REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10241171453
Romero Vieira Vasconcelos1
Valeska Regina Soares Marques2
Resumo
A presente tese teve por objetivo analisar a implantação de um oficina terapêutica na APAE de Buritis/RO para desenvolver de maneira eficiente e inteligível a linguagem falada e expressiva. Sabe-se que a metodologia abordada foi através da pesquisa descritiva, qualitativa, trazendo após, uma pesquisa de campo, envolvendo pessoas com as terapias de fonoaudiologia e musicoterapia, analisando os resultados do grupo da APAE de Buritis-RO. Nos resultados, verificou-se que é necessário ao terapeuta entender o discurso verbal e não-verbal como relações de sentidos do grupo, uma vez que a interpretação surge na/da interação, sendo esta a instância de significações. Quando se faz um paralelo com a Musicoterapia, ao acolher a produção sonora sem exigir uma estética ou conhecimento musical prévio, dá-se a oportunidade ao sujeito de se constituir na linguagem musical. É importantíssimo estar atento para possíveis manifestações não verbais dos entrevistados que possam dar indícios interpretativos. O profissional fonoaudiólogo atendeu durante o processo avaliativo, que influencia no diagnóstico, existindo diversos aspectos alterados, abordando concomitante de dois ou mais aspectos na terapia. Conclui-se que tais aspectos são evidenciados tanto na Fonoaudiologia quanto na Musicoterapia. Assim, cada uma, com suas particularidades, promove o desenvolvimento do indivíduo que se submete ao tratamento e garante não somente alcançar objetivos peculiares de cada vivência, mas, também, outras [r]evoluções que transcendem o conhecimento clínico.
Palavras-chave: Terapia. Implantação. Linguagem. Desenvolvimento.
Abstract
The objective of this thesis was to analyze the implementation of a therapeutic workshop at APAE in Buritis/RO to develop spoken and expressive language in an efficient and intelligible manner. It is known that the methodology addressed was through descriptive, qualitative research, followed by field research, involving people with speech therapy and music therapy, analyzing the results of the APAE group in Buritis-RO. In the results, it was found that it is necessary for the therapist to understand verbal and non-verbal discourse as relationships of meaning in the group, since the interpretation arises in/from the interaction, this being the instance of meanings. When a parallel is made with Music Therapy, by embracing sound production without requiring aesthetics or prior musical knowledge, the subject is given the opportunity to constitute themselves in the musical language. It is extremely important to be aware of possible non-verbal manifestations from interviewees that could provide interpretative clues. The speech therapist provided assistance during the evaluation process, which influences the diagnosis, with several altered aspects, addressing two or more aspects in therapy concomitantly. It is concluded that such aspects are evident in both Speech Therapy and Music Therapy. Thus, each one, with its particularities, promotes the development of the individual undergoing treatment and guarantees not only achieving objectives peculiar to each experience, but also other [r]evolutions that transcend clinical knowledge.
Keywords: Therapy. Implantation. Language. Development..
1 – INTRODUÇÃO
Com o surgimento das novas demandas em saúde para esse modelo de cuidado, somente as práticas advindas do modelo biomédico, além de serem onerosas, já não dão conta das necessidades da população em sua plenitude (Campos, 2003).
São criadas estratégias para atenção em saúde, por meio da união de diversas profissões que partilham de práticas e espaços de trabalho comuns, cuja assistência passa a ser provida pela coletividade (Pires, 2008).
Dessa forma, as pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimento de médio ou longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o que, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. E, incluir socialmente as pessoas com deficiência significa respeitar as necessidades próprias da sua condição e possibilitar acesso aos serviços públicos, aos bens culturais e artísticos e aos produtos decorrentes do avanço social, político, econômico, científico e tecnológico da sociedade contemporânea (BRASIL, 2021).
