THE EFFECTS OF PHYSICAL ACTIVITY ON THE MENTAL HEALTH OF FEMALE MILITARY POLICE OFFICERS OF THE 1ST MILITARY POLICE BATTALION OF PARANÁ IN THE CITY OF PONTA GROSSA/PR
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202412281125
Jaine Chaves Luz de Moura1
Resumo
A saúde mental de policiais militares é uma questão cada vez mais relevante no cenário da segurança pública atual, especialmente quando se considera o estresse e os desafios enfrentados no exercício de suas atribuições. Neste sentido, o referido estudo pretende investigar os efeitos da atividade física para a saúde mental das policiais militares femininas do 1º Batalhão de Polícia Militar do Paraná (1º BPM) da cidade de Ponta Grossa-PR. A metodologia adotada nesta pesquisa é quanti-qualitativa, realizada na cidade de Ponta Grossa – PR, no 1º BPM. Para a coleta de dados foi utilizado como instrumento um questionário (Google Forms), e os sujeitos participantes da pesquisa totalizaram 37 militares estaduais femininas, atuantes no campo do estudo. Os dados coletados foram analisados de forma quanti-qualitativa, de acordo com a triangulação de dados (Triviños, 2008), resultando em quatro (4) categorias para a análise: (1) Hábitos de Atividade Física (2) Saúde Mental; (3) Percepção dos Benefícios da Atividade Física para a Saúde Mental e; (4) Políticas Públicas para a Saúde Mental. Foi identificado que embora haja reconhecimento dos impactos negativos da atividade policial na saúde mental, as políticas públicas e ações institucionais existentes ainda são percebidas como insuficientes para atender às demandas específicas dessas profissionais. As principais dificuldades estão relacionadas à alta carga de trabalho, dupla jornada, exposição constante ao risco e falta de apoio psicológico adequado. Por outro lado, os dados demonstraram que a prática de atividade física é amplamente valorizada pelas participantes, sendo reconhecida como uma ferramenta eficaz para aliviar o estresse, melhorar o humor, a qualidade do sono e o desempenho no trabalho.
Palavras-chave: Atividade Física. Saúde Mental. Policial Militar Feminina. PMPR.
Abstract
The mental health of military police officers is an increasingly relevant issue in the current public security scenario, especially when considering the stress and challenges faced in carrying out their duties. In this sense, this study intends to investigate the effects of physical activity on the mental health of female military police officers from the 1st Military Police Battalion of Paraná (1st BPM) in the city of Ponta Grossa-PR. The methodology adopted in this research is quantitative-qualitative, carried out in the city of Ponta Grossa – PR, in the 1st BPM. A questionnaire (Google Forms) was used as an instrument for data collection, and the subjects participating in the research totaled 37 female state military personnel, working in the field of study. The collected data were analyzed in a quantitative and qualitative way, according to data triangulation (Triviños, 2008), resulting in four (4) categories for analysis: (1) Physical Activity Habits (2) Mental Health; (3) Perception of the Benefits of Physical Activity for Mental Health and; (4) Public Policies for Mental Health. It was identified that although there is recognition of the negative impacts of police activity on mental health, existing public policies and institutional actions are still perceived as insufficient to meet the specific demands of these professionals. The main difficulties are related to the high workload, double shifts, constant exposure to risk and lack of adequate psychological support. On the other hand, the data demonstrated that the practice of physical activity is widely valued by participants, being recognized as an effective tool for relieving stress, improving mood, sleep quality and performance at work.
Keywords: Physical Activity. Mental health. Female Police Officer. PMPR.
1 INTRODUÇÃO
A saúde mental de policiais militares é uma questão cada vez mais relevante no cenário atual, especialmente considerando o estresse e os desafios enfrentados no exercício das funções de segurança pública. O trabalho policial pode ser definido como altamente desgastante, tanto física quanto emocionalmente, devido à constante exposição ao perigo, aos riscos iminentes, aos horários irregulares de trabalho, à alimentação inadequada, à exposição frequente a condições climáticas adversas e a permanência de longos períodos em pé (Borges, 2013), tornando esse trabalhador vulnerável à várias formas de adoecimento, como físico (dores e enxaquecas, problemas ortopédicos, distúrbios de visão) e sofrimento psicológico (depressão, ansiedade e sintomas psicossomáticos), além de distúrbios do sono e nível elevado de estresse (Souza; Oliveira; Costa, 2024).
No caso das policiais militares femininas, além das dificuldades típicas da profissão, elas lidam com questões específicas relacionadas ao ambiente de trabalho, como a discriminação de gênero, sobrecarga de funções e a pressão para desempenhar papéis de liderança em um ambiente predominantemente masculino.
Nesse contexto, a prática regular de exercícios físicos tem emergido como uma ferramenta valiosa para melhorar o bem-estar emocional e psicológico. Estudos demonstram que o exercício físico pode elevar a autoestima, melhorar o humor e contribuir para um senso geral de bem-estar, fatores essenciais para o equilíbrio emocional e mental (Oliveira; Ribeiro e Mello, 2020; Figueiredo, 2023).
De igual forma, Paredes et al. (2012) e Amorim (2020) pontuam que, diversas pesquisas demonstram que a prática regular de exercícios não apenas melhora a aptidão física, mas também contribui significativamente para a saúde mental e a qualidade de vida dos militares.
A escolha de investigar a realidade das policiais militares femininas do 1º BPM, na cidade de Ponta Grossa/PR, justifica-se pela necessidade de compreender os efeitos da atividade física no contexto específico desta categoria profissional e da realidade local. A pesquisa busca fornecer dados que possam embasar políticas públicas e ações institucionais voltadas para a promoção da saúde mental e qualidade de vida desses profissionais, visando a redução do estresse ocupacional e o aumento da eficiência e do bem-estar no desempenho de suas funções. Além disso, é essencial explorar como as policiais militares percebem a relação entre o exercício físico e a saúde mental, a fim de sensibilizar as instituições de segurança pública para a importância de programas de saúde ocupacional que promovam a prática regular de atividades físicas.
