie de exaustão em ter que lidar com o trabalho doméstico e suas atividades trabalhistas com a renda2.
A Qualidade de Vida (QV) tem sido um assunto extremamente discutido dentro da literatura. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o significado de saúde é ter corpo, mente e vida social em comunhão, saudáveis. Quando se fala em bem-estar, acredita-se que pode ter um conceito ainda mais complexo, pois vai de acordo com a satisfação de cada um e pode ser percebido como algo objetivo, quando ligado a aspectos sociais e econômicos. Assim, o grupo de Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde – OMS define Qualidade de Vida como a “[…] percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive, e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações.”6.
Com base nas diversas premissas e no que foi afirmado a Qualidade de Vida é um conceito relativo, multidimensional dinâmico, que pode ser influenciado por inúmeros aspectos. Dessa forma, o conceito pode ser contestável e sofrer variações, segundo a área de conhecimento na qual o conceito está incluído7. Como mencionado, a classificação de uma Qualidade de Vida boa ou ruim está diretamente relacionada à subjetividade de cada indivíduo e ao seu bem-estar. Sendo assim, têm-se buscado sintetizar a complexidade da noção de QV e de sua relatividade nas diferentes culturas e realidades sociais, por meio de diversos instrumentos avaliativos3.
Em função das particularidades referentes à QV de cada indivíduo, tem sido evidenciado a importância da utilização da metodologia qualitativa8. A procura por um instrumento que avaliasse a QV dentro de um ponto de vista internacional fez com que a OMS desenvolvesse o questionário Word Health Organization Quality of Life Instrument 100 (WHOQOL-100), composto de 100 itens e o WHOQOL-bref, uma versão reduzida do WHOQOL-100, composto de 26 itens, traduzido e validado no Brasil9.
Apesar das controvérsias quanto ao conceito de Qualidade de Vida, a escala World Health Organization Quality of Life abreviado – WHOQOL-BREF é citada em inúmeras pesquisas sobre a percepção do ser humano e a sua inserção no contexto no qual ele está introduzido e a sua percepção sobre a posição na vida. A utilização desse tipo de questionário cria um conceito amplo, que incorpora de forma completa a saúde física, a saúde psicológica e o nível de independência, as relações em sociedade, as crenças e a forma de se relacionar com as características ligadas ao meio ambiente10. Na literatura não há informações sobre a Qualidade de Vida de rendeiras por meio de instrumentos de medida de QV.
2 OBJETIVO
O objetivo deste artigo é avaliar a qualidade de vida de mulheres rendeiras, de uma associação em um município do estado do Piauí, por meio do questionário WHOQOL-bref.
3 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de natureza transversal de caráter exploratório, quantitativo e descritivo. O estudo foi realizado em uma Associação das Rendeiras em um município do Piauí.
A população do estudo foi constituída por 40 indivíduos. Para inclusão no estudo, esses indivíduos deveriam obedecer os seguintes critérios, ser do sexo feminino, estar devidamente cadastrada na Associação das Mulheres Rendeiras e trabalhar diariamente na confecção de rendas na Associação. A exclusão se dava através da falta de disponibilidade para preenchimento do questionário, assim como a não participação ativa nas atividades da Associação de Rendeiras.
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de ética da Universidade Federal do Delta do Parnaíba – UFDPar – Campus Ministro Reis Velloso sob número 2.357.765. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) conforme a resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde – CNS.
4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS
Os dados sociodemográficos utilizados foram: Nome; Idade; Etnia; Escolaridade; Tempo de Profissão e Idade em que começou a trabalhar.
4.1 WHOQOL-BREF
A qualidade de vida foi avaliada utilizando o instrumento proposto pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o Word Health Organization Quality of Life Instrument Bref (WHOQOL-bref), empregado para medir a qualidade de vida ligada à saúde em grupos de indivíduos doentes, sadios e idosos11.
O WHOQOL-bref é uma versão reduzida do Word Health Organization Quality of Life Instrument 100 (WHOQOL-100), validado no Brasil9. A versão brasileira do WHOQOL-bref foi a utilizada neste estudo. Esse instrumento contém 26 questões, sendo duas delas gerais de qualidade de vida e 24 distribuídas em quatro domínios: relações sociais, psicológico, físico e meio ambiente.