Como problema, é visto que, nos dias atuais há que se pensar na importância do atendimento multidisciplinar para a pessoa com deficiência, pois os problemas de saúde são complexos, podendo afetar corpo e mente. A equipe multidisciplinar permite a percepção do problema a partir de vários olhares, podendo haver um cuidado mais eficaz e de melhor qualidade. E, Sullivan e Mendonça (2017) descreve que no atendimento multidisciplinar, a equipe multiprofissional em saúde é composta por profissionais de diferentes áreas que trabalham conjuntamente em prol da saúde, do bem-estar e da qualidade de vida de um paciente ou mesmo de uma família.
Diante disso, questiona-se: Até que ponto a multidisciplinaridade através de uma oficina terapêutica, com um olhar interdisciplinar, pode contribuir no desenvolvimento da linguagem e expressão do paciente PCD (Pessoa Com Deficiência) na APAE de Buritis/RO? Como hipótese, A pessoa com deficiência pode melhorar sua expressão através da oficina terapêutica. E ainda, a oficina terapêutica pode implantar as ações quanto terapia fonoaudiológica e musicaterapia.
A metodologia aplicada foi abordada através da descritiva, qualitativa, trazendo após, uma pesquisa de campo, envolvendo pessoas.
Segundo Pedroso et. al. (2018)a pesquisa descritiva tem como objetivo descrever um fenômeno ou situação em detalhe, permitindo abranger com clareza as características de um indivíduo, um grupo ou uma situação, bem como desvendar a relação entre os eventos. Tem por finalidade observar, registrar os fenômenos sem se aprofundar. A pesquisa descritiva no presente estudo foi realizada através pesquisas, onde o pesquisador foi analisar um grupo de 03 pessoas, sendo pacientes que participaram tanto dos vídeos e protocolos de anamneses de fonoterapia e musicoterapia.
De acordo com Godoy (1995) a pesquisa qualitativa ocupa um reconhecido lugar entre as várias possibilidades de se estudar os fenômenos que envolvem os seres humanos e suas intrincadas relações sociais, estabelecidas em diversos ambientes. Algumas características básicas identificam os estudos denominados qualitativos”.
A pesquisa sendo qualitativa, traz informações sobre as três pessoas que participaram, para comparar as respostas das três pessoas do grupo da APAE de Buritis-RO. Houve a ficha de anamnese contendo 20 perguntas (abertas e fechadas), estas perguntas são sobre a história familiar, a gestação, o nascimento, passando por todo o processo de desenvolvimento global até o início do tratamento ou os dias atuais. Foi aplicada aos pais e/ou cuidadores.
O roteiro de entrevista foi aplicado diretamente aos pacientes, contém 10 (dez) perguntas, estas são perguntas referentes aos sentimentos diante das dificuldades e limitações, o que esperam do tratamento, seus sonhos, anseios, frustrações, disponibilidades para a realização dos exercícios que deverão ser feitos em casa, dificuldades para a realização deles, etc.
Estes protocolos foram realizados com base em questionamentos e levantamentos de informações para melhor entender cada perfil entrevistado, observando assim, as limitações de fala e linguagem e comunicação eficaz e eficiente de cada paciente avaliado. Foram analisadas, também, a pasta de documentos que cada um desses pacientes tem na secretaria da Associação, os registros feitos em prontuários de atendimento anterior em saúde.
De acordo com Lima (2010, p. 79) “As práticas com atividades hoje, talvez possam encarnar uma nova ética que se desloca da noção capitalista de produção para a idéia de produção de vida e criação de mundos”.
Diante disso, é sabido que o acompanhamento lúdico incentiva o desenvolvimento global da pessoa com deficiência. Este estudo busca aplicar estratégias para que estas mesmas pessoas sejam capazes de falar e se expressarem adequadamente e de forma inteligível, objetivando o desenvolvimento da linguagem falada e expressiva.
2. A Pessoa com Deficiência – PCD
Cabe esclarecer que o termo “pessoa com necessidades especiais” caiu em desuso porque todos podem ter necessidades especiais em determinado momento da vida, sem necessariamente ter uma deficiência, como por exemplo, um idoso ou uma gestante. É importante também ressaltar que o termo “portador” não deve ser utilizado, pois implica algo que se “porta” e, consequentemente, que é possível se livrar a qualquer momento e em qualquer lugar (Soleman, Bousquat, 2021).