Diante do exposto, a referida pesquisa busca responder a seguinte problemática: quais os efeitos da prática de atividades físicas na saúde mental das policiais militares femininas do 1º Batalhão de Polícia Militar do Paraná na cidade de Ponta Grossa-PR? Para responder à questão problemática da pesquisa aponta-se como objetivo geral investigar os benefícios da atividade física na saúde mental das policiais militares femininas do 1º BPM e como objetivos específicos: identificar os fatores que afetam a saúde mental no exercício da profissão; analisar os tipos de atividades físicas mais eficientes para promover saúde mental neste grupo; explorar a percepção das militares sobre a relação entre a atividade física e o equilíbrio mental e evidenciar a importância de políticas públicas que promovam a saúde ocupacional e o bem-estar psicológico dessa categoria.
A metodologia adotada nesta pesquisa é quanti-qualitativa, realizada na cidade de Ponta Grossa/PR, no 1º BPM. Para a coleta de dados foi utilizado como instrumento o questionário (Google Forms), com perguntas objetivas e subjetivas. Os sujeitos participantes da pesquisa foram policiais militares femininas atuantes no campo do estudo. Os dados coletados foram analisados de forma quanti-qualitativa, de acordo com a triangulação de dados (Triviños, 2008).
Portanto, o presente estudo justifica-se pela relevância de oferecer um olhar mais aprofundado sobre os benefícios da atividade física para a saúde mental de policiais militares femininas do 1º BPM na cidade de Ponta Grossa/PR, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento de práticas e políticas que promovam o bem-estar psicológico e físico dessa importante categoria profissional (Araújo; Oliveira, 2019).
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Breve contexto da Policial Militar Feminina
Com o passar dos anos, a inserção da mulher no mercado de trabalho foi conquistando espaço e ocupando lugares que antes eram destinados somente aos homens, como por exemplo na carreira militar (Costa et al., 2023). Esse processo de inserção da mulher na Polícia se contextualiza de aspectos histórico social e cultural, primeiramente da quebra de paradigmas da masculinidade, qual apresentava-se uma visão de profissão social e culturalmente masculina, que foi desconstruída de forma lenta e gradual, com maior participação da mulher em outros postos de trabalhos. Na Europa havia um impulsionamento no recrutamento de mulheres nas forças policiais, devido à crise que se instalava pela deterioração da imagem pública da Polícia aliada ao deslocamento do efetivo masculino para os conflitos de guerras, e não menos importante a necessidade de equiparação de oportunidades às mulheres (Soares; Cassimiro; Silva, 2022).
Durante muito tempo as corporações militares só recrutavam indivíduos do sexo masculino, quais não incluíam as mulheres por acreditarem que não tinham potencial para defesa dos cidadãos e da sociedade, visto que virilidade e o uso da força são historicamente associados aos atributos masculinos
De acordo com os estudos feitos por Calazans (2003), no Brasil, o estado pioneiro na inserção feminina no quadro de segurança pública, foi o Estado de São Paulo, no ano de 1955. No restante do país, os dados históricos apontam que a presença de policiais militares femininas ocorreu de forma efetiva após a ditadura, devido à imagem de a polícia ter sido desgastada com formas arbitrárias e violentas, e na tentativa de reconstruir essa imagem de forma humanizada, surgiu o ingresso das mulheres na Polícia Militar para desmitificar a imagem negativa que se perpetuou da Instituição, na época da redemocratização do país (Soares; Cassimiro; Silva, 2022).
No estado do Paraná, a presença de mulheres ocorreu na segunda metade da década de 70, através do discurso de modernização da Instituição e do Estado, humanização das atividades da Força, modificações políticas da época e na imagem da Instituição (Schactae, 2011).
Conforme aponta a oficial e primeira tenente-coronel, Rita Aparecida de Oliveira, o pelotão de Polícia Militar Feminina foi instituído em 19 de abril de 1977, por meio do Decreto Estadual nº 3.238, com a inclusão e matrícula de 42 mulheres, selecionadas para o 1º Curso de Formação de Sargentos Policiais Militares Femininas, do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP). Desde então, o Paraná passou a ser o segundo estado do país que permitiu o ingresso da mulher na sua Polícia Militar, depois de São Paulo (Santos, 2018).
Em 20 de novembro de 1983, um marco na história do 1º BPM: o primeiro Pelotão Policial Militar feminino de Ponta Grossa/PR iniciava seu processo de formação na sede do Batalhão, no Bairro da Ronda (A REDE, 2018).
Em nosso campo de estudo, o 1º BPM, Batalhão “Aymoré Índio do Brasil Pereira de Morais”, é a unidade responsável pelo policiamento ostensivo e atendimento de nove municípios dos Campos Gerais, tendo como sede a cidade de Ponta Grossa. É a segunda unidade operacional mais antiga da Corporação e está dividida em três Companhias, um Pelotão de Polícia de Trânsito, um Pelotão de Polícia de Choque, um Pelotão de Rondas Ostensivas com Aplicação de Motocicletas (ROCAM), um Pelotão de Cavalaria com atividades de Equoterapia para a população, e uma equipe de Rondas Ostensivas Tático Móvel (ROTAM). Seu efetivo conta com a presença de 78 (setenta e oito) policiais femininas (Paraná, 2024)
2.2. A saúde mental no contexto policial
Segundo a Organização Mundial da Saúde (2010), a saúde mental integra o conceito de saúde e consiste em uma condição de bem-estar, o que possibilita o enfrentamento de situações de forma efetiva. Ademais, caracteriza-se como um contribuinte, tanto para o pessoal quanto para a comunidade em que esse indivíduo está inserido, e diversos fatores podem favorecer a saúde mental, como o social, o psicológico e o biológico.
De acordo com Silva e Fagiolo (2024), a saúde mental dos policiais militares tem sido uma preocupação crescente nas últimas décadas, dadas as demandas únicas e estressantes de sua profissão, uma vez que esses profissionais desempenham uma função essencial na preservação e manutenção da ordem pública, na garantia da segurança pública e na proteção da comunidade.
A natureza desafiadora e muitas vezes perigosa de seu trabalho, tem um impacto significativo em sua saúde mental (Silva e Fagiolo, 2024), e as doenças, que afetam o psicológico, muitas vezes silenciosas e de difícil diagnóstico, se agravam nesse contexto, impactando a vida dos policiais e comprometendo sua capacidade de exercer suas funções com total plenitude (Batista, 2022).