Os domínios possuem questões, cuja suas pontuações das respostas variam entre 1 e 5. Ao finalizar os escores de cada domínio são calculados por uma sintaxe, que considera respostas de cada questão que integra o domínio, chegando assim, em resultados com escores numa escala de 4 a 20, comparáveis ao WHOQOL-100, que podem ser transformados em escala de 0 a 100. O WHOQOL-bref é autoaplicável, no entanto, nesse estudo, foi realizado por meio de entrevista direta, devido a possíveis dificuldades de leitura ou analfabetismo.
A utilização deste instrumento no estudo é justificada pela literatura que apresenta uma ótima adesão e resposta à qualidade de vida de adultos e pela falta de outros instrumentos validados e traduzidos para o português com características tão amplas e de fácil aplicação11.
4.2 COLETA DE DADOS
A coleta de dados ocorreu em dias agendados para aplicação dos questionários. O contato inicial foi realizado pelos pesquisadores e em seguida os voluntários foram notificados sobre como funcionaria a realização da pesquisa, leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
4.3 ANÁLISES ESTATÍSTICAS
Os dados foram analisados por meio de uma ferramenta, desenvolvida a partir do Software Microsoft Excel12, direcionada para o cálculo dos escores e estatística descritiva do instrumento WHOQOL-bref seguindo a sintaxe proposta pelo Grupo WHOQOL.
5. RESULTADOS
Foram colhidas 47 amostras, das quais 7 não se enquadram nas facetas do estudo por possuírem questões não respondidas. Dessa forma, apenas 40 participantes foram incluídos no estudo, 100% são do sexo feminino. A idade dos integrantes variou entre 19 anos e 83 anos, conforme descrito na tabela 1.
Tabela 1 – Características sociodemográficas dos participantes do estudo
CARACTERÍSTICAS | N | % |
SEXO | ||
Feminino | 40 | 100 |
IDADE | ||
Não menciona | 8 | 20 |
19-30 | 3 | 7,5 |
31-40 | 4 | 10 |
41-50 | 5 | 12,5 |
> 50 | 20 | 50 |
Fonte: Elaborado pelos autores.
As respostas seguem uma escala Likert, de 1 a 5 e quanto maior a pontuação, melhor a qualidade de vida, dessa forma, os resultados descritivos do WHOQOL-Bref por domínios, facetas e qualidade de vida geral estão descritos na tabela 2. Pode-se observar que as participantes do estudo apresentaram boas médias em todos os domínios: físico; psicológico; relações sociais; meio ambiente.
O domínio relações sociais apresentou melhor média com 16,85; seguido do domínio físico 16,60; domínio autoavaliação 16,20; domínio psicológico 16,17; e domínio meio ambiente com 14,70. Ao analisar o domínio em relações sociais 80,31% apresentaram bons resultados, no físico 78,75%, no psicológico 76,04% e ambiental 66,88%. Na autoavaliação sobre qualidade de vida, 76,25% apresentaram boa avaliação em relação à qualidade de vida.
Em relação às facetas da Qualidade de Vida do WHOQOL-bref, pode-se observar, conforme a tabela 2, que a Mobilidade apresentou melhor avaliação com 91,25%, seguido de Ambiente do Lar com 86,25% e em terceiro Relações Pessoais com 83,13%. Já as questões relacionadas à Dor e Desconforto foi a que apresentou uma menor porcentagem de avaliação com 23,72%, seguido de Sentimentos Negativos com 27,50% e em terceiro lugar a Dependência de medicação ou tratamentos com 28,75%.