A deficiência faz parte da pessoa e, na maioria das vezes, trata-se de algo permanente e que, portanto, não pode ser destituída da pessoa. Além disso, referir-se a esse público como “portador de deficiência”, evidencia que a deficiência passa a ser a principal característica da pessoa, em detrimento de sua condição humana (Brasil, 2012).
O acesso universal, equânime e integral à saúde, ainda que estabelecido pela Constituição Federal de 1988, continua sendo um desafio para a população brasileira, principalmente para as pessoas com deficiências (PCD). Esta parcela da população enfrenta cotidianamente barreiras físicas, comunicacionais e atitudinais ao tentar acessar o sistema de saúde, além de conviver com preconceitos (Secretaria de Direitos Humanos, 2013).
2.1 Tipos de deficiência
De acordo com o Decreto 3.298/1999, modificado pelo Decreto 5.296/2004, são consideradas deficiências as seguintes situações, para fins de cumprimento de reserva de cota:
- Deficiência: toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano;
- Deficiência permanente: aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos;
- Incapacidade: uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida;
- Pessoa com deficiência habilitada: Aquela que concluiu curso de educação profissional de nível básico, técnico ou tecnológico, ou curso superior, com certificação ou diplomação expedida por instituição pública ou privada, legalmente credenciada pelo Ministério da Educação ou órgão equivalente, ou aquela com certificado de conclusão de processo de habilitação ou reabilitação profissional fornecido pelo INSS. Considera-se, também, pessoa portadora de deficiência habilitada aquela que, sem ter se submetido a processo de habilitação ou reabilitação, esteja capacitada para o exercício da função (art. 36, §§ 2º e 3º, do Decreto nº 3.298/1999);
- Reabilitado: Entende-se por reabilitada a pessoa que passou por processo orientado para possibilitar que adquira, a partir da identificação de suas potencialidades laborativas, o nível suficiente de desenvolvimento profissional para reingresso no mercado de trabalho e participação na vida comunitária (Decreto nº 3.298/99, art. 31).
- Deficiência física: É a alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, que acarreta o comprometimento da função física e se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções (Decreto nº 5.296/2004, art. 5º, §1º, I, “a”, c/c Decreto nº 3.298/1999, art. 4º, I).
2.2 A Política Nacional de Saúde da pessoa com deficiência
A presente política do Ministério da Saúde, voltada para a inclusão das pessoas com defi ciência em toda a rede de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), caracteriza-se por reconhecer a necessidade de implementar o processo de respostas às complexas questões que envolvem a atenção à saúde das pessoas com deficiência no Brasil (Soleman; Bousquat, 2021).
Suas principais diretrizes, a serem implementadas solidariamente nas três esferas de gestão e incluindo as parcerias interinstitucionais necessárias, são: a promoção da qualidade de vida, a prevenção de deficiências; a atenção integral à saúde, a melhoria dos mecanismos de informação; a capacitação de recursos humanos, e a organização e funcionamento dos serviços (Dias, Friche, Lemos, 2019).
2.3 APAE
A Federação Nacional das Apaes, ou Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – Apae Brasil é a maior rede de apoio às Pessoas com Deficiência Intelectual ou Deficiência Múltipla.
O movimento Apaeano surge da necessidade de cobrir a ineficiência do Estado em prestar devida assistência às pessoas com Deficiência Intelectual ou Deficiência Múltiplas. Em um país historicamente marcado por forte rejeição, discriminação e preconceito, as famílias dessas pessoas, empenhadas em buscar soluções alternativas para que seus filhos alcancem condições de serem incluídos na sociedade, com garantia de direitos como qualquer outro cidadão, criaram as primeiras associações assistidos (Silveira Filho et al., 2016).
Essas associações nasceram com a missão de educar, prestar atendimento na área de saúde e lutar por seus direitos na perspectiva da inclusão social (BRASIL, 2021).
Essa mobilização teve que contar com o apoio de vários profissionais que, acreditando na luta dessas famílias, empreenderam estudos e pesquisas, buscaram informações em entidades congêneres no exterior, trocando experiências com pessoas de outras nacionalidades que também sofriam com descaso e poucas políticas públicas que trouxessem benefícios para seus assistidos (Silveira Filho et al., 2016).
