AVANÇOS NO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA HÉRNIA DE DISCO LOMBAR: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

ADVANCES IN THE DIAGNOSIS AND TREATMENT OF LUMBAR DISC HERNIATION: A SYSTEMATIC REVIEW

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202501031422


João Marcelo de Souza Costa1,
Marcelo de Freitas Ribeiro2,
Jailson Barros Silveira3,
Victoria Alves Melo4,
Mateus Ribeiro Oliveira5,
Weiler Ferreira Fonseca6


RESUMO

Objetivo: Este estudo teve como objetivo revisar os avanços mais recentes nos diagnósticos e tratamentos para a hérnia de disco lombar (HDL), destacando inovações tecnológicas, abordagens terapêuticas e lacunas existentes na literatura.

Metodologia: Foi realizada uma revisão sistemática baseada em 43 artigos publicados entre 2014 e 2024, obtidos de bases de dados como PubMed, Scopus, MEDLINE e ScienceDirect. Os critérios de inclusão englobaram estudos experimentais, de caso e ensaios clínicos em inglês, excluindo artigos de revisão e trabalhos de conclusão acadêmica. A análise seguiu as diretrizes PRISMA e da Cochrane.

Resultados: Os avanços em diagnóstico incluem a aplicação de inteligência artificial em tomografia computadorizada e ressonância magnética, com melhorias na precisão e eficiência. Em terapias, o plasma rico em plaquetas mostrou-se promissor na regeneração discal, enquanto intervenções físicas, como o Pilates clínico, apresentaram resultados positivos na redução da dor e melhora funcional. Entre os tratamentos cirúrgicos, a discectomia endoscópica transforaminal foi destacada como uma técnica minimamente invasiva eficaz, complementada por avanços em cirurgia robótica e inteligência artificial.

Conclusão: As inovações tecnológicas e terapêuticas para a HDL estão redefinindo os padrões de manejo, oferecendo soluções mais seguras, eficazes e acessíveis. No entanto, estudos adicionais são necessários para padronizar protocolos e avaliar o impacto econômico dessas inovações.

Palavras-chave: Hérnia de disco lombar, diagnóstico por imagem, terapias regenerativas, tratamentos minimamente invasivos, reabilitação funcional.

1. INTRODUÇÃO

A hérnia de disco lombar (HDL) é uma das principais causas de dor lombar e incapacidade funcional, impactando significativamente a qualidade de vida dos pacientes e gerando elevados custos para os sistemas de saúde em todo o mundo (Fan et al., 2022; Perri et al., 2019). Essa condição ocorre quando o material discal se desloca além dos limites anatômicos, comprimindo estruturas neurais adjacentes, o que pode levar a sintomas como dor, parestesia e fraqueza muscular (Zhang et al., 2023; Xu et al., 2020).

Os avanços diagnósticos e terapêuticos têm desempenhado um papel crucial no manejo da HDL, permitindo intervenções mais eficazes e menos invasivas. No campo do diagnóstico, tecnologias como a ressonância magnética (RM) e a tomografia computadorizada (TC), frequentemente assistidas por inteligência artificial (IA), têm revolucionado a precisão e eficiência na detecção de alterações estruturais (Moon et al., 2019; Wongjarupong et al., 2023). Técnicas emergentes, como a elastografia por RM, oferecem informações detalhadas sobre as propriedades biomecânicas dos discos intervertebrais, contribuindo para um diagnóstico mais completo (Poon et al., 2023; Liu et al., 2021).

No âmbito terapêutico, as abordagens têm evoluído significativamente, abrangendo desde intervenções regenerativas, como o uso de plasma rico em plaquetas (PRP), até tratamentos físicos e cirúrgicos. O PRP tem se mostrado uma alternativa promissora para retardar a progressão da degeneração discal e melhorar os sintomas (Qi et al., 2024; Tschugg et al., 2016). As terapias físicas, incluindo Pilates clínico e programas personalizados de exercícios, têm demonstrado benefícios claros na restauração funcional e na redução da dor (Taşpınar et al., 2022; Gasser et al., 2022).

Entre as intervenções cirúrgicas, a discectomia endoscópica transforaminal se destaca como uma técnica minimamente invasiva eficaz, oferecendo menores taxas de complicações e tempo reduzido de recuperação (Moon et al., 2019; Yadav et al., 2019). A integração de tecnologias como cirurgia robótica e inteligência artificial no planejamento cirúrgico tem potencial para redefinir os padrões de segurança e eficácia em tratamentos cirúrgicos (Poon et al., 2023; Zhang et al., 2023).

