REABILITACAO ORAL COM PROTOCOLO BIMAXILAR: RELATO DE CASO

REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th102412291114



Maria Elizabeth Lima Rodrigues¹
Marcela Guimarães Carias de Oliveira2
Ana Beatriz Oliveira de Matos3
Robson J. Mendonça4
Emerson Eduardo Toldo5
Igor Alexandre Oliveira Santos6
Marcelo Peraccini7
Giuseppe Mazzaglia8,
Maria Eduarda Cavalcanti Macêdo9
Lucas Alves Cunha10
Ives Luis Velásquez Molina11
Denise da Silva Moscardini12


Resumo

Introdução: O protocolo bimaxilar é uma técnica avançada utilizada na reabilitação oral, especialmente em casos de pacientes que apresentam edentulismo total ou parcial severo na maxila e na mandíbula. Este método consiste na instalação de próteses fixas sobre implantes dentários em ambas as arcadas, promovendo uma reabilitação funcional, estética e psicossocial para o paciente. A técnica é indicada para proporcionar uma solução definitiva, estável e confortável, especialmente em indivíduos que enfrentam dificuldades com próteses removíveis convencionais. Objetivo: Avaliar sobre a reabilitação oral com protocolo bimaxilar. Metodologia: Esta revisão de literatura foi realizada com base em artigos científicos dispostos nas bases de dados MEDLINE via PubMed (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Para a seleção dos estudos foram utilizados, como critérios de inclusão, artigos que estivessem dentro da abordagem temática, disponíveis na íntegra e de forma gratuita, nos idiomas inglês, português e espanhol. Como parâmetros de exclusão foram retirados artigos duplicados e que fugiam do tema central da pesquisa. Conclusão: O protocolo bimaxilar representa uma solução inovadora e altamente eficaz na reabilitação oral de pacientes com edentulismo total ou severo. Combinando tecnologia avançada, planejamento detalhado e técnicas cirúrgicas precisas, este procedimento proporciona melhorias significativas na funcionalidade mastigatória, na estética facial e na qualidade de vida dos pacientes. Além de devolver o conforto e a estabilidade que muitas vezes faltam nas próteses removíveis, o protocolo bimaxilar se destaca por sua durabilidade e pelos benefícios psicossociais associados ao restabelecimento da função e estética.

Palavras – Chave: “Implante”; “Reabilitação Oral”; “Mandíbula”; “Maxila”.

  1. INTRODUÇÃO

A perda dentária é um problema de saúde bucal amplamente prevalente entre a população idosa, representando um desafio significativo tanto em termos clínicos quanto em termos sociais e psicológicos. Essa condição é frequentemente o resultado de um acúmulo de fatores ao longo da vida, incluindo doenças bucais como cárie dentária, doença periodontal e traumas dentários, além de condições sistêmicas que afetam a saúde oral. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a edentulismo – perda total dos dentes – ainda é um marco comum no envelhecimento, especialmente em países em desenvolvimento, embora tenha havido uma redução significativa em algumas regiões devido a melhorias nos cuidados de saúde bucal (Emami; Thomason, 2013).

Entre as principais causas da perda dentária na população idosa, destacam-se a progressão da doença periodontal, muitas vezes associada a hábitos de higiene oral inadequados e ao tabagismo, e a presença de cáries não tratadas. Além disso, alterações fisiológicas decorrentes do envelhecimento, como a diminuição do fluxo salivar (xerostomia) e alterações na microbiota bucal, podem aumentar a vulnerabilidade dos dentes a processos destrutivos. Condições sistêmicas, como diabetes mellitus e osteoporose, também têm sido amplamente associadas à perda dentária, uma vez que contribuem para a inflamação e perda óssea alveolar (Gomes et al., 2021).