Foi então que no Brasil essa mobilização social começou a prestar serviços de educação, saúde e assistência social a quem deles necessitassem, em locais que foram denominados como Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), constituindo uma rede de promoção e defesa de direitos das pessoas com deficiência intelectual e múltipla, com 23.035.726 atendimentos no ano de 2022, nas áreas de prevenção e saúde, educação, assistência social e inclusão no mercado de trabalho. Atualmente, a rede apaeana conta com mais de 1.600.000 assistidos, organizadas em mais de 2.249 unidades presentes em todo o território nacional (Pinho et al., 2013).
O Movimento Apaeano é uma grande rede constituída por pais, amigos, pessoas com deficiência, voluntários, profissionais e instituições parceiras – públicas e privadas – unidas para a promoção e defesa dos direitos de cidadania da pessoa com deficiência e a sua inclusão social (Cursos APAE Brasil, 2023).
3 – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS
O perfil dos pacientes que foram submetidos as oficinas terapêuticas, isto é, os entrevistados 03 (três) pacientes atendidos no setor de fonoaudiologia e música da APAE de Buritis/RO, conforme perfil sintético dos sujeitos da pesquisa informada abaixo:
QUADRO 1: Perfil Sintético dos Sujeitos da Pesquisa
PACIENTES | IDADE | QUEIXA |
A | 26 anos | Não fala direito, ninguem entende o que fala |
B | 20 anos | Não fala, ninguém entende o que diz |
C | 27 anos | Não fala direito, ninguem entende o que fala |
FONTE: Dados do autor/2023
3.1 Evolução dos pacientes submetidos as oficinas terapêuticas
Fizeram ANAMNESE FONOAUDIOLÓGICA e Musicoterapia nos pacientes que foram submetidos 2x por semana durante 7 meses. Na anamnese fonoaudiológica, também pode ser chamada de entrevista inicial, que é quando o paciente ou seu responsável legal irá ter o primeiro contato com o fonoaudiólogo.
Quando a anamnese é bem-feita, possibilita que o profissional entenda melhor o caso e saiba com uma precisão maior quais os instrumentos de avaliação serão necessários para avaliar o paciente. Do mesmo modo, auxilia nas hipóteses diagnósticas e identifica quando for necessário o encaminhamento para exames complementares ou avaliação com outros especialistas. Sendo assim, é importante saber que a anamnese é um instrumento essencial para que o fonoaudiólogo tenha êxito nas avaliações e consequentemente no planejamento terapêutico do paciente em questão.
Abaixo, o pesquisador, que também é Fonoaudiólogo fez alguns exercícios como a emissão e articulação das vogais a, e, i, o e u, fazendo a repetição da fala, com os pacientes A, B e C.
E diante da participação na terapia fonoaudióloga e musicoterapia, os pacientes tiveram o desenvolvimento da fala, sendo que o paciente A com paralisia cerebral está no nível avançado. Na paciente B com paralisia cerebral de cinética é de nível médio e o paciente C ainda está desenvolvendo sua aceleração, que também tem paralisia cerebral de cinética.
Sabe-se que na área de voz, o fonoaudiólogo atua na promoção, prevenção e reabilitação de distúrbios vocais, denominados disfonia, que ocorrem quando a voz não consegue cumprir seu papel de transmissão da mensagem verbal e emocional, caracterizados por dificuldades ou alterações que impedem sua produção natural (Behlau, 2008). Ainda, a instalação da disfonia causa impacto no desempenho comunicativo do indivíduo e, consequentemente, no seu bem estar e qualidade de vida, que pode resultar em prejuízos sociais, profissionais e emocionais (Oliveira et al., 2013).
Outro momento foi feito a projeção da língua para vários modos, pedindo os pacientes A, B e C fazer movimentos para a direita, esquerda, para cima e para baixo, para fora e para dentro, sem levantar a ponta da língua. No outro momento do encontro, a pesquisador pede ao grupo para fazer o estalinho nos lábios para que possam fazer o treino de lábios. Ele pede para fazer várias vezes.