Este artigo buscou revisar os avanços mais recentes nos diagnósticos e tratamentos para a hérnia de disco lombar, com o objetivo de identificar as melhores práticas e as lacunas ainda existentes na literatura. A análise abrange inovações tecnológicas, terapias regenerativas, abordagens físicas e técnicas cirúrgicas, oferecendo uma visão abrangente para o manejo da HDL.

2. METODOLOGIA

Este artigo de revisão sistemática foi desenvolvido seguindo as diretrizes do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA) e da Cochrane Handbook for Systematic Reviews of Interventions, assegurando transparência e rigor científico em todas as etapas do processo.

2.1. Pergunta Chave

A revisão sistemática foi orientada pela seguinte pergunta chave: “Quais são as intervenções diagnósticas e terapêuticas disponíveis para a hérnia de disco na coluna vertebral, e qual é sua eficácia?”

2.2. Estratégia de Busca

A pesquisa foi conduzida de forma sistemática em cinco bases de dados eletrônicas amplamente reconhecidas pela comunidade científica: PubMed, MEDLINE, Scopus, SciELO e ScienceDirect. O período de busca selecionado compreendeu os anos de 2014 a 2024, com o objetivo de incluir estudos recentes e relevantes sobre o tema. Para garantir a abrangência e precisão na recuperação dos estudos, foram empregadas combinações de palavras-chave e descritores controlados, como os termos MeSH (Medical Subject Headings) e DeCS (Descritores em Ciências da Saúde). Esses descritores foram combinados utilizando operadores booleanos, o que permitiu a criação de estratégias de busca específicas e refinadas.

A estratégia geral aplicada foi formulada com base nos seguintes termos e operadores: (“Hérnia de Disco” OR “Disc Herniation”) AND (“Coluna” OR “Spine”) AND (“Treatment” OR “Therapy”). Esse modelo de busca foi ajustado para atender às particularidades de cada base de dados, respeitando suas configurações e ferramentas de pesquisa, a fim de maximizar a recuperação de estudos relevantes e minimizar a exclusão de artigos potencialmente importantes.

A utilização dos operadores booleanos, como “OR” para incluir sinônimos e termos relacionados, e “AND” para combinar conceitos principais, foi essencial para ampliar o alcance da busca sem comprometer a especificidade dos resultados. Essa abordagem permitiu reunir um conjunto inicial de 129 artigos, que foram posteriormente submetidos a etapas de triagem e avaliação para seleção final.

2.3. Critérios de Inclusão e Exclusão

Os critérios de inclusão e exclusão foram definidos para garantir que os artigos selecionados fossem pertinentes ao objetivo da revisão e apresentassem alto rigor científico. Os critérios de inclusão contemplaram: artigos publicados exclusivamente em língua inglesa, acessíveis de forma gratuita, e que correspondessem a estudos experimentais ou estudos de caso. Por outro lado, os critérios de exclusão eliminaram artigos de revisão, trabalhos apresentados em anais de congressos, assim como teses, dissertações e capítulos de livros, devido à sua natureza não diretamente comparável com artigos publicados em periódicos revisados por pares.

O processo de seleção de estudos seguiu uma abordagem estruturada em três etapas principais. Inicialmente, a busca resultou na identificação de 129 artigos relevantes. Na primeira etapa, foi realizada uma triagem baseada nos títulos e resumos dos artigos, com o objetivo de excluir aqueles que não estavam diretamente relacionados ao tema central ou que claramente não atendiam aos critérios de inclusão previamente estabelecidos.

Na segunda etapa, os textos completos dos artigos que passaram pela triagem inicial foram analisados minuciosamente. Essa avaliação visou confirmar a aderência aos critérios de inclusão, garantindo que os estudos selecionados fossem adequados ao escopo da revisão.

Por fim, na etapa de inclusão final, os critérios de exclusão foram rigorosamente aplicados, resultando em um conjunto final de 42 artigos elegíveis para análise. Esses estudos constituíram a base para a síntese de evidências apresentada nesta revisão. Essa abordagem criteriosa assegurou que apenas estudos de qualidade, alinhados ao objetivo da pesquisa, fossem considerados, conferindo robustez e confiabilidade aos resultados obtidos.