Nesse entendimento, Borges (2013), pontua que o trabalho policial é considerado desgastante física e emocionalmente, pois o policial se vê constantemente exposto ao perigo, riscos iminentes e violência, carga horária de trabalho irregular, alimentação desregrada, os quais podem sobrecarregar física e emocionalmente o profissional, repercutindo por vezes em sua família, qualidade de vida e relações sociais. Trombka et. al. (2018), ressalta que na atividade policial militar, alguns fatores prejudicam a saúde mental, como a exposição ao estresse agudo ou crônico, o que eleva taxas de problemas nesses profissionais como a síndrome de Burnout, suicídio e depressão.
Corroborando com o autor acima citado, Cechet (2021) traz em seu estudo a vulnerabilidade do ambiente de atuação dos policiais, estando expostos a riscos diários, sentimento de desvalorização, questões de estigmas institucionais, que acarretam em sentimentos destrutivos, podendo comprometer a saúde mental dos policiais. É crucial reconhecer que a saúde mental dos policiais militares é fundamental para o bem-estar individual e para a qualidade do serviço prestado à sociedade, sendo necessário repensar a percepção social sobre esses profissionais, reconhecendo suas vulnerabilidades e proporcionando o apoio necessário para que eles possam cuidar da sua saúde mental com a devida atenção (Batista, 2022).
Nogueira (2023) pondera que é importante considerar que um ambiente familiar saudável, junto com horas de descanso e lazer, pode contribuir significativamente para um equilíbrio mental mais eficaz no desempenho das diversas responsabilidades profissionais dessa categoria. Os impactos negativos na saúde mental dos policiais militares podem ser profundos e duradouros, e alguns deles como o estresse crônico e a exposição a traumas podem aumentar o risco de desenvolver depressão e ansiedade, afetando negativamente o funcionamento diário e a qualidade de vida destes profissionais (Silva e Fagiolo, 2024).
De acordo com Costa et al. (2007, p. 21) em todos os estudos relacionados a esta temática, o fator sexo foi o único a apresentar efeito significativo sobre o nível de estresse confirmando maior nível de estresse entre as mulheres, isso pode ser devido a dupla jornada de trabalho, às obrigações domésticas, à tendência feminina de apresentar maior número de fontes de estresse, uma vez que enfrentam maior impacto de relações interpessoais conflituosas, além de fatores fisiológicos e psicológicos específicos das mulheres.
Nesse sentido, as mulheres na Polícia Militar enfrentam uma combinação de demandas físicas e emocionais que podem impactar negativamente sua saúde mental, como exposição frequente a situações de risco, extensas jornadas de trabalho, aliadas à necessidade de equilibrar a vida profissional com as responsabilidades familiares.
2.3 Atividade física como estratégia de promoção da saúde mental em policiais militares do sexo feminino
A relação entre atividade física e saúde mental é um aspecto de grande relevância, uma vez que diversos estudos apontam que a prática regular de atividade física está associada à redução de sintomas de ansiedade, depressão e estresse, além de melhorar a qualidade do sono e o bem-estar geral (Carmona e Rocha, 2023). Esses benefícios não apenas impactam a vida das policiais militares, mas também influenciam positivamente na sua interação com a comunidade que servem.
De acordo com Nahas (2016) o corpo humano é predisposto para ser ativo. Desde os povos antigos, que por necessidade e sobrevivência, realizavam atividades como caça, pesca e busca por refúgio, e atualmente por atividades físicas planejadas e estruturadas e com objetivo de aperfeiçoar a condição física. Segundo o autor, tanto o exercício físico como a atividade física se tornam de fundamental importância, promovendo saúde e qualidade de vida.
A prática regular de atividades físicas proporciona benefícios tanto para a saúde física quanto para a mental, contribuindo significativamente para a redução dos sintomas de transtornos como ansiedade e depressão, podendo, em alguns casos, eliminá-los diminuí-los completamente (Mello et al., 2005). Além disso, a atividade física desempenha um papel fundamental na resiliência e recuperação dos militares, uma vez que o treinamento físico regular fortalece o sistema imunológico, melhora a qualidade do sono e contribui para o aumento da capacidade de enfrentamento do estresse físico e mental (O’donnell, 2017; Barnett; Robinson, 2019).
Conforme Carmona e Rocha (2023), a prática regular de exercício físico proporciona melhorias na resistência, força, agilidade e condicionamento cardiovascular, o que favorece a realização das tarefas de maneira mais eficiente. Além disso, contribui para a redução do risco de lesões durante o desempenho profissional, promove o aumento da longevidade na carreira, auxilia na manutenção de níveis adequados de saúde e resulta em menor número de licenças médicas. Como consequência, há um impacto positivo na formação de um efetivo mais saudável e apto a desempenhar funções de proteção e serviço à comunidade.
A pesquisa realizada por Peluso et al. (2005) apud Oliveira; Alves (2023) demonstrou que a prática de atividade física impacta diretamente em fatores psicológicos, como os relacionamentos interpessoais e a autoconfiança, além de influenciar em aspectos fisiológicos, como a liberação de endorfinas, que pode ser comparada ao efeito de medicamentos antidepressivos. Como resultado, a prática regular de exercícios físicos contribui para a redução da ansiedade e para a melhoria de transtornos de humor. É importante ressaltar que a prática de atividade física, especialmente a corrida, promove benefícios significativos para a saúde emocional, cognitiva e social, contribuindo para a redução do estresse, dos sintomas depressivos e dos quadros de transtornos de ansiedade e de humor (Castro, 2014).
De acordo com Matsudo & Matsudo (2000), a prática regular de atividades físicas traz benefícios à saúde em diferentes aspectos, incluindo dimensões antropométricas, neuromusculares, metabólicas e psicológicas. No que diz respeito aos efeitos metabólicos, os autores destacam o aumento da potência aeróbica, a melhora do perfil lipídico, o incremento do volume sistólico, a maior ventilação pulmonar e a melhora da sensibilidade à insulina, diminuição da frequência cardíaca em repouso e no trabalho submáximo e diminuição da pressão arterial. Nos aspectos antropométricos e neuromusculares, observa-se uma redução da gordura corporal, além do aumento da força e da massa muscular, da densidade óssea e da flexibilidade. Sobre os aspectos psicológicos, a atividade física contribui para a melhoria da autoestima, da imagem corporal e do autoconceito, além de favorecer as funções cognitivas e de sociabilização. Reduzindo também a ansiedade, o estresse e a irritabilidade, além de diminuir a necessidade de uso de medicamentos em geral.