A importância da dicção é enfatizada com relação à própria inteligibilidade do texto a ser declamado pelo ator no teatro. Em busca da precisão articulatória, ele desenvolveu o que chamou de gourmet de fonética. (Stanislavski, 1970).
Grelha n° 1: ANAMNESE FONOAUDIOLÓGICA
Pergunta: Identificar o perfil dos pacientes que serão submetidos as oficinas terapêuticas | |
PACIENTES | UNIDADE DE REGISTRO |
A | Paralisia Cerebral de Cinética, muita dificuldade na articulação e desenvolvimento adequado da fala e está em processo terapêutico. |
B | Paralisia Cerebral de Cinética e deficiência intelectual, muita dificuldade na articulação e desenvolvimento adequado da fala e está em processo terapêutico. |
C | Paralisia Cerebral de Cinética, muita dificuldade na articulação e desenvolvimento adequado da fala e está em processo terapêutico. Na maioria das vezes não entende o que fala. |
Fonte: Autor (2023)
Verificou-se através das anamneses que:
- O paciente A tem dificuldade quanto a coordenação motora e não tem letra legível.
- O paciente B tem dificuldade de ler, escrever, não tem coordenação motora, tem dificuldade em contar, calcular e não tem letra legível.
- O paciente C tem dificuldade de ler, escrever, não tem coordenação motora, tem dificuldade de contar, caluclar e troca letras na escrita ou na leitura.
É visto que a paralisia cerebral (PC), também chamada de encefalopatia crônica não progressiva da infância ou dismotria cerebral ontogenética, consiste em um conjunto de desordens motoras de caráter permanente e não progressivo, que afetam a postura e o tônus muscular. Essas desordens são causadas por uma ou mais lesões no encéfalo da criança, que podem acontecer no período intrauterino, no parto ou no período pós-natal, até os 18 meses de vida.
Grelha n° 2: ANAMNESE FONOAUDIOLÓGICA
Pergunta: Descrever as oficinas terapêuticas implantadas e suas ações | |
PACIENTES | UNIDADE DE REGISTRO |
A | Fonoaudiologia e musicoterapia. |
B | Fonoaudiologia e musicoterapia. |
C | Fonoaudiologia e musicoterapia. |
Fonte: Autor (2023)
A aquisição fonológica normal ocorre quando a criança consegue estabelecer um sistema fonológico condizente com o alvo-adulto. No decurso da aquisição fonológica, observa-se um domínio gradativo dos sons da fala, tanto no que diz respeito a sua percepção e produção, quanto à compreensão das regras lingüísticas que regem sua utilização numa determinada língua. Já o desvio fonológico acontece quando a criança não adquire espontaneamente o sistema fonológico na sequência e faixa etária comum à maioria das crianças (Pagan, Wertzner, 2007; Yavas et al., 2001).
Grelha n° 3: ANAMNESE FONOAUDIOLÓGICA
Pergunta: Acompanhar a evolução dos pacientes submetidos as oficinas terapêuticas. | |
PACIENTES | UNIDADE DE REGISTRO |
A | Conversa bem; Faz a segunda Faculdade; Mora só e cuida da casa |
B | Conversa bem; Passa pano e lava vasilhas |
C | Conversa bem; Mora só e cuida da casa |
Fonte: Autor (2023)
Para Galletti (2004), as oficinas terapêuticas surgem como desdobramento desta constatação e se constituem como um novo dispositivo de tratamento justamente porque partem da premissa de que o respeito à singularidade dos usuários deve ser observado como diretriz principal.
