NUTRITIONAL STRATEGY IN CHILDHOOD OBESITY
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202412290311
Arthur Henrique Silva Damascena¹; Joyce Thaynara da Silva Moura²; Antonio Handerson Lima Aguiar³; Maria Jucinaria Pereira de Oliveira Sarmento⁴; João Vitor Figueredo de Holanda⁵; Janaina Paulino Souza⁶; Romulo Maia Martins⁷.
Resumo
A obesidade infantil é um problema crescente que tem efeitos negativos na saúde e bem-estar das crianças. Este estudo explorou o conceito de obesidade infantil, discutindo os fatores de risco, causas e consequências dessa condição. Identificou-se que a obesidade infantil não afeta apenas a saúde física, mas também a saúde mental das crianças. Estratégias nutricionais desempenham um papel fundamental na prevenção e tratamento da obesidade infantil, com foco na promoção de uma alimentação saudável e equilibrada e estímulo à prática de atividade física regular. Além disso, a conscientização e educação sobre hábitos saudáveis, envolvimento da família, escola e comunidade, e a implementação de políticas públicas são essenciais para combater a obesidade infantil. Ações integradas e abrangentes são necessárias para enfrentar esse problema e garantir um futuro mais saudável para as crianças.
Palavras-Chave: Obesidade; Saúde; Infantil.
1 INTRODUÇÃO
A obesidade infantil é um problema de saúde pública crescente em muitos países ao redor do mundo. O aumento alarmante no número de crianças com excesso de peso e obesidade tem consequências negativas significativas para sua saúde física e mental. A nutrição desempenha um papel fundamental na prevenção e tratamento da obesidade infantil, sendo essencial implementar estratégias nutricionais eficazes (SILVA, DA SILVA, e DO NASCIMENTO BELARMINO, 2021).
Uma estratégia nutricional adequada na obesidade infantil envolve abordar não apenas a quantidade, mas também a qualidade dos alimentos consumidos pelas crianças. É importante promover uma alimentação equilibrada e variada, que inclua uma ampla variedade de alimentos saudáveis, como frutas, vegetais, grãos integrais, proteínas magras e laticínios com baixo teor de gordura (CORRÊA et al., 2020).
Além disso, é essencial controlar as porções dos alimentos oferecidos às crianças, evitando o hábito de comer em excesso. A conscientização sobre o tamanho das porções e a prática de comer devagar podem ajudar as crianças a desenvolverem uma relação mais saudável com a comida (LIMA et al., 2020).
A redução do consumo de bebidas açucaradas é outra estratégia importante na abordagem nutricional da obesidade infantil. Refrigerantes, sucos industrializados e outras bebidas ricas em açúcar são fontes significativas de calorias vazias e contribuem para o ganho de peso excessivo. Incentivar o consumo de água e leite com baixo teor de gordura como alternativas mais saudáveis é uma prática recomendada (DOS SANTOS, ROCHA e DE OLIVEIRA DIAS, 2020).
Para garantir o sucesso da estratégia nutricional na obesidade infantil, é fundamental envolver a família. Os pais e responsáveis desempenham um papel crucial na promoção de hábitos alimentares saudáveis em casa, oferecendo alimentos nutritivos, evitando alimentos não saudáveis e modelando um estilo de vida saudável (DE MELO ALMEIDA et al., 2020).
Além disso, a educação nutricional desempenha um papel importante na conscientização das crianças sobre a importância de uma alimentação saudável. Programas educacionais, jogos interativos, aulas de culinária saudável e o envolvimento da escola podem contribuir para a formação de hábitos alimentares positivos desde a infância (ARANHA e OLIVEIRA, 2020).
Uma estratégia nutricional eficaz na obesidade infantil busca promover uma alimentação equilibrada, controlar porções, reduzir o consumo de bebidas açucaradas, envolver a família e fornecer educação nutricional adequada. A implementação dessas estratégias pode ajudar a prevenir e tratar a obesidade infantil, proporcionando às crianças um caminho para uma vida saudável e ativa (VERGA, et al., 2022).
A obesidade infantil é um problema de saúde pública que apresenta sérias consequências para a saúde física e mental das crianças. É uma condição que pode persistir até a idade adulta, aumentando o risco de doenças crônicas, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer. Além disso, a obesidade infantil está associada a problemas psicossociais, como baixa autoestima, estigmatização e dificuldades de relacionamento (DE CASTRO, DE LIMA e ARAUJO, 2021).