O estudo de Jesus e Jesus (2011), sobre o “Nível de atividade física e barreiras percebidas para a prática de atividades físicas entre policiais militares”, pontuou que as principais barreiras percebidas para a prática de atividades físicas incluíram compromissos familiares, jornada de trabalho extensa, falta de equipamento, ambiente inseguro, falta de companhia, tarefas domésticas e falta de recursos financeiros entre os policiais sujeitos da pesquisa. Cabe destacar que entre as mulheres os compromissos familiares e tarefas domésticas como barreiras mais frequentes.
Nesse sentido, percebe-se que para as mulheres, além da exposição frequente a situações de risco, longas jornadas de trabalho, preconceito de gênero, a dupla jornada profissional e pessoal contribui significativamente para o aumento de quadros de ansiedade, sentimentos de isolamento e desvalorização profissional, fatores que agravando o impacto psicológico. Sendo assim, para maximizar os benefícios da atividade física, é essencial que as organizações policiais desenvolvam programas estruturados que considerem as necessidades específicas das mulheres.
3 METODOLOGIA
Para responder os objetivos propostos, esta pesquisa foi fundamentada em uma abordagem quali e quantitativa descritiva. Segundo Bauer e Gaskel (2002, p. 24):
muitos esforços foram despendidos na tentativa de justapor pesquisa quantitativa e qualitativa como paradigmas competitivos. No entanto, os autores defendem que isso não é possível, uma vez que não há quantificação sem qualificação, bem como não há análise estatística sem interpretação.
Nesta mesma linha de pensamento dos autores acima citados, Triviños (2008) coloca que toda pesquisa pode ser qualitativa e quantitativa ao mesmo tempo e, além disso, a ausência de informações estatísticas nas pesquisas qualitativas não significa que são especulativas, pois estas têm um tipo de objetividade e de validade conceitual que contribuem decisivamente para o desenvolvimento do pensamento científico.
O campo de pesquisa escolhido foi o 1º BPM na cidade de Ponta Grossa/PR, e os sujeitos da pesquisa foram 37 (trinta e sete) policiais femininas das 78 (setenta e oito) atuantes do Batalhão, que por livre e espontânea vontade aceitaram participar do estudo. Cabe destacar que foi preservada a identidade das participantes, seguindo os protocolos de ética em pesquisa.
Para a coleta de dados da pesquisa, foi utilizado como instrumento o questionário (Apêndice I) com 29 (vinte e nove) perguntas, encaminhadas através do Google Forms. O questionário foi enviado aos sujeitos da pesquisa através do aplicativo de mensagens Whatsapp no mês de novembro de 2024.
Segundo Severino (2007, p. 125):
Questionário é o conjunto de questões, sistematicamente articuladas, que se destinam a levantar informações escritas por parte dos sujeitos pesquisados, com vistas a conhecer a opinião dos mesmos sobre os assuntos em estudo, podendo conter perguntas abertas e fechadas.
Entre as vantagens do uso do questionário, destacam-se sua capacidade de atingir um grande número de pessoas, seu baixo custo, a padronização das questões que promove uma interpretação mais consistente por parte dos respondentes, facilitando a compilação e comparação das respostas, além de garantir o anonimato dos participantes (Marconi; Lakatos, 1999, p. 100).
Diante do exposto, os dados da pesquisa foram analisados e interpretados utilizando como parâmetros a fundamentação teórica que norteou a pesquisa, através da triangulação de dados segundo Triviños (2008, p. 138):
A técnica de triangulação tem por objetivo básico abranger a máxima amplitude na descrição, explicação e compreensão do foco em estudo. Parte de princípios que sustentam que é impossível conceber a existência isolada de um fenômeno social, sem raízes históricas, sem significados culturais e sem vinculações estreitas e essenciais com uma macrorealidade social.
A partir dessa técnica emergiram dos dados constatações que foram trianguladas e organizadas em quatro (4) categorias para a análise, sendo: (1) Hábitos de Atividade Física (2) Saúde Mental; (3) Percepção dos Benefícios da Atividade Física para a Saúde Mental (4) Políticas Públicas para a Saúde Mental.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A pesquisa envolveu 78 (setenta e oito) policiais militares femininas atuantes no 1º BPM. Desta amostragem, 37 (trinta e sete) aceitaram as condições expostas no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), sendo consideradas participantes da pesquisa. Os resultados são oriundos das respostas obtidas do questionário (Apêndice I) aplicado via Google Forms no mês de novembro de 2024.
Das participantes do estudo, 54, 1% têm idade entre 30 e 40 anos, 29,7% entre 40 e 50 anos e 16,2% entre 20 e 30 anos. No que tange ao estado civil, a maioria da amostragem, cerca de 67,6% das policiais são casadas ou com união estável; 21,6% solteiras e 10,8% divorciadas.
Cabe destacar que, em relação ao número de filhos, 40,7% respondeu que tem apenas 1 (um) filho; 29,7% não tem filhos; 21,6% tem 2 (dois) filhos e 8,1% tem 3 (três) ou mais filhos.
Em relação ao tempo de efetivo serviço prestado na Corporação e jornada de trabalho, os resultados foram estes: 56,8% das policiais estão entre 11 a 20 anos na corporação, 27% entre 5 e 10 anos e 16,2% com menos de 5 anos. A jornada de trabalho da grande maioria ficou entre 30 a 40 horas, correspondendo a 48,6 % da amostra; 43,3% entre 41 a 50 horas semanais e 8,1% acima de 50 horas semanais.
O objetivo principal foi investigar os benefícios da atividade física na saúde mental das policiais militares femininas do 1º BPM, e a partir das respostas obtidas emergiram quatro (4) categorias para a análise, sendo: (1) Hábitos de Atividade Física; (2) Saúde Mental; (3) Percepção dos Benefícios da Atividade Física para a Saúde Mental (4) Políticas Públicas para a Saúde Mental.