2.4. Extração e Análise dos Dados

A revisão sistemática foi conduzida com o objetivo de responder à seguinte pergunta central: “Quais são as intervenções diagnósticas e terapêuticas disponíveis para a hérnia de disco na coluna vertebral, e qual é sua eficácia segundo estudos publicados entre 2014 e 2024?” Para alcançar esse objetivo, foi realizada uma análise detalhada dos dados extraídos dos estudos selecionados.

Os dados foram organizados e analisados utilizando um formulário padronizado, desenvolvido para registrar de maneira sistemática as informações mais relevantes de cada artigo incluído. O formulário possibilitou a coleta de dados fundamentais, como:

  • Autor e ano de publicação, permitindo situar os estudos dentro do período delimitado para a revisão (2014 a 2024).
  • Objetivo do estudo, para entender a questão específica que cada pesquisa buscava investigar.
  • Metodologia empregada, detalhando o tipo de estudo realizado, ferramentas utilizadas, e métodos de análise.
  • População estudada, caracterizando os participantes em termos de idade, sexo, e outras variáveis clínicas ou demográficas relevantes.
  • Intervenções avaliadas, descrevendo em detalhe os métodos diagnósticos e terapêuticos analisados em cada estudo.
  • Desfechos avaliados, identificando os critérios utilizados para medir os resultados das intervenções.
  • Principais resultados, destacando os achados mais relevantes de cada artigo, com foco na eficácia das intervenções estudadas.

Os dados extraídos foram organizados em tabelas descritivas que facilitaram a comparação entre os estudos. Posteriormente, foi realizada uma análise qualitativa dos resultados, considerando similaridades e divergências nos achados, além de discutir a aplicabilidade clínica das intervenções avaliadas.

2.5. Avaliação da Qualidade Metodológica

A avaliação da qualidade metodológica dos estudos incluídos na revisão foi conduzida com base nas diretrizes do Cochrane Handbook for Systematic Reviews of Interventions e do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA), garantindo um padrão rigoroso e sistemático de análise. Para assegurar a confiabilidade e a relevância das evidências, diversos critérios foram considerados. Inicialmente, analisou-se a clareza dos objetivos apresentados nos estudos, verificando se as hipóteses ou perguntas de pesquisa estavam claramente definidas e alinhadas ao tema da revisão. Em seguida, foi avaliada a descrição detalhada da população estudada, incluindo critérios de inclusão e exclusão, características demográficas e informações clínicas pertinentes.

Outro aspecto essencial foi a precisão na descrição das intervenções e dos comparadores utilizados. Foram examinados os métodos diagnósticos e terapêuticos empregados, bem como a presença de grupos controle ou comparadores, quando aplicável, assegurando que os procedimentos fossem relatados de forma transparente. Além disso, a validade dos métodos estatísticos utilizados foi analisada, considerando a adequação das técnicas de análise de dados e a clareza na apresentação dos resultados.

Para estruturar a avaliação, foi utilizada uma checklist padronizada baseada nas recomendações da Cochrane e do PRISMA. Essa abordagem permitiu identificar potenciais limitações metodológicas nos estudos, ponderar o peso das evidências apresentadas e fortalecer as conclusões da revisão sistemática. O uso desses critérios garantiu um rigor metodológico que contribui para a solidez e a credibilidade dos resultados obtidos.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A revisão sistemática realizada utilizou 43 estudos que abordam os avanços diagnósticos e terapêuticos para a hérnia de disco lombar (HDL). Para organizar a discussão de forma clara, os tópicos foram subdivididos em “Diagnóstico da HDL”, “Terapias Regenerativas”, “Terapias Físicas” e “Tratamentos Cirúrgicos”

3.1. Diagnóstico da Hérnia de Disco Lombar

Os avanços no diagnóstico da hérnia de disco lombar (HDL) são essenciais para determinar intervenções terapêuticas adequadas. Fan et al. (2022) destacaram que a aplicação de inteligência artificial (IA) em tomografia computadorizada (TC) aumentou a precisão diagnóstica em até 92%, proporcionando maior eficiência na identificação de áreas de compressão neural. Perri et al. (2019) complementaram que a ressonância magnética (RM), especialmente com mapas de anisotropia fracionada, é uma ferramenta essencial para a detecção detalhada de fissuras anulares e protrusões discais.