Diante desse cenário preocupante, a estratégia nutricional desempenha um papel crucial na prevenção e tratamento da obesidade infantil. A adoção de hábitos alimentares saudáveis desde a infância é essencial para promover um crescimento e desenvolvimento adequados, além de estabelecer bases sólidas para a saúde futura (VERGA, et al., 2022).
A importância da estratégia nutricional na obesidade infantil justifica-se pela necessidade de fornecer orientações e suporte adequados às famílias e profissionais de saúde. É fundamental que os pais compreendam a importância de uma alimentação equilibrada e conheçam as estratégias nutricionais eficazes para promover escolhas alimentares saudáveis em casa. Além disso, profissionais de saúde, como nutricionistas e pediatras, desempenham um papel fundamental na identificação precoce da obesidade infantil e na orientação dos pais e cuidadores sobre a melhor abordagem nutricional (ARANHA e OLIVEIRA, 2020).
A realização de pesquisas e estudos sobre estratégias nutricionais na obesidade infantil é de extrema importância para aprimorar as intervenções e programas de prevenção e tratamento. Essas pesquisas podem fornecer evidências científicas sobre a eficácia de diferentes abordagens nutricionais, como a promoção de uma alimentação equilibrada, controle de porções e redução de bebidas açucaradas. Além disso, os estudos podem contribuir para o desenvolvimento de diretrizes e políticas públicas que promovam a saúde e bem-estar das crianças (LIMA et al., 2020).
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Obesidade infantil
O novo estilo de vida da sociedade moderna tem influenciado um padrão alimentar desfavorável a saúde da população. Com o surgimento da globalização e o consumismo exagerado pela sociedade em geral e a grande necessidade por prazeres rápidos, tem contribuído significativamente para o surgimento de sobrepeso e obesidade que principalmente nos últimos anos acomete crianças e adolescentes. Sua incidência vem aumentando no Brasil e no mundo. Os fatores de riscos associados a doenças tornaram a sociedade moderna suscetível ao mal do século XXI: a obesidade. Altas taxas de obesidade infantil esta preocupando os profissionais da área de saúde (DANTAS et al., 2021).
De acordo com a OMS, desde 1980, a obesidade dobrou em todo o mundo. Em 2008 cerca de 1,4 bilhões de adultos com idade acima de 20 anos estavam com sobrepeso e cerca de 200 milhões de homens e 300 milhões de mulheres já possuíam obesidade (DE ALENCAR et al., 2021).
De acordo com a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO), a maior taxa de obesidade ocorre em populações de baixa renda e menor nível educacional, o que pode ser explicado pela associação de baixo custo de ali mentos industrializados e o alto teor calórico, já que apresentam como principais componentes açúcares e gorduras. Diante disto, a instituição de alimentos hipercalóricos desde a infância pode desencadear frequentes oscilações de peso, o que pode contribuir em longo prazo para o surgimento de comorbidades não transmissíveis como as doenças cardiovasculares, doenças crônicas inflamatórias e cânceres (DANTAS et al., 2021).
Em uma pesquisa promovida pela Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) junto à população adulta de 27 capitais brasileiras, observou-se que a obesidade foi de 15,8% na população adulta. No sexo masculino a incidência de obesidade triplicou entre as faixas de 18 a 24 anos e no sexo feminino a tendência é aumentar até os 64 anos de idade. Um fato importante a ser exposto é que a escolaridade entre homens e mulheres teve influência no peso diante do nível de escolaridade, eles apresentavam uma tendência maior ao sobrepeso/obesidade quando possui uma maior escolaridade e elas maior tendência ao sobrepeso/obesidade quando o nível de escolaridade é inferior, ou seja, em ambos os sexos foi constatado que os anos de estudos de um indivíduo irão influenciar os hábitos alimentares e o estilo de vida (DE ALENCAR et al., 2021).
A fisiopatologia da obesidade envolve o aumento do tecido adiposo, sendo relacionada com níveis baixos de adiponectina, resistência à insulina e agravo da SM. Na obesidade ocorre o desequilíbrio energético entre ingestão e gasto, ocorrendo acúmulo de tecido gorduroso localizado ou generalizado, provocado por desequilíbrio nutricional associado ou não a distúrbios genéticos ou endócrinometabólicos (DANTAS et al., 2021).