Categoria 1 – Hábitos de Atividade Física
Nesta categoria foram investigados e analisados os hábitos de atividade física das policiais femininas do 1º BPM. A partir das respostas das questões observou-se que a maioria das policiais investigadas praticam atividades físicas. Destas 40,5% com frequência entre uma a duas vezes na semana, 40,5 % entre três a quatro vezes, 16,2% apenas uma vez na semana e 2,8% de cinco ou mais vezes na semana.
A duração para a realização da atividade física, na maioria da amostra ficou entre 30 minutos a uma hora de duração (89,2 %). A musculação foi a atividade mais realizada entre as participantes (40,5%), seguida da caminhada e/ou corrida (32,4%), outras atividades (13,5%), esportes coletivos (8,2%) e yoga/ pilates (5,4%) conforme gráfico 1 abaixo:
Gráfico 1 – Tipo de Atividade Física Realizada entre as Policiais Femininas do 1º BPM
Fonte: Autora, 2024.
Em relação a motivação para a realização da atividade física, a maioria das policiais investigadas responderam que seria para manter a forma física (53,5%), seguida de saúde mental (40,5%); qualidade de vida (3,6 %) e melhora do desempenho no trabalho (2,4%).
Diante destes dados apresentados, observou-se que a amostra investigada realiza atividade física com periodicidade e que se preocupa com a saúde física e mental, motivo dos quais justificam a realização da atividade física.
Nesse sentido, conforme pontua Guedes (2012), a atividade física regular em toda sua amplitude apresenta efeitos benéficos em relação à saúde, além de retardar o envelhecimento, previne o desenvolvimento de doenças crônicas degenerativas, e também é recomendada no tratamento de doença do estado emocional, como a depressão.
Ribeiro (2023) pontua que é notório o conhecimento que a prática regular de exercícios físicos traz uma série de benefícios para o organismo e o hábito de se movimentar contribui para o aumento da força física e da disposição, promove melhorias no sono e na saúde cardiovascular, combate o sedentarismo e auxilia na prevenção e tratamento de diversas doenças. Porém, muitos desconhecem, que além dos benefícios já conhecidos para a saúde física, os exercícios físicos também são um importante aliado da saúde mental.
Contribui para o aumento da força física e da disposição, promove melhorias no sono e na saúde cardiovascular, combate o sedentarismo e auxilia na prevenção e tratamento de diversas doenças
De acordo com a autora acima citada, em uma entrevista cedida pela médica psiquiatra Bruna Campos da Universidade Federal Fluminense (UFF), no Rio de Janeiro ao Portal Drauzio Varella, a referida médica relatou que a atividade física, além de contribuir para uma maior autoestima e autoeficácia, promove uma mudança biológica no nosso corpo, além de existir evidências científicas na melhora do bem-estar, na prevenção e melhora dos sintomas de depressão, ansiedade, transtorno bipolar, depressão.
Categoria 2 – Saúde Mental
A referida categoria investigou o impacto da atividade policial, os fatores relacionados e as estratégias utilizadas para cuidar da saúde mental das policiais femininas do 1º BPM. Das policiais participantes, a grande maioria relatou que de alguma forma o trabalho policial impacta negativamente a saúde mental, seja algumas vezes (40,5%), sempre (29,8%) e frequentemente (29,7%). Em relação aos sintomas como ansiedade, insônia, estresse e desânimo, as participantes do estudo relataram que apresentam estes sintomas: algumas vezes (40,5%); frequentemente (37,8%) e raramente (2,7%).
Nesse sentido, os dados evidenciam que a atividade policial exerce um impacto significativo na saúde mental das policiais militares femininas do 1º BPM. A percepção majoritária das participantes indica que o trabalho policial impacta negativamente sua saúde mental, com 70,3% delas relatando que isso ocorre “sempre” ou “frequentemente”. Este achado reflete a realidade de uma profissão marcada por fatores estressores, como alta carga emocional, exposição a riscos e uma rotina imprevisível.
Essa percepção negativa é reforçada pelos sintomas relatados pelas participantes, como ansiedade, insônia, estresse e desânimo. Combinados, esses sintomas, relatados como frequentes por 37,8% e ocasionais por 40,5%, são indicadores de uma sobrecarga mental que pode afetar diretamente a qualidade de vida e a capacidade funcional das policiais. O percentual de apenas 2,7% relatando raramente apresentar esses sintomas é alarmante e sugere a prevalência generalizada de problemas de saúde mental nas participantes da pesquisa.
Este ambiente “caótico” segundo Andrade; Silva; Leão (2023) no qual vivem os profissionais de segurança pública, em que durante o desempenho da atividade laboral ou fora dela, são expostos a ambientes de tensão, causadores de diversas problemáticas da saúde mental como excesso de rotina, risco à vida, contato com a violência, contato com a morte, escalas sobrecarregadas, dentre outras complexidades, geram a este policial transtornos gravíssimos a sua saúde mental.
Sobre a utilização de estratégias para aliviar o estresse e/ou cuidar da saúde mental a maioria (86,5%) respondeu que utiliza estratégias e dentre elas se destacam em todas as 37 (trinta e sete) respostas a realização de atividade física. Além desta estratégia, ainda relataram que fazem atividades manuais, lazer, convívio familiar, terapias e religiosidade.
Nesse contexto, apesar do impacto negativo, cabe observar que a maioria das participantes (86,5%) relatou utilizar estratégias para aliviar o estresse e cuidar da saúde mental e essas estratégias refletem uma busca ativa pelo equilíbrio emocional e mental, e podem ser consideradas medidas de enfrentamento adaptativas. Contudo, a eficácia dessas práticas pode variar dependendo do contexto, da intensidade do estresse e do apoio institucional oferecido.
Dentre os principais fatores que afetam sua saúde mental no exercício da profissão, observou-se nas respostas que a dupla jornada (43,3%) e alta carga de trabalho (37,8%) são fatores que mais se evidenciam nas respostas, seguidas de exposição constante ao risco (18,9%).