A perda dentária pode levar a consequências funcionais, estéticas e emocionais significativas. Funcionalmente, ela afeta a mastigação e, consequentemente, a nutrição, muitas vezes levando a escolhas alimentares restritivas e piora do estado nutricional. Esteticamente, a ausência de dentes compromete a aparência facial, o que pode impactar a autoestima e as interações sociais. Psicologicamente, muitos idosos relatam sentimentos de vergonha ou estigma associados ao edentulismo, o que pode levar ao isolamento social (Rabaiolli et al., 2013)

A prevenção da perda dentária em idosos requer uma abordagem integrada, que combine a educação sobre higiene bucal, acesso a tratamentos odontológicos preventivos e controle de fatores de risco sistêmicos. Estratégias como campanhas de conscientização sobre a importância da saúde bucal ao longo da vida, o incentivo ao uso de escovas interdentais e fio dental, além da inclusão de tratamentos regulares em políticas públicas de saúde, são fundamentais (Hassan et al., 2022,

Quando a perda dentária ocorre, as intervenções terapêuticas incluem a reabilitação protética, como próteses totais ou parciais, bem como implantes dentários. Os implantes têm ganhado destaque devido à sua capacidade de restabelecer funções mastigatórias e melhorar a qualidade de vida, embora seu sucesso dependa de fatores como a saúde óssea e a adesão do paciente às orientações pós-operatórias (Moraes et al., 2021).

RELATO DE CASO

Um paciente do sexo feminino, com 63 anos de idade, compareceu a clínica odontológica relatando insatisfação estética e funcional devido a ausência total de dentes em ambas as arcadas. Durante a anamnese, foi relatado histórico de edentulismo há mais de 15 anos, associado ao uso de próteses totais convencionais que apresentavam instabilidade e desconforto, principalmente durante a mastigação. O paciente não apresentava comorbidades sistêmicas significativas e relatava boa saúde geral.

Após a avaliação clínica e exames radiográficos, foi constatada a presença de reabsorção óssea moderada nas regiões maxilar e mandibular, compatível com o longo período de edentulismo. Foram realizadas tomografias computadorizadas para planejamento virtual, com o objetivo de avaliar a densidade óssea e determinar as melhores áreas para a instalação dos implantes.

O plano de tratamento incluiu a exodontia dos elementos dentários e instalação de seis implantes na mandíbula e seis implantes no maxilar, configurando o protocolo bimaxilar fixo. Durante a fase cirúrgica, foi utilizado um guia cirúrgico para posicionamento preciso dos implantes.

Na mandíbula, os implantes foram instalados na região interforaminal, enquanto no maxilar foi necessário um planejamento avançado para evitar estruturas anatômicas importantes, como o seio maxilar.

Após o período de osseointegração de seis meses, foi realizada a etapa protética. Para isso, foram confeccionadas próteses fixas em resina acrílica reforçada com infraestrutura metálica, adaptadas para proporcionar uma oclusão funcional e estética. O ajuste oclusal foi realizado para equilibrar as forças mastigatórias, minimizando sobrecarga nos implantes.

A paciente apresentou excelente adaptação funcional e estética, relatando melhora significativa na qualidade de vida, especialmente na mastigação e na interação social. Durante o acompanhamento pós-operatório de um ano, os implantes demonstraram estabilidade, e as próteses permaneceram em perfeito estado funcional.

Este caso evidencia a eficácia do protocolo bimaxilar como uma solução reabilitadora para pacientes edêntulos, oferecendo melhorias tanto estéticas quanto funcionais, com impacto positivo na qualidade de vida.

3 METODOLOGIA

Esta revisão de literatura foi realizada com base em artigos científicos dispostos nas bases de dados MEDLINE via PubMed (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS).

Para a seleção dos estudos foram utilizados, como critérios de inclusão, artigos que estivessem dentro da abordagem temática, disponíveis na íntegra e de forma gratuita, nos idiomas inglês, português e espanhol. Como parâmetros de exclusão foram retirados artigos duplicados e que fugiam do tema central da pesquisa. Para busca dos artigos foram utilizadas as palavras-chave: “Implante”; “Reabilitação Oral”; “Mandíbula”; “Maxila”, indexadas aos Descritores em Ciência da Saúde (DeCS).

DISCUSSÕES

Os implantes dentários têm se tornado o padrão ouro na reabilitação de pacientes com perda dentária, devido à sua capacidade de restaurar de forma estável e duradoura as funções mastigatória e estética. A reabilitação oral com implantes dentários do tipo protocolo representa uma solução eficaz e amplamente adotada para o tratamento de pacientes edêntulos totais, proporcionando benefícios funcionais, estéticos e psicológicos. Este tipo de reabilitação consiste na instalação de uma prótese fixa, suportada por múltiplos implantes, geralmente de quatro a seis, estrategicamente posicionados no osso alveolar. Essa abordagem tem revolucionado a odontologia reabilitadora ao restaurar a funcionalidade mastigatória e melhorar a qualidade de vida dos pacientes (França; Paraguassu, 2022).