Além disso, em 2010, aproximadamente 40 milhões de crianças menores de cinco anos estavam acima do peso. Em uma pesquisa realizada pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro, observouse que 11,7% dos adolescentes brasileiros estão obesos, e que o índice de obesidade infantil dos brasileiros está cada vez mais se aproximando dos níveis encontrados nos Estados Unidos, onde 15% dos adolescentes estão com obesidade (TERCEIRO, 2021).
A obesidade infantil é um problema de saúde pública que aumenta cada vez mais no Brasil, elevando os gastos públicos, colocando em foco doenças crônico-degenerativas que anteriormente não eram detectadas em crianças, bem como acarreta diversos transtornos psicossociais como a ansiedade e a depressão. A obesidade além de afetar a estética, intrinsicamente afeta o campo psicológico da criança no meio social (OLIVEIRA et al., 2021).
A ideia que tornar as crianças conscientes sobre os benefícios de um estilo de vida equilibrada e mais saudável é prioritariamente função dos genitores ou responsável legal, que atuam juntamente com o desenvolvimento educacional, bem como nutricional. Nas instituições de ensino, deve ser proporcionada à criança a prática de atividades físicas regulares e orientações de hábitos alimentícios adequados, devidamente supervisionados por um profissional de Educação Física, de forma diversificada para que se tenha toda a amplitude de movimento, desenvolvendo a sua psicomotricidade (TERCEIRO, 2021).
Além da implementação da atividade física, é importante para que a instituição de ensino desenvolva um trabalho junto às crianças, de forma que aprendam a escolher bem seus alimentos, pautando-se pelo seu valor nutricional. A criança ao entender os valores de uma vida saudável torna-se um adolescente/adulto também preocupado em preservar sua saúde, sendo um grande modificador dos hábitos de toda família, prevenindo assim futuras doenças cardiovasculares. A obesidade sem sombra de dúvida é caracterizada como um estado clínico de doença (OLIVEIRA et al., 2021).
Ter uma boa alimentação, se exercitar pelo menos três vezes por semana, mantendo esses bons hábitos, é uma forma de lutar contra a obesidade, pois, a obesidade desencadeia uma serie de doenças crônicas e degenerativas como diabetes, hipertensão etc. trazendo grandes custos à saúde pública (TERCEIRO, 2021).
Uma qualidade de vida em adultos está associada a uma diminuição da incidência de várias enfermidades crônico-degenerativas, bem como a uma redução da morbilidade cardiovascular. A implementação regular do exercício físico em crianças e adolescentes contribui para melhorar o quadro clínico e reduzir a prevalência de obesidade e consequentemente doenças cardiovasculares e psicológicas. Ainda, é mais provável que uma criança fisicamente ativa se torne um adulto também ativo com qualidade de vida saudável, diminuindo a ocupação de leito hospitalar por consequência de terminada doença relacionada ao histórico de estado de saúde (OLIVEIRA et al., 2021).
Sabendo disso, do ponto de vista de saúde pública, a promoção da prática de atividade física na infância e na adolescência estabelecer um estado de redução da prevalência do sedentarismo no adulto e no idoso, contribuindo assim para uma melhor qualidade de vida. Deste modo, vale ressaltar que a atividade física ou exercício regular é qualquer movimento muscular como resultado de contração muscular que proporciona aumento de gasto energético acima do repouso (TERCEIRO, 2021).
2.2 Desafios da obesidade
Atualmente, muito se tem falado sobre os cuidados com o corpo e a forma física ideal, todavia, a obesidade vem ganhando cada vez mais espaço no cotidiano das pessoas. Isso se deve a comodidade dos dias atuais, que favorece o desenvolvimento do sobrepeso e obesidade infantil, em razão da inatividade física associada ao enorme tempo que as crianças passam assistindo televisão, jogando vídeo game, fazendo uso de computadores, uso frequente de elevadores, escadas rolante, serviços de pronta entrega, entre outros, os quais reduzem, substancialmente o esforço físico ocupacional (OLIVEIRA et al., 2021).
A conscientização é o primeiro passo para a prevenção do sobrepeso e obesidade. Para isso, é muito importante estabelecer bons hábitos alimentares desde o início da infância, reduzindo o risco de agravos futuros. Desse modo, é necessário que os profissionais da saúde estejam atualizados quanto às descobertas científicas para que se desenvolvam novas estratégias de prevenções precoces, pois o aumento acelerado dessa comorbidade na infância acarretará na perda da qualidade de vida (MOREIRA et al., 2021).
A obesidade e o sobrepeso são determinantes para o aparecimento de doenças crônicas. Quanto mais tempo a pessoa permanece obesa, maiores são as chances de desenvolver complicações severas a saúde (OLIVEIRA et al., 2021).
A associação entre a obesidade na infância e sua permanência na adolescência e idade adulta traz vários prejuízos, e junto o desenvolvimento de comorbidades ao longo da vida como, hipertensão arterial, intolerância à glicose, doenças cardiovasculares, alterações esqueléticas, problemas respiratórios, má qualidade do sono, esteatose hepática, colelitíase, lesões na pele, aumento na morbidade e persistência da obesidade durante a vida adulta (MOREIRA et al., 2021).
Outro agravante é o aspecto psicossocial que acompanha a criança e o adolescente obeso. Em muitos casos ocorre o isolamento social e afastamento das atividades devido a discriminação e a não aceitação da criança em seu meio de relações, dentre eles, o ambiente escolar, que pode acarretar em sérios prejuízos à autoestima da criança, levando-a a dificuldades de relacionamento, baixo rendimento escolar e estigmatização social (OLIVEIRA et al., 2021).
Para o tratamento da obesidade é importante a mudanças de hábitos alimentares e estilo de vida, associada à prática de atividade física frequentemente, onde esta atua na regulação do balanço energético, influencia na distribuição do peso corporal, preserva e mantém a massa magra, além de promover perda de peso corporal (MOREIRA et al., 2021).
A modificação dos hábitos alimentares é um processo difícil, que exige força de vontade, autoestima, desejo de melhorar e outros requisitos raramente presentes nas pessoas obesas. Sendo assim, é importante ressaltar que o ambiente, onde a criança está inserida deve lhe proporcionar consumo adequado de alimentos em qualidade e quantidade necessárias para garantir o aporte nutricional (OLIVEIRA et al., 2021).
Devido ao estilo de vida moderno e hábitos alimentares inadequados a expectativa de vida das crianças diminui no decorrer dos anos. Assim é de extrema importância prevenir a obesidade, oferecendo a esta população alimentação saudável e atividade física diária, pois não são oferecidos programas totalmente eficazes no combate a obesidade para crianças, e os poucos programas existentes não têm seus resultados concretos, salientando assim a importância de maiores estudos (MOREIRA et al., 2021).
Sendo uma doença multifatorial, torna-se imprescindível que o tratamento e a prevenção da obesidade seja feito por uma equipe de multiprofissionais. Nesse sentido, a enfermagem insere-se como profissão da área da saúde, diretamente ligada à educação em saúde com o intuito precípuo de prevenção, e posteriormente com as demais etapas do tratamento da obesidade (OLIVEIRA et al., 2021).
2.3 Fatores de risco
Existem muitos estudos sobre as causas e os fatores predisponentes para sobrepeso e obesidade. Dados da literatura apontam que, quando um dos pais são obesos, as chances de a criança ser obesa duplica e triplica quando esta condição atinge os dois. A rápida recuperação do ganho de peso nos primeiros dois anos de vida também vem mostrando relação com obesidade. Essa relação também pode ser encontrada com o peso do nascimento, ou seja, bebês pequenos para idade gestacional (PIG) ou grandes para idade gestacional (GIG), além de um risco aumentado para doenças cardiovasculares (TERCEIRO, 2021).
O aleitamento materno vem sendo apontado como fator protetor, deixando sob maior risco crianças que sofrem desmame precoce e acabam sendo expostas a alimentos inadequados e uso de fórmulas lácteas diluídas erroneamente (BRUM, 2021).
Os fatores genéticos podem interferir no desenvolvimento da obesidade, no entanto os principais determinantes são os fatores comportamentais e ambientais, como o sedentarismo, maior tempo em telas, balanço energético positivo e aumento do consumo de alimentos com alto valor glicêmico e calórico e pouco valor nutricional em substituição a alimentos saudáveis. As relações e os hábitos familiares influenciam diretamente a situação nutricional e a atitude da criança diante do alimento, sendo responsável pela formação do comportamento alimentar. Estudos demostram que os alimentos ofertados às crianças influenciam no desenvolvimento pondero-estatural, interferindo na formação do tecido adiposo (TERCEIRO, 2021).