Esses resultados estão em linha com estudos que destacam como os papéis sociais e as condições de trabalho se acumulam para criar um ambiente de sobrecarga física e emocional para as mulheres policiais. A dupla jornada, em especial, representa um desafio único para as mulheres, que muitas vezes conciliam as demandas profissionais com responsabilidades familiares, como já citadas anteriormente. Esse fator está intimamente ligado às questões de gênero e merece atenção tanto por parte das instituições quanto da sociedade. Além disso, a alta carga de trabalho e a exposição ao risco constante são intrínsecos à profissão policial e reforçam a necessidade de políticas e programas institucionais que promovam a saúde mental e física das profissionais.
Os resultados estão em consonância com os estudos de Bravo, Barbosa e Calamita (2017), que indicam que as funções desempenhadas pelo policial militar e as condições de trabalho podem prejudicar sua saúde, resultando em elevados índices de absenteísmo, o que pode, consequentemente, levar ao envelhecimento funcional desse profissional. A sobrecarga física e psíquica enfrentada pelo policial militar, decorrente de uma jornada de trabalho extenuante e das situações estressantes vivenciadas frequentemente durante o atendimento a ocorrências, aliada à falta de qualidade de vida, resulta, frequentemente, no desenvolvimento de doenças físicas e transtornos mentais. Esses fatores podem acarretar sérios problemas para a saúde e bem-estar desse profissional (Amâncio; França, 2021).
Os autores acima citados, ainda ponderam que, quando fazemos referência aos transtornos mentais, surge uma maior preocupação, pois se trata de uma doença que não apresenta sinais de fácil percepção, o que acaba não tendo a devida importância tanto pelo policial que está acometido de tal enfermidade, quanto por aqueles que fazem parte do convívio desse profissional.
Categoria 3 – Percepção dos Benefícios da Atividade Física para a Saúde Mental
Os resultados mostram que quase todas as participantes (97,3%) reconhecem os benefícios da atividade física para a saúde mental, o que evidencia uma compreensão ampla e positiva sobre o impacto dessa prática. Além disso, após realizarem atividades físicas, as participantes relatam sentir-se motivadas (56,8%) ou relaxadas (43,2%), sugerindo que a prática desempenha um papel importante tanto na ativação do organismo quanto na redução do estresse.
Quando perguntadas sobre quais os benefícios percebidos na saúde mental relacionados à prática de atividade física, as participantes relataram: redução do estresse, melhora do humor, aumento da concentração, redução da ansiedade e melhora no sono.
Conforme aponta Gaia et al. (2022), a atividade física estimula adaptações neurobiológicas que resultam em uma melhora no humor, na redução dos níveis de estresse, ansiedade e depressão, podendo atuar efetivamente tanto na prevenção e no tratamento de distúrbios psicológicos, bem como na promoção da saúde mental.
A prática de atividade física tem se mostrado um meio potencialmente eficaz no tratamento e na prevenção de transtornos de saúde mental. Diversas evidências científicas demonstram que a atividade física pode atenuar os sintomas de depressão e ansiedade, promover a melhoria da autoestima, otimizar a saúde física geral, além de favorecer o aumento da participação social e da capacidade de realizar atividades cotidianas (Souza et al, 2023).
Por fim, nesta categoria mencionam também que a rotina de atividade física é positiva para o desempenho no trabalho (86,5%). Esse dado reforça a importância de programas e incentivos institucionais que estimulem a prática de exercícios físicos entre policiais.
Nessa perspectiva, Paredes et al. (2012), aponta que a importância da atividade física na vida dos policiais não se limita apenas ao preparo físico, mas também ao bem-estar mental, pois o exercício é um fator de diminuição do estresse e da ansiedade, o que, por sua vez, contribui para a melhora da capacidade de tomar de decisões auxiliando no desempenho profissional.
Ao diminuir os níveis de estresse e ansiedade, o exercício físico contribui para uma melhor qualidade de vida e para um desempenho mais eficiente no ambiente profissional, uma vez que facilita a concentração e a tomada de decisões mais assertivas
Categoria 4 – Políticas Públicas para a Saúde Mental
Nesta categoria procurou-se identificar as Políticas Públicas para a saúde mental presentes no contexto da Polícia Militar do Paraná, com destaque no 1º BPM na cidade de Ponta Grossa/PR.
Os dados mostram que maioria das participantes da pesquisa (78,4%) consideram insuficientes as políticas públicas atuais para atender às demandas de saúde mental dos policiais. Apesar de 73% das participantes relatarem acesso a programas ou serviços psicológicos oferecidos pela corporação, a avaliação sobre sua eficácia ou adequação parece ser negativa, evidenciando a necessidade de maior investimento e revisão das estratégias adotadas.
A insatisfação com as políticas públicas pode estar ligada à falta de personalização, abrangência ou efetividade das ações implementadas, indicando que os programas disponíveis não estão adequados às demandas específicas das policiais militares.
Embora 73% das participantes tenham acesso a serviços psicológicos, os dados revelam que a maioria das policiais não utiliza esses serviços de maneira consistente: 48,6% nunca utilizaram e 31,1% utilizam raramente. Apenas uma minoria (16,2%) utiliza os serviços algumas vezes ao ano ou regularmente.
Todavia, essa baixa adesão pode ser explicada por fatores culturais e institucionais como falta de apoio, já que 59,5% relataram que não sentem apoio suficiente para lidar com os efeitos psicológicos de situações traumáticas no trabalho, e medo de julgamento ou represálias no trabalho, 64,9% das participantes. O medo de julgamento e a falta de apoio evidenciam a necessidade urgente de mudar a cultura organizacional e promover um ambiente que valorize a saúde mental como parte essencial do desempenho profissional.
Corroborando com o resultado acima, Costa et al. (2024) pontua que alguns policiais ainda preservam uma cultura de preconceito e vergonha em relação à busca por tratamento psicológico. Esse estigma contribui para o acúmulo de problemas, resultando em maior sofrimento e na falta de motivação para desempenhar suas funções com eficácia. Em casos extremos, essa situação pode levar ao desejo de abandonar a corporação ou até mesmo à tragédia do suicídio.