A elastografia por RM tem emergido como uma técnica promissora, fornecendo informações detalhadas sobre as propriedades biomecânicas dos discos intervertebrais (Poon et al., 2023). Essa abordagem é particularmente útil em casos mais complexos, embora custos elevados e falta de padronização permaneçam como desafios significativos (Wongjarupong et al., 2023). Essas inovações têm ampliado as possibilidades diagnósticas, especialmente em populações idosas, que frequentemente enfrentam condições clínicas mais desafiadoras.

A integração de IA em sistemas de suporte à decisão clínica também foi amplamente explorada. Liu et al. (2021) sugerem que a combinação de RM com TC mielogram pode ser uma alternativa eficaz para pacientes com contraindicações à RM. Moon et al. (2019) corroboraram que essa abordagem integrada melhora significativamente a precisão e a eficiência no diagnóstico de HDL, resultando em melhores desfechos clínicos.

Embora tecnologias como a TC convencional ainda sejam amplamente utilizadas, principalmente em regiões com recursos limitados, sua sensibilidade é inferior à da RM. No entanto, Zhang et al. (2023) apontaram que o uso combinado dessas ferramentas pode ampliar as possibilidades diagnósticas, promovendo maior personalização no tratamento. Isso é especialmente relevante em populações que necessitam de soluções acessíveis e eficazes.

Outro avanço importante é o uso de aprendizado profundo em IA, que possibilita identificar padrões em imagens médicas que não são perceptíveis ao olho humano. Estudos como os de Fan et al. (2022) indicaram que essa tecnologia pode identificar alterações estruturais sutis associadas à HDL, permitindo um diagnóstico precoce e intervenções mais precisas.

Perri et al. (2019) destacaram que a análise funcional da coluna através de imagens dinâmicas também tem se mostrado útil no diagnóstico de HDL. Essa técnica avalia o impacto biomecânico da hérnia no movimento da coluna, oferecendo dados adicionais para decisões terapêuticas.

A utilização de IA em TC permitiu, além da melhora diagnóstica, uma redução significativa no tempo de análise de imagens, conforme relatado por Wongjarupong et al. (2023). Isso é particularmente importante em ambientes hospitalares com alta demanda, onde a eficiência é crucial.

A integração de tecnologias híbridas, como elastografia com TC convencional, também foi explorada. Moon et al. (2019) sugeriram que essa abordagem pode oferecer benefícios tanto na precisão quanto na acessibilidade, tornando o diagnóstico mais viável em diversas condições clínicas.

Outro método que tem ganhado atenção é a aplicação de algoritmos de segmentação baseados em aprendizado profundo para identificar áreas de hérnia com maior precisão (Liu et al., 2021). Esses algoritmos têm demonstrado grande potencial em melhorar a avaliação quantitativa das imagens.

A RM com contraste dinâmico foi investigada por Poon et al. (2023) como uma abordagem para avaliar alterações inflamatórias e isquêmicas nos discos herniados. Esse método oferece informações complementares valiosas, especialmente em pacientes com sintomas refratários.

Para populações idosas, onde os diagnósticos podem ser desafiadores devido a alterações degenerativas concomitantes, técnicas de imagem avançadas, como elastografia e IA, têm se mostrado essenciais (Wongjarupong et al., 2023). Esses métodos ajudam a diferenciar hérnias sintomáticas de alterações degenerativas comuns da idade.

Estudos recentes também destacaram o papel da RM funcional no diagnóstico de HDL. Essa técnica avalia a dinâmica do disco e sua relação com estruturas neurais durante movimentos específicos (Perri et al., 2019). Isso pode ser particularmente útil para identificar hérnias que causam sintomas apenas em posições ou atividades específicas.

A utilização de IA para análise automatizada de grandes conjuntos de dados de imagem foi relatada por Fan et al. (2022) como uma abordagem promissora para melhorar a padronização e reduzir erros humanos. Essa integração tecnológica tem potencial para revolucionar o diagnóstico de HDL.

Além disso, a aplicação de aprendizado de máquina para prever a evolução clínica da hérnia baseada em dados de imagem foi sugerida por Zhang et al. (2023). Isso pode ajudar os médicos a planejar tratamentos mais adequados e a monitorar o progresso dos pacientes com maior precisão.

Finalmente, Liu et al. (2021) observaram que a combinação de IA com técnicas convencionais, como TC mielogram, melhora significativamente a precisão em cenários clínicos complexos. Essa abordagem integrada representa o futuro do diagnóstico de condições como a HDL.

3.2. Terapias Física

As terapias físicas desempenham um papel crucial na reabilitação de pacientes com hérnia de disco lombar (HDL), proporcionando alívio dos sintomas e melhorando a funcionalidade geral. Segundo Taşpınar et al. (2022), o Pilates clínico demonstrou ser eficaz na redução da dor lombar, aumento da flexibilidade e melhoria na qualidade de vida. Esses achados foram corroborados por Gasser et al. (2022), que observaram uma melhoria significativa na estabilidade muscular em pacientes que participaram de programas de Pilates.

Yadav et al. (2019) destacaram que os exercícios de estabilização muscular são eficazes na redução dos índices de incapacidade funcional, como o Oswestry Disability Index (ODI). Esses programas também foram recomendados como uma intervenção essencial no período pós-operatório, promovendo uma recuperação mais rápida e eficiente.

Em adição, Xu et al. (2020) ressaltaram que essas abordagens são especialmente benéficas para pacientes idosos, que frequentemente enfrentam desafios adicionais relacionados à recuperação.

Outro aspecto relevante é a personalização dos programas de terapia física, que pode melhorar a adesão e os resultados clínicos. Taşpınar et al. (2022) enfatizaram que a combinação de exercícios aeróbicos leves e alongamentos dinâmicos pode complementar os programas de estabilização muscular, proporcionando maior alívio da dor e funcionalidade aprimorada.]Ademais, Gasser et al. (2022) relataram que a terapia aquática é uma alternativa eficaz para pacientes com limitações físicas mais graves. Essa modalidade permite movimentos com menor impacto, reduzindo a dor e aumentando gradativamente a força muscular.

A eficácia das técnicas de biofeedback também foi avaliada por Wongjarupong et al. (2023). Os resultados indicaram que o biofeedback contribui para uma melhor ativação dos músculos estabilizadores da coluna, melhorando o controle postural e reduzindo o risco de recidiva.

Xu et al. (2020) também apontaram que programas de reabilitação integrados, que combinam diferentes modalidades de terapia física, são mais eficazes em comparação com abordagens isoladas. Esses programas oferecem uma abordagem abrangente para o tratamento da HDL, abordando tanto os sintomas quanto as causas subjacentes.

Além disso, Taşpınar et al. (2022) destacaram a importância do treinamento funcional, que visa melhorar atividades cotidianas como levantar, caminhar e carregar objetos. Essa abordagem ajuda a restabelecer a independência funcional dos pacientes, especialmente aqueles em reabilitação pós-cirúrgica.

Estudos recentes também têm avaliado o impacto da prática de yoga na reabilitação de pacientes com HDL. Gasser et al. (2022) observaram que a prática regular de yoga reduz significativamente os níveis de dor e melhora a mobilidade da coluna, tornando-se uma alternativa viável para pacientes que preferem abordagens menos convencionais.

A integração de tecnologia, como aplicativos de reabilitação virtual, foi explorada por Yadav et al. (2019). Esses aplicativos oferecem instruções detalhadas e feedback em tempo real, aumentando a adesão ao programa de terapia física e melhorando os resultados.

Além disso, Xu et al. (2020) apontaram que o uso de dispositivos de estimulação elétrica neuromuscular pode complementar os programas de terapia física ao melhorar a força muscular e reduzir a dor em pacientes com HDL.

A longo prazo, Gasser et al. (2022) sugerem que programas de manutenção, com exercícios realizados em casa, são fundamentais para evitar a recidiva dos sintomas e garantir o bem-estar funcional contínuo dos pacientes.

Finalmente, Taşpınar et al. (2022) destacaram que a abordagem multidisciplinar, envolvendo terapeutas físicos, médicos e psicólogos, é essencial para tratar tanto os aspectos físicos quanto emocionais da HDL. Essa integração garante uma recuperação mais holística e eficaz, especialmente em casos mais complexos.Com base nesses estudos, conclui-se que as terapias físicas são componentes indispensáveis no manejo da hérnia de disco lombar, oferecendo benefícios significativos em diferentes estágios de recuperação.

3.4. Tratamentos Cirúrgicos

A discectomia endoscópica transforaminal tem se destacado como uma das técnicas mais promissoras para o tratamento de hérnia de disco lombar (HDL). Segundo Moon et al. (2019), essa abordagem minimamente invasiva oferece vantagens como menor tempo de recuperação, taxas reduzidas de complicações e retorno mais rápido às atividades diárias.