2.4 Prevenção e percepção familliar da obesidade infantil
A prevenção visa à promoção e manutenção da saúde. Inclui a ação de profissionais da área da saúde, que são responsáveis por colocar em prática ações preventivas como, decisão técnica, ação direta e ação educativa. Prevenir significa antecipar-se à sua ocorrência ou cuidar para que ela não aconteça (BRUM, 2021).
O processo de prevenção apresenta-se em três fases: – Primária, onde é realizada a promoção da saúde ou educação em saúde. – Secundária, execução de ações de cuidado que evitem a evolução da obesidade infantil e surgimento de doenças crônicas. – Terciária, onde se tem ações de reabilitação. Além de cuidar dos efeitos causados pela obesidade em crianças afetadas no ambiente escolar e familiar (CARDOZO, 2021).
A família é a principal responsável pelo oferecimento de alimentos às crianças e pela formação de seu hábito alimentar, seja ele saudável ou não; estilo de vida que poderá perdurar durante toda ou parte da vida dessa pessoa. No momento da formação do estilo de vida de cada criança, ela pode aprender comportamentos de autocontrole em relação à comida e à escolha de brincadeiras e atividades físicas a serem realizadas se os pais a ajudarem a construir um caminho saudável (BRUM, 2021).
As crianças têm a possibilidade de aprender no contexto familiar os conceitos de saúde, e isso permite que a família seja um guia no desenvolvimento de comportamentos saudáveis para elas. Por meio dessa função, a família influencia a aprendizagem das crianças sobre a alimentação, podendo tornar-se um fator de risco ou não para o desenvolvimento de problemas alimentares (CARDOZO, 2021).
Uma das formas dos pais influenciarem na alimentação dos seus filhos é pela utilização de determinadas práticas de alimentação. As práticas de alimentação utilizadas pelos pais e a experiência que as crianças têm com os alimentos contribuem para a formação da maioria das preferências alimentares; poucas são as preferências determinadas pela genética. De modo geral, as pesquisas sugerem que as práticas de alimentação infantil utilizadas pelos pais com seus filhos estão relacionadas ao comportamento alimentar das crianças (BRUM, 2021).
A percepção distorcida da família quanto ao estado de saúde da criança ou adolescente pode complicar o tratamento e prejudicar as ações preventivas e influenciar a não constatação da necessidade terapêutica (CARDOZO, 2021).
O papel dos pais como implicação no tratamento da obesidade pode se relacionar na medida em que, se as mães não reconhecem seus filhos como obesos não adotam ou investem em um novo padrão de comportamento alimentar. O não reconhecimento passa a ser um obstáculo às estratégias de intervenção (BRUM, 2021).
É muito importante estabelecer bons hábitos alimentares desde o início da infância, reduzindo o risco de complicações futuras. Desse modo, é necessário que os profissionais da saúde estejam atualizados quanto às descobertas científicas para que se desenvolvam novas estratégias de prevenção, pois, o aumento acelerado dessa morbidade na infância acarretará a perda da qualidade devida (CARDOZO, 2021).
Para o tratamento da obesidade, é importante aderir às mudanças de hábitos alimentares e estilo de vida, associada à prática de exercícios físicos frequentes, o qual atua na regulação do balanço energético, influência na distribuição do peso corporal, preserva e mantém a massa magra, além de promover perda de peso corporal (BRUM, 2021).
2.5 Epidemiologia
Em nível mundial, 1,9 bilhão e 609 milhões de adultos apresentaram o quadro de obesidade e sobrepeso no ano de 2015, correspondendo a 39% da população, sendo a prevalência menor em mulheres no quesito sobrepeso do que em relação aos homens, com idades entre 20 e 44 anos. Já em idades entre 45 e 49 anos, há uma inversão desse seguimento, que pode ser em consideração a eventos biológicos como a menopausa. Em geral, a prevalência da obesidade em mulheres se mostrou bastante evidente em todas as faixas etárias, a partir dos 20 anos, atingindo seu ápice entre 50 e 65 anos e um ligeiro declínio a partir das idades seguintes (DOS SANTOS et al., 2021).
Há uma prevalência maior de obesidade em países desenvolvidos, porém, quase dois terços da população obesa se encontra em países em desenvolvimento, nesse segmento, os custos aumentaram consideravelmente nos países desenvolvidos em relação ao cuidado à saúde, em especial ao tratamento da diabetes tipo II, representando 20 a 30% de indivíduos com sobrepeso e 85% dos casos de diabéticos apresentavam obesidade (DA SILVA, 2021).