A reabilitação com prótese tipo protocolo é indicada principalmente para pacientes edêntulos totais que desejam uma alternativa fixa às próteses convencionais removíveis. Entre os benefícios mais significativos estão a restauração da capacidade mastigatória eficiente, a estabilidade protética e o conforto. Ao contrário das próteses removíveis, que podem causar irritação nos tecidos moles e dificuldade de adaptação, a prótese protocolo oferece uma fixação estável, eliminando desconfortos relacionados à mobilidade protética (França; Paraguassu, 2022).

Além disso, este tipo de reabilitação contribui para a preservação do osso alveolar, uma vez que os implantes transmitem forças mastigatórias ao osso, estimulando sua remodelação. Esteticamente, a prótese melhora o suporte labial e a aparência facial, conferindo aos pacientes maior confiança e autoestima (Rabaiolli et al., 2013)

O sucesso da reabilitação com implantes tipo protocolo depende de um planejamento minucioso e multidisciplinar. Inicialmente, é essencial realizar uma avaliação clínica e radiográfica detalhada, utilizando tecnologias como tomografia computadorizada para análise da densidade e volume ósseo. Baseado nesses dados, determina-se a posição ideal para os implantes, geralmente em áreas de maior densidade óssea, como a região anterior da mandíbula ou maxila (Almeida et al., 2015)

A instalação dos implantes segue técnicas cirúrgicas avançadas, como a carga imediata, que permite a colocação de uma prótese provisória fixa logo após a cirurgia. Essa abordagem reduz significativamente o tempo de reabilitação e melhora a experiência do paciente. O uso de sistemas digitais para a confecção das próteses também tem aumentado a precisão e qualidade estética dos tratamentos (Fernandes Júnior et al., 2014).

Apesar de seus benefícios, a reabilitação com próteses tipo protocolo apresenta desafios que precisam ser considerados. Entre eles, destaca-se a necessidade de os pacientes manterem uma higiene oral rigorosa para prevenir complicações como peri-implantite, que pode levar a perda do implante. Além disso, condições sistêmicas como diabetes mellitus, osteoporose e tabagismo podem impactar negativamente a osteointegração e a longevidade dos implantes (Alves et al., 2016).

CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

A reabilitação oral com implantes dentários do tipo protocolo é uma solução moderna e eficiente para pacientes edêntulos, oferecendo benefícios que vão além da estética, englobando funcionalidade e bem-estar geral. No entanto, seu sucesso depende de um planejamento cuidadoso, execução técnica precisa e adesão a cuidados preventivos por parte dos pacientes. Como resultado, essa abordagem continua a ser uma das principais opções para reabilitação oral na odontologia contemporânea, promovendo um impacto positivo duradouro na vida dos pacientes.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, H. C. R. DE; SANTANA, E. T. S. DE; SANTOS, N. A. T. DOS; MORAES, P.K. MDE; ARAÚJO, Y. R. F. DE; GERBI, M. E. M. DE M. Clinical aspects in the

treatment planning for rehabilitation with overdenture and protocol-type prosthesis. RGO, Rev Gaúch Odontol, Porto Alegre, v. 63, n. 3, p. 271-276, jul./set. 2015.

ALVES, E. C. B. C. de C.; SALIM, D. de M.; PINHEIRO, A. da R.; ALTO, R. F. M.; MACHADO, A. N. Manutenção em próteses implanto-suportadas: uma revisão de

literatura. Revista Fluminense de Odontologia, a. 22, n. 46, p. 1-11, jul./dez. 2016.

EMAMI, ELHAM; THOMASON, J. MARK. In individuals with complete tooth loss, the mandibular implant-retained overdenture increases patient satisfaction and oral

health related quality of life compared to conventional dentures. Journal of Evidence Based Dental Practice, v. 13, n. 3, p. 94-96, set. 2013.

FERNANDES JÚNIOR, RAUL DE CASTRO; OLIVEIRA, WANDERSON LOPES ÁVILA DE; VIEIRA, PATRÍCIA GUEDES MACIEL; MAGALHÃES, SÉRGIO RICARDO. Implantodontia: Próteses totais fixas sobre implante com carga imediata em mandíbula. Revista de Iniciação Científica da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 4, n. 1, p. 76-93, 2014

FRANÇA, SUELI DE SOUZA MONTEIRO; PARAGUASSU, EBER COELHO. Carga imediata em prótese total implantosuportada: revisão de literatura. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, v. 4, n. 1, p. 14-34, 2022.

GOMES, A. P. de A.; BARBOSA, C. G. de C.; MELO-SILVA, C. L. de; SILVA-MELO, T. C. F. de; FREITAS, R. X. de; CARVALHO, C. F. de; et al. Prótese fixa sobre dentes e implantes: relato de caso. Research, Society and Development, v. 10, n. 12, p. 1-11, e190101220167, 2021.

HASSAN, NERMEEN AHMED; ELKHADEM, AMR HOSNI; KADDAH, AMAL; EL KHOURAZATY, NADA SHERIN. Prosthesis and implant survival in immediately loaded full arch restorations using fiber-reinforced versus non-reinforced temporary frameworks: a randomized clinical trial. Braz Dent Sci, v. 25, n. 3, p. 1-10, e3251, jul./set. 2022.

MORAES, N.; MORAES, E.; ANASTACIO, T.; SILVA, L.; MACHADO, A.; SCHOICHET, J.; et al. Active tactile sensibility of Brånemark Protocol Protheses: a case-control clinical study. Materials, v. 14, n. 16, p. 1-11, jul./ago. 2021.

RABAIOLLI, JEFERSON L.; RYBU, BRUNO R.; RUSSOMANNO, ROBERTA P.; FRASCA, LUIS C. F.; RIVALDO, ELKEN G. Modified implant-supported fixed maxillary prosthesis: removable gingival veneer retained with attachments. Stomatos, Canoas, v. 19, n. 37, p. 20-27, jul./dez. 2013.


1 Discente no curso superior de Odontologia pela Faculdade Faci Wyden (WYDEN) – Campus Batista Campos, Belém – PA, Brasil. E-mail: elizabeth_aguia@hotmail.com;
2 Especialista em implantodontia pela Faculdade Herrero – Campus Curitiba, Curitiba – PR, Brasil. E-mail: margc03@yahoo.com.br;
3 Graduanda no curso superior de Odontologia pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) – Campus Universitário Professor Antônio Garcia Filho, Lagarto – SE, Brasil. E-mail: ambeattriz@gmail.com;
4 Especialista em Implantodontia pela Universidade do Grande Rio – Campus Duque de Caxias, Duque de Caxias – RJ, Brasil. E-mail: robsonortodontia@yahoo.com.br;
5 Doutorando em Saúde Pública pela Atlantic International University – Honolulu, Estados Unidos. E-mail: emersoneduardotoldo@gmail.com;
6 Discente no curso superior de Odontologia pela  Universidade Federal de Sergipe (UFS) – Campus Lagarto, Lagarto – SE, Brasil. E-mail: igoralexandre@academico.ufs.br;
7 Especialista em implantodontia pela Universidade nove de julho – Campus Vergueiro, São Paulo – SP, Brasil. E-mail: marcelo.peraccini2@gmail.com
8 Doutor em Estomatologia pela Università Degli Studi Di Sassari – CampusSassari, Sassari, Itália. E-mail: info@mazzagliaclinic.it;
9 Formada no curso superior de Odontologia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) – Campus Recife,Recife – PE, Brasil. E-mail: drameduardamacedo@gmail.com;
10 Discente no curso superior de Odontologia pela Universidade Federal de Fluminense (UFF) – Campus Valonguinho, Niterói – RJ, Brasil. E-mail: lucas_ac@id.uff.br;
11 Formado no curso superior de Odontologia pela Universidade Peruana de Los Andres – Campus Huancayo, Huancayo – Junín, Peru. E-mail: iveslui@gmail.com;
12 Discente no curso superior de Odontologia pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) – Campus Canoas, Canoas – RS, Brasil. E-mail: dsmoscardini@gmail.com;