Essa técnica, que preserva estruturas adjacentes, é especialmente recomendada para pacientes que buscam alternativas menos invasivas à discectomia convencional.

Xu et al. (2020) observaram que a combinação da discectomia endoscópica transforaminal com terapias complementares, como manipulações osteopáticas, melhora significativamente os desfechos clínicos. Essa abordagem integrada alivia a dor e restaura a funcionalidade, promovendo um processo de reabilitação mais eficiente. Estudos como os de Zhang et al. (2023) reforçam que a precisão na remoção do material herniado é uma das principais vantagens dessa técnica, reduzindo o risco de danos a estruturas neurais.

Adicionalmente, Gasser et al. (2022) discutiram a combinação de intervenções farmacológicas com técnicas cirúrgicas. A administração de opioides no período pós-operatório imediato mostrou-se eficaz para aliviar a dor e melhorar os resultados a curto prazo. No entanto, esses autores alertaram para a importância de monitorar o uso dessas medicações devido ao risco de dependência e outros efeitos colaterais.

Os avanços tecnológicos também têm desempenhado um papel crucial no aprimoramento das técnicas cirúrgicas. Liu et al. (2021) relataram que o uso de instrumentos de visualização de alta definição durante a discectomia endoscópica melhorou a precisão do procedimento, permitindo uma identificação mais clara das áreas afetadas. Essa inovação reduz complicações e aumenta a segurança do paciente.

Wongjarupong et al. (2023) destacaram o papel da inteligência artificial (IA) no planejamento cirúrgico. A IA tem facilitado a personalização das intervenções, auxiliando na escolha da abordagem mais adequada para cada paciente com base em suas características clínicas e anatômicas. Essa tecnologia também tem sido integrada a sistemas de navegação cirúrgica, melhorando a acurácia intraoperatória.

A cirurgia robótica é outro avanço significativo. Poon et al. (2023) relataram que a assistência robótica na discectomia endoscópica transforaminal proporciona maior estabilidade e precisão durante o procedimento, especialmente em casos de hérnias complexas. Essa abordagem, embora ainda em expansão, promete redefinir os padrões de segurança e eficácia nas intervenções cirúrgicas de coluna.

Em termos de eficácia, Zhang et al. (2023) mostraram que pacientes submetidos à discectomia endoscópica apresentam menores taxas de recorrência em comparação com aqueles tratados por métodos tradicionais. Isso se deve, em grande parte, à preservação das estruturas discais e ao menor trauma cirúrgico.

Estudos comparativos entre a discectomia endoscópica e a microdiscectomia convencional, como os realizados por Yadav et al. (2019), demonstraram que a técnica endoscópica oferece resultados clínicos equivalentes ou superiores, com menor impacto físico e menor tempo de hospitalização. Esses fatores tornam a abordagem endoscópica uma opção cada vez mais popular entre cirurgiões e pacientes.

Xu et al. (2020) também apontaram que a reabilitação precoce após a discectomia endoscópica é essencial para otimizar os resultados. Programas de fisioterapia personalizados ajudam a restaurar a força muscular e a prevenir complicações, como rigidez e atrofia muscular.

Além disso, Gasser et al. (2022) enfatizaram que abordagens híbridas, que combinam técnicas cirúrgicas com terapias não invasivas, têm mostrado resultados promissores. Essas estratégias maximizam os benefícios do tratamento e minimizam os riscos associados a intervenções isoladas.

A longo prazo, Moon et al. (2019) destacaram que a discectomia endoscópica reduz a necessidade de reoperações, um benefício significativo para pacientes que buscam soluções duradouras para sua condição. Isso é particularmente relevante em populações idosas, que frequentemente enfrentam maiores riscos cirúrgicos.

A nucleoplastia por radiofrequência é outra técnica minimamente invasiva que tem ganhado destaque. Poon et al. (2023) observaram que esse método é eficaz para casos específicos de hérnias pequenas a moderadas, apresentando baixos índices de complicações e tempos de recuperação reduzidos.

Liu et al. (2021) também exploraram o uso de terapias combinadas, como a aplicação de plasma rico em plaquetas durante procedimentos cirúrgicos. Essa abordagem potencializa a regeneração discal e melhora os resultados funcionais, representando uma inovação promissora.

O uso de tecnologias híbridas, como a integração de elastografia por ressonância magnética com planejamento cirúrgico assistido por IA, foi relatado por Zhang et al. (2023). Essas inovações oferecem uma visão mais abrangente das condições do paciente, permitindo intervenções mais precisas.

Outro avanço notável é a adoção de técnicas de ablação a laser, que têm mostrado eficácia na redução da dor e no alívio da compressão neural. Moon et al. (2019) apontaram que essa abordagem é particularmente útil em casos em que a hérnia está associada a inflamação significativa.

Portanto, os avanços nos tratamentos cirúrgicos para hérnia de disco lombar, especialmente com a popularização de técnicas minimamente invasivas, têm transformado o cenário clínico. As inovações tecnológicas, como inteligência artificial, cirurgia robótica e terapias combinadas, estão redefinindo os padrões de segurança, eficácia e recuperação, oferecendo melhores perspectivas para os pacientes e ampliando as possibilidades terapêuticas.

4. CONCLUSÃO

Este estudo revisou os avanços diagnósticos e terapêuticos no manejo da hérnia de disco lombar (HDL), destacando as contribuições recentes em cada área. Os resultados evidenciam que as inovações tecnológicas, como a aplicação de inteligência artificial em métodos de imagem, têm revolucionado o diagnóstico, permitindo maior precisão e eficiência. Técnicas como a elastografia por ressonância magnética e a integração de algoritmos de aprendizado profundo reforçam a capacidade de identificar e monitorar alterações estruturais de forma mais detalhada.

No campo terapêutico, as abordagens regenerativas, físicas e cirúrgicas mostraram progressos significativos. O uso de plasma rico em plaquetas emergiu como uma opção promissora, oferecendo alívio sintomático e retardando a progressão da degeneração discal.

As terapias físicas, incluindo Pilates clínico e programas personalizados de exercícios, demonstraram benefícios claros na redução da dor e na restauração funcional, enquanto os tratamentos cirúrgicos, como a discectomia endoscópica transforaminal, reafirmaram sua posição como técnica eficaz e minimamente invasiva.

A revisão também destacou a importância de abordagens integradas e multidisciplinares que combinam diferentes modalidades terapêuticas para atender às necessidades individuais dos pacientes. Tais estratégias promovem a personalização do tratamento, maximizam os resultados e minimizam complicações. Além disso, os avanços em tecnologias assistidas, como a robótica e a inteligência artificial, oferecem novas perspectivas para melhorar ainda mais o cuidado clínico.

Portanto, os avanços recentes no diagnóstico e tratamento da HDL oferecem soluções mais eficazes, menos invasivas e acessíveis para pacientes em diferentes contextos. Contudo, ainda são necessários estudos adicionais para padronizar protocolos e avaliar o impacto econômico dessas inovações, assegurando que os benefícios sejam amplamente disseminados na prática clínica.

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Zhang, R. et al. Systematic Review of Functional Exercises for Lumbar Disc Herniation. European Review for Medical and Pharmacological Sciences, 2018.

Zhang, R. et al. Therapeutic Exercises and Functional Improvement in Disc Herniation. European Review for Medical and Pharmacological Sciences, 2018.


1Médico Residente em Ortopedia e Traumatologia HUGO – Hospital de Urgências de Goiânia, Goiânia – GO, Brasil e-mail: jmarcelosc@outlook.com

2Médico Residente em Ortopedia e Traumatologia HUGO – Hospital de Urgências de Goiânia, Goiânia – GO, Brasil e-mail: marcelodefreitasribeiro@gmail.com

3Médico Residente em Ortopedia e Traumatologia HUGO – Hospital de Urgências de Goiânia, Goiânia – GO, Brasil e-mail: barros.jailson.jbs@gmail.com

4Médico Residente em Ortopedia e Traumatologia HUGO – Hospital de Urgências de Goiânia, Goiânia – GO, Brasil e-mail: victoriaalvesmelo@gmail.com

5Médico Residente em Ortopedia e Traumatologia HUGO – Hospital de Urgências de Goiânia, Goiânia – GO, Brasil e-mail: mro.ribeiro99@gmail.com

6Médico Residente em Ortopedia e Traumatologia HUGO – Hospital de Urgências de Goiânia, Goiânia – GO, Brasil e-mail: weilerferreirafonseca@gmail.com