De acordo com a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), há um aumento considerável da obesidade e sobrepeso na América Latina e Caribe, com impacto maior no sexo feminino e uma forte tendência em crescimento principalmente nas crianças. Um número expressivo de 360 milhões de pessoas, cerca de 58% da população latino-americana e caribenha, apresentam peso acima da normalidade. Esse aumento compreende principalmente o sexo feminino, que em mais de 20 países da América Latina e Caribe apresenta taxa de obesidade 10% maior que a taxa dos homens (DOS SANTOS et al., 2021).
No Brasil, de acordo com dados do sistema de Vigilância de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), houve um crescimento de 26,3% em relação ao excesso de peso, número este que em 2006 representava 42,6% e em dez anos subiu para 53,8%. No mesmo sentido, a obesidade representa um aumento de 60% no mesmo período, passando de 11,8% para 18,9% em 2016, dados correspondentes para ambos os sexos. Os números também informam que a partir dos 25 anos a prevalência de obesidade duplica em dados que atingem 22,9% da população, com faixa etária entre 55 e 64 anos. Quanto à escolaridade, a obesidade se mostra mais expressiva entre indivíduos com menores taxas de escolaridade (DA SILVA, 2021).
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Ministério da Saúde realizou, entre 2008 e 2009, a Pesquisa de Orçamentos Familiares, onde dados de 188 mil pessoas, de todas as idades, foram analisados no Brasil. Constatou-se que o sobrepeso e a obesidade tiveram aumentos consideráveis em todas as faixas etárias, sendo 50% dos homens e 40% das mulheres com excesso de peso e 12,5% dos homens e 16,9% das mulheres com quadro de obesidade (DOS SANTOS et al., 2021).
2.6 Tratamento
A condição da obesidade necessita de intervenções por se tratar de uma doença crônica e de etiologia multifatorial, necessitando de acompanhamento profissional que inclui inúmeras abordagens, sendo elas, reeducação alimentar, prática de exercícios físicos, intervenção cirúrgica (em situações que envolvem obesidade grau III) e tratamento farmacológico (SOUSA, 2021).
O tratamento farmacológico da obesidade tem como finalidade a melhora da qualidade de vida dos pacientes com o objetivo da prevenção e tratamento das complicações no quadro de saúde que o peso em excesso vem a causar. A farmacoterapia antiobesidade tem indicação quando o paciente é obeso, e em caso de pacientes que estão em sobrepeso e apresentam comorbidades em função do excesso de peso, como hipertensão, diabetes tipo II ou dislipidemias, que não obtiveram resultados com dieta e prática de exercícios físicos em 2 a 3 meses, sendo a farmacoterapia a melhor opção para a melhora na qualidade de vida (DA SILVA, 2021). Esta indicação também se faz necessária quando o paciente apresenta um IMC >30kg/m² ou IMC >25kg/m² associado a outras enfermidades em decorrência ao excesso de peso (SOUSA, 2021).
3 METODOLOGIA
O presente estudo trata de uma análise qualitativa, baseada na pesquisa se caracterizada como revisão bibliográfica, exploratória e de natureza descritiva. Segundo Gil (2008), a pesquisa de revisão bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Ainda segundo este autor, o estudo exploratório possibilita maior proximidade com o tema em questão, expandindo o conhecimento do pesquisador e permitindo aperfeiçoar e elucidar conceitos e ideias. No que tange o cunho descritivo, busca-se desenvolver e esclarecer conceitos e ideias, tendo em vista a formulação de problemas mais precisos.
A revisão de literatura realizada nesse trabalho envolveu publicações indexadas no banco de dados eletrônicos Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), LILACS e PubMed. Os descritores utilizados para a busca de estudos foram: “Obesidade infantil”, “Obesidade infantil e farmacêutico”, “Farmacêutico e obesidade em crianças”. Foram também realizadas buscas por seus correspondentes em língua inglesa: “Child obesity”, “Child obesity and pharmacist”, “Pharmacist and obesity in children”.