Tabela 2 – Características dos Domínios e Facetas, segundo WHOQOL-BREF, dos participantes do estudo
CARACTERÍSTICAS | % | MÉDIA | DESVIO PADRÃO |
FÍSICO | 78,75 | 16,60 | 1,79 |
Dor e desconforto | 23,72 | ||
Energia e fadiga | 75,63 | ||
Sono e fadiga | 75,63 | ||
Mobilidade | 91,25 | ||
Atividades de vida cotidiana | 80,00 | ||
Dependência de medicação ou tratamento | 28,75 | ||
Capacidade de trabalho | 81,25 | ||
PSICOLÓGICO | 76,04 | 16,17 | 1,23 |
Sentimentos positivos | 69,38 | ||
Pensar, aprender, memória e concentração | 75,63 | ||
Autoestima | 77,50 | ||
Imagem corporal e aparência | 80,00 | ||
Sentimentos negativos | 27,50 | ||
Espiritualidade/ religião/ crenças pessoais | 81,41 | ||
RELAÇÕES SOCIAIS | 80,31 | 16,85 | 1,61 |
Relações pessoais | 83,13 | ||
Suporte e apoio pessoal | 80,00 | ||
Atividade sexual | 78,79 | ||
AMBIENTE | 66,88 | 14,70 | 1,36 |
Segurança física e proteção | 72,50 | ||
Ambiente do lar | 86,25 | ||
Recursos financeiros | 47,50 | ||
Cuidados de saúde | 66,25 | ||
Novas informações e habilidades | 67,50 | ||
Recreação e lazer | 55,63 | ||
Ambiente físico | 76,88 | ||
Transporte | 62,50 | ||
AUTOAVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA | 76,25 | 16,20 | 1,91 |
Fonte: Elaborado pelos autores.
6. DISCUSSÃO
Os dados obtidos das mulheres rendeiras por meio do questionário WHOQOL-bref demonstraram bons escores de qualidade de vida para todos os domínios em relação a pontuação mais alta dos escores de cada domínio, assim como boas médias encontradas para os diferentes domínios da QV na população em questão. O estudo demonstrou que o domínio das relações sociais foi o que mais contribuiu na qualidade de vida global, seguido do físico, psicológico e ambiental, sendo que o domínio ambiental apresentou uma menor avaliação e consequentemente menor contribuição. Na autoavaliação sobre QV 76,25% apresentaram boa avaliação em relação à qualidade de vida, indicando que o trabalho artesanal das rendeiras não oferece tantos riscos à saúde como é comumente relatado por ser um trabalho manual lento e de repetitividade de movimentos.
O domínio das relações sociais (80,31) foi o que mais contribuiu na qualidade de vida global das mulheres rendeiras. Nesse domínio observa-se o grau de satisfação com as pessoas do círculo social (83,13), o apoio que recebe (80,00) e a satisfação com a atividade sexual (78,79), e como pôde-se conferir no estudo, demonstraram bons escores nas respectivas facetas que fazem parte desse domínio, indicando satisfação e bem-estar dos trabalhadores. Um estudo sobre a importância do fazer artesanato para o envelhecimento ativo concluiu que a atividade artesã é capaz de proporcionar autonomia, criatividade e ainda ser uma forte ferramenta de convívio social, promovendo impacto positivo na vida pessoal e familiar13.
No domínio físico (78,75), o segundo mais bem avaliado de acordo com os dados obtidos, dentre os itens, fazem parte a mobilidade (91,25), capacidade para o trabalho (81,25), atividades diárias (80,00), satisfação com o sono e energia (75,63). Tais resultados demonstram que os indivíduos estão aptos e satisfeitos com o trabalho, assim como possuem uma boa qualidade de sono. Os fatores como dependência de medicação ou tratamento (28,75) e presença de dor ou desconfortos (23,72) que também fazem parte do domínio físico, foram os menos avaliados, justificando o escore alto do domínio físico.
Os resultados apresentados acima corroboram com um estudo onde a saúde física é considerada como um fator crucial para a predizer qualidade de vida. No que diz respeito aos dados apresentados é perceptível que o domínio físico apresenta bons valores como é o caso da mobilidade e a capacidade para o trabalho, que são variáveis importantes para verificar a saúde do sujeito14. No mais, a QV está ligada diretamente a condição de saúde e o nível da saúde do indivíduo, como também, na aptidão de se viver de forma plena9.
Em relação ao domínio psicológico (76,04) que avalia a espiritualidade (81,41), satisfação com aparência (80,00), autoestima (77,50), frequência de sentimentos positivos (69,38) e negativos (27,50), o escore obtido é satisfatório. Outro estudo analisado afirma que essas sensações de prazer e satisfação podem ser geradas pelo grupo de artesanato, pois ele representa uma mudança na rotina, uma busca por momentos de prazer e uma quebra da tensão do cotidiano que geralmente são, desgastantes, extenuantes e estressantes, é uma maneira de aproveitar momentos de expressão de capacidade criadora, de ocupação de ambiente e tempos, de distrair, de rir, momentos de cuidado de si, na busca por uma melhor qualidade de vida, que interferem diretamente na mantença da saúde mental15. Percebe-se então que a população estudada está satisfeita consigo mesmo, aproveita a vida e que é rara a presença de sentimentos negativos, explicando o bom escore no aspecto psicológico.
O domínio ambiental (66,88) foi o que teve uma menor avaliação por parte da amostra, e consequentemente menor contribuição na QV global. Nesse domínio verifica-se as condições do ambiente físico, a segurança, dinheiro para as necessidades, o lazer, transporte, moradia e acesso aos serviços de saúde. Embora os itens, ambiente do lar (86,25), ambiente físico (76,88) e segurança (72,50) tenham apresentado bons escores, outros itens como recreação e lazer (55,63) e recursos financeiros (47,50) apresentaram escores muito baixos, justificando o menor escore obtido para esse domínio.
Corroborando com os dados acima, um estudo de 2020 afirma que o trabalho artesanal possibilita uma melhor flexibilidade e autonomia na dinâmica do tempo de serviço, abrindo espaço para atividades de lazer16. Mesmo o item lazer não tendo apresentado uma porcentagem elevada como os demais itens do domínio é necessário levar em consideração que o significado de lazer pode ser subjetivo, estando aplicado em atividades cotidianas, como também em outras atividades mais elaboradas.
Quanto aos recursos financeiros, é possível afirmar que “[…] pessoas com condições materiais de recursos semelhantes podem apresentar diferentes percepções de qualidade de vida em função do histórico de vida de cada uma e de suas aspirações em relação aos padrões que julgam ideias”17. Dessa forma, constata-se que os recursos financeiros nem sempre serão preditores da qualidade de vida, visto que a QV pode ser subjetiva.
7. CONCLUSÃO
Com a pesquisa foi possível obter informações importantes a respeito da qualidade de vida de mulheres rendeiras, através do WHOQOL-bref, possibilitando encontrar escores significativos sobre a QV das entrevistadas em relação ao domínios e pontuações do questionário, apontando alto índice de qualidade de vida em todas as áreas analisadas mas com destaque do domínio de relações sociais que se mostrou um dos melhores índices, atuando diretamente sobre a vida das entrevistadas de uma forma geral, seguido pelos domínios físico, psicológico e ambiental.
Um destaque importante para as relações sociais levam a crer que o trabalho em grupo é uma oportunidade valiosa para fortalecer laços e melhorar a qualidade de vida. O ambiente coletivo proporciona troca de ideias e experiências, criando senso de pertencimento e apoio mútuo. Essa convivência fortalece laços e reduz a sensação de isolamento, além de promover o sentimento de realização ao alcançar objetivos comuns. Dessa forma, o trabalho coletivo não só contribui para resultados mais eficazes, mas também para um bem-estar emocional compartilhado.
Embora alguns estudos relatam que o local e as condições do trabalho artesanal geram prejuízos na qualidade de vida devido a utilização de instrumentos simples e inadequados, nosso estudo demonstrou por meio do questionário WHOQOL-bref, resultados satisfatórios nos domínios de QV no ambiente de trabalho de mulheres rendeiras, principalmente nos domínios relações sociais e físico, indicando satisfação com o círculo social, assim como mobilidade e capacidade para o trabalho, promovendo impacto positivo tanto na vida social quanto profissional.
Tendo em vista as limitações encontradas neste estudo, como deslocamento até a associação e o índice significativo de analfabetismo de algumas participantes, recomenda-se que outras pesquisas sobre a Qualidade de Vida de mulheres rendeiras sejam realizadas, a fim de que venham a auxiliar profissionais da saúde e a população de modo geral, fornecendo informações atualizadas.
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1 Fisioterapeuta pela Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar). Residente em Neonatologia pela Santa Casa de Misericórdia de Sobral (SCMS). Sobral – CE, Brasil
3 Fisioterapeuta pela Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar). Parnaíba – PI, Brasil
3 Docente do curso de Fisioterapia da Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar). Parnaíba – PI, Brasil
Correspondência: Coordenação de Fisioterapia – Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar). Av. São Sebastião, 2819, Bairro Nossa Senhora de Fátima, Parnaíba-PI. Contato: (88) 99206-2642. E-mail: fisiopedrojonathan@gmail.com