Grelha n° 4: ANAMNESE MUSICOTERAPIA
Pergunta: Aspectos rítmico-sonoro-musicais | |
PACIENTES | UNIDADE DE REGISTRO |
A | Marca o ritmo com os pés, com as mãos; mantém o ritmo; não reproduz ritmos sugeridos; não cria novos ritmos; tem sonorização, o paciente; realiza diálogo sonoro; reconhece melodias e sustenta o silêncio. |
B | Não mantém o ritmo; não cria novos ritmos; não canta; rnão realiza diálogo sonoro; reconhece as melodias. |
C | Marca o ritmo com os pés, com as mãos e outros. Manter o ritmo, com sonorização canta bem, reconhecendo melodia. |
Fonte: Autor (2023)
A música é um operador condicionante que reforça o comportamento alterado e que o impacto das experiências musicais é observável e mensurável, sendo possível estabelecer uma relação de causa-efeito entre a música e o comportamento. A Musicoterapia deve usar a análise behaviorista e incluir programas individuais de tratamento para atender às necessidades dos indivíduos com algum tipo de perturbação.
Grelha n° 5: ANAMNESE MUSICOTERAPIA
Pergunta: Aspectos ligados à comunicação e linguagem | |
PACIENTES | UNIDADE DE REGISTRO |
A | Capacidade de comunicação quanto ao diálogo e integração. |
B | Capacidade de comunicação quanto ao diálogo e integração. |
C | Capacidade de comunicação quanto a verbalização, diálogo e integração. |
Fonte: Autor (2023)
Realizar terapia fonoaudiológica da linguagem oral e escrita, voz, fluência da fala, articulação da fala, função auditiva periférica e central, função vestibular, sistema miofuncional orofacial e cervical e deglutição, tanto no que diz respeito à habilitação, como à reabilitação.
Grelha n° 6: ANAMNESE MUSICOTERAPIA
Pergunta: Aspectos relacionados aos estados efetivos verificados nos atendimentos | |
PACIENTES | UNIDADE DE REGISTRO |
A | Receptivo, calmo, sociável, atividades compulsórias |
B | Receptivo, sociável, atividades compulsórias, rígido, agitado, melancólico, desinteressado, reatrído, impulsivo, hiperativo |
C | Receptivo, calmo, sociável e atividades compulsórias. |
Fonte: Autor (2023)
O ato de ouvir música e/ou tocar, ajuda a melhorar as frequências cardíacas e respiratórias e pressão de pacientes portadores de doença arterial coronária. Ajudam em transtornos neurológicos, pois tem se mostrado muito eficaz nos sintomas da ansiedade, depressão e de isolamento.
4 CONCLUSÃO
É considerado que a implantação na APAE de Buritis/RO do pensamento de um processo de realização terapêutica multidisciplinar pode ser a garantia de uma reabilitação eficaz, completa e bem-sucedida. O projeto surgiu da necessidade de contribuir com as famílias das pessoas com deficiência matriculadas na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Buritis, na qual 90% são pessoas carentes.
As oficinas terapêuticas representam um instrumento importante de ressocialização e inserção individual em grupos, na medida em que propõe o trabalho, o agir e o pensar coletivos, conferidos por uma lógica inerente ao paradigma psicossocial que é respeitar a diversidade, a subjetividade e a capacidade de cada sujeito. E o movimento de defesa para continuar a construção socialmente, idealizado e construído diariamente o qual pode ser representado os pilares importantes de perpetuação desta discussão no cenário da saúde brasileira.
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Nota Bibliográfica
1Romero Vieira Vasconcelos. Graduado em Fonoaudiologia pelo Centro Universitário São Lucas (2006). Especialista em Saúde Pública com Ênfase em Programa de Saúde da Família pela Faculdade de Pimenta Bueno – FAAP (2012). Mestre em Administração e Gestão da Saúde Pública pela Universidad Columbia del Paraguay (2021), título reconhecido pela Universidade Metropolitana de Santos – UNIMES (2024). Doutor em Saúde Pública pela Universidad de la Integracion de las Américas – UNIDA (2024) no Paraguai.
2Valeska Regina Soares Marques. Doutora em Saúde Pública pela Universidad Americana (2016)Mestre em Saúde Publica pela Universidad Americana (2015) Graduação em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (1996).Graduação em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia, Ciencias e Letras de Boa Esperança (2021)MBA em Gestão e Marketing pela ESPM (2000).Professora e Tutora em Saúde Pública e Ciências da Educação pela Universidad de la Integración de las Américas – UNIDA.