Como critério de inclusão, definiu-se a utilização de artigos completos de acesso livre, publicados em português e inglês nos últimos sete anos (2017-2023). Os critérios de exclusão foram artigos que não estavam disponíveis na íntegra e sem consonância com a temática de estudo. Os dados foram extraídos e depositados em fichas/planilhas específicas utilizadas para a extração de dados. Os trabalhos selecionados, com base nos critérios de inclusão e exclusão, foram mantidos em pastas, formando a análise específica. Após a seleção, conforme os critérios de inclusão e exclusão, os artigos foram lidos criteriosamente de acordo com o que mais se encaixava no tema abordado e ao final da revisão foi utilizado um total de artigos considerados relevantes para o estudo.
4 CONCLUSÃO
A obesidade infantil é um problema sério que requer atenção e ações imediatas. Nesta pesquisa, exploramos o conceito de obesidade infantil, discutimos os fatores de risco, as causas e as consequências dessa condição. Ficou claro que a obesidade infantil não é apenas um problema de saúde física, mas também tem impactos significativos na saúde mental e no bem-estar das crianças.
Através da análise dos diferentes fatores que contribuem para a obesidade infantil, podemos identificar áreas de intervenção que podem ajudar a prevenir e tratar essa condição. A promoção de uma alimentação saudável e equilibrada, o estímulo à prática regular de atividade física e a criação de um ambiente favorável são aspectos-chave para combater a obesidade infantil.
Além disso, é fundamental envolver a família, a escola e a comunidade no processo. A conscientização sobre os riscos da obesidade infantil e a educação sobre hábitos saudáveis são fundamentais para garantir mudanças positivas de comportamento e estilo de vida.
As políticas públicas desempenham um papel crucial no combate à obesidade infantil, incentivando a regulamentação da publicidade de alimentos não saudáveis direcionada às crianças, promovendo a oferta de alimentos saudáveis em ambientes escolares e comunitários, e apoiando programas de prevenção e tratamento da obesidade.
Em conclusão, a obesidade infantil é um problema complexo que requer uma abordagem integrada e abrangente. Através da implementação de estratégias nutricionais eficazes, da promoção de estilos de vida saudáveis e do envolvimento de múltiplos atores sociais, podemos fazer a diferença na vida das crianças, reduzindo a prevalência da obesidade infantil e garantindo um futuro mais saudável para as gerações vindouras.
REFERÊNCIAS
ARANHA, Luciana Nicolau; OLIVEIRA, Gláucia Maria Moraes de. Circunferência da Cintura, uma Medida Simples para a Obesidade Infantil? Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 114, p. 538-539, 2020.
BRUM, Maricelma Martins de. O excesso de peso na infância e adolescência e o risco para diabetes tipo II: uma revisão de produção científica presente na Biblioteca Virtual de Saúde, 2016-2021. 2021.
CARDOZO, Najla de Oliveira. Associação de fatores individuais e do ambiente alimentar nas escolas com o excesso de peso e obesidade dos escolares na América do Sul: uma revisão sistemática de estudos observacionais da última década. 2021.
CORRÊA, Vanessa Pereira et al. O impacto da obesidade infantil no Brasil: revisão sistemática. RBONE-Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, v. 14, n. 85, p. 177-183, 2020.
DA SILVA, Flaviane Pereira et al. Benefícios da atividade física na prevenção e tratamento da obesidade: Uma breve revisão. Research, Society and Development, v. 10, n. 8, p. e49410815286-e49410815286, 2021.
DANTAS, Vanízia Mara Silva et al. Os principais fatores de risco para doenças cardiovasculares e sua relação com a alimentação: uma revisão. 2021.
DANTAS, Vanízia Mara Silva et al. Os principais fatores de risco para doenças cardiovasculares e sua relação com a alimentação: uma revisão. 2021.
DE ALENCAR, Brendo Borges Magalhães; DE JESUS MORAIS, Yolanda. Nutracêuticos e seus benefícios para a saúde do utente: revisão integrativa da literatura. Research, Society and Development, v. 10, n. 12, p. e484101220396-e484101220396, 2021.
DE CASTRO, Mariana Almeida Viveiros; DE LIMA, Grazielle Corrêa; ARAUJO, Gabriella Pinto Belfort. Educação alimentar e nutricional no combate à obesidade infantil: visões do Brasil e do mundo. Revista da Associação Brasileira de Nutrição-RASBRAN, v. 12, n. 2, p. 167-183, 2021.
DE MELO ALMEIDA, Lourena et al. Fatores associados ao sobrepeso e obesidade infantil. Revista Eletrônica Acervo Saúde, n. 58, p. e4406-e4406, 2020.
DE OLIVEIRA, Marcelo da Silva; DE ARAÚJO BEZERRA, Gleyce Kelly. IMPORTÂNCIA DO MAGNÉSIO NA PREVENÇÃO E CONTROLE DE DISTÚRBIOS METABÓLICOS DURANTE A GESTAÇÃO. REVISTA ACADÊMICA FACOTTUR-RAF, v. 2, n. 1, p. 112-117, 2021.
DOS SANTOS, Elaine Matias; ROCHA, Mikele Miranda Santos; DE OLIVEIRA DIAS, Thamires. Obesidade infantil: uma revisão bibliográfica sobre fatores que contribuem para a obesidade na infância. Revista Brasileira de Reabilitação e Atividade Física, v. 9, n. 1, p. 57-62, 2020.
DOS SANTOS, Priscila Mara Penna Ribeiro et al. Projeto de intervenção no enfrentamento do sobrepeso e obesidade em crianças atendidas pela equipe verde do centro de saúde palmeiras, Belo Horizonte, Minas Gerais. 2021.
FREITAS, Juliana Freire Cunha Pontes de. A relevância da puericultura para prevenção da obesidade infantil. 2018.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
LIMA, Ana Thaís Alves et al. Influência da introdução alimentar precoce para o desenvolvimento da obesidade infantil: uma revisão de literatura. Research, Society and development, v. 9, n. 8, p. e56984925-e56984925, 2020.
MOREIRA, KAROLAINE DE AGUIAR; GERON, Vera Lúcia Matias Gomes. ANTICONCEPCIONAIS HORMONAIS: BENEFÍCIOS E RISCOS DE SUA UTILIZAÇÃO PELA POPULAÇÃO FEMININA. 2021.
OLIVEIRA, Ana Clara Duarte; DA SILVA BARRETO, Thiago Oliveira; DE ARAÚJO NETO, José Fernando. Interação de plantas medicinais com anti-hipertensivos. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, v. 7, n. 5, p. 368-393, 2021.
OLIVEIRA, CARMEN BEATRIZ DA SILVA et al. ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL FARMACÊUTICO NO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DE PACIENTES BARIÁTRICOS. 2018.
PIRES, Priscilla Julia de Lima Macedo; DE ANDRADE, Leonardo Guimarães. ATENÇÃO FARMACÊUTICA AO PACIENTE HIPERTENSO. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, v. 7, n. 9, p. 1090-1109, 2021.
SILVA, Andreza de Jesus Dutra; DA SILVA, Jasmyne Paiva; DO NASCIMENTO BELARMINO, Rodrigo. Obesidade infantil. In: Simpósio. 2021.
SOUSA, Paula Gabriela Silva et al. A associação entre os medicamentos e a alimentação saudável no tratamento de pessoas portadoras de diabetes mellitus: uma revisão integrativa. 2021.
TERCEIRO, Inês Santos. Impacto da intervenção farmacêutica no controlo da hipercolesterolemia: uma revisão sistemática de ensaios clínicos. 2021. Tese de Doutorado.
TORRES, Tais Santos et al. Tratamentos farmacológicos na obesidade infanto-juvenil: Revisão da literatura Pharmacological treatments in children and youth obesity: Literature revision. Brazilian Journal of Development, v. 7, n. 6, p. 56968-56980, 2021.
VERGA, Samea Marine Pimentel et al. O sistema familiar buscando a transformação do seu comportamento alimentar diante da obesidade infantil. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 75, 2022.
¹Discente do Curso Superior de Medicina da UFRN Campus Natal. E-mail: arthur.damascena.701@ufrn.edu.br;
²Discente do Curso Superior de Medicina da UFRN Campus Natal. E-mail: joycemoura1997@gmail.com;
³Discente do Curso Superior de Medicina da UFRN Campus Natal. E-mail: handerson.aguiar.076@ufrn.edu.br;
⁴Discente do Curso Superior de Medicina da UFRN Campus Natal. E-mail: jucinariamdeoliveira@hotmail.com;
⁵Discente do Curso Superior de Medicina da FACENE/RN Campus Mossoró. E-mail: jvfigueredoholanda@gmail.com;
⁶Farmacêutica pela UFRN Campus Natal. E-mail: janaina.souza.059@ufrn.edu.br;
⁷Médico. E-mail: romulomed2016@gmail.com.