Em relação as melhorias que poderiam ser implementadas nas políticas públicas para apoiar a saúde mental dos policiais, 58,8% das participantes pontuaram a redução da carga horária ou intervalos para descanso, 21,6% aumento de profissionais de saúde mental, 13,5% garantia de anonimato e confidencialidade no atendimento psicológico e 8,1% treinamento regular sobre manejo de estresse e saúde emocional.
As participantes apontam a necessidade de ações urgentes e eficazes para melhorar as políticas públicas voltadas à saúde mental. Reduzir a carga de trabalho, oferecer mais suporte psicológico, garantir confidencialidade no atendimento e implementar treinamentos regulares são passos fundamentais para promover o bem-estar das policiais. Além disso, a mudança cultural na corporação, com foco no acolhimento e na valorização da saúde mental, é essencial para construir um ambiente mais saudável, funcional e resiliente.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A saúde mental das mulheres policiais militares do 1º BPM em Ponta Grossa/PR, participantes deste estudo, revelou-se uma questão que demanda atenção prioritária, dada a complexidade e os desafios inerentes ao exercício da profissão.
Este estudo identificou que, embora haja reconhecimento dos impactos negativos da atividade policial na saúde mental, as políticas públicas e ações institucionais existentes ainda são percebidas como insuficientes para atender às demandas específicas dessas profissionais.
As principais dificuldades estão relacionadas à alta carga de trabalho, dupla jornada, exposição constante ao risco e falta de apoio psicológico adequado. Além disso, barreiras culturais, como o medo de julgamento ou represálias, dificultam o acesso aos serviços psicológicos disponíveis, o que reforça a necessidade de mudanças na cultura organizacional.
Por outro lado, os dados demonstraram que a prática de atividade física é amplamente valorizada pelas participantes, sendo reconhecida como uma ferramenta eficaz para aliviar o estresse, melhorar o humor, a qualidade do sono e o desempenho profissional. Esses resultados destacam a importância de fortalecer programas que incentivem o autocuidado e o bem-estar das policiais.
Diante desse contexto, recomenda-se a ampliação e aprimoramento das políticas públicas de saúde mental no âmbito da Polícia Militar do Paraná, com ênfase na adequação da carga horária, aumento da oferta de profissionais especializados, garantia de confidencialidade nos atendimentos e promoção de treinamentos regulares sobre manejo do estresse, prática regular de atividade física e espaços adequados que ofertem esta prática.
Além disso, investir na saúde mental das mulheres policiais militares não apenas contribui para melhorar sua qualidade de vida, mas também fortalece a corporação e a qualidade do serviço prestado à sociedade, promovendo um ambiente mais saudável, resiliente e funcional.
REFERÊNCIAS
ANDRADE R. N. de; SILVA, M. S.; LEÃO, S. M. Impacto dos transtornos mentais em policiais militares. Revista FT. v. 27, n. 123, jun. 2023. Publicada em: 7 jun. 2023.
AREDE. 11ª Turma de Policiais femininas de PG completa 35 anos. 20/11/2018. Disponível em: https://arede.info/ponta-grossa/238996/1-turma-de-policiais-femininas-de-pg-completa-35-anos?d=1>. Acesso em nov. de 2024.
AMORIM, L. C. Saúde mental e a prática de atividade física de policiais militares: uma revisão sistemática. 2020. Tese de Doutorado.
ARAÚJO, H. E. S.; OLIVEIRA, G. P. C. de. A atividade física e a qualidade de vida do policial militar de Goiás. 2019.
BATISTA, R. C. Percepção dos níveis de estresse dos bombeiros militares após o aumento do período de descanso entre a jornada de trabalho. Revista Interface. v. 19, n. 1, p.24-3. jan./jun. 2022.
BAUER, M. W.; GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis: Vozes, 2002.
BORGES, A.A. Polícia e Saúde: entrevista com o Diretor Geral de Saúde da Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Ciência& Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v.18, n.3, p.677-679, 2013.Disponível em:< https://www.scielo.br/j/csc/a/4nKf9xs6WCrQFhX8SbhMcNC/>. Acesso em: 15 de out de 2024.
BARNETT, S.; ROBINSON, J. Physical fitness and readiness in the military: a comprehensive review. Military Medicine Review, v. 25, n. 4, p. 87-102, 2017.
BRAVO, D. S.; BARBOSA, P. M. K.; CALAMITA, Z. Ausência por doença na carreira do policial militar. Revista Enfermagem UFPE (online), Recife, v.11, n. 7, p. 2758-64, 2017. Disponível em: www.periodicos.ufpe.br. Acesso em: 20 set. 2024.
CALAZANS, M. E. de. A constituição de mulheres em policiais: um estudo sobre
policiais femininas na Brigada Militar do Rio Grande do Sul. Programa de Mestrado
em Psicologia, UFRG, Porto Alegre, 2003.
CARMONA, C.R.R.; ROCHA, V.F. da. Estudo sobre a importância da educação física na rotina da Polícia Militar do Paraná. Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.9, n.10, p. 29027-29035, oct., 2023
CASTRO, G.A.D.A Percepção de bem-estar em praticantes de corrida de rua. 2014. Trabalho de conclusão de curso de graduação em Educação Física. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2014.
COSTA, M.; JÚNIOR, H. A.; OLIVEIRA, J.; MAIA, E. (2007) Estresse: diagnóstico dos policiais militares em uma cidade brasileira. Rev Panam Salud Publica; 21(4) 217-222, abr. 2007. Disponível em:http://www.scielosp.org/scielo.php?Script=sci_arttext&pid=S1020-498920070003 00004&lng=pt&nrm=iso&tlng=P Acesso em 25 out 2024
COSTA, C.D. da.; et al. Adoecimento psicológico em Policiais Militares Femininas: Síndrome de Burnout. Ciências Humanas, Saúde Coletiva, v.17-ed. 123.jun.2023.
COSTA, R.F.M.; et al. O adoecimento dos policiais militares do Ceará. Revista FT. v. 28, n. 134, mai. 2024. Publicada em: 7 mai. 2024.
CECHET, L. W. Saúde mental em agentes da segurança pública: Um estudo exploratório na polícia militar do estado do Paraná. Revista Cientifica de Segurança Pública (RCSP). Natal: PMRN, volume 1, número 1, p. 109-122 jul./dez. 2021. Disponível em: . Acesso em: 15 de out de 2024.
FIGUEREDO, A.M. A importância da atividade física no contexto Policial Militar vinculada à construção do centro poliesportivo no 6.º BPM. Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.9, n.10, p. 29183-29212, oct., 2023.
FRANÇA, F.G. de; AMANCIO, F.de L. Revista Científica de Segurança Pública (RCSP) Natal: PMRN, volume 1, número 1, p. 143 – 158 jul./dez. 2021
GAIA, J.; FERREIRA, R.; PIRES, D. Exercício e saúde mental. Tópicos em ciências do movimento humano, p. 111-121, 2022.
GUEDES, D. P; NETO, J. T. M; GERMANO, J. M; LOPES, V; SILVA, A. J. R. M. Aptidão física relacionada à saúde de escolares: programa fitnessgram. Rev. Bras. Med. Esporte. Vol. 18, N° 2 – Mar/Abr, 2012.
JESUS M.J, JESUS A.F.E.A. Nível de atividade física e barreiras percebidas para a prática de atividades físicas entre Policiais Militares. Revista Brasileira de Ciência da Esporte. 2012, 34(2): 433-448.
MATSUDO, S. M., MATSUDO, V. K.R. Prescrição e benefícios da atividade física na terceira idade. Revista Brasileira de Ciência e Movimento; v.6, n.4, p.19-30, out. 1992.
MELLO, M.T.de.; et al. O exercício físico e os aspectos psicobiológicos. Rev Bras Med Esporte. v. 11, N3 – Mai/Jun, 2005.
NAHAS, M. V. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. 7. ed. –Florianópolis, Ed. do Autor, 2017.
NOGUEIRA, D. M. S. Síndrome de Burnout: um estudo com os policiais militares da Radiopatrulha do 3.O Batalhão Em Patos, 2023. 39 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso Tecnólogo em Segurança no Trabalho) – Instituto Federal da Paraíba, Campus Patos-PB, 2023.
OMS. Organização Mundial de Saúde. 2010. Disponível em:<https://www.who.int/about/es>. Acesso em: 10 de nov. 2024.
O’DONNELL, M. The role of physical activity in military performance. Journal of Military Science, 10(2), p. 45-62, 2019.
OLIVEIRA, J.S.; ALVES, S.F.de S. Impacto da prática de exercício físico na saúde mental dos indivíduos acometidos pela depressão: revisão integrativa. Revista Foco. Curitiba (PR). v.16. n.8. p.01-12.2023.
OLIVEIRA, J. S.; RIBEIRO, J. L.; MELLO, A. S. DE. Perfil da qualidade de vida e níveis de estresse entre mulheres praticantes de Pilates. Ciência em Movimento, v. 21, n. 42, p. 71–79, 29 abr. 2020. Disponível em: <https://www.metodista.br/revistas/revistasipa/index.php/CMBS/article/view/791>. Acesso em: 02 ou. 2024.
PARANÁ. Polícia Militar. 1º Batalhão de Polícia Militar. Disponível em:<https://www.pmpr.pr.gov.br/1BPM>. Acesso em: 17 nov. 2024.
PAREDES, D.S.; et al. Nível de atividade física e nível de estresse de policiais militares do 16º BPM de Santa Catarina. 2012.
PELUSO, M.A; et al. A. Physical activity and mental health: the association between exercise and mood. Clinics (São Paulo). 2005 Feb;60(1):61-70.
RIBEIRO, M. Como os exercícios físicos ajudam na saúde mental? Portal Drauzio Varella. jan. 2023. Disponível em: <https://drauziovarella.uol.com.br/atividade-fisica/como-os-exercicios-fisicos-ajudam-na-saude-mental/>. Acesso em: out. 2024.
SANTOS, M. Mulheres integram a Polícia Militar do Paraná há 41 anos e ocupam cada vez mais funções destacadas. Jornalista PMPR, 2018. Disponível em:<https://www.pmpr.pr.gov.br/Noticia/Mulheres-integram-Policia-Militar-do-Parana-ha-41-anos-e-ocupam-cada-vez-mais-funcoes>. Acesso em nov de 2024.
SEVERINO, A. J. Metodologia do Trabalho Científico. 23 ed. ver. e atual. São Paulo: Cortez, 2007.
SOARES. C.M.C; CASSIMIRO, L.F.; SILVA, M. S. N., 2022. O impacto na Saúde Mental sofrido pelas policiais femininas frente aio atendimento da patrulha Maria da Penha. Revista FT, v. 26, ed. 115, out 2022.
SOUZA, O.S.; OLIVEIRA, R.P.de; SOUZA, F.M.P. A Saúde da Trabalhadora e do Trabalhador Policial Militar: uma revisão integrativa. Rev. Saúde Multidisciplinar. vol.16, 1ªed. P. 85 a 93, 2024.
SOUZA, E.M.M. de et al. O papel da atividade física na saúde mental: uma análise dos efeitos em pessoas com transtornos mentais. Revista FT. v. 27, n. 124, jul. 2023. Publicada em: 18 jul. 2023.
SILVA, J.A.; FAGIOLO, J.C. Fatores de risco para a saúde mental dos policiais militares e potenciais intervenções para mitigar esses fatores: uma revisão científica. Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 7, n. 3, p. 01-14, may/jun., 2024
SCHACTAE, A. M. Farda e batom, arma e saia: a construção da polícia militar feminina no Paraná (1977-2000) – Curitiba, 2011.282 f.
TROMBKA, M.; et al. Study protocol of a multicenter randomized controlled trial of mindfulness training to reduce burnout and promote quality of life in police officers: the POLICE study. BMC psychiatry, v. 18, p. 1-9, 2018.
TRIVIÑOS, Augusto N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 2008.
11º Tenente QOPM Jaine Chaves Luz de Moura
e-mail: moura.jainechaves@gmail.com
Bacharela em Psicologia pelo Centro Universitário de Maringá (UniCesumar).
Bacharela em Administração Pública pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
Bacharela em Segurança Pública e Cidadania pela Academia Policial Militar do Guatupê (APMG).
Especialista em Técnica de Ensino pela Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR).